quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

AS LEITURAS DA CRISE, segunda Conferência Seara Nova em 3 de Março

Integrada nas comemorações do 90º Aniversário da Seara Nova, realiza-se no dia 3 de Março, com início às 15 horas, na Sala Veneza do Hotel Roma (A. de Roma, nº33, em Lisboa) uma Conferência/Debate, sob o título Leituras da Crise, que terá como oradores convidados os Professores Doutor António J. Avelãs Nunes, da Universidade de Coimbra e Doutor João Ferreira do Amaral, da Universidade Técnica de Lisboa.
Seguramente não deixarão de ser abordadas questões como a crise geral da sociedade capitalista e a sua expressão no âmbito da União Europeia, a financeirização e as orientações neoliberais, a crise do euro e o erro da adesão de Portugal à moeda única, o ultimato da troika e a grave degradação da vida portuguesa, as medidas de austeridade e a insensibilidade social do governo.

Às intervenções dos Professores Ferreira do Amaral e Avelãs Nunes, seguir-se-á um período de debate, no qual todos os participantes poderão dar as suas opiniões ou solicitar esclarecimentos sobre as complexas e graves questões com que os portugueses estão confrontados.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

"Se os povos da Europa não se levantarem, os bancos trarão o fascismo de volta.", segundo Mikis Theodorakis

No momento em que a Grécia é colocada sob a tutela da Troika, em que o Estado reprime as manifestações para tranquilizar os mercados e em que a Europa prossegue nos resgates financeiros, o compositor Mikis Theodorakis apela aos gregos para combaterem e alerta os povos da Europa para que, ao ritmo a que as coisas vão, os bancos voltarão a implantar o fascismo no continente.

Entrevistado durante um programa político popular na Grécia, Theodorakis advertiu que, se a Grécia se submeter às exigências dos chamados ".parceiros europeus" será ".o nosso fim quer como povo quer como nação". Acusou o governo de ser apenas uma "formiga" diante desses "parceiros", enquanto o povo o considera "brutal e ofensivo". Se esta política continuar, "não poderemos sobreviver … a única solução é levantarmo-nos e combatermos".

Resistente desde a primeira hora contra a ocupação nazi e fascista, combatente republicano desde a guerra civil e torturado durante o regime dos coronéis, Theodorakis também enviou uma carta aberta aos povos da Europa , publicada em numerosos jornais… gregos. Excertos:

"O nosso combate não é apenas o da Grécia, mas aspira a uma Europa livre, independente e democrática. Não acreditem nos vossos governos quando eles alegam que o vosso dinheiro serve para ajudar a Grécia. (…) Os programas de "salvamento da Grécia" apenas ajudam os bancos estrangeiros, precisamente aqueles que, por intermédio dos políticos e dos governos a seu soldo, impuseram o modelo político que conduziu à actual crise.

Não há outra solução senão substituir o actual modelo económico europeu, concebido para gerar dívidas, e voltar a uma política de estímulo da procura e do desenvolvimento, a um proteccionismo dotado de um controlo drástico das Finanças. Se os Estados não se impuserem aos mercados, estes acabarão por engoli-los, juntamente com a democracia e todas as conquistas da civilização europeia. A democracia nasceu em Atenas, quando Sólon anulou as dívidas dos pobres para com os ricos. Não podemos autorizar hoje os bancos a destruir a democracia europeia, a extorquir as somas gigantescas que eles próprios geraram sob a forma de dívidas.

Não vos pedimos para apoiar a nossa luta por solidariedade, nem porque o nosso território foi o berço
de Platão e de Aristóteles, de Péricles e de Protágoras, dos conceitos de democracia, de liberdade e da Europa. (…). Pedimos-vos que o façam no vosso próprio interesse. Se autorizarem hoje o sacrifício das sociedades grega, irlandesa, portuguesa e espanhola no altar da dívida e dos bancos, em breve chegará a vossa vez. Não podeis prosperar no meio das ruínas das sociedades europeias. Quanto a nós, acordámos tarde mas acordámos. Construamos juntos uma Europa nova, uma Europa democrática, próspera, pacífica, digna da sua história, das suas lutas e do seu espírito. Resistamos ao totalitarismo dos mercados que ameaça desmantelar a Europa transformando-a em Terceiro Mundo, que vira os povos europeus uns contra os outros, que destrói o nosso continente, provocando o regresso do fascismo".

Frase de fim-de-semana por Jorge

"Que a tua vida seja um travão para parar a engrenagem"


título do video da ClassWarFilms sobre a história dos EUA (2012)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

José Afonso para sempre

José Afonso foi dos portugueses que se libertou da lei da morte e pode dizer-se que ele é um elemento da nossa identidade.
Mal amado por alguns, perseguido pelo fascismo, foi desde cedo um homem do seu povo.
O significado da sua música e da influência que teve na música e na sociedade portuguesas são fundamentais para compreender gerações, com formações diferentes mas com elementos comuns, identitários ao nível do carácter, da música de raiz popular, de inconformismo e do valor da liberdade.

Conheci o José Afonso em convívios do movimento estudantil em 69, 70 e 71, na margem sul em fogos de campo do movimento campista em 1972, no 3º Congresso da Oposição Democrática, em Aveiro em 1973, em cuja manifestação participou, no convívio do final de 1973 organizado pela CDE no Clube Atlético de Alvalade e depois do 25 de Abril na organização de múltiplos concertos integrados em campanhas políticas. Quando morreu, participava com cerca de vinte outros camaradas num curso de formação da escola do Partido. Interrompemos as aulas e assistimos todos, depois, na TV ao impressionante funeral realizado em Setúbal.








domingo, 19 de fevereiro de 2012

Michel Chossudovsky ao jornal "i". “Estamos num cenário de terceira guerra mundial. E todos vão perder”

Jornal I -. Será Israel capaz de atacar Irão sem o apoio dos EUA?

M. Chossudovsky -  Eles podem enviar as suas forças, por exemplo para o Líbano, mas o seu sistema está integrado no dos EUA e, como o Irão tem mísseis, têm de estar coordenados com Washington. É uma impossibilidade em termos militares. Em 2008, o sistema de defesa aérea de Israel foi integrado no dos EUA. Estamos a falar de estruturas de comando integradas. Quer dizer, Israel pode lançar uma pequena guerra contra o Hezbollah ou até contra a Síria, mas contra o Irão terá de ser com a intervenção do Pentágono. Embora tendo uma fatia significativa de militares, Israel tem uma população de 7 milhões de pessoas e não tem capacidade para lançar uma grande ofensiva contra o Irão.

Veja entrevista na íntegra aqui.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Erótico é quando se usa uma pena,
pornográfico é quando se usa a galinha toda".

Isabel Allende (escritora chilena, 1942)

Segundo o Jorge neste caso até se
pode falar de uma "cena pernográfica"

Delírio e Tormento, por Barbara Hannigan com a Orquestra Gulbenkian

Tivemos a oportunidade de assistir a um concerto invulgar e admirável.
Invulgar por assistirmos ao desempenho de uma maestrina que é, simultâneamente soprano nalgumas das peças interpretadas, 3 áreas de Mozart, a "Djamila Boupachà" (a solo), de Luigi Nono e os "Mistérios do Macabro", de György Ligeti.
O concerto abriu com o entusiasmo da abertura da ópera "La gazza ladra" de Rossini, para dar lugar à agitação e esperança das áreas, continuando pelo concerto de homenagem à tradição folclórica romena, "Concert Românesc"e concluindo com a "Polka do ,circo: para um jovem elefante".
Na segunda parte Barbara cantou de forma admirável, a "Djamila Boupachà", de L. Nono, que homenageia uma resistente anti-colonial argelina,  a solo, e sem instrumentos. Seguiu-se um concerto de oito cordas a interpretar o Prelúdio e Scherzo, op.11, de Chostakovitch, que contem uma parte negra. No final uma parte da orquestra, interpreta com a voz de Barbara, os "Mistérios do Macabro", uma peça desvairada sob a forma de humor negro.
O concerto não agradou a toda a gente, Ao nosso lado, um conjunto de senhoras que tinham vindo desfilar os seus visons, abstinham-se de palmas e o cavalheiro que as acompanhava, disse a propósito de L. Nono, talvez por ter sido comunista, "Ah! Este ao menos já morreu"...

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O caos que o capitalismo garante, obtendo também uma redução da democracia

Na última das suas cronicas das quartas-feiras no J. de Negócios, Octávio Teixeira abordou estes temas de forma esclarecedora.
Sublinharia uma questão. A da expressão da revolta no decurso de lutas contra aspectos tão graves como os que estão contemplados no acordo com a troika (verdadeiro pacto de agressão). De uma forma concentrada, no decurso do ano que há pouco decorreu, os trabalhadores portugueses vão ser espoliados em termos remuneratórios e de direitos, como o referiu o novo secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos.
A força do movimento sindical unitário e a confiança que nele depositam os trabalhadores têm garantido um enquadramento dos protestos, conjurando esboços de provocações, que alguns movimentos marginais ou provocadores infiltrados por sectores da própria polícia que depois os confronta. Os obectivos têm sido claros: por um lado, tentar obter imagens que depois seriam o "rosto" dos protestos, silenciando as grandes manifestações e "justificando" intervenções repressivas que serviriam de base a novas agressões à democracia, por outro, reduzir a base social dos protestos criando novos factores de medo e de insegurança e de aceitação de mais atentados à democracia.
Importa que fique claro que quem está a "atear o fogo social" não são os sindicatos nem as vítimas de tais pactos, mas sim o governo que está a aprofundar um processo desencadeado pelo PS.
Os sindicatos cumprem o seu papel de defesa dos interesses dos trabalhadores.
O governo afronta os interesses dos trabalhadores e do país, criando o confronto social e procurando reacções descontroladas.
Neste processo o governo pode sair derrotado e da convergência de lutas em vários países europeus poderá resultar uma mudança da União Europeia.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

"Throw down your heart" e as origens africanas do banjo

"Throw Down Your Heart" corresponde à viagem por África de Béla Fleck e seu banjo para explorar as pouco conhecidas raízes africanas do banjo e gravar um álbum. A viagem levou-o ao Uganda, Tanzânia, Gâmbia e Mali, e permitiu vislumbrar a beleza e complexidade da África. Com o seu banjo, Béla transcendeu as barreiras de língua e cultura, e encontrou um terreno comum e relações que forjaram músicos de origens muito diferentes.

http://youtu.be/WDCxaQhhL0A

sábado, 11 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Ninguém é mais escravo do que quem,
não o sendo, se julga livre"

J.W.Goethe (escritor alemão,
poeta, dramaturgo, etc.,
e ministro de Estado
em Weimar por uma década, 1749-1832)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Fotografia homenageia Orlando Ribeiro na Reitoria da Cidade Universitária

O Jorge aqui nos deixa um convite para a a exposição de fotografia de homenagem a Orlando Ribeiro, a decorrer no átrio da reitoria da Cidade Universitária.
São 60 e tal fotografias do próprio e de outros 30 fotógrafos em "diálogo" com as suas.
Segundo o Jorge. uma exposição muito boa e com direito a um bom catálogo!
http://www.igespar.pt/pt/agenda/9/2262/

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Embora o mundo esteja farto de sofrimento,
está também farto de o vencer"

Helen Keller (cega e surda desde os 19 meses, escritora
e grande ativista política e social americana, 1880-1968)

Declaração do eurodeputado do PCP, João Ferreira, sobre o Conselho Europeu de 2ª f passada

Sente-se nesta União Europeia o ambiente funesto, a irracionalidade e a desorientação que sempre antecedem o desmoronar de impérios. É cada vez mais claro que os trabalhadores e os povos da Europa nada podem esperar destas reuniões. Nada que se pareça com soluções verdadeiras para uma crise cada vez mais grave.
Deste Conselho Europeu nem uma só palavra sai sobre as intoleráveis e crescentes desigualdades sociais, sobre as assimetrias de desenvolvimento entre países, sobre os paraísos fiscais, sobre a livre e desregulada circulação de capitais que viabiliza a especulação, a agiotagem e a predação de recursos nacionais.
O que sai desta reunião é um autêntico golpe constitucional. Querem impor e generalizar as políticas contidas nos programas do FMI e da UE - cujos resultados catastróficos estão à vista na Grécia, em Portugal ou na Irlanda. Querem torná-las eternas (assim pensam, sem saberem como se enganam...). Em pleno século XXI, querem impedir o direito dos povos decidirem livremente o seu caminho, transformando países soberanos em autênticos protectorados.
Este é um caminho sem outra saída que não o desastre.
As lutas sociais, que se multiplicam pela Europa, são o caminho mais seguro para o evitarmos. E para abrirmos um horizonte de esperança e confiança num futuro melhor.

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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Mentiras e contra-informação sobre a situação na Síria

Os media portugueses, sem meios próprios para apresentarem a sua própria informação, retransmitem a "informação" dos grandes media internacionais, completamente alinhados, com o objectivo dos EUA e NATO, com o apoio do secretário-geral da ONU, de fazerem na Síria o que fizeram na Líbia, ao arrepio das mais elementares regras de não ingerência.

A tentativa de responsabilizar a Síria pela morte de em jornalista francês que, de facto, dava cobertura a uma intervenção de militares franceses falhada, o regresso precipitado pela Liga Árabe, da sua comissão de inquérito, de que não publicou o relatório porque uma das constantações feitas nele era a de que não havia nenhuma revolta popular nem militares revoltosos na Síria, mas sim mercenários wahhabitas, associados. aos actos de terrorismo praticados por desconhecidos, são apenas dois exemplos recentes dessa manipulação.

O que se pretende é criar as condições de aceitação pela opinião pública do aprofundamento da agressão e da participação nela de militares e armamentos.

A opinião pública portuguesa deve estar atenta aos objectivos de exercícios militares das FA portuguesas realizadas nos últimos dias (F-16, helicópteros, etc.) e explicitamente apresentados como se insrirem na "necessidade" deste tipo de intervenções.