segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Ainda o SIM da Venezuela, em resposta a um amigo


Um amigo meu questionou-me sobre o que aqui escrevi hoje sobre a vitória do SIM na Venezuela.

“Bom dia António, hoje questiono-te aqui sobre o que escreves-te no blogue.
E explica-me , gostava de te ouvir!
Achas que é mesmo uma vitória a do povo venezuelano????
Será uma democracia alguém ter a possibilidade de ficar ad eternum no poder?
E os votos do "não" que nas urnas foram anulados automaticamente?
Como se podem elevar regimes ditatoriais? Autocráticos????
Diz-me algo”

Não levará a mal que, sem o identificar, reproduza a minha resposta até porque já tencionava escrever sobre isso.

1. Em democracia os resultados contam-se pelo voto popular. Este referendo permitiu que não só Chaves mas uma plêiade de novos activistas com dez anos de vida política não percam direitos depois de terem dado tudo de si à tarefa gigantesca da revolução.O seu papel carismático não pode ficar sujeito à lei do silêncio que as campanhas dos grandes media tentariam com a mesma força que tentaram por todos os meios sabotar estas eleições (essa é uma questão que tratarei em próximos dias).Quem vota é o povo não são os preconceitos.Quem vota é o beneficiário de uma política que retirou os ganhos do petróleo das mãos das multinacionais e os entregou a programas sociais internos, ao desenvolvimento e à solidariedade continental (Há dias Chávez perguntava a Fidel: Quanto petróleo nosso precisas para vencer os efeitos do embargo americano?...).

2. Quais os requisitos para se ser democracia que a revolução bolivariana, sempre ratificada nas urnas, não cumpriu? Há alguma?Chávez ditador? Porquê? Porque deu voz ao povo?
Há presos políticos na Venezuela? Partidos proibidos? Ausência de liberdade de imprensa? Os ricos não têm direitos? Só os mais pobres?
3. Um observador do PP espanhol, convidado pela oposição, procurou condicionar o voto dos venezuelanos chamando ditador a Chávez nas vésperas do acto eleitoral. Foi posto na fronteira…Imaginas algum partido português a convidar "observadores" que se dessem a esse desplante com o Sócrates? Nem eles nem nós somos repúblicas de bananas e não temos que ter complacências com as saudades neocoloniais de alguns senhoritos.
4. Os observadores internacionais já declararam as eleições justas...mas os media portugueses, ainda não havia resultados e já davam como bom reproduzir e fazer sua uma notícia do jornal Universal, da oposição venezuelana e estandarte secular, ele sim, da autocracia e corrupção do passado recente, sobre uma série de pretensas irregularidades. Pende-lhes para ali o profissionalismo.

5. Acabei de ver o telejornal das 20 h da TVI e a peça sobre as eleições deu-me a volta à tripa… Que lhes fazer? Continuarem a ser livres até para dizer novos disparates, fruto de um solidário despeito com quem historicamente não merece qualquer solidariedade. Mas não livres de se submeterem à denúncia das suas manipulações e mentiras no total desrespeito pelo acesso à informação dos portugueses que aqui e na Venezuela vivem e trabalham.

4 comentários:

Anónimo disse...

Espero que esse seu "amigo" medite na resposta e convido, o seu amigo, a ler mais este post:
http://salvoconduto.blogs.sapo.pt/63004.html

Anónimo disse...

O meu comentário ao comentário do seu amigo:


http://politeiablogspotcom.blogspot.com/2009/02/chavez-ganhou-o-referendo.html

JMCorreiaPinto

António Abreu disse...

Correia Pinto

Já tinha lido o seu comentário no Politeia com que concordei excepto no que respeita à representação parlamentar para além dos partidos. É uma questão que, com mais tempo e espaço, gostaria de discutir consigo.
Abraço
António Abreu

António Abreu disse...

Salvo conduto

Li e concordo com o seu comentário. Apareça mais vezes.

antónio abreu