domingo, 30 de junho de 2013

A greve de dia 27: mais uma derrota de um governo isolado, rejeitado pelos portugueses

A greve geral de dia 27 provocou ondas de choque na sociedade portuguesa, nã
o sendo de desvalorizar o impacto nesse efeito da reabertura de negociações do Governo com os Professores numa base mais favorável a estes.
A luta resulta, sim.
O governo saiu mais debilitado com as declarações míopes de Marques Guedes sobre o que constituiu uma grande derrota política para o governo. Isolado, sem apoios, ainda pode fazer muito mal. Mas está mais condicionado no que respeita a novos cortes em salários e pensões, ao acentuar da precariedade e a maior facilitação dos diversificadas deu um rotundo NÃO ao governo.
despedimentos. A administração pública nas suas várias componentes muito
É certo que nem todo o país parou e o mesmo acontecerá noutras próximas lutas com uma parte importante

do nosso tecido empresarial em que os donos são simultâneamente os seus empregados, por exemplo. Ou por falta de coragem em assumir um despedimento por parte dos precários, por comportamento inaceitável por parte dos patrões.
Agora o caminho é continuar a luta em todas as frentes. O governo tem que ser demitido e não é provável que o seja pelo Presidente da República -de facto chefe de um ministério instalado em Belém, de Passos Coelho que há muito deixou de exercer as suas obrigações próprias e que, por isso também passou a ser persona non grata entre os portugueses.

João Ferreira, deputado no Parlamento Europeu pelo PCP, sobre a passada reunião do Conselho Europeu

Conferência de Imprensa, 

João Ferreira, membro do Comité Central e 

deputado ao Parlamento Europeu


Sexta 28 de Junho de 2013



As conclusões do Conselho Europeu, embrulhadas em novas doses de propaganda em torno da retórica do “crescimento e emprego”, não iludem a dura e crua realidade dos factos, que esta reunião vem, mais uma vez, deixar bem à vista. A União Europeia e as suas políticas confirmam-se como responsáveis pelo cenário de devastação económica e social que atinge os trabalhadores e os povos da Europa.
As conclusões do Conselho Europeu, embrulhadas em novas doses de propaganda em torno da retórica do “crescimento e emprego”, não iludem a dura e crua realidade dos factos, que esta reunião vem, mais uma vez, deixar bem à vista.
Pese embora as recorrentes tentativas de salvar a face (de que este Conselho Europeu é mais um exemplo), a União Europeia e as suas políticas confirmam-se como responsáveis pelo cenário de devastação económica e social que atinge os trabalhadores e os povos da Europa.
Uma recessão sem fim à vista que atinge valores característicos de uma situação de guerra. E é de uma guerra que se trata, de facto. Uma guerra económica e social, com milhões de vítimas. Mais de 26 milhões de pessoas estão desempregadas; 8,3 milhões de jovens abaixo dos 25 anos não têm qualquer actividade. Em Portugal, o desemprego atinge os intoleráveis 18% e o desemprego jovem atinge já os 42,5%.
No âmbito do desemprego jovem, são bem patentes as contradições e patranhas incluídas no documento final. A intenção genericamente enunciada de dirigir parte dos fundos estruturais, e em particular do Fundo Social Europeu, para apoiar medidas tendentes à criação de emprego jovem choca flagrantemente com a intenção anunciada pelo governo português de usar os fundos comunitários para financiar novos despedimentos na Função Pública, destruindo dezenas de milhares de postos de trabalho, incluindo de muitos milhares de jovens. Possibilidade que a própria Comissão Europeia, até ao momento, não excluiu.
A Iniciativa para o Emprego dos Jovens, a concretizar através da chamada “Garantia de Juventude”, mais do que uma medida de propaganda, configura uma sórdida tentativa de generalizar e consagrar a precariedade como regra nas relações laborais.
Por um lado, a linha de 6 mil milhões de euros agora anunciada, operacional a partir de 2014, destinada às regiões com taxas de desemprego superiores a 25%, fica mais de três vezes abaixo dos recursos que a OIT admitiu serem necessários para que um programa de promoção de emprego pudesse ter algum impacto: 21 mil milhões de euros.
Por outro lado, entre as medidas propostas contam-se:
A redução dos custos não salariais do trabalho – uma forma de descapitalizar ainda mais os sistemas públicos de segurança social e de aumentar os lucros do patronato, sem nenhum efeito prático na criação de emprego, especialmente no quadro recessivo persistente que decorre das medidas de austeridade que vêm sendo implementadas e que são confirmadas neste Conselho Europeu, medidas com efeitos profundamente negativos na procura.
Recorrer a subvenções salariais e auxílios ao recrutamento – no quadro vigente de desregulação da legislação laboral e de facilitação dos despedimentos (que este Conselho Europeu vem, mais uma vez, confirmar), estas subvenções conduzirão inevitavelmente a uma ainda maior precarização das relações laborais. Para muitos patrões, será mais lucrativo despedir um trabalhador precário, substituindo-o por um trabalhador ao qual se paga um salário menor (ou nem isso, apenas uma espécie de “subsídio de formação”), financiado por fundos públicos e sem qualquer obrigação de contratação no final do programa. Os resultados do programa “impulso jovem”, em Portugal, são elucidativos a este respeito: 60% dos jovens integrados no programa ocuparam postos de trabalho com contratos de trabalho de seis meses, sendo a maioria licenciados auferiram remunerações líquidas entre os 419 euros (valor abaixo do SMN) e os 650 euros. É este o sentido e o objectivo da chamada “Garantia de juventude”: a garantia de um futuro ainda mais precário à juventude.
A promoção da mobilidade laboral e do recrutamento transfronteiriço – ou seja, uma forma de intensificar o processo já em curso de sangria de jovens quadros qualificados da periferia para o centro, uma autêntica “fuga de cérebros” agora apoiada e financiada pelo próprio orçamento da UE.
No seu conjunto, descontada a propaganda, estas medidas não configuram nenhuma nova política para a juventude, elas representam sim a reafirmação de um conjunto de políticas e de opções contra a juventude. E lamentavelmente constituem um acto de hipocrisia face a uma autêntica tragédia social, que é assim utilizada para mais uma vez vender o estafado e derrotado discurso da “Europa social e da solidariedade”.
Um discurso que fica mais uma vez desmontado também com o acordo alcançado pelos presidentes das 3 instituições – Comissão, Conselho e Parlamento – sobre o Quadro Financeiro Plurianual 2014-2020. Um acordo que representa uma cedência em toda a linha às grandes potências que comandam o processo de integração.
Recorde-se que com este acordo, que pela primeira vez reduz o orçamento comunitário em termos absolutos, mesmo no contexto de um novo alargamento, Portugal perderá cerca de 10% de financiamento da UE em comparação com o actual Quadro Financeiro. As transferências da UE para Portugal ao longo de um período de sete anos – pouco mais de 20 mil milhões de euros – ficarão substancialmente abaixo daquilo que o país vai pagar à troika só em juros e comissões. Eis a genuína expressão da tão propalada “solidariedade europeia”...
Num quadro em que as contradições e dificuldades vêm impondo o amainar das pressas de alguns no aprofundamento da União Económica e Monetária, as conclusões do Conselho Europeu insistem no estafado rol de políticas e de orientações que nos trouxeram ao desastre.
Lá estão as reformas estruturais, a competitividade, a redução dos impostos sobre o capital, a privatização dos serviços públicos, o aprofundamento e alargamento do mercado interno e a desregulação e liberalização do comércio mundial, agora avançando para o acordo de livre comércio UE-EUA.
Um cortejo de políticas e de orientações que agravarão as pressões sobre as economias mais débeis, como Portugal, e acentuarão os desequilíbrios e as desigualdades no seio da UE.
Um cortejo de políticas e de orientações que o esforço de propaganda em que se saldou este Conselho não consegue esconder e que coloca na ordem do dia, ainda com mais vigor, a necessidade de intensificação da luta pela ruptura com um processo de integração capitalista profundamente contrário ao interesse dos povos.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Frase de fim-de-semana, por Jorge


"Sotto molti aspetti il potere è come la droga"
"Sob muitos aspectos, o poder é como a droga"
Primo Levi (químico, resistente antifascista e
escritor italiano, 1919-1987) em
I sommersi e i salvatti (1986)

domingo, 23 de junho de 2013

Um episódio com Zeca Afonso no verão de 69

Vai fazer 84 anos em 2 de agosto de 2013, que José Afonso nasceu em Aveiro.
E vai fazer 44 anos em 2 de agosto de 1969, que José Afonso cantou no Liceu Charles Lepierre em Lisboa,  debaixo de fortes medidas de segurança. Com ele no palco estava, pela primeira vez, 
Adriano Correa de Oliveira, acompanhados  por Rui Pato no “Sarau de Poesia”, que assim se chamou na época.
No final, cada um deles saiu por portas diferentes e o José Afonso abandonou o edifício pela porta principal no porta-bagagens do director do liceu.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"One man's theology is another man's belly laugh."
"A teologia de uns é a zombaria de outros"

Robert A. Heinlein 
(escritor americano de ficção científica, 1907-1988)

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Adivinhem lá...

... o Presidente da República e o Governo vão ter férias agora ou em Novembro e se em Novembro vão pagar com o subsídio de "férias" as dívidas acumuladas ao longo do ano e já agora se vão ter a mesa farta ou pobre no Natal.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Carta aos 19%, de Ricardo Araújo Pereira



"Caro desempregado,
Em nome de Portugal, gostaria de agradecer o teu contributo para o sucesso económico do nosso país. Portugal tem tido um desempenho exemplar, e o ajustamento está a ser muito bem-sucedido, o que não seria possível sem a tua presença permanente na fila para o centro de emprego. Está a ser feito um enorme esforço para que Portugal recupere a confiança dos mercados e, pelos vistos, os mercados só confiam em Portugal se tu não puderes trabalhar. O teu desemprego, embora possa ser ligeiramente desagradável para ti, é medicinal para a nossa economia. Os investidores não apostam no nosso país se souberem que tu arranjaste emprego. Preferem emprestar dinheiro a pessoas desempregadas.
Antigamente, estávamos todos a viver acima das nossas possibilidades. Agora estamos só a viver, o que aparentemente continua a estar acima das nossas possibilidades. Começamos a perceber que as nossas necessidades estão acima das nossas possibilidades. A tua necessidade de arranjar um emprego está muito acima das tuas possibilidades. É possível que a tua necessidade de comer também esteja. Tens de pagar impostos acima das tuas possibilidades para poderes viver abaixo das tuas necessidades. Viver mal é caríssimo.
Não estás sozinho. O governo prepara-se para propor rescisões amigáveis a milhares de funcionários públicos. Vais ter companhia. Segundo o primeiro-ministro, as rescisões não são despedimentos, são janelas de oportunidade. O melhor é agasalhares-te bem, porque o governo tem aberto tantas janelas de oportunidade que se torna difícil evitar as correntes de ar de oportunidade. Há quem sinta a tentação de se abeirar de uma destas janelas de oportunidade e de se atirar cá para baixo. É mal pensado. Temos uma dívida enorme para pagar, e a melhor maneira de conseguir pagá-la é impedir que um quinto dos trabalhadores possa produzir. Aceita a tua função neste processo e não esperneies.
Tem calma. E não te preocupes. O teu desemprego está dentro das previsões do governo. Que diabo, isso tem de te tranquilizar de algum modo. Felizmente, a tua miséria não apanhou ninguém de surpresa, o que é excelente. A miséria previsível é a preferida de toda a gente. Repara como o governo te preparou para a crise. Se acontecer a Portugal o mesmo que ao Chipre, é deixá-los ir à tua conta bancária confiscar uma parcela dos teus depósitos. Já não tens lá nada para ser confiscado. Podes ficar tranquilo. E não tens nada que agradecer."

Paolo Maquiavel Portinari

O CDS, por defeito de nascença, nasceu à direita do PSD. Uma composição mais trauliteira dos activistas iniciais e as suas relação privilegiadas com Cerejeiras de 2ª classe, mas de grande poder operacional, não podia ser indiferente ao chefe da estação da CIA no Norte, o sr. "Morgan" , com quem mantiveram as cooperações que entenderam para , com participação activa do PS e PSD, para "salvarem Portugal do comunismo",  com muita porrada, alguns mortos e muita fogachada. Mas o advento da democracia, mesmo quando perdeu alguns pontos nos  dois anos iniciais, criou um ambiente em que ficaram reduzidos os seus níveis eleitorais e a base social de apoio. Tal situação fez com que o CDS tenha sido pau para toda a obra para não desaparecer politicamente. Hoje está com o PSD. Amanhã bate-lhe. Pestanejando sempre ao PS, onde há quem em caso de estar em maioria relativa sempre pode fazer qualquer tipo de acordo com os antigos trauliteiros, hoje mais in, disputando uma zona de conforto e  glamour,
O pronunciamento de Portas no dia de ontem, depois de uma visita à feira de Santarém onde o obrigaram a comprar uns queijinhos,  foi o seu primeiro grande acto com vista às eleições autárquicas. Tudo o que disse deve ser esquecido porque o CDS não fugiu ao síndrome da direita de dizer uma coisa e fazer o seu contrário.
Referiu a necesidade de iniciar a redução do IVA e IRS para a economia poder crescer. De se iniciar um desagravamento fiscal nesta legislatura. Chorando baba e ranho garantiu que "o CDS tinha sido obrigado a governar contra as suas convicções" e que "O CDS-PP, em nome da estabilidade governativa e da situação de emergência nacional em que nos encontramos, teve de ceder no compromisso de não aumentar o IRS; e aceitar uma reforma dos escalões e das taxas, que, ao invés de incentivar a mobilidade social, acentuou a penalização dos rendimentos".
Mais disse que "a segunda metade da legislatura tem de corresponder a um segundo ciclo político". "Não apenas pelo horizonte visível da saída da 'troika' - que não é o fim dos constrangimentos, mas também pela absoluta prioridade de acelerar, no que de nós depende, a chegada a um ciclo de crescimento económico e a um ponto de viragem quanto à criação de emprego", coisa que, como é sabido está fora das projecções, mesmo das feitas pelos prestidigitadores que acessoram o governo.
António Pires de Lima lá vai defendendo este segundo ciclo onde existe uma parte do PSD que estaria de acordo.
Paras trás ficou o discurso dos reformados.

Vamos senhores, apanhem as cartas e joguem, mas cuidado com o jockey.

Super-Lua na próxima noite de 23 de Junho

A chamada "lua super" irá ocorrer em 23 de Junho de 2013. 
Uma super lua - chamada "lua cheia perigeu" pelos astrónomos - descreve a aproximação da lua à Terra para um determinado mês. Em Junho de super lua estará mais próximo o encontro da Lua com a Terra neste ano.  Em 23 de Junho, o tempo de lua cheia terá lugar dentro de uma hora do tempo de perigeu. Assim, a 23 de Junho a lua cheia vai parecer maior do que noutros meses.
Algumas das mensagens que circulam tendem a exagerar o tamanho que irá aparecer. É claro que não aparecerá brilhante roxa ou azul, como é sugerido por algumas imagens que circulam. No entanto, o 23 de Junho é uma grande oportunidade para ver e fotografar a lua em todo seu esplendor. Aqueles que procuram informações mais detalhadas sobre a Junho de super lua devem ler artigo em profundidade de earthsky aqui . 
Apaixonados de todo o mundo, aproveitem para renovar votos, serem fotografados num beijo com a lua em fundo e inspirarem-se para novos poemas.

terça-feira, 18 de junho de 2013

O caos no sistema de informação das unidades de saúde. Profissionais e cidadãos “à beira dum ataque de nervos”






Se dúvidas existissem acerca da capacidade do Ministério da Saúde e seus departamentos para as tarefas de desenho, atualização e manutenção das várias aplicações que constituem o Sistema de Informação das Unidades de Cuidados de Saúde Primários, as últimas semanas afastaram todas as dúvidas referentes ao pior dos cenários que qualquer observador avisado já previa há muito.
O caos instalou-se na maioria das unidades e, precisamente, nos aspetos mais sensíveis do atendimento aos cidadãos – acesso aos ficheiros clínicos e registos dos médicos (SAM), ao sistema de apoio à prática de enfermagem (SAPE) e ao módulo de prescrição de medicamentos.


Em todo o país, o panorama caracteriza-se por uma assinalável e comprometedora lentidão no acesso e desempenho das várias aplicações, principalmente quanto à prescrição de medicamentos e MCDT, erros técnicos de escrita, sucessivos e frequentes bloqueios do sistema obrigando a reiniciá-lo, desmultiplicação da maioria das receitas admitindo apenas um medicamento em cada uma, levando assim a um consumo irracional de papel (e tonner) para cada consulta.
Contudo, na área da ARS do Norte o problema agravou-se de forma muito preocupante.
O projeto autónomo desta ARS de concentrar num único data center regional toda a informação dispersa pelos múltiplos servidores existentes nos centros de saúde da região sem que para tal tivessem sido previstos os possíveis imponderáveis e tomadas todas as medidas de segurança que uma decisão como esta aconselhava, ocasionou um completo caos nos serviços onde, para além das perturbações decorrentes da lentidão do sistema, se verifica, em muitas unidades, a impossibilidade de acesso à ficha clínica dos utentes e, quantas vezes, ao desaparecimento de informação relevante.
Trata-se duma situação gravíssima que coloca os médicos a trabalhar em situação de risco, uma vez que tais bloqueios podem comprometer o acesso a informação relevante e, desta forma, a própria segurança dos cidadãos. Já para não falarmos sobre o permanente e prolongado stress a que todos os profissionais estão a ser expostos.
Acontece que a ARS do Norte é uma grande empresa, que tem como missão garantir à população da Região Norte o acesso à prestação de cuidados de saúde, e que envolve a responsabilidade pela gestão dum orçamento de funcionamento superior a mil e duzentos milhões de euros (2012).
Alguma grande empresa com um “volume de negócios” deste nível avançaria para uma operação de manutenção da sua base de dados com semelhante leviandade? Sem se debruçar sobre os cenários possíveis e planos alternativos para minimizar os riscos (prejuízos)? Alguma grande empresa poderia dar-se ao luxo de semelhante desperdício?
E que atitude tomam os seus dirigentes perante semelhante descalabro?
Até agora nem uma palavra de informação, justificação, pedido de desculpas, agradecimento aos seus profissionais médicos e de outras profissões, pela forma quase heroica como diariamente dão a cara e procuram minimizar, à custa dum enorme esforço, os constrangimentos com que a administração os contempla.
Afinal, é a imagem do SNS e a qualidade dos serviços prestados que estão em causa. Uma preocupação dos seus profissionais que, pelos vistos, não é acompanhada pela administração.
Apenas dá respostas aos jornalistas dizendo que o problema estaria resolvido até ao final da semana que terminou no dia 14. Não cumpriram.
A FNAM, através dos três sindicatos que a constituem, alerta os médicos que devem estar atentos às eventuais condições de insegurança no desempenho do seu trabalho, e que reportem por escrito todas as limitações e situações de eventual conflitualidade aos Presidentes dos Conselhos Clínicos e da Saúde e Diretores Executivos dos ACES.
As USF e UCSP deverão ainda fazer uma análise cuidada dos eventuais reflexos que estes constrangimentos poderão ter nas metas contratualizadas e, caso tal se verifique, exigir fundamentadamente uma revisão das mesmas e da Carta de Compromisso assinada para o corrente ano.
Como sempre os gabinetes jurídicos dos nossos sindicatos estarão à disposição dos associados.

Coimbra, 18 de Junho de 2013
A Comissão Executiva da FNAM





segunda-feira, 17 de junho de 2013

Sermão do Bom Ladrão

"Não são ladrões apenas os que cortam as bolsas.
Os ladrões que mais merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e as legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais, pela manha ou pela força, roubam e despojam os povos.
Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam correndo risco, estes furtam sem temor nem perigo.
Os outros, se furtam, são enforcados; mas estes furtam e enforcam."

Padre António Vieira

domingo, 16 de junho de 2013

Nicolau Santos, Carta aberta às novas gerações [ontem no Expresso/Economia

O discurso do Governo está a produzir o inevitável: colocar novos contra velhos, desempregados contra empregados, trabalhadores no ativo contra reformados, recibos verdes contra trabalhadores com contrato sem termo, trabalhadores do sector privado contra funcionários públicos. É um caminho perigosíssimo que assenta em mentiras atuais e falácias históricas.

É, por isso, fundamental que alguém desmonte algumas mentiras que são dadas como adquiridas pela nova geração (que tem menos de 35 anos e tem entre os seus defensores o meu brilhante amigo Henrique Raposo¹).

1ª mentira
— Não é verdade que a geração anterior tenha vivido muito melhor do que a atual. Pelo contrário, a infância e a juventude da generalidade da atual classe média que anda na casa dos 50 teve menos bens materiais e culturais do que a atual. Convém lembrar que em 1974 mais de metade do país não tinha esgotos, nem água canalizada, nem energia. Que muitos meninos iam para a escola descalços (como lembrou Miguel Sousa Tavares numa recente entrevista). Que a percentagem de analfabetismo era de 35%.

Que os mancebos tinham de cumprir serviço militar em cenários de combate. Que havia censura de palavras ditas e escritas, de livros, de filmes, de discos. Que ninguém viajava metade do que hoje já viajou a nova geração. Que toda a gente andava de transportes públicos e fazia biscates ou acumulava dois empregos para ter dinheiro até ao fim do mês. Que não havia Serviço Nacional de Saúde e apenas começava a existir um incipiente sistema de segurança social. Que Portugal era mais o norte de África do que um país europeu. E que o país era tão pobre que obrigou a sucessivas vagas de imigração, nos anos 50 para a América Latina, nos anos 6o para França (para fugir à pobreza), nos anos 70 para a Europa para fugir à guerra.

2ª mentira — Não é verdade que seja a nova geração que esteja a pagar sozinha a fatura desta crise. Toda, repito, toda a sociedade está a pagar a fatura desta crise. Os reformados têm sido severamente atingidos. Os funcionários públicos tem sido maltratados, vilipendiados e sofrido tratos de polé nas suas carreiras e nos seus rendimentos. Há milhares de empresas que têm fechado as portas e mais de 900 mil trabalhadores do sector privado que estão no desemprego. Os salários e direitos dos trabalhadores por conta de outrem tem sido reduzidos de forma drástica. É verdade que há 40% de desemprego jovem. Mas há muitíssima gente com mais de 50 anos que vive hoje amedrontada, de forma bastante mais precária, angustiada com o futuro, com medo de ficar sem rendimentos, de não ter acesso a medicamentos ou cuidados médicos — e que a última coisa que fará é deixar de apoiar até onde puder a nova geração.

3ª mentira — Não é verdade que a nova geração esteja a pagar as chorudas reformas da velha geração. A generalidade dos reformados descontaram toda a vida, na base de regras definidas pelos sucessivos governos, para ter uma reforma na velhice. É verdade que há quem não tenha descontado e é verdade que houve grupos sociais que retiraram para si benefícios indevidos. Mas para a generalidade das pessoas não está nessa situação.

sábado, 15 de junho de 2013

Na volta do correio...

Olha filho, estou triste mas posso estar melhor quando a carta aí chegar. Mas a semana foi péssima...

Lá por fora Obama diz ter recebido "provas irrefutáveis"  (certamente como as armas de destruição maciça de Saddan Hussein), de uso pelos sírios de gás sarim contra os mercenários pagos, para poder ocupar mais um país, no Irão foi eleito um candidato presidencial com pensamento bem diferente (pelos vistos mais democratas que os EUA onde só chegam à final ambas as caras  da mesma moeda e o big brother se torna realidade). Os talibans criados e remunerados  pelos EUA e seus aliados põem a ferro e fogo vários países da região. A revolta na Turquia e a repressão revela-nos a mentira que foi a "democratização" do regime turco pelas potências ocidentais para o integrar na UE. O encerramento da televisão pública na Grécia revela objectivos menos conhecidos dos planos de ajustamento impostos pela "troika".
Entre nós, o Ministro da Educação e o 1º Ministro mostraram as garras com os professores, para ameaçar
em, com alterações das leis que já violaram ou vão violar. Os professores responderam-lhes à altura com uma das maiores manifestações de sempre, da ordem dos 100 mil participantes,com uma convergência invejável de sindicatos e federações. Mas o governo vai obrigar os estudantes a irem a exames, e passarem por uma situação que não lhes vai ser positiva porque o tal governo decidiu não criar data alternativa. O Paulinho "das feiras" rumou pela centésima vez à feira de Santarém, com a sua colega do CDS comprando uns queijinhos  e chegando ao ridículo de invocar os múltiplos êxitos (?) da sua diplomacia económica e defender Cavaco por ter  falado da agricultura, com o desarrincanço de hipocrisia do "então agora é proibido falar da agricultura?", esquecendo que Cavaco foi o coveiro da nossa agricultura à arreata dos interesses da UE...E que dizer da não atribuição do subsídio  no período de férias aos trabalhadores da Função Pública e reformados? Mera crueldade porque o governo tem dinheiro mas não quer...

Um táxi de Lisboa...

Este táxi é um «personagem» histórico da cidade de Lisboa. Foi até, vedeta de um filme, no qual o seu condutor de então, Augusto Macedo, conquistou, aos 93 anos, o prémio de melhor actor amador atribuído no Festival de Pescara de 1996.
O carro é um Oldsmobile Cabriolet, modelo XT 303, fabricado em 1928 pela General Motors. Desta série apenas três viaturas vieram para a Europa e as outras duas há muito que o tempo as levou.
O motor e a grande maioria das peças continuam a ser as de origem, com excepção dos pneus, que forma trocados pelos de um Chandler ainda mais antigo, de 1923. O carro, de caixa aberta, apresenta um motor de 6 cilindros, com 2745 cm3 de cilindrada e 11 cavalos de potência.


O velho AB-61-86 sobreviveu, sem nunca ter sofrido um acidente, ao seu proprietário, falecido em Janeiro de 1997, precisamente no dia em que estreava três salas de Lisboa o filme que interpretava para o realizador alemão Wolf Gaudlitz. Nesse ano, em que caducava a sua carta de condução, Augusto Macedo era o mais antigo taxista do mundo ainda no activo.
O filme de Gaudlitz, intitulado Táxi Lisboa, não obedece propriamente a um guião rígido, antes conta historietas e encontros com amigos de quatro cantos do mundo com os quais co
nviveram Augusto Macedo e o seu Oldsmobile.
Nesse filme, referindo-se à provecta idade tanto do táxi como do seu condutor, o escritor Virgílio Ferreira, comentaria, a brincar com as letras da matrícula do carro: «não sei quem será mais velho. O AB da chapa deve indicar que á Antes de Babilónia...».


Os primeiros táxis surgiram em Lisboa no ano de 1907 e rapidamente se implantaram. Eram apenas quatro e instalaram-se no Rossio. Apesar de pequenos e com quatro lugares apertados, batiam em velocidade as velhas tipóias puxadas a cavalo e acabaram por se impor.
Augusto Macedo, natural de uma pequena aldeia do centro do País, veio para Lisboa, em 1916, para começar a trabalhar, aos 12 anos, numa padaria de que era sócio um seu irmão mais velho. Aos 24 anos, com dinheiro que pediu emprestado, comprou o carro que nunca mais abandonaria e a que dedicou toda a sua vida.
Não lhe era imaginável trocá-lo por qualquer outro e por isso, nos anos 60, recusou indignadamente uma proposta da General Motors, que lhe oferecia um carro novo em troca do AB, que passaria a integrar a colecção da companhia.


Augusto Macedo percorreu ao volante do seu Oldsmobile mais de 2 milhões de quilómetros pelas ruas de Lisboa e nas Linhas de Cascais e de Sintra. Constituiu uma clientela fiel, quer nacional quer estrangeira, com a qual criou fortes laços de amizade. Chegou a transportar três gerações da mesma família. Os seus clientes estrangeiros reservavam as viagens muito antes de se deslocarem a Lisboa. 
Em 1998 a Associação Turismo de Lisboa adquiriu o velho táxi de «antes da Babilónia», assegurando a sua conservação na cidade e a sua utilização para fins de promoção turística. Preserva-se assim uma autêntica lenda de Lisboa que, mantendo o espírito do seu anterior proprietário, continuará a acolher os visitantes e a percorrer as ruas da cidade

Na luta dos professores a dignidade de um povo

Foram muitos os milhares de professores que se manifestaram esta tarde entre o M. do Pombal e o Rossio contra o projecto de mobilidade especial e o alargamento do horário de trabalho de 35 para 40 horas semanais.

Sendo, segundo os sindicatos uma das maiores manifestações de professores de sempre, podendo ter atingido cerca de 100 mil participantes, esta manifestação foi organizada por todos os sindicatos do sector num raro momento de convergência na acção contra os aspectos referidos

terça-feira, 11 de junho de 2013

Sobre a situação na Turquia

Terça 4 de Junho de 2013
O Partido Comunista Português condena a brutal repressão do Governo turco contra as manifestações populares que se têm realizado, exige o fim imediato da repressão e solidariza-se com a luta do povo, dos comunistas e de outras forças progressistas turcas em prol dos direitos e liberdades, da democracia, de profundas transformações sociais e económicas de sentido progressista, de uma política externa soberana e anti-imperialista.


Kemal Okuyan, do Partido Comunista da Turquia: o país vive um levante popular

tradução seguinte em brasileiro da entrevista em 8 de Junho

Turquia - PCPE - "Isto é um levante do povo. O povo está cansado", afirma membro do Partido Comunista da Turquia (TKP).

Editor Chefe do diário Sol e membro do Comitê Central do Partido Comunista da Turquia (TKP), Kemal Okuyan, respondeu várias perguntas sobre a luta do parque Gezi, que resultou em um grande avanço. Com suas respostas, Okuyan esclareceu uma série de questões debatidas recentemente, tais como "para onde ruma a Turquia?", "existe uma conjuntura revolucionária?" ou "os recentes acontecimentos são a 'primavera' turca?".
Um movimento social desta magnitude era esperado?
Historicamente, os grandes movimentos sociais são, em geral, movimentos que não podem ser previstos. Se fosse possível prever os limites de algo, os atores envolvidos se preparariam para isso, contribuindo negativa ou positivamente, e buscariam controlar os resultados. Quando isto ocorre, uma sombra de ficção cobre o movimento. O avanço, que pode desequilibrar a balança de poder existente, não pode acontecer e, como consequência, não nasce um grande movimento social. Ninguém pode estimar as dimensões do que estamos vivendo agora. O governo não podia. A oposição majoritária tampouco, nem menos a esquerda. Sim, existiam alguns indícios, existem aqueles que foram capazes de entender que os acontecimentos chegariam a um ponto crítico, mas ninguém foi capaz de prever o que está ocorrendo agora. Isto é importante. O clima político e ideológico da Turquia hoje é diferente daquele vivido há 4 ou 5 dias. Não é completamente diferente ao de então, mas sim, alcançou um nível que não pode ser subestimado.
O que existe por atrás da prevalência e da profundidade do movimento?
De forma direta, nua, é o ápice, um nível incrível, inclusive de ódio, contra o governo do AKP e, especialmente, contra Erdogan. Pensávamos ter consciência disto, mas esquecemos de algo. Este ódio contra Erdogan se consolidou, se acumulou, uma vez que Erdogan aumenta sua arrogância, solidifica sua impunidade. Por outro lado, todo o mundo desvalorizava este ódio, dado que não se utilizava ou parecia que não ter uso. Porém, o ódio não é um sentimento que se pode subestimar. No caso de encontrar um canal, sairá à luz. Tayyip Erdogan não pode estar orgulhoso de si mesmo. Converteu-se em um foco de atenção como poucos na História.
E isto é tão simples, em outras palavras, que pode ser resumido na ira contra Erdogan?
Claro que não, mas é preciso levar em conta. Por exemplo, se não existisse uma figura tão dominante como a dele, digamos que fosse Abdullah Gül que encabeçasse o AKP, o nível da reação teria sido mais normal. Porém, tampouco isto pode ser entendido como se não existissem elementos ideológicos. Erdogan é um catalisador e tem um efeito multiplicador. Já o movimento tem como objetivo ajustar contas ante os elementos fundamentais da mentalidade em que se baseia o AKP. Com exceção da base de classe, a reação e o colaboracionismo são sua base ideológica e Erdogan se colocou no centro. O Primeiro Ministro disse "Isto não é sobre as árvores". Não posso acreditar que tenha dito isto. Até certo ponto, não se trata das árvores ou do parque Gezi. Isto foi a gota que transbordou o copo. Ele não se dá conta do nível de ira e ódio que criou.
A característica dominante do AKP é estar a favor do mercado. Onde está a falta de conexão aqui?
Bem, realmente não podemos fugir do assunto dizendo simplesmente que esta é uma reação da classe média. Se a reação da classe média chegou a este nível na Turquia, deveríamos começar a pensar em outras coisas. Concordo, existe um caráter de classe média nisto, porém existe uma importante mobilização nos bairros operários, particularmente em Istambul e Ancara. Não podemos esquecer o que sabemos e falar improvisadamente. Dessa maneira, cometeremos erros. Em primeiro lugar, o impacto político e ideológico, tanto em termos de ideologia burguesa como socialista, tem que superar o obstáculo da classe média. É preciso considerar a questão da luta pela hegemonia. Se todo o mundo
rotular este amplo terreno como quiser, será um grande erro. A esquerda esteve durante anos observando este campo e analisando-o como "turcos brancos". O rigor ideológico é importante, igualmente a sensibilidade de classe. Porém, necessitamos evitar a simplificação. Em segundo lugar, está a estrutura da classe trabalhadora na Turquia. Existem limites à organização no centro de trabalho de um movimento operário de massas, que é instável, que se move e, por vezes, têm de enfrentar o desemprego. É hora de olhar o centro de trabalho com uma nova lógica. Transferimos a classe trabalhadora para uma estrutura sindical, mas os sindicatos não possuem uma base sólida. Todo o país se levantou, porém os sindicatos não estão aí. Não existe ferramenta que possa ativar a classe trabalhadora como dirigente, como força dominante! Em incidentes anteriores, esse objetivo foi alcançado mediante estruturas políticas, obtendo absolutos êxitos. Dezenas de milhares de pessoas que eram rotuladas como "classe média", reivindicaram demandas que se baseiam em um eixo anticapitalista. A razão é que a maioria destas pessoas são pessoas cujo trabalho é explorado.
O movimento é inocente ou possui planos "mais profundos"?
Alguns dos meios de comunicação "oficiais" dizem que estão sendo mobilizadas forças malévolas, com o intuito de um levante organizado. Se este fosse o caso, o resultado seria diferente. Podem ficar tranquilos. Isto é simplesmente uma explosão de ira. Os atores políticos que compartilham este ódio foram, obviamente, capazes de se conectarem facilmente com esta ira geral e se colocaram a frente das áreas onde já havia conexão ou nas quais estavam organizados. Porém, isto não deveria tampouco ser exagerado. Os caçadores de conspirações deveriam buscar em outra esfera, exatamente entre eles mesmos. Está muito claro que existe uma intenção de modificar, de determinar as políticas de Tayyip Erdogan. Os EUA por várias razões e a seita de Fethullah Gülen por outras razões. Tanto na política exterior quanto interna, querem fazer com que Erdogan volte a ser controlável. Erdogan é alguém que
não assume as coisas facilmente. Não pode manter-se coerente. Em parte, conseguiu no que se refere ao assunto de Reyhanli, mas não foi suficiente. No tema do parque Gezi, os EUA, o grande capital e a seita de Gülen, ao deixá-lo sem defesa e vulnerável, mostraram o resultado sobre o assunto de Reyhanli. Não estou certo de que tenha captado a mensagem. Na semana passada, o nome de Sarigül era apontado como candidato à prefeitura de Istambul (Sangül é prefeito de um distrito de Istambul, um socialdemocrata com fortes vínculos com alguns setores capitalistas). A nova relação entre o CHP (principal partido da oposição) e a seita de Gülen é menciona insistentemente nas "redes sociais". Se juntarmos tudo isso...
É possível utilizar a analogia da "primavera turca"?
A referência à "primavera turca" nos meios imperialistas é uma mensagem a Erdogan. No fundo, estão contentes com Erdogan e não planejam substituí-lo, mas também querem lembrá-lo de seus limites. Após os recentes acontecimentos, as políticas de Erdogan sobre a Síria e o Iraque precisam mudar. Acredito que sua aventura presidencial também terminou. Uma possibilidade é que a relação entre Erdogan e a seita de Gülen comece a melhorar e se estabeleça uma consolidação política e ideológica contra a reação social que vem emergindo. É possível que se unam. Claro que isto levará tempo. Por outro lado, a ira contra Erdogan pode durar mais e pode afetar a seita de Gülen. Isto criaria interessantes resultados.
Esse é o significado histórico dos acontecimentos?
Absolutamente não. Ninguém deveria falar mal deste movimento. Este é um levante popular. O povo está cansado. Aqueles que subestimam a oposição à Erdogan e ao AKP deveriam começar a reconsiderar sua percepção. Aqueles que pensam que haverá paz e democratização com Erdogan deveriam fazer o mesmo. Todos os seus planos fracassaram. Não escutem essas análises. Isto é um movimento social. Algumas forças políticas tentam utilizar este movimento para intimidar o governo, não para buscar um novo futuro. Porém, isto não parará aqui. Os recentes acontecimentos ajudam o movimento organizado do povo. Deixaram Erdogan sem apoio porque, de outra forma, atrairiam a ira contra si mesmos. Têm muito cuidado. Utilizam alguns truques como, por exemplo, a desenfreada brutalidade policial.
A esquerda turca estava preparada?
Sempre é controverso o significado de "a esquerda" na Turquia. Alguns grupos de esquerda não têm nenhuma preocupação política. Existem outros que não estão interessados no que desenham os acontecimentos. Não quero falar muito sobre eles. As forças políticas com preocupações políticas sérias não estavam preparadas para dirigir tais acontecimentos. Porém, este movimento não é alheio à esquerda. Como disse, em muitas localidades a esquerda organizada conduziu o povo.
Existem alguns que não estão contentes com a intervenção da esquerda. Não estão cômodos com as identidades políticas, bandeiras ou cartazes de partidos.
Isto não é surpreendente, considerando a espontaneidade do movimento. Por outro lado, na maioria dos espaços as pessoas pedem a coordenação de uma organização. Se levarmos em conta a envergadura dos acontecimentos, a contribuição direta da esquerda organizada é limitada, porém a determinação do povo depende das forças de esquerda. Também existe um ego intelectual que é alérgico à ideia da esquerda organizada. Querem monopolizar este cenário. Não o levamos a sério. Temos intelectuais honestos que resistem contra este governo. A esquerda deveria apoiá-los e não àqueles que são hostis às políticas de esquerda e à ideia de algum tipo de organização política.
Existem dois elementos deste movimento: fãs de futebol e álcool...
A participação de fãs de futebol injeta energia ao movimento. No entanto, isto não deve ser analisado
junto com outros fatores. Esta energia tem causado alguns problas. O insulto às manifestações políticas, que não foi o caso da Turquia, pode exemplificar estes problemas. Eu mesmo observei isto. As nossas simpatizantes mulheres, que criticam alguns de nossos textos ou artigos jornalísticos por ter um "discurso masculino", proferiam palavras sexistas. Isto, no entanto, pode explicar-se pela amplitude da raiva, porém o movimento socialista deveria impor sua própria cultura. No assunto do álcool também... Desde que Erdogan tratou de proibir as bebidas alcoólicas, o álcool se converteu em um assunto de liberdades. Porém, isto deveria politizar-se. Não se pode lutar contra a opressão levando garrafas de cerveja nas mãos. Por isso, penso que a decisão do TKP de não permitir a ingestão de bebidas alcoólicas nas manifestações é muito importante.
Como podemos definir estes incidentes? Trata-se de uma crise revolucionária?
Não. Claramente é uma explosão de uma grande energia social. É poderoso em amplitude e efeito, porém existem alguns critérios marxistas que definem uma situação como crise revolucionária, e estamos muito longe dela. Ao menos por agora...

Tradução para o português: Partido Comunista Brasileiro (PCB).

domingo, 9 de junho de 2013

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"O problema com as citações na internet é que 
toda a gente tem uma [versão] 
e a maior parte delas estão erradas." 

Mark Twain
citação tirada da internet

sábado, 8 de junho de 2013

Avenida Alvaro Cunhal

Hoje de manhã,  António Costa e Jerónimo de Sousa inauguraram a nova Avenida Alvaro Cunhal, atribuída pela Comissão de Toponímia após deliberação unânime da CML quando do falecimento do dirigente comunista. Nesta altura, o Presidente da CML fez uma declaração aos presentes na cerimónia e à comunicação social, de ue destaco a transmissão da Antena 1

Apelo de António Costa a "convergência" na inauguração da Avenida Álvaro Cunhal

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, apelou hoje à "convergência no essencial", na cerimónia de inauguração da Avenida Álvaro Cunhal, na freguesia lisboeta do Lumiar, durante a qual foi tocada "A Internacional".

O autarca socialista considerou que o centenário do nascimento de Álvaro Cunhal acontece num tempo difícil, que "exige a nossa intervenção e não a nossa indiferença, a nossa ação e não a nossa submissão, a nossa convergência no essencial e não a nossa divisão no acessório. Precisamos de ideias, de causas, de esperança e de confiança no futuro", afirmou.

"Penso que o melhor tributo que podemos prestar a Álvaro Cunhal é olhar para aquilo que na sua vida e na sua luta nos pode inspirar, unir e mobilizar. Falo no seu exemplo de seriedade pessoal, da coragem na adversidade, da audácia na ação, da capacidade de resistir e de persistir, da clareza nos propósitos e objetivos, da firmeza e da tenacidade na luta", acrescentou.

Segundo António Costa, "qualquer que seja o juízo que se tenha" das ideias e do legado político de Álvaro Cunhal, "ninguém lhe pode negar a entrega total e pessoalmente desinteressada àquilo em que acreditava, a coerência firme e inflexível, a militância constante e determinada, a fidelidade e a devoção aos seus princípios ideológicos e políticos".

"Ao atribuir o nome de Álvaro Cunhal a uma avenida da nossa cidade, a Câmara Municipal de Lisboa cumpre a sua responsabilidade institucional na construção de uma memória coletiva aberta, plural, tolerante e atualizada", defendeu, acrescentando mais tarde que o líder histórico do PCP "era uma figura imprescindível no espaço público da cidade de Lisboa".

Questionado pelos jornalistas sobre se tinha feito um apelo a uma convergência da esquerda, António Costa riu-se e escusou-se a desenvolver o assunto.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Imagens das ruas floridas no Corpo de Deus em Vouzela

Na rua principal
Na R. de S. Frei Gil
Procissão passando na ponte "romana",
em frente à casa da nossa família
Junto à casa da nossa família
A caminho da Igreja Matriz

sábado, 1 de junho de 2013

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Há dois tipos de pessoas no mundo, 
os que querem saber e os que querem acreditar"

Friedrich Nietzsche 

filósofo, poeta, compositor e filólogo alemão 
- 1844/1900)