segunda-feira, 30 de novembro de 2009

No Uruguai, com Mujica, vence a esquerda, nas Honduras, depois do golpe militar o golpe eleitoral promovido por Micheletti e Obama.

Ainda com base nas sondagens à boca das urnas, Mujica recolheu cerca de 51% dos votos e o seu opositor, cerca de 45%. Este já reconheceu a derrota e felicitou Mujica, que tinha sido o candidato mais votado com 48% na 1ª volta.


Mujica era o candidato da Frente Ampla, de esquerda, que passou 13 anos nas prisões da ditadura militar.


Nas Honduras, Zelaya rejeita a afluência às urnas anunciada por Micheletti e avança com uma eventual abstenção da ordem dos 65%. A campanha decorreu sob o signo da violência contra todos os que denunciavam a burla, muitos espancados, alguns deles desaparecidos.



Eleito em uma disputa ilegítima, para governar um país isolado, Lobo, o candidato apoiado pelos golpistas, declarou que as aceitações internacionais do golpe eleitoral estão a chegar. Segundo ele, os Estados Unidos, Alemanha, Colômbia, Costa Rica, México, Panamá, Japão, Itália, Suíça, Indonésia, Emirados Árabes Unidos e França "expressaram que vão aceitar o processo".
Mas a Argentina, Brasil, Venezuela, Nicarágua, Bolívia, Guatemala e Uruguai anunciaram formalemente que não reconhecerão as eleições realizadas sob o governo golpista de Roberto Micheletti.

Carta-aberta de Michael Moore a Obama






Michael Moore foi um dos mais entusiastas apoiantes de Obama quando candidato a Presidente. Como muitas outras pessoas tem expresso preocupações com o curso da sua política externa, nomeadamente quando aumenta a dimensão da intervenção dos EUA em guerras fora do seu território.



Nesta carta-aberta, a propósito das declarações que amanhã Obama fará sobre esta matéria, diz nomeadamente:


“Apenas com um só discurso, amanhã à noite, você vai transformar em cínicos desiludidos as multidões de jovens que foram a espinha dorsal da sua campanha. Você vai ensinar-lhes aquilo que eles sempre ouviram dizer – que os políticos são todos iguais. Não posso acreditar que você vai fazer aquilo que eles dizem que você fará. Por favor, diga que isso não vai acontecer”.

Mas nem todos os políticos são iguais, de facto... Por exemplo, uma outra candidata democrata, que concorreu pelo Partido Verde, Cynthia McKinney, será um dos oradores da manifestação contra estas guerras que, como já referimos, se realiza no dia 12 de Dezembro, frente à Casa Branca.

domingo, 29 de novembro de 2009

Um coro infantil no coração de um concerto


A Igreja de S. Roque encheu na tarde de domingo para assistir a um concerto que envolveu diferentes componentes: o Coro Infantil da Universidade de Lisboa, o Coro da Universidade de Lisboa, o Coro de Câmara da Universidade de Lisboa, o Ensemble Instrumental de nove músicos de diferentes instrumentos, e ainda os solistas Ana Paula Russo e Rui Baeta, a directora e o pianista do Coro Infantil, respectivamente Erica Mandillo e João Lucena, todos sob a direcção do Maestro José Robert.

O Coro Infantil interpretou uma série de canções de Benjamin Britten (1913-1976), que este autor viria a agrupar sob a designação Ceremony of Carols, compostas a partir de poemas medievais.

Na segunda parte, todos os coros, solistas e o Ensemble, interpretaram Mass of the Children, conjunto de cinco orações de John Ruttler (1945- ), com a particularidade de dar ao Coro Infantil uma grande centralidade no concerto.

Foi um bom concerto. Veja aqui no blog outros concertos previstos para igrejas da cidade em Dezembro.

sábado, 28 de novembro de 2009

Ne change rien, de Pedro Costa

Entrar na sala sem ter lido ou ouvido algo sobre o filme pode provocar um choque inicial, a sensação de monotonia, transmitir uma vibração repetitiva.

Nem como de género de filme nem como de género de narrativa lhe podemos atribuir uma única identificação. Soube que poderá ter evoluído de um mero teledisco da artista que é a personagem central, a cantora Jeanne Balibar, amiga do realizador, para algo mais complexo, porque contem diferentes registos desde os ensaios prévios, a procura da colocação da voz na música, e depois a gravação de canções, os testes de canto lírico para operetas, a música em bares, também ela de géneros diferentes.

Essencialmente é cinema documental, a que só se poderá chamar musical pelos temas centrais terem a vêr com a música, embora crie a sensação de ficção .

Mas um bom filme, surpreendente, dum realizador já com obra feita.

É um filme a não perder.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Não lhes estraguem os rankings, crónica do Rodrigo

O meu pai anda com a mania que não é menos que os outros e quer dar-me estatuto, vai daí há dois anos, antes da matrícula, foi ver os rankings das escolas e levou-me para um grande colégio de Lisboa dos que está sempre à frente, no pódio, para me aumentar o currículo pelo que, garantidas as boas notas que trazia daquela coisa horrorosa da escola pública, e para não fazer figura de urso a estragar a média que o colégio de nome santificado tem vindo a obter, lá fui, mas comecei a ficar marado com as pressões e perseguições para estudar, obter bons resultados, se não, não me levavam a exame, o que acabou por acontecer por não ter chegado aos 18, tendo sido informado que me devia autopropor ao dito cujo, o que me deixou orgulhoso porque tinham achado que eu até o podia fazer sozinho, só que o meu pai ficou chateado porque tinha gasto um balúrdio mas só porque o colégio receava perder o lugar no ranking mandou-me às urtigas e, à minha conta, lá fiz o exame e tirei um 20 e ri-me nas barbas do padre e fui para outro colégio, também santificado, que tem um contrato com o Estado em que este (nós, segundo o meu pai) lhe paga para também formar malta do público e, como trazia o 20, lá me “aceitaram” com muitas recomendações sobre o desmazelo que lhes poderia afectar a posição no pódio do ranking que tive em boa conta mas, como tive a gripe A, tive apenas 16 nos primeiros testes e já começaram a fazer-me a folha para me porem fora, como imperativo divino para a divindade não cair do pódio, e o meu pai anda fulo porque o novo padre e as irmãs estão a fazer pior que os da “face oculta”, e eu agora entendo melhor porque é que o ensino privado está tão avançado em Portugal, porque assim os filhos dos ricos têm garantido que dos filhos dos remediados e carenciados só lá sentam o cu os que são muito bons para estarem aptos a ascender a ricos, ou alea jacta est como diria o Suetónio para o Júlio da mulher mais ou menos séria, e, se ainda assim não for lá, o meu pai já garantiu a troco de uns milhares de euros um curso faz de conta que fará de mim engenheiro para toda a obra e júris amigos dos maneis godinhos, que andam à sucata e, posto isto, passem bem que se faz tarde e o meu patrão paga o trabalho infantil a 30%.

As mãos de Fatima, por Laila Shawa (Palestina)


Palestina e Israel: a progressiva ocupação


Frase de fim-de-semana, por Jorge




"Acreditem nos que procuram a verdade, duvidem dos que a encontram"



André Gide

Vox populi


O António Mota, presidente da Mota-Engil, disse que os vigaristas não podiam ter vindo todos para Portugal... E eu concordo. Fizeram-se por cá e se foram esmerando na difícil tarefa de conferir novos paradigmas éticos para este país e de garantir as necessárias impunidades nas respectivas empreitadas. Empreendedores, pois então...

É apenas uma certa maneira de cantar, de José Gomes Ferreira


Nunca ouvi um alentejano cantar sozinho

com egoísmo de fonte.

Quando sente voos na garganta,

desce ao caminho,

da solidão do seu monte,

e canta

em coro com a família do vizinho.

Não me parece pois necessária outra razão

- ou desejo de arrancar o sol do chão –

para explicar

a reforma agrária

no Alentejo.


É apenas uma certa maneira de cantar.



quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Solidariedade com Aminattou Haidar


A activista sahraui pelos direitos humanos, Aminattou Haidar, está em greve de fome no aeroporto de Lanzarote desde o passado dia 15, exigindo o seu regresso à terra-natal, o Sahara Ocidental, para aí viver em paz com os seus filhos, e de onde foi expulsa pelas autoridades marroquinas e levada para Espanha ilegalmente com a cumplicidade de Zapatero.

O seu estado de saúde está a debilitar-se progressivamente, depois das graves consequências físicas resultantes das torturas em prisões secretas marroquinas.

Ainda sobre a queda do muro (o de Berlim, entenda-se…), a propósito de um debate

Tive a oportunidade de há dias participar num debate promovido pelo Le Monde Diplomatique a propósito da edição no seu número de Novembro, Vestígios apagados da Alemanha de Leste”, do jornalista alemão Bernard Umbrecht. Os participantes eram poucos e os oradores três: João Arsénio Nunes, historiador que tem trabalhado sobre o movimento comunista, Vera San Payo de Lemos, professora universitária e dramaturga que teve contactos com os meios culturais da RDA e os mantém hoje e Reinhard Naumann, que representa desde 1996 em Portugal a Fundação Friedrich Ebert, que apoia a UGT, e que, dias antes participara numa conferência da corrente socialista da CGTP-IN, a que já fiz referência neste blog, e que tem, escrito sobre o movimento sindical português.

O artigo de Bernard Umbrecht ilustra a constatação do autor de que depois da queda do muro, se iniciou uma “guerra-fria da memória” ou damnatio memoriae destinada a apagar da história e da memória o que foi a RDA. É uma apreciação objectiva por parte de alguém que não é comunista, como muitos outros fazem (lembro-me de um artigo há dias no Publico de Elísio estanque, por exemplo).

Naumann rejeitou várias afirmações do autor, algumas das quais em termos não verdadeiros, e senti necessidade de intervir sobre alguns pontos. Estive na RDA antes e depois da queda do muro, tenho amigos lá, e somo a minha experiência pessoal à de muitas outras pessoas que a tiveram. Tenho a partir daí e com base em informação de diferentes fontes, uma opinião sustentada do que ali se passou.

Naumann sempre viveu na RFA, não foi à RDA nem antes nem depois, e veio há muitos anos para Portugal. Talvez para compensar este handicap, declarou ter sido esquerdista e militado numa organização pró-soviética (Arsénio Nunes replicou que era comunista mas nunca tinha militado numa coisa dessas…).

Insinuou que 40 anos de socialismo na RDA certamente geraram crescimento dos nazis mais do que nos 13 anos de Nacional-Socialismo. Que os habitantes de Berlim Leste queriam a Coca-Cola, o que em sentido figurado até se pode compreender no quadro de uma atracção por modas de consumo em que a RFA investiu muito na parte ocidental, isto embora se produzisse já nos anos setenta uma bebida parecida com a Pepsi-Cola. Que foi importante destruir o Palácio do Povo perto da Alexander Platz (ver foto) porque este fora construído a partir da demolição de um palácio dos kaiseres (de facto o tal palácio desactivado fora praticamente destruído nos bombardeamentos de 1945, não tinha valor intrínseco enquanto a destruição do Palácio do Povo gerou uma indignação muito forte na ex-RDA). Que o regime socialista estava podre e tinha que desaparecer e não de ser reformado.

Ficou muito irritado por eu ter dito que importaria saber as razões que levaram os dirigentes da RDA, em 1961, ter decidido construir o muro, depois da divisão em 1945 da cidade em 4 zonas de administrações americana, russa, inglesa e francesa. Que problemas de fronteira teriam ocorrido, depois da guerra-fria se ter iniciado em 1947, nesses 14 anos. Explodiu “Não posso com estes tipos que ainda querem justificar o muro”, depois de lhe ter dito que eu não concordava com a sua sobrevivência.

Arsénio Nunes fez, de forma breve, uma referência a acontecimentos anteriores para ajudar a compreender algum curso da história mais recente: a falta de uma coesão desde 1871 e a distinção das duas parcelas do território (a RDA era, mais ou menos, a mittledeutschland, território e grande influência comunista e do movimento operário) não se resolveram em três quartos de século e ajuda a compreender que a “reunificação” de 1990, de facto uma anexação, nunca tenha sido sentida até agora; a fundação do SED (partido do poder na RDA) resultou de um entendimento entre sociais-democratas de esquerda e comunistas, depois da sua divisão histórica inicial, semelhante à formação do actual Die Link; formação da RFA, não prevista nos acordos de Potsdam e Ialta, por pressão americana, a que reagiram os dirigentes da zona de administração soviética, impondo aos soviéticos, contra a vontade destes, a constituição da RDA; o apoio soviético às reformas pós-guerra neste território.


Às considerações feitas no artigo do Le Monde Diplomatique voltarei dentro de dias, a propósito do sucesso eleitoral do Die Link nas últimas eleições.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Cartão de Boas-Festas de Johnson para Obama

publicado no site da organizção da manifestação contra as guerras dos EUA no próximo dia 12 de Dezembro, em Washington, em frente à Casa Branca

Dão-lhes o benefício de quê?


Vários dos nossos comentadores de serviço ficaram perplexos com a escolha de Herman Van Rompuy e Catherine Ashton para os cargos configurados no Tratado de Lisboa de, respectivamente, Presidente da União e Ministra dos Negócios Estrangeiros da dita.
Porquê? Porque são desconhecidos e isso não projecta a importância da UE no mundo e o Obama, o Hu Jintao, o Lula, o Singh e o Medvedev não sabem a quem telefonar. São burocratas e não políticos, mas, vamos lá a vêr, se todos vivemos disto vamos dar-lhes o benefício da dúvida...
O ideal seriam o Blair e, quem sabe, a Bruni. Talvez tivessemos mais encargos financeiros, mas o "peso" era outro.

Não nos esqueçamos, porém, que ,pelo mesmo critério, o nosso Cherne deu à sola. O Barroso que só seria conhecido pelo desvio dos móveis de nuestros hermanos, quando no PREC lá foi dar uma perninha à provocação do assalto à embaixada de Espanha, não tinha aquele olhar de águia do Filipe Gonzalez, e também para lá foi para ficar caladinho. Que para isso é que lhe pagam...Se não tinham vindo buscar o Figo. E o Sarkozy, o Brown e a Merkel não estão para aí virados. Federalismo, federalismo, Europa, Europa mas quem manda são eles.

Dia 27, jantar de sabores palestinianos


domingo, 22 de novembro de 2009

Museu do dèzaine, por J.


Rua Augusta, antiga sede do BNU, quatro Beatles gigantes à porta (a que propósito?). No interior, totalmente devastado por obras abortadas!, o MUDE - Museu do Design e da Moda. Móveis esquisitos, sofás disparatados, alguma loiça e imensos vestidos. O design industrial quase ausente (uma Vespa, um pequeno expositor com algumas torradeiras, trituradoras, câmaras, rádios..., e é tudo).Pobre demais para tanta pretensão ("o MUDE é um museu para todas as expressões do design").
Aí vão as fotos clandestinas possíveis, à sorrelfa dos curadores e dos decoradores.
J.

A nudez feminina, em Amedeo Modigliani

















O plano inclinado com inclinação a mais...

Como diria o outro, não havia necessidade.

Sendo o programa sobre o plano inclinado do país, os intervenientes não tinham necessidade de também se inclinarem e descambarem. Veremos se os próximos programas corrigem a tendência de ontem.

Medina Carreira, continuando a ocupar mais espaço que os restantes, sustentou que se não consumisse tanto ou se produzisse o que se consome para reduzir o que se paga ao exterior. Que a justiça tem que ser mais célere para se atrair investimento, que importa vencer a burocracia e a corrupção. Até aqui, tudo bem. Mas depois lá vem a terapêutica mortífera: reduzir os rendimentos dos portugueses! Mas de que portugueses? E quem consome mais produtos importados? Retomar a indústria, a agricultura e a pesca. Boa e sensata ideia. Mas como? Sim, é possível…mas tem que se ir um pouco mais longe no como fazer, com que medidas de natureza interna e no quadro da EU…se não Medina Carreira fica ao nível dos que tanto critica (justamente) …

Já quanto à presidencialização do regime (“sem ser à força”…), atenção!... O PR pode intervir e ter uma magistratura de influência até porque tem sem dúvida as legitimidade de ter sido eleito directamente pelos portugueses.

Não reproduzindo aqui o que já referi há pouco tempo, convidaria os três participantes, mais o Mário Crespo e os nossos leitores a procederem n uma visitação ao que foi o nosso programa eleitoral.

Nuno Crato defendeu o que é um lugar-comum na boca de todos os que se candidatam a dizer alguma coisa: aumentar a competitividade. Mas como? Reduzindo os salários e direitos dos trabalhadores? Ou seleccionando bem os nichos, dos mercados de exportação? Ou reduzindo a componente fiscal dos custos de produção, ou introduzindo inovação, C&T, não para unidades isoladas, para Sócrates ter palco para mais uma intervenção nos telejornais, mas como efectivas e extensas nas fileiras e clusters adequados? Ou com apoios que se não limitem, aos que maior peso têm mas a todos que apresentem contributo importante para ter produtos competitivos? Ou com gestores que incorporem opções de risco calculado, não se guiando exclusivamente pelo lucro rápido e fácil? Ou com métodos de organização que podem contribuir para ela?

João Duque considerou inevitável que o rendimento disponível (para quem?) diminuirá, reconhecendo que a adesão ao mercado europeu nos conseguiu impor a redução da produção própria financiando o abate dos meios de produção. Importante foi referir que se devem montar redes de distribuição de produtos mas garantindo outros factores para o aumento da produção. Mas lá veio a flexibilização laboral…como se não estivesse já suficientemente flexibilidade e a introduzir graves factores de insegurança nos trabalhadores, com reflexos inegavelmente negativos na produtividade e solidez das empresas. Quanto ao pessimismo que vislumbra na iminente bancarrota, dizer que a UE não nos deixará cair é um voto pífio porque o resultado global tem sido esse e, como os outros dois participantes sublinharam, não é lá muito digno que nos tornemos em pedintes dos países com mais possibilidades…

E, por aqui me fico.

Os que defendem a autonomia da CGTP e do movimento sindical

Como há dias foi noticiado em alguma imprensa, alguns socialistas de sindicatos filiados na CGTP reuniram-se, no dia de finados, para discutirem a sua intervenção no seio da central. Como se verifica pelo pano de fundo a organização chama-se CCS/CGTP-IN, tem a mãozinha decepada , o lettering do PS e a reunião chamou-se "Valorizar o sindicalismo e lutar pela autonomia da CGTP", com intervenções do Secretariado-Geral da UGT e da nova Ministra do Trabalho...
Pronto. Assim a grande central sindical dos trabalhadores portugueses já seria autónoma do PCP para ficar atrelada ao Governo, ao PS e sabe-se lá mais a quê...
Palavras para quê???

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Pintura de Werner Tübke




Frase de fim-de-semana, por Jorge



É terrível desperdiçar uma cabeça



Lema da UNCF - United Negro College Fund (organização de apoio a estudantes americanos negros






um livro sobre a deficiente construção da União Europeia


A União Europeia está a tornar-se num estado enorme, de difícil classificação em termos de direito público. Assemelha-se mais a um estado feudal ou à Arábia Saudita do que a uma democracia, no conceito em que a temos em múltiplos países europeus. Hans Peter-Martin (1) refere-se a esta questão na introdução do seu novo livro “Die Europafalle” (A armadilha da Europa).

É um livro que ilustra bem a natureza desta estrutura de poder, muitas vezes escondida atrás de grandes doses de propaganda.

“Confrontados com a estrutura europeia e com os seus Estados membros, todos os pais fundadores da democracia ocidental deviam sentir-se traídos. Em Bruxelas e Estrasburgo o desconforto aumenta. Mas em vez de enfrentar o desafio da construção defeituosa da União Europeia, preferem escondê-lo.

O lema é: a propaganda, em vez de uma reforma fundamental. Esta foi a opção tomada pela sueca Margot Wallström, Comissária responsável pela Comunicação. Nas eleições europeias de Junho de 2009, numa carta pessoal, enviou um aviso a Hans-Gert Pöttering, presidente do Parlamento Europeu: "A legitimidade do parlamento e de toda a União Europeia está em risco. A receita seria: uma ofensiva de mediática como nunca se viu.

E escreveu "Através de nossos contactos, pedimos a rádios e televisões para transmitirem uma programação mais sobre a UE e as questões europeias" (2). As representações na Comissão Europeia dos Estados-Membros devem desenvolver as suas " operações de comunicação em conformidade. " O orçamento para este efeito é de 17 milhões de euros. No final de sua carta, o vice-presidente da Comissão Europeia Presidente tranquiliza: "Como você pode ver, as operações previstas são importantes."
No procedimento do concurso para os programas sobre a EU, é particularmente solicitado que os canais os candidatos revelem não só os nomes mas “as funções e as competências linguísticas dos seus funcionários, em especial dos jornalistas", e também a sua linha editorial e que se comprometam a transmitir os programas europeus regularmente e em horário nobre. " (3). Quando este projecto foi lançado no Outono de 2008, o" Frankfurter Allgemeine Zeitung "publicou nas suas páginas culturais um artigo intitulado" A UE compra cobertura”. O subtítulo era: "Simplesmente incrível: A União Europeia paga para falarem dela favoravelmente (4).
No entanto, não se foi sensível a essas críticas, em Bruxelas. Muito pelo contrário. O Parlamento Europeu votou no seu orçamento oficial, acrescido do montante da proposta Wallström, 11,3 milhões de euros para uma "campanha de informação e comunicação" sobre as eleições de 2009. Mas até o final de 2008 ascendeu a mais que o dobro em 23.3 milhões de euros .(5). A realização dessas operações e o seu financiamento foram da responsabilidade dos Estados-Membros. Da mesma forma, os orçamentos dos grupos parlamentares "para o trabalho de informação sobre eleições para o PE tiveram um aumento de mais de 11% para 56,7 milhões de euros (6).
O truque foi o seguinte: estes aumentos assentaram em transferências orçamentais decididas no Orçamento a pedido do Presidente, e não em sessão plenária. Assim, quase ninguém percebeu. Tudo isso fez parte de uma nova estratégia de propaganda subtil destinada a dotar a UE de uma imagem mais favorável do que estava a ser oferecida pela realidade política. Assim, de acordo com um embaixador já há muito na UE "alguns meios de comunicação, incluindo o Financial Times, passaram a ter acesso privilegiado à Comissão e foram favorecidos no lançamento por antecipação de informações relativas à publicação de relatórios, como é normal em Bruxelas (7)
Obtiveram-se somas consideráveis ao somar todo o dinheiro gasto em propaganda na Europa. Além do custo dos patrocínios de eventos culturais que promovessem o espírito europeu, das inumeráveis cerimónias envolvendo os políticos da UE. Para 2008 acabaram por ser2,4 biliões os euros dos contribuintes gastos para tratar a imagem da União Europeia - mais do que gasta consigo a Coca-Cola em todo mundo! (8)".


(1) Hans Peter-Martin é jornalista austríaco e revelou diversas irregularidades nas estruturas da UE
(2) Carta de Margot Wallström, Hans-Gert Pöttering, 1/12/08.
(3) Focus, 29/9/08.

(4) Frankfurter Allgemeine Zeitung, 30/9/08, p. 42.
(5) Hans-Gert Pöttering, Pedido de transferência de dotações C30 Böge, presidente da Comissão dos Orçamentos, 27/11/08, n º 320.219.
(6) Hans-Gert Pöttering, Pedido de transferência de dotações C31, para Böge, presidente da Comissão dos Orçamentos, 24/11/08.
(7) Gregor Woschnagg, in: Behind the Scene der EU, Viena, 2007, p. 69.
(8) Despacho do CCA da Von Open Europe CCA em 26/12/08.

Como referi, esta é uma passagem do livro "Die Europafalle. Das ende von Demokratie und Wohlstand" (A Armadilha da Europa. Fim da Democracia e da prosperidade). ISBN 978-3-492-04671-8, pgs. 23 e seguintes.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Confissões...de um artigo de Jorge Cadima

Pelo «Gulag» democrático-ocidental passou Khalid Shaikh Mohammed, que vai agora a julgamento nos EUA, acusado de ser o responsável primeiro do 11 de Setembro (mas não era o Bin Laden?). Segundo o New York Times (15.11.09) «foi submetido 183 vezes à técnica de quase afogamento chamada 'waterboarding'». O jornal afirma que ele também se diz responsável «por uma série de conspirações» como «tentativas de assassinato do Presidente Bill Clinton, do Papa João Paulo II e as bombas de 1993 no World Trade Center». Mais um afogamento simulado e confessaria também ser responsável pelo aquecimento global e o sumiço de D.Sebastião em Alcácer-Quibir. Mas atente-se na vida do acusado: paquistanês, criado no Kuwait e diplomado por uma universidade americana viajou, após os estudos «para o Paquistão e o Afeganistão, a fim de se juntar aos combatentes mujahedines que, nessa altura, recebiam milhões de dólares da CIA para lutar contra as tropas soviéticas» (NYT, 15.11.09). Afeganistão hoje ocupado e onde «segundo responsáveis da NATO […] um terço dos polícias afegãos são toxicodependentes» (Sunday Times, 8.11.09). Admirável mundo novo que a «queda do Muro» pariu!


Ler artigo completo aqui.

Frase de meio da semana, por Jorge



"Se quer esquecer todas as outras preocupações, use sapatos apertados"



provérbio inglês



terça-feira, 17 de novembro de 2009

Plano inclinado: um bom começo...


Acompanhei, como muitos, certamente, as duas primeiras emissões do novo programa da SIC-Notícias, em que Mário Crespo coordena intervenções de um fiscalista, ex-ministro e gestor e de dois professores universitários com experiências diferenciadas mas com capacidade para se exprimirem para além das respectivas especialidades.

Medina Carreira, Nuno Crato e João Duque têm sido claros, didácticos e, mais do que grandes conclusões, apresentam pistas.

O programa Plano Inclinado tem alguns aspectos promissores:

- enquanto oportunidade de esclarecimento sereno e descodificado da baralhação de siglas e frases feitas, parecendo-me ser acessível à generalidade dos portugueses;

- recorrer a dados estatísticos, nus e crus, sobre as questões fundamentais para quem quer esclarecer e não baralhar como fazem alguns manipuladores de estatísticas;

- não resvalar para o nacional-optimismo com que governantes e comentadores afectos disfarçam o plano que, de facto, se inclina;

- desmistificar algumas constatações adquiridas, em jeito de contrabando, como boas;

- abrir o leque de participantes em novas soluções governativas a todos os partidos com solução governamental;

Tem, para já algumas desvantagens:

- um peso excessivo das interessantes e oportunas intervenções de Medina Carreira, a quem reverencialmente se tem permitido o abuso de tempo;

- uma limitação na definição de outros paradigmas para a economia;

- uma única proposta concreta para outra política, a de limpar o aparelho do Estado do pessoal lá metido pelo PS e PSD que revelaram incapacidade em várias vertentes para governarem que, sendo compreensível no seu alcance, carece também de definição de outras políticas, como questão prévia , sendo certo que estas não poderão ser levadas à prática por quem nos tem desgovernado nestes mais de trinta anos.

Vamos acompanhar para poder avaliar melhor e poder contrapropôr ou juntar outros elementos de política alternativa.

Recolocar o regime jurídico da CP que o PS alterou para facilitar a privatização



Tal como tinha assumido na campanha eleitoral, o PCP apresentou na Assembleia da República um Projecto-Lei que revoga o Decreto com que o Governo, em Junho de 2009, decidiu aprovar um novo regime jurídico para a empresa que separa para privatização o transporte de mercadorias e abriu a porta à privatização das linhas urbanas ferroviárias. A proposta do PCP recoploca o regime jurídico anteriormente em vigor.


No entanto, o Governo não se limita a dividir a empresa em unidades de negócio, mas vai ao ponto de admitir que as mesmas podem vir a ser subconcessionadas pela CP a empresas privadas. É a mesma orientação que já foi aplicada nos serviços postais e nos CTT ao longo dos últimos anos, com os desastrosos resultados para as populações que se conhece.
A “contratualização” do serviço público de transporte chega a ser prevista na perspectiva da segmentação regional do país, dividindo o território em várias partes – como se pode constatar da alínea c) do número 3 do artigo 6.º – colocando a possibilidade de atribuição “a la carte” do serviço público de transporte. Adianta-se ainda a perspectiva em que o Governo insiste (prosseguindo a de anteriores Governos PS, PSD e CDS-PP) das “parcerias e acordos” com municípios e outras entidades «para a exploração de serviços de transporte ferroviário, designadamente através da criação de entidades jurídicas autónomas» (artigo 8.º).


Estas opções foram levadas à prática na Linha do Tua, também com os resultados que estão à vista.


Os resultados da política de entrega do serviço público aos interesses privados estão à vista, em concreto, no negócio da concessão à Fertagus do transporte ferroviário Lisboa/Setúbal: o Estado está a pagar demais, os utentes estão a pagar demais, e o serviço de transporte que está a ser prestado está muito longe de corresponder às necessidades das populações da Área Metropolitana de Lisboa.


Ao contrário do que o referido decreto-lei impõe, só com uma gestão pública integrada se pode garantir que o sistema ferroviário tenha uma dinâmica consistente, com complementaridades, interfaces adequados e segurança. Só assim o sistema ferroviário poderá desempenhar o seu papel estruturante e estratégico para a economia nacional, para as populações e para o país e contribuir para o desenvolvimento integrado, harmonioso, sustentado e solidário do nosso País, para a correcta gestão dos recursos públicos, para a defesa do emprego e da produção nacional. Com este Decreto-Lei, o Governo faz exactamente o contrário, pelo que entendemos que a Assembleia da República tem o imperativo dever de o revogar.


Verifica-se que o decreto-lei em causa, com todas as implicações que trouxe para o transporte ferroviário enquanto serviço público, e para a CP enquanto operador público nacional do caminho-de-ferro, surgiu num momento que só por si representaria evidentes dificuldades ao nível da sua apreciação e debate.


Conferência sobre a Imprensa Operária e Associativa na Voz do Operário, no próximo sábado

No âmbito das comemorações do 130º aniversário da Voz do Operário, realiza-se nas suas instalações uma conferência sobre a imprensa operária e associativa, que decorre durante todo o dia de sábado.
A importância da Voz do Operário, os temas anunciados serem abordados e os oradores que o farão, que constam no programa são garantia do interesse desta iniciativa. Apareça.