sábado, 25 de setembro de 2010

Festa do Cinema Francês a partir de 7 de Outubro, no S.Jorge

As actrizes Sandrine Bonnaire e Jane Birkin e o realizador André Téchiné vão estar na 11ª Festa do Cinema Francês. Cerca de vinte longas-metragens vão ter a sua antestreia na edição deste ano, que começa a partir de 07 de Outubro em seis cidades portuguesas.


A programação completa foi apresentada na passada terça-feira em Lisboa, no Instituto Franco Português (IFP), entidade organizadora do festival dedicado ao cinema francês que este ano terá como palcos as cidades de Lisboa, Almada, Porto, Guimarães, Faro e Coimbra.

Segundo Elsa Cornevin, organizadora citada pela agência Lusa, vão realizar-se, até 9 de Novembro, 125 sessões de cinema em dez salas do país, concertos, ateliers, debates e encontros com três dezenas de personalidades do mundo da sétima arte francesa, incluindo realizadores e actores.

Este ano, destaca-se a presença da actriz Sandrine Bonnaire com o estatuto de «madrinha» da festa. Bonnaire foi convidada a escolher seis filmes marcantes da própria carreira para serem exibidos numa secção especial que lhe será dedicada.

Entre as películas contam-se «A nos Amours», realizado por Maurice Pialat (1983), «Mademoiselle», de Philippe Lioret (2000), ou «Elle s`apelle Sabine», documentário realizado por Sandrine, em 2008.

Jane Birkin também irá marcar presença na edição deste ano da Festa do Cinema Francês. A actriz protagoniza uma das vinte longas-metragens em antestreia em Lisboa, no cinema São Jorge a 08 de Outubro, o filme «36 vues sur le Pic Saint-Loup», de Jacques Rivette.

Entre os realizadores que estarão presentes no certame, André Téchiné contará com uma retrospectiva integral, na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, onde será também exibido o seu mais recente trabalho, «La fille du RER» (2009).

Outra retrospetiva integral, também na Cinemateca, foca a obra do realizador e actor Pierre Étaix. O cineasta também virá a Lisboa, tal como os realizadores Pascal Chaumeil, Julie Lopes-Curval, Xavier Beauvois, Jean Becker, Florent de la Tullaye e Renaud Barret.

Da 11ª edição da Festa do Cinema Francês fazem ainda parte programas dedicados a curtas-metragens e às crianças e famílias, com a exibição do filme «Le Mulot Menteur/O Ratinho mentiroso», da realizadora Andréa Kiss e de Jean-Philippe Salvadori.

O certame abre a 07 de outubro, no Cinema São Jorge, com o filme «Le Concert» (2009), de Radu Mihaileanu, uma comédia dramática resultado de uma co-produção da França, Bélgica, Roménia e Itália.

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Mundus vult decipi."


"O mundo prefere ser enganado"

Sebastian Franck
Humanista e reformista radical alemão,
 1499-1543

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A crise passará ? E a guerra será evitável?

1. Nos EUA os lucros subiram com a dívida, mesmo quando a produção diminuía durante décadas. Os dirigentes políticos e dos grandes grupos subestimaram a debilidade que crescia na economia subjacente. Os EUA e a Europa desaceleraram e aproximaram-se da estagnação.
Krugman assinalou depois que não se iria sair da presente crise como das de 1930 e da anterior de 1873. De facto, os anunciados arranques de melhorias de negócios ou de recuperações que se propagariam à Europa não se estão a realizar. Nos EUA e outros países registam-se retrocessos dessas expectativas, positivas, mas não sustentadas. A estagnação será, certamente, a perspectiva mais provável.

2.  A diferença assinalável entre crises resulta nesta último da financeirização do sistema, geradora de mais lucros de papel mas desligados dom valor da produção. Em nome da inovação tecnológica, agitada como pechisbeque de feira, a economia real foi deitada às urtigas ou concentrou-se em grandes corporações.
A desvalorização do trabalho como factor "dispensável", pressionou alterações nos direitos e condições de vida dos trabalhadores, para obter as reduções de despesa associadas às quebras de investimento produtivo. A criação de valor produtivo foi substituído por economias de casino. E chamou-se a isso modernidade. Os partidos que em Portugal há 35 anos têm o poder estão irremediàvelmente. comprometidos com estas opções. São ratazanas gordas a querer saltar do barco sem saberem nadar e que por cá ficam engordando as suas clientelas até no barco haver força para as fazer saltar e para mudar a orientação do leme.
As bolhas foram inchando e o seu rebentamento tornou-se mais problemático com o abandono das economias.
O ataque ao déficite, preferido ao crescimento económico que pode tornar esse outro combate profícuo, revelou uma opção de classe nítida, a favor da riqueza fácil de alguns e da debilidade e marginalização dos restantes que poderiam criar uma base mais alargada para essa redistribuição. A quebra do investimento e da actividade produtiva comprometeram a recuperação económica.

3. À escala mundial, os EUA para ganharem a guerra fria, e para imporem o seu papel de potência em toda a parte (o império) endividou-se até ao tutano, não controlou os seus déficites e foi obrigado a recorrer à oferta de outros países (ditos emergentes) para lhe manterem os níveis de vida e tentando, como agora está a acontecer com a China, impor-lhes desvalorizações forçadas da sua moeda para se poderem manter. Uma vez mais à custa dos outros.
A insistência no mundo capitalista numa desregulação financeira e nas opções neo-liberais para a economia, estão a impedir, de facto, a acumulação capitalista, que noutras crises ajudou à recuperação.
Para além disso os EUA, mas não só, operam como lavandarias do dinheiro sujo da droga e do tráfico de armas, há muito transformadas em fonte de financiamento das operações de inteligência dos EUA no criar e alimentar grupos terroristas e acções de subversão e ingerência noutros países numa ingerência ilimitada noutros países.

4. A imprevisibilidade de saída desta crise não dispensou a medida cautelar dos EUA e dos seus mais directos aliados de usarem crescentemente a NATO como força de intervenção à escala mundial. Vêm a Lisboa em 20 de Novembro falar-nos de guerra.
Ao mesmo tempo animam situações de guerra actuais ou potenciais na América Latina, no Médio Oriente e Ásia Central, bem como no Extremo Oriente, a abertura de caminhos até às fronteiras com o Irão, a China e a Rússia. Para isso contam com o apoio da Colômbia, ou do Egipto, do Paquistão ou de Israel.
Os avisos insistentes de Fidel nestas últimas semanas têm fundada razão de ser.

5. Neste contexto de dominação e de grandes receios só os povos,. levantando-se, poderão conjurá-los. Não é fácil mas não há outro caminho.
Por isso estaremos todos dia 20 de Novembro na manifestação contra a presença da NATO.

domingo, 19 de setembro de 2010

sábado, 18 de setembro de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"DANTES PIDES AGORA PODES"


grafito no Museu da Electricidade (Belém)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O terrorismo inventado para justificar a guerra e as ocupações de territórios pelos EUA

Os que colocam reservas ao relatório oficial do 11 de Setembro de 2001 ou afirmam que Osama Bin Laden e a Al Qaeda são criações da inteligência norte-americana, são tratados nos EUA como aberrações a que se não pode dar crédito.
Porém a história não se conforma com esse ferrete.
A guerra ao terrorismo é uma guerra de conquista tal como a globalização facilita uma nova ordem mundial, dominada pela Wall Street e pelo complexo militar-industrial dos EUA. As teses de "conspiração", até agora remetidas para o limbo da credibilidade, tornaram-se em hipóteses de trabalho com forte probabilidade de se aproximarem da realidade. O império alarga-se com as corporações norte-americadas ao mesmo tempo que nos EUA se criaram novos meios de "segurança interna" do Estado.
As várias organizações terroristas foram criadas com o apoio dos EUA e a criação de um califado pan-islâmico foi trabalhado no seio da sua inteligência.
A criação e apoio à Al Qaeda, foi montada há já muitos anos depois do fim da guerra fria. Os talibans que derrubaram o governo afegão, apoiado pela URSS, e que a derrotaram militarmente num cenário desfavorável, não tinham a idéia de estarem a trabalhar para os EUA a não ser ao nível das suas cúpulas. Com o apoio dos EUA instalou-se no Afeganistão um regime radical que deitou por terra o projecto de um país laico, a generalização da educação e ensino,  um processo bem sucedido de emancipação da mulher e da realização da sua igualdade pelo trabalho.
O ex-agente da CIA Milton Beardman referiu, em 1988, que Bin Laden lhe terá dito que "nem eu nem os meus irmãos vimos indícios do apoio americano". Depois de Reagan ter recedbido na Casa Branca dirigentes talibaznos, Bush continuou a apoiar, através do ISI do Paquistão, vários grupos terroristas instalados em território paquitanês. Nas suas acções estes grupos pretendem também ganhar apoio interno nalguns países da região , crir divisões no seio de cada país do Médio Oriente e da Ásia Central e no próprio Islão, até para impedirem a emergência de movimentos sociais fortes que pusessem em causa os interesses imperiais dos EUA.
Mas, para sucesso das suas operações, a estratégia da inteligência dos EUA, garante que os terroristas, excepto poucos na cúpula, dispõem do apoio efectivo dos EUA.
Criar um "inimigo" contra o qual se arremessam discursos violentos é necessário à intervenção norte-americana, dá alguma credibilidade à necessidade de fazer a guerra. Para esconder os verdadeiros objectivos económicos e estratégicos dos EUA na Eurásia, que o aproximará das fronteiras da Rússia e da China.
Para isso conta com o Paquistão que tem tido papel muito importante na progressão no Afeganistão e o tem, seguramente, na ofensiva contra o Irão.

domingo, 5 de setembro de 2010

Festa do «Avante!», Sábado, 4 Set 2010

Festa do «Avante!», Sábado, 4 Set 2010

Reportagem de uma jornalista na Festa: "Só aqui consigo sentar-me com pessoas 30 anos mais velhas como se fôssemos iguais"

Por Cláudia Sobral (Público, hoje)
José Godinho não é militante. Ao jornal que traz debaixo do braço já roubou uma folha para improvisar um chapéu como um barquinho de papel não acabado. Está muito sol no segundo dia da Festa do Avante!. Vem todos os anos? "Desde sempre." Pede um caldo de carne e uma sangria. "Posso comer aqui ao balcão?", pergunta. "Claro."

Aos 72 anos, já nem se recorda se terá falhado alguma festa. Terão sido apenas uma ou duas, assegura. Porque a festa "é um centro de convívio, onde há muitas actividades para além da música. Como é só uma vez por ano, faço questão de vir." Provavelmente ter-se-á cruzado algumas vezes por ali com José Saramago, lembrado no primeiro Avante! depois da sua morte, numa das paredes do pavilhão central. Como Nobel, como camarada, como uma das pessoas que ajudaram a montar as tendas da festa nos primeiros anos.

Ainda é início de tarde mas o recinto já está cheio. Os concertos começaram às 14h00. E ainda há muita gente lá fora. Há um parque de campismo com lugares limitados, mas há quem vá plantando a sua tenda onde der. Nuno Pinto, de 20 anos, veio de Viana do Castelo. Calções verdes, tronco nu - muito calor. "Estamos a fazer campismo selvagem ali junto ao rio." O rio vê-se para lá do palco principal, a que chamaram 25 de Abril. "É o tirar as boinas e as T-shirts do Che Guevara da gaveta." Em cada canto se encontra alguém de boina e se ouve um "então, camarada?".

Há outros palcos, mesmo para além dos secundários. Em cada tenda de cada distrito se passa muita coisa. Actuações, encontros de velhos camaradas. Junto à tenda dedicada aos imigrantes há um grupo de jovens que dança, de chapéus mexicanos. Bruno Amorim, de 13 anos, acompanha o pai pela primeira vez. Que boina é esta que traz? Não sabe bem. "É igual à do Che Guevara, um médico que ajudou os outros e que foi muito importante." A boina é verde e tem uma estrela. Foi uma amiga do pai que lhe ofereceu.

Dentro do pavilhão central e nas tendas do partido de cada distrito há gente diferente da que está lá fora. São mais velhos e interessam-se pelas palestras, pelos debates. Alguns dormem sentados até. A tarde ainda não vai longa. Não são destas pessoas que andam ao sol, pelos palcos. Lá fora, os troncos nus e os biquínis ajudam a enfrentar o calor. Os lagos que há pelo recinto estão repletos como uma piscina pública numa tarde de Agosto. Uns de fato de banho, outros vestidos. Há lugar para todos se refrescarem.

Ao Avante! vem de tudo. Gente de todos os estilos, de todas as idades. Mães passeiam carrinhos de bebé ao lado de gente que deverá ter netos - alguns bisnetos, talvez. Gente de todo o país, ouvem-se muitas pronúncias diferentes. Vem gente militante e simpatizante, mas também quem nem pense em política. Maria Luísa Mendonça, de 65 anos, é militante e não vê mal nisso. "Eu venho pela política, mas há muitos jovens que não", diz. "Se a festa fosse só política, não havia tanta gente." Um grupo de adolescentes descansa, recostado na parede de uma das tendas. "Eu venho pelo convívio, pela música", confirma Sara Caldas, de 17 anos. "Nós", e fala pelo grupo de amigos, "não vimos pela política."

Quem também andava pela Quinta da Atalaia misturado na multidão era Francisco Lopes. Sem qualquer intervenção prevista nos comícios, o candidato do PCP às presidenciais ia falando com os jornalistas e garantindo que a sua candidatura é para levar às urnas.

Os que se sentavam para ouvir falar de política ao início da tarde são os mesmos, agora que o tempo arrefeceu. Não exactamente as mesmas pessoas. Mas os mesmos. A diferença é que se multiplicaram entretanto. Um dos senhores de camisa desabotoada que aqui dormitava ao início da tarde continua assim. No mesmo lugar.

A música mistura-se com as vozes que discursam e debatem no pavilhão central. E com os sons de todas as tendas. Num dos intervalos ouve-se Zeca Afonso, muito lá ao longe. Ouvem-se cantares alentejanos, esses bem mais perto. E toda esta amálgama de gente e de sons é esta festa que os que vêm dizem ser única. "Posso não ser comunista mas aqui encontro um espírito que não encontro em mais lado nenhum", diz Telmo Parreira, de 21 anos, vindo do Porto. "Só neste festival consigo sentar-me à mesa com pessoas trinta anos mais velhas do que eu e falar com elas como se fôssemos iguais."

sábado, 4 de setembro de 2010

Casa Pia: feita justiça

A sentença ontem lida pelo colectivo de juízes que presidiu a este tribunal, não constituindo ainda uma reparação integral dos jovens vítimas dos abusos e da forma como a defesa dos arguidos usou o processo para os levar ainda mais ao fundo, é uma primeira vitória destes jovens, da justiça, com males às costas que a têm denegrido, da firmeza de juízes e procuradores do ministério público.
E um sinal de alento para o país.
Claro que os arguidos se queixam do que a mediatização deste caso os fez sofrer. É seu direito.
Não se compreende é que não falem das vidas destes jovens que não nasceram num berço de ouro. Nem que, face à deliberação do tribunal, o tenham insultado para além de fazerem paralelismos despropositados com os tribunais plenários ou os métodos da PIDE. É vergonhoso que o tenham feito e a tentativa de desonra de quem, de facto, sofreu esse passado.
Esta questão cristalizou muito as opiniões públicas. E mesmo ao escrever estas linhas posso perder algumas amizades. Como muitos outros não quis contribuir para a introdução de "ruídos" neste processo. Mas agora não me calarão a opinião.
Esta foi uma luta dos que tinham muito contra os que nada tinham. Que fez mossa em juízes e jornalistas que não quiseram vergar às pressões poderosas para não cumprirem o seu papel e a personalidades que deram a cara pelos mais fracos. Os jovens e todos eles nos merecem uma alta consideração.
É certo que este tipo de organização pedófila já vem da antiguidade, praticou-se no fascismo em áreas do poder, onde foi tolerada. Mas o mundo andou muito na consideração dos direitos de homens e mulheres.
Hoje a pedofilia é um crime grave e é suposto os seres humanos terem os mesmos direitos.

A Festa já começou!!!

A frase de fim-de-semana, por Jorge

"Não há nada tão forte ou seguro numa emergência da vida como a simples verdade"


Charles Dickens

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A desilusão esclarecedora do discurso de Obama sobre a "saída" do Iraque

O discurso de Obama de ontem era muito esperado por força do seu anúncio nos media.
Se alguém tinha dúvidas sobre o sentido da retirada das tropas de combate, Obama esclareceu-o. O povo que o elegeu, principalmente pelo repúdio da guerra ilegal, iniciada por Bush e os seus parceiros, terá ficado frustrado. Quando, em vez de palavras sobre o recuo no carácter agressivo das forças armadas, ouviu o elogio de Bush e da componente militar do império.
Sobre o regresso dos soldados, aspiração  dos norte-americanos, fica a desilusão de permanecerem ainda no Iraque cerca de 50 mil, designados para treinar e assessorar as forças de segurança iraquianas. E a certeza de que os EUA não tencionam retirar as suas forças e continuam a construir para elas bases militares, objectivo definido pela administração Bush como forma de assegurar a hegemonia norte-americana no Golfo Pérsico, rico em petróleo.
Obama não esclareceu a mentira em que assentou a intervenção de 2003 de que Saddam Hussein tinha desenvolvido armas de "destruição massiva" para atingirem os lares norte-americanos...
Faltaram palavras sobre a fuga de milhões de iraquianos do território por causa da guerra e sobre as vítimas que nela padeceram, nomeadamente populações civis, sobre as quais não houve uma palavra de lamento sobre as atrocidades cometidas pela tropa.
Todos gostaríamos que fosse diferente. Mas não é. E o que augura é terrível.