quarta-feira, 30 de outubro de 2013

As em favor do povo só perecem



















Vê que aquêles que devem à pobreza
Amor divino e ao povo caridade
Amam somente mandos e riquezas,
Simulando justiça e integridade.
Da fria tirania, e de aspereza,
Fazem direita, é vã severidade:
Leis em favor do Rei se estabelecem
As em favor do povo só perecem

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Vieillir c'est organiser 
sa jeunesse au fil des ans"
"Envelhecer é ir organizando 
a nossa juventude ao correr dos anos"

Paul Éluard 
(poeta surrealista francês, 1895-1952)

Telúrico e infausto renascer

O arrastar de Sócrates pelos palcos que lhe oferecem é penoso.
Publica uma tese de mestrado cujo objectivo é tudo menos claro. Reune a brigada do reumático para lhe confortar o ego. Que quer ele dela e ela dele?
O deitar das notas de cábulas em cartões para cima da mesa no final da intervenção corresponde a uma componente do
seu carácter: a desconsideração, mesmo para quem foi ao beija-mão.
É mais um jogo de distracção em relação à discussão na AR e na opinião pública de mais uma desgraça de orçamento onde a direita quer empobrecer mais os portugueses à custa de medidas anti-constitucionais.
Com as suas declações apaixonadas sobre as virtualidades do bloco central, Sócrates posicionou-se assumidamente à direita e não posso crer que ainda acrediteneste valete chocho para qualquer biscalhada.
E depois a qualidade estética, a profundidade de pensamento em entrevistas antes e depois arrasam o homem.
Livrai-nos Senhor deste telúrico e infausto renascer das cinzas enterradas há dois anos e picos...

domingo, 20 de outubro de 2013

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"When nothing is sure, everything is possible."
"Quando nada é certo, tudo é possível."
Margareth Drabble (escritora inglesa, n.1939)

Mark Blyth afirmou hoje no lançamento do seu livro "Austeridade-uma idéia perigosa" que os cortes no orçamento português são inúteis

Mark Blyth, professor de Economia Política, e autor do livro "Austeridade - uma ideia perigosa", lançado hoje em Portugal, disse à Lusa que os cortes orçamentais anunciados pelo Governo de Passos Coelho não servem para nada.
"[Os cortes orçamentais] São totalmente inúteis. O problema é a forma como os bancos portugueses e a economia portuguesa estão agarrados a um sistema monetário que tem um banco central mas não dispõe de um sistema de coleta de impostos (a nível Europeu) capaz de resolver o problema. Podem espancar a despesa pública portuguesa até a rebaixarem a 'níveis neolíticos'. É como instalar uma instituição bancária na Idade da Pedra. Não resolve o problema. O que estão a fazer é totalmente inútil", disse à Lusa Mark Blyth a propósito dos cortes orçamentais anunciados pelo Governo português.
O escocês Mark Blyth, professor de Economia Política no departamento de Ciência Política da Universidade de Brown, em Providence, Estados Unidos, é autor do livro "Austeridade - uma ideia perigosa" em que defende que as medidas drásticas não são adequadas para a solução da crise económica.
"Quando tudo começou a arrebentar em 2007 e 2008 ficámos a saber tudo sobre as fragilidades das economias do sul da Europa, mas também sobre o elevado nível de endividamento do sistema bancário e que esteve escondido durante mais de uma década", disse o académico, sublinhando que as medidas impostas pelos governos dos países expostos à crise não fazem sentido porque apenas servem o sistema bancário em crise.
"O que são necessárias são políticas - caso contrário - a mobilidade laboral vai tentar afastar o problema justificando-a como uma medida económica afastando as pessoas com qualificações que simplesmente vão abandonar os países. E depois quem paga os impostos?", questiona Mark Blyth, recordando que na Irlanda milhares de académicos já abandonaram o país.
Para o professor de Economia Política, pressionar o sistema com austeridade "como se fosse um estilo de vida" só pode dar maus resultados e a crise não pode ser solucionada enquanto se tenta resolver, "ao mesmo tempo", uma crise bancária "através de reformas governamentais, porque uma coisa não tem nada que ver com a outra".
"A austeridade é uma forma de deflação voluntária em que a economia se ajusta através da redução de salários, preços e despesa pública para 'restabelecer' a competitividade, que (supostamente) se consegue melhor cortando o Orçamento do Estado, promovendo as dívidas e os défices" (página 16), escreve Blyth no livro "Austeridade - uma ideia perigosa", realçando que não se verificam à escala mundial casos que tenham sido solucionados com políticas de austeridade.
"Os poucos casos positivos que conseguimos encontrar explicam-se facilmente pelas desvalorizações da moeda e pelos pactos flexíveis com sindicatos (...) A austeridade trouxe-nos políticas de classe, distúrbios, instabilidade política, mais dívida do que menos, homicídios e guerra" (páginas 337-338), escreve o autor.

"Mas também é uma ideia perigosa porque o modo como a austeridade está a ser apresentada, tanto pelos políticos como pela comunicação social - como o retorno de uma coisa chamada 'crise da dívida soberana' supostamente criada pelos Estados que aparentemente 'gastaram de mais' - é uma representação fundamentalmente errada dos factos", defende Blyth.
Como alternativa, o autor da investigação defende a "repressão financeira" assim como um esforço renovado na coleta de impostos "sobre os mais ganhadores", a nível mundial, assim como a procura de riqueza que se encontra "escondida em offshores" e que os Estados "sabem" onde está.
"Na verdade, um novo estudo da Tax Justice Network calcula que haja 32 mil biliões de dólares, que é mais duas vezes o total da dívida nacional dos Estados Unidos, escondidos em offshores, sem pagar impostos" (página 358), conclui Mark Blyth no livro "Austeridade - A história de uma ideia perigosa" (editora Quetzal, 416 páginas).
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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Traficância e trapalhada...

Ao falar há uma semana na poupança de 100 milhões de euros com cortes nas pensões de sobrevivência, Paulo Portas quiz aumentar ainda mais o descontentamento. Para depois o querer "atenuar", remetendo os cortes apenas para 25 mil pensões. Paulo  Portas, avesso a números, não explicou como com  tais cortes atinge os tais 100 milhões de "poupança"...Esperará alguma reabilitação do paulinho dos reformados que ficou partido em mil pedaços? Tarefa impossível.
Reduz para 25 mil pensões mas esquece-se que esta retroactividade
viola o contrato de confiança com quem já pagou para ter direito a essas e outras pensões. O que, no meu entender, deverá levar o Tribunal Constitucional a chumbar tais cortes no quadro do OE 2014.

sábado, 5 de outubro de 2013

Frase de fim-de-semana, por Jorge


"Ó cousas, todas vãs, todas mudaves,
qual é tal coração qu’em vós confia?
"
Sá de Miranda (poeta renascentista, 1481-1558)
no soneto "O sol é grande, caem co’a calma as aves"

Urgentes a ruptura com a política de direita e a realização de uma política alternativa

(...)O Comité Central do PCP alerta para as consequências desastrosas da actual política e de perpetuação do Pacto de Agressão na base de um eventual segundo resgate que o Governo dá já indícios de estar a preparar com a troika estrangeira. Uma solução que, correspondendo inteiramente aos interesses dos chamados “mercados”, só contribuirá para intensificar o processo de exploração, saque dos recursos do País e de dependência nacional.
Só a rejeição do Pacto de Agressão e a demissão do Governo com a convocação de eleições antecipadas pode assegurar as condições para vencer e ultrapassar a difícil situação para que Portugal foi arrastado, para assegurar o indispensável crescimento económico e afirmar o direito a um desenvolvimento soberano.
A urgência de uma ruptura com a política de direita e de uma mudança na vida nacional que abra caminho à construção de uma política alternativa, patriótica e de esquerda, constitui um imperativo nacional, uma condição para assegurar um Portugal com futuro, de justiça social e progresso, um país soberano e independente.

Uma política assente em seis opções fundamentais à cabeça das quais estão a rejeição do Pacto de Agressão e a renegociação da dívida nos seus montantes, juros, prazos e condições de pagamento rejeitando a sua parte ilegítima, com a assunção imediata de uma moratória negociada ou unilateral e com redução do serviço da dívida para um nível compatível com o crescimento económico e a melhoria das condições de vida; a defesa e o aumento da produção nacional, a recuperação para o Estado do sector financeiro e de outras empresas e sectores estratégicos indispensáveis ao apoio à economia, o aumento do investimento público e o fomento da procura interna e a valorização efectiva dos salários e pensões, e o explícito compromisso de reposição de salários, rendimentos e direitos roubados, incluindo nas prestações sociais.(...)

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Depois do desaire eleitoral, Cavaco masoquista na Suécia

Quem viu as declarações em Estocolmo da dor de alma que é o PR que ainda temos, não deixou de ficar de ficar envergonhado.
Cavaco disse que FMI, CE, BCE, a generalidade dos nossos credores, acham que o governo está no rumo certo e que não será avisado no nosso país alguém discordar. Isto é de um masoquismo lambe-botas que faz impressão até entre os federalistas europeus... Cavaco começa a assemelhar-se com Miguel de Vasconcelos.
Depois da derrota eleitoral de domingo passado, o governo perdeu legitimidade para continuar esta política
que terá sido reforçada no CM de hoje. A questão que se coloca a todos os portugueses é derrubar este governo. No dia 19 nas pontes, a CGTP realiza manifestações inéditas com esse objectivo, entre outros que incluem o bloquear de medidas contra os trabalhadores.
A luta vai endurecer e aquecer para pôr PSD e CDS fora do governo, para o interditar de prosseguir contra a austeridade e o empobrecimento dos trabalhadores e dos portugueses em geral.