domingo, 29 de junho de 2014

A bandeira foi roubada ou abandonada?

«Os comunistas roubaram-nos a bandeira. A bandeira dos pobres é cristã [...]. Os comunistas dizem que tudo isto [a pobreza] é algo comunista. Sim, claro, como não? Mas vinte séculos depois [da escritura do Evangelho]. Quando eles falam nós poderíamos dizer-lhes: pois sim, sois cristãos», afirmou o sumo pontífice.
Foi nestes termos que o papa Francisco se expressou numa entrevista publicada hoje no jornal italiano »Il Messaggero«, na qual aborda temas como a política, a queda da natalidade na Europa, o papel da mulher no seio da Igreja Católica ou a exploração infantil.

Aqui ninguém rouba nada a ninguém. Durante séculos a Igreja não deu a atenção suficiente que lhe advêm das Escrituras em relação à pobreza. Encarou apenas os pobres numa perspectiva caritativa que prestava, organizando a recolha de fundos em dádivas dos paroquianos sem sacrifício dos seus próprios tesouros para essa acção. Sempre esteve muito alheada, com excepções que todos conhecemos, da luta para acabar com a pobreza através do combate à exploração e à desigual repartição do rendimento nacional. 
Esta luta vem de Espártaco (que viveu um século antes de Cristo). Se a Igreja deixou cair essa bandeira outros não fizeram o mesmo mas não foram roubar nada a ninguém.Os comunistas são cristãos na Europa? ;Muitos sê-lo-ão. Mas não deixaram cair a bandeira dos ensinamentos de Deus.
O Papa Francisco teve uma entrada promissora no papado para poder reerguer essas bandeiras que não são exclusivas de ninguém

sábado, 28 de junho de 2014

Frase de fim-de-semana, por Jorge


"...cada uno es como Diós le hizo, 
y aún peor muchas veces."
"...cada qual é como Deus o fez 
e muitas vezes ainda pior."

Miguel
Cervantes (pela boca de Sancho Panza)
no Don Quijote - 2ª parte, cap.IIII

terça-feira, 24 de junho de 2014

O aumento da dívida e a inutilidade dos sacrifícios, por Eugénio Rosa

Fragilização da economia portuguesa
e perda de competitividade
Um dos argumentos mais utilizados pela propaganda governamental e pelos comentadores habituais nos media é que o aumento das exportações, cujo ritmo está a diminuir de uma forma acentuada – recorde-se que, segundo o INE, no 1.º trimestre de 2014, relativamente ao trimestre homólogo de 2013, as exportações aumentaram apenas 1,7 por cento enquanto as importações cresceram seis por cento – se deve ao aumento da competitividade das empresas portuguesas e à alteração do perfil dos produtos exportados. Confrontemos estas afirmações com a realidade revelada pelas próprias estatísticas oficiais.
Falar de «milagre económico» como fez o ministro da Economia, ou de grandes «êxitos» como faz todo o Governo é tentar enganar os portugueses e manipular a opinião pública.
Ver na íntegra em

http://www.avante.pt/pt/2116/temas/130822/

Rodrigo Matos, Prémio 2014 do melhor cartoon da Press Cartoon Europe


segunda-feira, 23 de junho de 2014

Brasil: avanços extraordinários numa década

Há mais de um ano que se desenrola nos media de grande parte do mundo uma campanha, clara, com os mesmos temas simultâneos, com vista a criar nesse universo uma visão altamente desfavorável do Brasil, da sua política, a propósito do Campeonato do Mundo de Futebol, cuja preparação se quis por em causa.
Não incluo nisto a crítica de sectores da sociedade brasileira que consideram aspectos desta política incompatíveis com a persistência de desigualdades e a incongruência de outros aspectos do que deveria ser uma política de esquerda.
Para mim é claro que essa campanha procura fazer desaparecer as conquistas do Brasil nos últimos anos, o seu posicionamento como grande potência regional crítica em relação ao imperialismo dos States, e a possibilidade de, com outros centros regionais, dar corpo a essa crítica e criar alternativas nas relações internacionais.

Deixo a propósito disto um manifesto do músico Chico Buarque de Holanda.


Será que todo o Universo vem do nada?, Richard Yonck (16/5/2014)

A expansão do Universo (Fonte NASA)
Em março, uma equipe de investigadores, com base na Antárctida, anunci0u que tinha detectado ondas gravitacionais, ecos fracos desde os primeiros momentos do Big Bang. Esta descoberta tem enormes implicações para a cosmologia, o mundo da física e até mesmo a nossa compreensão do futuro do nosso universo. meu post recente sobre o projeto BICEP2 explorado alguns deles, como é que o meu próximo artigo sobre a inflação cósmica na edição de julho-agosto de O futurista .
Esses escritos levaram-me a pensar em relação as origens do nosso universo. Invariavelmente, ao explicar a evolução inicial do cosmos, uma questão particular sempre vem à tona: de onde vem a singularidade que começou o Big Bang? Por algum tempo, muitos físicos e cosmólogos têm dito que poderia ser possível que o nosso universo tivesse realmente começado a partir do nada - por tão agressivo e contraditório que isso pareça. Mas sem prova esta parece ser uma declaração de fé, impossível de provar ou refutar e, portanto, fora do alcance da verdadeira discussão científica. Desde que Popper, que já disse que a falsiabilidade é a demarcação entre o que é científico e o que não é, que parecia que este pode ser o ponto em que o método científico teria que dar lugar às histórias de origem do mito.
Ou talvez não.
No mês passado vi um artigo que pode ser tão importante para a nossa compreensão do Big Bang como foi a detecção de ondas gravitacionais. A equipe do Instituto Wuhan de Física e Matemática na China fez a primeira e rigorosa prova matemática de que o Big Bang poderia ter sido gerado espontaneamente do nada A equipe de Wuhan, liderada por Qing Yu-Cai, desenvolveu novas soluções para a equação de Wheeler-DeWitt , que procurou combinar a mecânica quântica e a relatividade geral em meados da última década do século XX.

Um mapa da radiação cósmica de fundo em microondas. (Fonte: NASA)
De acordo com o princípio da incerteza de Heisenberg, as flutuações quânticas no vácuo falso metaestável - um estado ausente do espaço, tempo ou matéria - pode dar origem a pares de partículas virtuais. Normalmente esses pares  auto-aniquilam-se quase que instantaneamente, mas se estas partículas virtuais se separarem imediatamente, eles podem evitar a aniquilação, a criação de uma verdadeira bolha de vácuo. Equações da equipe Wuhan mostram que uma tal bolha tem o potencial de se expandir exponencialmente, fazendo com que um novo universo viesse a aparecer. Tudo isso começa a partir do comportamento quântico e leva à criação de uma enorme quantidade de matéria e energia durante a fase de inflação. (Note que, como indicado neste artigo, o falso vácuo metaestável não tem "nem matéria nem espaço nem tempo", mas é uma forma de função de onda conhecida como "potencial quântico". Enquanto a maioria de nós não estaria inclinado a chamar " nada" a isso  os físicos referem-se a ele como tal.)
Esta descrição do crescimento exponencial de uma verdadeira bolha de vácuo corresponde directamente ao período de inflação cósmica resultante do Big Bang. De acordo com esta prova, a bolha até pára em expansão - ou então  pode continuar a expandir-se  a uma velocidade constante - uma vez que atinge um determinado tamanho.No entanto, esta é uma versão muito diferente da inflação proposta por Guth, Linde e outros, na medida em que não depende de campos escalares, apenas de efeitos quânticos. Ainda assim, este trabalho  encaixa-se bem com o da equipe BICEP2. Ambas as descobertas têm implicações significativas para a nossa compreensão do universo e do nosso futuro e devem resistir a um averiguação complementar.

Um mapa da radiação cósmica de fundo em microondas. (Fonte: Agência Espacial Europeia)
Dado o comportamento quântico de partículas virtuais no vácuo que propõe este trabalho, é razoável supor que isso não tenha aconteceido uma só vez, mas muitas ou potencialmente um número infinito de vezes. A idéia de uma infinidade de multiversos sendo gerados por processos semelhantes aos que deram origem ao nosso universo não é novo. Mas esta é a primeira vez que nós realmente identificamos os mecanismos que possam ter estado envolvidos. Ao discutir isso com um dos autores, Qing Yu Cai, ele disse-nos que acha que o seu trabalho "apoia o conceito de multiverso." Se este processo resultasse nas mesmas leis físicas exatas que vemos em nosso próprio universo,  continuaria a ser determinado, uma vez que de acordo com estas equações apenas condições limitadas poderiam originar uma bolha de vácuo de verdadeira expansão exponencial.
Outra idéia que fpoi discutida no passado é  se nós mesmnos poderíamos criar novos universos ou não, talvez usando algo como o Large Hadron Collider (LHC). No entanto, como Qing-yu Cai observou, "o espaço-tempo do nosso universo é um todo, não pode ser dividido em pequenas partes arbitrariamente, mesmo em LHC." Portanto, "parece impossível criar novos universos a partir de nós mesmos."
Em última análise, esta prova matemática precisa ser verificada por outros e, de preferência ser submetida a alguns testes ainda a ser determinados. No final, o trabalho pode ou não ser aceite. Isto é, apesar de tudo, a forma como o método científico funciona. Mas, se essa prova   resistir a uma análise, ela vai certamente dar-nos consideráveis ​​novas aproximações aos mecanismos que deram origem ao nosso universo. A notícia deste mês passado demonstra que o campo da cosmologia permanece fervilhante de novas idéias e descobertas que estão a ser feitas regularmente. O nosso universo e o da física na sua fundação são incrivelmente complexos e vão continuar a produzir novos conhecimentos sobre o nosso passado, presente e futuro por muito e muito tempo. Talvez até o fim dos tempos.

O universo surgiu do nada?, por Jorge


- Claro! - dizem os que acreditam em Deus
- Mas, pode alguma coisa surgir do nada?
- Claro, é isso a Criação!

- Sim, teve que ser mesmo a partir do nada: não havia mais nada!... - dizem os que não recorrem à ideia de Deus.
- E como foi isso possível?
- É simples: o nada é instável, oscila! Pode dar de repente qualquer coisa e o seu contrário. É assim que surgem universos, espontâneamente.
- Mas, se o nada é o zero de tudo, como é possível o universo ter matéria, estrelas, etc.?
- Continua tudo a ser zero.
- ?!
- Matéria e energia são positivos. A gravitação é negativa. Os dois valores são iguais. Total: zero!
Parte disto vem neste artigo:
o resto vem noutros sítios.

A expansão do Universo (Fonte: NASA)
Estamos quase a descobrir o segredo!  :D

domingo, 22 de junho de 2014

O Iraque à beira da divisão em três estados diferentes

Segundo o director do voltairenet.org, Thierry Meyssan, o brusco colapso do Estado iraquiano, é apresentado pela imprensa internacional como sendo a consequência do ataque do grupo terrorista EIIL. Mas, quem poderá crer que um Estado poderoso, armado e organizado por Washington, poderia sucumbir em menos de uma semana diante de um grupo jihadista, oficialmente independente de qualquer Estado? Dito de outro modo, quem poderá crer que aqueles que apoiam o EIIL na Síria condenam, com sinceridade, a sua acção no Iraque? Thierry Meyssan revela o que as cartas escondem.
Em 2006, o Estado Maior dos EUA projectaram para esta região um conjunto de medidas entre as quais a divisão do Iraque numa zona sunita, noutra xiita e uma outra curda. 
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Depois de algumas dificuldades de percurso, o plano está retomado e conduzido por operacionais jihadistas. A partição tem esse objectivo não ficando limitado às intenções do Emirado islâmico no Iraque e no Levante (EIIL ou Daesh em árabe).
Numa semana, o EIIL conquistou o que deveria tornar-se um emirado Sunita, enquanto os peshmergas (combatentes curdos) conquistaram o que deveria ser o Estado curdo independente.
O exército iraquiano, formado por Washington, deu Niníve aos primeiros e Kirkuk aos segundos. A sua própria estrutura de comando facilitou a desintegração: os oficiais superiores, tendo que recorrer ao gabinete do Primeiro-Ministro antes de mover as suas tropas, eram ao mesmo tempo privados de iniciativa de jogo e instalados como reizinhos nas suas zonas de acção. Por outro lado, era fácil ao Pentágono corromper certos oficiais para que eles incitassem os seus soldados à deserção.
Os parlamentares, convocados pelo Primeiro-ministro Nouri-Al-Maliki, também desertaram e não votaram o estado de emergência por falta de quorum, deixando o governo sem possibilidades de resposta.
O Primeiro Ministro al-Maliki procurou enfrentar e derrotar os mujhaidines, apelando ao seu Povo, aos EUA, ao Irão. Os EUA acabaram por deixar de o apoiar "moralmente" porque apoio concreto não foi visto. Vários grupos mujahidines estão em cena mas todos foram criados pela CIA com o objectivo de irem contra interesses russos como aconteceu no Afeganistão, na Bósnia Herzegovina, no Iraque, Síria e Chechénia.
O pânico que tomou conta da população iraquiana é o reflexo dos crimes cometidos pelo EIIL na Síria: degolas, em público, dos «muçulmanos renegados» e crucificação de cristãos. Segundo William Lacy Swing (antigo embaixador dos EU na África do Sul, depois nas Nações Unidas, e actual director do Gabinete das Migrações Internacionais), pelo menos 550 mil iraquianos teriam fugido diante dos jihadistas.
Estes números mostram a inépcia das estimativas ocidentais sobre o EIIL, segundo os quais ele não dispõe senão de 20 mil combatentes no total da Síria e do Iraque. A verdade é, provavelmente, três vezes superior, na ordem dos 60 mil combatentes; a diferença sendo feita exclusivamente por estrangeiros, recrutados no conjunto do mundo muçulmano e na maior parte das vezes não árabes. Esta organização tornou-se o maior exército privado do mundo, imitando no mundo moderno o papel dos condottieri da Renascença europeia.
Não sem contradições. este exército privado e mercenário é dirigido pela Turquia, a Arábia Saudita e os EUA

sábado, 21 de junho de 2014

Já com saudade vimos partir ontem Jaime Gralheiro


O falecimento de Jaime Gralheiro, homem de múltiplas frentes de actividade e de um intenso combate pela liberdade e defesa do 25 de Abril nas nossas vidas, é uma notícia triste.
Gostaria de o voltar a ter visto.
À família enlutada envio daqui as minhas condolências.

JAIME Gaspar GRALHEIRO, advogado, dramaturgo, escritor, encenador e político, nasceu em Macieira, freguesia de Sul do concelho de S. Pedro do Sul, no dia 07/07/193...0. Depois de estudar no Colégio de Lamego e no de João de Deus, no Porto, rumou para Coimbra onde se licenciou em Direito.
Em Coimbra fez parte da TUNA, do ORFEON e ajudou a fundar o CITAC.
Após se ter licenciado fez o estágio à advocacia em Viseu, tendo montado escritório em S. Pedro do Sul, onde exerceu essa profissão desde 1958 a 2011, acabando por ter intervenções forenses, mais ou menos, por todo o país
Foi Delegado da Ordem dos Advogados desde o início da década de 70 até ao final da de 90, tendo intervindo em todos os Congressos dos Advogados Portugueses, Assembleias Nacionais e outras realizações plenárias da classe.


Como jurista escreveu “Comentário à (s) Lei (s) dos Baldios” e “Comentário à Nova Lei dos Baldios”, para além de ter escrito artigos técnicos em revistas da especialidade.
Como dramaturgo escreveu várias peças teatrais.


Ao lado da sua atividade profissional e artística, desenvolveu uma aguerrida atividade política, tendo, antes do 25 de Abril de 1974, participado, desde 1961, em todas as chamadas “campanhas eleitorais”, pela Oposição Democrática” até 1973.
Participou também no 2º e 3º Congresso Republicano e Democrático de Aveiro, tendo, no 3º em 1973, dirigido a secção “Desenvolvimento Regional”.
Depois do 25 de Abril de 1974, foi Presidente da 1ª Comissão Administrativa da Câmara de Pedro do Sul, de onde foi afastado no “Verão Quente de 75”.
Encabeçou a candidatura do MDP/CDE, à Assembleia Constituinte, pelo distrito da Guarda em 1975.
Em 1979  inscreveu-se como militante do PCP
A partir deste ano e até aos anos de 90, passou a ser candidato (normalmente cabeça de lista) pela FEPU; APU e CDU (coligações do PCP com outra forças de Esquerda) nas várias eleições legislativas, pelo distrito de Viseu.
Pela mesma força política concorreu, várias vezes, às eleições autárquicas, em S. Pedro do Sul, tendo sido eleito em 1978, altura em que lhe foi recusado o “pelouro” da Cultura, tendo-lhe, acintosamente, sido atribuído o pelouro das “Feiras e Mercados”. Demitiu-se e passou para a AM.
Foi sempre eleito (desde 1978 até aos meados dos anos 90) pela mesma força política para a Assembleia Municipal.
Jaime Gralheiro é uma referência de todos os democratas e da região onde viveu.

Frase de fim-de-semana, por Jorge


"A good example is far better
 than a good precept."
"O bom exemplo é
muito melhor que uma boa doutrina."

Dwight Moody 
pregador americano, 1837-1899


"Proclamação ou chamem-lhe o que quiserem", de José Goulão



Chamaram-lhe “proclamação” por ser a palavra mais neutra possível na circunstância, mas não deviam ter vergonha em chamar-lhe coroação, entronização, o que quer que seja.
Os mentores do regime espanhol, com as cabeças guiadas pelos fantasmas, temores e interesses que levaram Franco a fuzilar a república em 1936, tentaram agora despir a monarquia dos principais ademanes e parafernália, mas ela não deixou de ser monarquia, e não é por ter havido beija-mão que ela ali ficou reafirmada, por necessidade mínima de sobrevivência, na “proclamação” de um novo rei.
Não poderia haver melhor coligação histórica para este mediavelismo revivalista do que a formada pela casa real dos Bourbon, atulhada em corrupção, faustos repugnantes, gastos insultuosos, e por um governo de Rajoy, assente no culto neofranquista de uma nação, uma religião, uma família, uma economia de prebendas para os poucos escolhidos e de austeridade, miséria e desemprego rampantes para a multidão dos restantes. O desinteresse do povo nas ruas e pela vacuidade do discurso filipino tentará agora ser compensado, à escala ibérica e global, pela indústria propagandística cor-de-rosa como aplicação refinada das recomendações goebbelianas para substituir a infelicidade própria pela ficção da felicidade dos escolhidos de Deus.
Não é porque o cardeal não depositou a coroa na cabeça do rei que a Monarquia passou a ser outra coisa; o cadeirão trono poderá ser pós-moderno mas é trono; a Constituição está lá mas o rei é, por definição, a imagem de Deus para os seus súbditos enquanto o chefe do governo e os seus ministros juram perante ele e os símbolos de uma religião única, acto que automaticamente transforma milhões de pessoas em cidadãos incumpridores de requisitos para serem filhos do mesmo Estado.
A Monarquia é Deus, Pátria, Família – Deus único, Pátria una, família “normal” – não é assim que se define? Eis a Espanha de hoje, enquanto a realidade pujante e criativa dos seus povos a nega e renega pela ordem natural das coisas e pelo progresso dos tempos e ideias.
É por temor a esta ordem natural das coisas, ao progresso dos tempos e ideias que as monarquias, tal como as repúblicas de novo tipo, monárquicas e autocráticas, se reformulam e mimetizam para garantir que o essencial do poder do dinheiro e das suas versões divinas fiquem de pedra e cal, imutáveis, mesmo que em redor tudo pareça mudar e avançar.
O rei como incarnação de Deus para unidade da Pátria é a definição da Monarquia imóvel e imutável, a expressão limite do fundamentalismo religioso como expressão do Estado, seja na Arábia Saudita ou em Espanha, ainda que os meios para atingir os fins sejam diferentes nas aparências.
Em Espanha, além de ser instrumento da austeridade, da miséria e desigualdade crescentes, a Monarquia é a arma sob a ameaça da qual se obrigam a manter unas uma Pátria e uma Nação que não existem. Como ficará demonstrado."




in http://www.jornalistassemfronteiras.com/


sexta-feira, 20 de junho de 2014

É agora que o prendem?

Um dos donos de Portugal, cujo poder tentacular punha e dispunha de peças no governo e outras instituições.
Artífice de  projectos internacionais contra a economia e os trabalhadores.
Sobre ele impendem acusações de  burlas em proveito próprio e de amigos com pesadas perdas para o Estado Português.
Impõe-se a recuperação dos recursos roubados, importantes para políticas sociais e a defesa do Estado Social contra os quais combateu nestes vinte anos.
Não seria admissível que este indivíduo se  mantivesse em liberdade a aguardar julgamento, enquanto se completam as investigações sobre eventuais crimes a que a imprensa se tem referido.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Uma noite no Hot Clube, por Jorge

Emocionado. É sempre assim, mais a mais quando me acho sozinho, quando eles tocam apenas para mim, como e o caso. Não levei comigo ninguém nem ninguém se deu ao trabalho de me levar, pelo que sei muito bem do que estou a falar.
Estou a escrever para mim próprio, é evidente e a lembrar-me daqueles “putos” todos a tocarem tão bem, tão maravilhosamente orquestrados e dirigidos pelo Pedro Moreira, felizes que estavam, de estar a tocar com e para o Benny Golson. O Benny Golson é um Senhor já crescido, embora ainda não tenha completado oitenta e seis anos, que compôs eternos temas míticos e toca sax tenor quase tão bem e à vontade como quando tinha trinta ou quarenta. Nos intervalos dos temas chega-se ao micro e conta histórias. Histórias de vida, histórias de alguns dos seus temas, histórias musicais, por assim dizer – muito bem contadas, de um humor suave, algumas delas cheias de ternura, como a da morte do Clifford Brown, aos vinte e oito anos (“o que teria ele para nos dar se não tivesse desaparecido” – afirma, às tantas, interrompendo-se) tudo naquela voz musical bem modulada e bem timbrada que a gente negra tem a felicidade e a facilidade de possuir.
“These guys play so good”, sorriria ele, às tantas, absolutamente feliz e convicto. Aliás durante alguns magníficos solos de trompete e sax de componentes da orquestra, notava-se-lhe o prazer e a percepção daquilo que ouvia, aos tais “putos”
Não vale a pena continuar a palavrear nem a gastar muito mais consoantes e vogais. Quem lá esteve, “voluntário”, saberia do que estou a falar, ou a tentar dizer. Quem lá esteve, arrastado por outrem ou pela curiosidade, saíu de lá de certeza mais rico, mesmo sem de tal suspeitar.
E quem lá não esteve não faz ideia sequer do que tento atabalhoar por estas linhas abaixo, é impossível fazer chegar às pessoas coisas destas, emoções e prazeres destes. Vou já calar-me.
“Whisper not”, “Killer Joe”, “Blues March” entre vários outros e finalmente “I remember Clifford” em quinteto, onde o João Moreira haveria de brilhar a grande altura, a contracenar com o Benny Golson. Uma noite eficaz e preenchente, a permitir e a relembrar que vale a pena estar vivo.

Mulheres, coragem! Há que criminalizar a não aceitação por patrões das trabalhadoras que querem ter filhos

A mulher é uma vítima maior do patronato que quer lucros a todo o custo, cilindrando os direitos laborais e outras prerrogativas das mulheres incluindo o direito a férias por gravidez, parto e acompanhamento  inicial dos bebés.
Hoje o presidente de uma comissão que vai entregar propostas ao governo sobre como aumentar a natalidade revelou (e podia ter revelado outras coisas) que há empresas onde os patrões obrigam as mulheres contratadas a assinarem um compromisso em como não terão filhos nos cinco anos seguintes!

Criminalizar actos deste tipo será uma forma importante de combater estes comportamentos anti-sociais de parte do patronato.
Mas importa que tal comportamento então criminoso seja provado. E esse patronato consegue, por diversos meios, inviabilizar a denúncia do seu comportamento. A trabalhadora receia que, mesmo ganhando um processo contra o prevaricador, este far-lhe-á depois a vida negra e recorrerá a outros meios para a despedir. Todo o processo de facilitação do despedimento está em curso há anos e é sempre possível empurrar a trabalhadora para uma situação "abrangida" por algumas dessas possibilidades.

A Inspecção do Trabalho tem que ter um papel mais activo em defesa dos direitos que restam aos trabalhadores. As comunidades em, que se inserem essas empresas, deverão encarar novas formas de intervenção nestes casos, denunciando o malfeitor, divulgando em folhetos a sua cara e os factos, estimulando os párocos a denunciar estes casos no púlpito e a terem uma pressão sobre os referidos patrões.
Enfim, importa equacionar uma série de medidas que garantam maior eficácia a este combate.

Ataques da policia francesa contra trabalhadores ferroviários em greve

A aplicação de uma futura lei do transporte ferroviário na França, foi criticada por centenas de manifestantes que se tentaram aproximar do edifício-sede do Parlamento francês, de forma pacífica, com bandeiras sindicais e dispararam foguetes; em apoio à greve actual no sector..

De facto, na terça-feira foi cumprida a primeira semana da greve dos trabalhadores ferroviários franceses, enquanto se espera um debate sobre o projecto de lei que regula o sector na câmara baixa do Parlamento.
A carga olicial
Este projecto de lei prevê a penhora do operador ferroviário SNCF, a rede francesa Rail (RFF), numa aliança que abriria a porta à concorrência. Os trabalhadores temem que a reforma signifique menos empregos e menos segurança no emprego.
Por sua parte, o Governo francês alega que a reforma é necessária para criar uma estrutura de transporte ferroviário mais forte, num momento em que a nação e outros países da Europa estão a preparar-se para uma liberalização dos transportes ferroviários em larga escala nos próximos anos.
Apesar das ameaças de greve prolongada pelas centrais sindicais, o secretário dos Transportes, Frédéric Cuvillier, anunciou que o governo do presidente François Hollande "está disposto a ir até o fim" com a reforma .
O governo francês pretende aprovar o projecto de reforma ferroviária, cujo principal objectivo é estabilizar a enorme dívida que a indústria tem, por cerca de 59000 milhões dólares, além de preparar a sua abertura total à concorrência.
adaptado de teleSUR-HispanTV-Telemetro/oja-MARL

sábado, 14 de junho de 2014

Estratégias e técnicas para a manipulação da opinião pública e da sociedade


1- A estratégia da diversão

Elemento primordial do controle social, a estratégia da diversão consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e da mutações decididas pelas elites políticas e económicas, graças a um dilúvio contínuo de distracções e informações insignificantes.

A estratégia da diversão é igualmente indispensável para impedir o público de se interessar pelos conhecimentos essenciais, nos domínios da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética.

"Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por assuntos sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar, voltado para a manjedoura com os outros animais" (extraído de "Armas silenciosas para guerras tranquilas" )

2- Criar problemas, depois oferecer soluções
Este método também é denominado "problema-reacção-solução". Primeiro cria-se um problema, uma "situação" destinada a suscitar uma certa reacção do público, a fim de que seja ele próprio a exigir as medidas que se deseja fazê-lo aceitar. Exemplo: deixar desenvolver-se a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público passe a reivindicar leis securitárias em detrimento da liberdade. Ou ainda: criar uma crise económica para fazer como um mal necessário o recuo dos direitos sociais e desmantelamento dos serviços públicos.

3- A estratégia do esbatimento

Para fazer aceitar uma medida inaceitável, basta aplicá-la progressivamente, de forma gradual, ao longo de 10 anos. Foi deste modo que condições sócio-económicas radicalmente novas foram impostas durante os anos 1980 e 1990. Desemprego maciço, precariedade, flexibilidade, deslocalizações, salários que já não asseguram um rendimento decente, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se houvessem sido aplicadas brutalmente.




4- A estratégia do diferimento

Outro modo de fazer aceitar uma decisão impopular é apresentá-la como "dolorosa mas necessária", obtendo o acordo do público no presente para uma aplicação no futuro. É sempre mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro porque a dor não será sofrida de repente. A seguir, porque o público tem sempre a tendência de esperar ingenuamente que "tudo irá melhor amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Finalmente, porque isto dá tempo ao público para se habituar à ideia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegar o momento.

Exemplo recente: a passagem ao Euro e a perda da soberania monetária e económica foram aceites pelos países europeus em 1994-95 para uma aplicação em 2001. Outro exemplo: os acordos multilaterais do FTAA (Free Trade Agreement of the Americas) que os EUA impuseram em 2001 aos países do continente americano ainda reticentes, concedendo uma aplicação diferida para 2005.

5- Dirigir-se ao público como se fossem crianças pequenas

A maior parte das publicidades destinadas ao grande público utilizam um discurso, argumentos, personagens e um tom particularmente infantilizadores, muitas vezes próximos do debilitante, como se o espectador fosse uma criança pequena ou um débil mental. Exemplo típico: a campanha da TV francesa pela passagem ao Euro ("os dias euro"). Quanto mais se procura enganar o espectador, mais se adopta um tom infantilizante. Por que?

"Se se dirige a uma pessoa como ela tivesse 12 anos de idade, então, devido à sugestibilidade, ela terá, com uma certa probabilidade, uma resposta ou uma reacção tão destituída de sentido crítico como aquela de uma pessoa de 12 anos". (cf. "Armas silenciosas para guerra tranquilas" )

6- Apelar antes ao emocional do que à reflexão

Apelar ao emocional é uma técnica clássica para curtocircuitar a análise racional e, portanto, o sentido crítico dos indivíduos. Além disso, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para ali implantar ideias, desejos, medos, pulsões ou comportamentos...


7- Manter o público na ignorância e no disparate

Actuar de modo a que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controle e a sua escravidão.

"A qualidade da educação dada às classes inferiores deve ser da espécie mais pobre, de tal modo que o fosso da ignorância que isola as classes inferiores das classes superiores seja e permaneça incompreensível pelas classes inferiores". (cf. "Armas silenciosas para guerra tranquilas" )

8- Encorajar o público a comprazer-se na mediocridade

Encorajar o público a considerar "fixe" o facto de ser idiota, vulgar e inculto...

9- Substituir a revolta pela culpabilidade

Fazer crer ao indivíduo que ele é o único responsável pela sua infelicidade, devido à insuficiência da sua inteligência, das suas capacidades ou dos seus esforços. Assim, ao invés de se revoltar contra o sistema económico, o indivíduo se auto-desvaloriza e auto-culpabiliza, o que engendra um estado depressivo que tem como um dos efeitos a inibição da acção. E sem acção, não há revolução!...


10- Conhecer os indivíduos melhor do que eles se conhecem a si próprios

No decurso dos últimos 50 anos, os progressos fulgurantes da ciência cavaram um fosso crescente entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados pelas elites dirigentes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" chegou a um conhecimento avançado do ser humano, tanto física como psicologicamente. O sistema chegou a conhecer melhor o indivíduo médio do que este se conhece a si próprio. Isto significa que na maioria dos casos o sistema detém um maior controle e um maior poder sobre os indivíduos do que os próprios indivíduos.
   
© syti.net, 2002

O original encontra-se em http://perso.wanadoo.fr/metasystems/Manipulations.html .

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

Frase de fim de semana, por Jorge


"A vitória sem travar batalha é a melhor"
Sun Tzu
general e estratega chinês, 544-496 AC
em A Arte da Guerra

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Governo dispara sobre o TC e, depois, sobre os portugueses

O anúncio pela Ministra das Finanças de que Portugal não podia receber a última tranche do grande em préstimo e que, por isso, ia proceder a novos cortes na Função Pública, é uma canalhice que os portugueses não vão engolir.
O responsável por tudo isto é o governo que insistiu em 3 anos consecutivos, fazer orçamentos que já sabia que iriam ser chumbados. Ao manter esta guerrilha contra o TC, o governo talvez queira precipitar uma revisão constitucional que "encaixe" à força a nossa Constituição nas exigências do Tratado Orçamental e Fiscal, feito à surrelfa das soberanias...
O governo joga um jogo cada vez mais perigoso, em que põe o funcionamento das instituições numa situação de anormalidade.
E a UE, tal como está, vai sofrer fortes rombos.

A fotografia subjectiva de Otto Steinert (1915-1978)

Otto Steinert foi um influente professor alemão  no campo da fotografia. A sua primeira carreira foi a de médico, em que se formou em1939, no mesmo ano em que, sozinho, aprendeu  a fotografia. 
Depois de servir como oficial médico na guerra, e  como assistente médico durante 2 anos, tornou-se  fotógrafo. Passou a ensinar fotografia e também foi um dos fundadores de um grupo de fotos, Foto-Form . 
Em 1951, organizou a primeira de três exposições sob o título de fotografia subjectiva, em que explorou o potencial criativo de técnicas, tais como exposições longas, fora de foco, imagens e outros dispositivos técnicos. 
Tornou-se num dos mais influentes professores de fotografia na Alemanha, e ensinou alguns dos principais fotógrafos alemães da geração seguinte.



Observação: agradeço ao leitor anónomi que me chamou a atenção para erros no texto numa versão anterior

terça-feira, 10 de junho de 2014

Jerónimo de Sousa pede intervenção de Cavaco e eleições antecipadas

O secretário-geral do PCP afirmou hoje, em Santarém, que o Presidente da República "não pode assistir 
passivamente" ao "conflito institucional" que opõe o Governo ao Tribunal Constitucional, devendo convocar 
eleições antecipadas.

"O Presidente da República não pode assistir passivamente ao desenvolvimento desta situação de claro
 confronto e conflito institucional, porque isso, em correspondência com o juramento que fez de cumprir e fazer 
cumprir a Constituição, do nosso ponto vista, era motivo para a demissão deste Governo e a convocação de 
eleições antecipadas", afirmou Jerónimo de Sousa, durante uma visita à Feira Nacional da Agricultura, que 
decorre em Santarém até domingo.

O líder comunista lamentou "mais um ataque descabelado" do PSD aos juízes do Tribunal Constitucional, "com
 ameaças sancionatórias", numa referência à entrevista da dirigente social-democrata Teresa Leal Coelho hoje
 ao Público.
Fonte: Diário de Notícias