sexta-feira, 30 de abril de 2010

Os conselhos de Cavaco e Soares



Cavaco Silva apoiou a concertação PS/PSD e juntou-lhe algumas condições, nomeadamente, preterir o investimento público em bens não transaccionáveis em favor de bens transaccionáveis que conduziriam à redução do recurso a empréstimos contratados ao exterior. E que os grandes investimentos deveriam ter uma forte componente de produtos e de mão-de-obra nacionais.
Enfim, produzir para vender ao estrangeiro como forma de reduzir o deficite.

Só que para aumentar a produção nacional para substituir produtos estrangeiros necessita-se de um esforço de investimento para aí direccionado mas também para reforçar o mercado interno , isto é, a capacidade de aquisição dos portugueses de produtos preferencialmente produzidos internamente, o que exige que salários e pensões não sejam degradados e que a vida das pessoas não seja desorientada pela desregularização das relações laborais e não seja vítima da actividade bancária predadora.

E algum investimento não transaccionável é importante pelos reflexos que possa ter na economia, quer pelo emprego que gera, quer pela dinamização de empresas que concorrem a montante para ele, quer pela aplicação do nosso conhecimento quer pelo know-how que qualquer aquisição de tecnologia estrangeira deve ter associada.

É isto difícil? Tem as suas dificuldades mas é inteiramente irrealizável com este governo, com a irresponsabilidade, o infantilismo, o negocismo e laxismo, as opções políticas e económicas deste grupo em total negação da realidade que continua a reclamar-se de ser o governo do país.

A banca e muitas empresas nacionais têm que ser chamadas ao esforço de investimento, que não é imediatamente geradora de grandes lucros, mas ancora fundamental para o relançamento da actividade económica e do emprego, únicas formas de criar uma capacidade interna para resistir à especulação que a banca internacional e as agências de rating, que para ela trabalham, entidades que se ocupam do escrutínio dos países mas não são escrutinados democraticamente pelos cidadãos.


Também Mário Soares entendeu dar uma achega para a desgraça, invocando o corte do 13º mês de 1983, de que se declarou orgulhoso, porque isso foi decisivo para entrarmos na Europa, isto é, naquela concreta integração europeia que nos levou onde se viu... Grande feito! Então realizado essencialmente por razões políticas (de nos formatar politicamente com o modelo vigente ño capitalismo das potências europeias) para combater a esquerda no nosso país e não por razões económicas. A não ser a opção alguns anos antes feita de nos entregar nas mãos das instituições financeiras internacionaisque passaram a condicionar o curso da economia e a pressionar o aniquilar da capacidade produtiva nacional.

Puxando de tais "galões", Mário Soares ameaçou os trabalhadores de que se reivindicarem a defesa das suas condições de vida vão ser responsáveis por qualquer coisa que, francamente, já não ouvi porqui estava a pensar "Porque não te calas Soares?".
É este o homem, com enormes responsabilidades na deriva da nossa democracia, a que ainda há uns anos atrás foi creditada uma "viragem à esquerda"...

Frase de fim-de-semana, por Jorge


"Até entre os demónios há uns piores que outros, e no meio de muitos homens maus pode haver algum bom"

D. Quixote

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Os valores do séc. XXI, por Quino















Miguel Urbano Rodrigues sobre Sócrates (extracto)



Pertenço a uma geração que se tornou adulta durante a II Guerra Mundial. Acompanhei com espanto e angústia a evolução lenta da tragédia que durante quase seis anos desabou sobre a humanidade. Desde a capitulação de Munique, ainda adolescente, tive dificuldade em entender porque não travavam a França e a Inglaterra o III Reich alemão. Pressentia que a corrida para o abismo não era uma inevitabilidade. Podia ser detida. Em Maio de 1945, quando o último tiro foi disparado e a bandeira soviética içada sobre as ruínas do Reichtag, em Berlim, formulei como milhões de jovens em todo o mundo a pergunta «Como foi possível?» Hitler suicidara-se uma semana antes. Naqueles dias sentíamos o peso de um absurdo para o


qual ninguém tinha resposta. Como pudera um povo de velha cultura, o alemão, que tanto contribuíra para o progresso da humanidade, permitir passivamente que um aventureiro aloucado exercesse durante 13 anos um poder absoluto. A razão não encontrava explicação para esse absurdo que precipitou a humanidade numa guerra apocalíptica (50 milhões de mortos) que destruiu a Alemanha e cobriu de escombros a Europa? Muitos leitores ficarão chocados a por evocar, a propósito da crise portuguesa, o que se passou na Alemanha a partir dos anos 30. Quero esclarecer que não me passa sequer pela cabeça estabelecer paralelos entre o Reich hitleriano e o Portugal agredido por Sócrates. Qualquer analogia seria absurda. São outros o contexto histórico, os cenários, a dimensão das personagens e os efeitos. Mas hoje também em Portugal se justifica a pergunta «Como foi possível?» Sim. Que estranho conjunto de circunstâncias conduziu o País ao desastre que o atinge? Como explicar que o povo que foi sujeito da Revolução de Abril tenha hoje como Primeiro-ministro, transcorridos 35 anos, uma criatura como José Sócrates? Como podem os portugueses suportar passivamente há mais de cinco anos a humilhação de uma política autocrática, semeada de escândalos, que ofende a razão e arruína e ridiculariza o Pais perante o Mundo? O descalabro ético socrático justifica outra pergunta: como pode um Partido que se chama Socialista (embora seja neo-liberal) ter desde o início apoiado maciçamente com servilismo, por vezes com entusiasmo, e continuar a apoiar, o desgoverno e despautérios do seu líder, o cidadão Primeiro-ministro? Portugal caiu num pântano e não há resposta satisfatória para a permanência no poder do homem que insiste em apresentar um panorama triunfalista da política reaccionária responsável pela transformação acelerada do país numa sociedade parasita, super endividada, que consome muito mais do que produz.

(…)

O cidadão José Sócrates tem mentido repetidamente ao País, com desfaçatez e arrogância, exibindo não apenas a sua incompetência e mediocridade, mas, o que é mais grave, uma debilidade de carácter incompatível com a chefia do Executivo.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Nebulosa incubadora de novas estrelas


Há 15 anos o telescópio Hubble captou e divulgou esta imagem de pilares gasosos n a M16, a Nebulosa da Águia.

As colunas são constituídas por hidrogénio e poeira, ficaram conhecidas por Pilares da Criação, e funcionam como incubadoras de novas estrelas.

O róque e a amiga confirmaram uma alma gémea...


Como já aqui tinha previsto, a conversa não deu bons resultados.

Como reagir à turbulência dos mercados, ao ataque especulativo infundamentado?
Que medidas foram enunciadas?

Reduzir o subsídio de desemprego (garantido pela carreira contributiva de cada um) para não "favorecer" quem não quer trabalhar por salários inferiores ao mínimo nacional, medidas para que os desempregados sejam obrigados a aceitar essas condições, auditorias às condições em quie estão a ser praticadas asa prestações sociais.

Não falaram em como reduzir o número de desempregados, não falaram em trabalhadores nem nas condições de vida de importantes sectores da população, não falaram no relançamento da economia. Falaram sim em como reduzir os recursos dos que menos têm ou têm mais dificuldades. Falaram na necessidade de sossegar os mercados...E as pessoas, quem as sossega?

Sócrates é reconhecidamente o responsável pela política que, internamente, nos levou a esta situação. Passos Coelho foi absolvê-lo e dar-lhe uma mãozinha. Desta forma, deixou de ser o "maior" partido da oposição e saltou para a família do poder. O cravo nas lapelas do presidente e do chefe do grupo parlamentar do PSD na cerimónia do 25 de Abril na AR, afinal, não passou de uma graçola de mau gosto.
Post Scriptum - Já depois de ter escrito estas palavras queria sublinhar dois factos.
Em primeiro lugar o apelo à "união nacional" de todas as boas vontades para pôrem divergências de lado e apoiarem o acordo entre as duas almas gémeas. Francisco Assis e Guilherme Silva desempenharam esse papel de uma forma desastrosa. Só faltou dizerem que os partidos que não demonstrassem alinhar com esse gesto, deveriam ser condenados às labaredas de Lúcifer.
O CDS lá se pôs a jeito para saltar para a família, com um sorriso de vitória de Paulo Portas por ver as propostas agora enunciadas saírem da sua insistente propaganda de há meses a esta parte, para serem depois acolhidas pelo PSD em Congresso e agora feitas suas pelo Primeiro-Ministro.
A segunda foi a excelente prestação de Bernardino Soares no seu frente-a-frente com Guilherme Silva na SIC-N sobre esta matéria. Viva, combativa, esclarecedora para os telespectadores e que deixou Guilherme Silva com falta de resposta.

O paciente que tocou violino durante uma operação ao cérebro

O Jorge fez-nos chegar imagens divulgada pelo El Mundo, no dia de ontem, relativas a um tipo de operações feitas em pessoas com distúrbios neurológicos em que os pacientes são mantidos acordados durante elas. A operação de cérebro aberto é feita com o paciente a executar tarefas.

O clip que se junta respeita a um violinista da orquestra de Minnesota, Roger Frisch, que foi afectado na sua capacidade de tocar por fortes tremores nas mãos, e em que se introduziram eléctrodos no cérebro para corrigirem a zona onde residia a incapacidade do músico, em interpretar particularmente algumas notas.

Assim, se pôde verificar se a intervenção estava ou não a afectar a capacidade musical do músico e se comprovou em tempo real o êxito a cirurgia. É a chamada técnica de estimulação cerebral profunda, alternativa à de terapêuticas com medicamentos.

Nos EUA tem 19% de insucesso, ficando sempre no paciente uma presença muito mais reduzida da perturbação durante a operção. Este músico pôde , no dia seguinte ao da intervenção ensaiar já com a orquestra.

Estes distúrbios neurológicos são muito frequentes no nosso país. Eu próprio tenho um deles, o tremor essencial (tremor familiar), que se transmite de pais para filhos, mas de reduzida intensidade.

Já se fizeram cá operações destas, como foi o caso de um camarada meu, que muitos de vós conhecerão.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Sócrates, Passos e os garrotes



As agências de rating tramaram-nos e abriram as portas a novas investidas dos especuladores.


Referenciando o “maior risco” decorrente da evolução do deficite das contas públicas, essas agências, não democraticamente eleitas mas oráculos dos mercados financeiros, irão provocar uma nova pressão especulativa que se traduzirá na subida das taxas de juros de novos empréstimos obtidos por instituições financeiras portuguesas, que os passarão para os seus clientes.


Resultados: Crédito mais caro a fazer estagnar ainda mais a economia, aumento dos spreads bancários para empréstimos contratados pelos clientes. Tudo, em última análise, se traduzirá na redução do mercado interno, na queda da actividade produtiva e na pressão para importar mais, ambas geradoras da elevação da despesa pública e em novos patamares da dívida que subirá em espiral.


Os bancos podem sair ilesos nos seus lucros, o mesmo acontecendo aos prémios e remunerações das grandes empresas aos seus administradores. Que se têm rebelado contra tentativas do Presidente da República e mesmo do Governo, dando voz à indignação pública, de os considerar despropositados e escandalosos.


O PSD bateu-se contra o PEC mas Passos Coelho foi hoje falar com o Primeiro-Ministro. Desta conversa é de esperar a viabilização pelo PSD na AR, de uma maior rapidez nas medidas gravosas contra a população e outras ainda não expressas nesse documento orientador da política económica e financeira. Dela não deverá sair nenhum assomo patriótico que nos livre do eventual afundamento com outros países da EU, de gestos firmes contra o garrote dos especuladores, contra os condicionamentos que a banca coloca ao crescimento económico bem como sobre o aumento da actividade económica e sua produtividade e da inversão das opções do governo de reduzir o mercado interno, congelando ou reduzindo remunerações e outros direitos dos trabalhadores, que naturalmente lutam e se defendem com os meios de que dispõem.


A luta vai continuar e os campos terão que se ir definindo.

domingo, 25 de abril de 2010

25 de Abril, sempre!


Porque é que os portugueses continuam a sair à rua, festejando a data e tomando-a como fonte de inspiração para os seus problemas de hoje?


Quem o souber entender, perceberá o sentido das palavras "25 de Abril, sempre!"

sábado, 24 de abril de 2010

Até sempre, Sofia Ferreira


Centenas de camaradas e amigos acompanharam, ontem, o funeral de Sofia Ferreira.

Os revolucionários passaram, durante o fascismo, vidas de uma luta dura, onde tarefas arriscadas se realizavam na necessária clandestinidade, implicando muitas vezes prisões longas, como foi o seu caso, torturas e até a morte.

Isso fez deles homens e mulheres firmes, determinados. Mas essa vida acolheu, como no caso de Sofia Ferreira e de muitos outros, a solidariedade, a camaradagem, uma atitude humana, que formaram o seu carácter e derem solidez ao trabalho colectivo de que o PCP beneficiou.

Como Sofia Fereira, outros já deixaram a vida, mas caminham sempre ao nosso lado.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge


Prefiro perder em causa que um dia vai vencer, do que vencer em causa que um dia vai perder"


Woodrow Wilson (presidente dos EUA de 1912 a 1921)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

As lições da história mais recente


A oportunidade é única.

Dirigentes do PS, PSD e CDS, grandes empresários, analistas económicos feitos à pressão da leitura de experiências alheias, não a deviam perder.

Teriam oportunidade de reflectir sobre factos, que testariam os seus encantos com o capitalimo e os mercados financeiros como:


1. As instituições financeiras que provocaram a crise financeira mundial foram as mesmas que receberam depois dinheiro de muitos estados para não irem à bancarrota;

2. Essas mesmas instituições, face à dificuldade dos estados em enfrentarem os seus deficites e a necessidade de se financiarem para o efeito, passaram a praticar taxas e spreads tanto mais altos quanto maiores dificuldades têm os estados;

3. As empresas de ranking, o FMI e outros leaders de opinião, têm centrado as suas "soluções" na redução de despesas e não no aumento das receitas, isto é, na redução do investimento produtivo, em, mais despedimentos, no aumento da idade da reforma, na redução do subsídio do desemprego para impor a aceitação de salários de miséria, em vez do rápido crescimento da economia resultante desse investimento e do alargamento do mercado interno (poder de compra dos portugueses) ou a reduzir impostos nalguns sectores para facilitar a retoma da actividade e a sua introdução ou elevação nos lucros fabulosos de várias empresas e instituições financeiras, numa clara ingerência e pressão sobre as políticas nacionais;

4. A Comissão Europeia e o BCE não quiseram contribuir para obviar a estas orientações, não cuidaram do euro e deixaram cada país a apanhar as vagas da especulação e da agiotagem. E só agora, depois de aparentemente "corneado", é que Durão Barroso veio falar no taxar as grandes operações financeiras;

5. O Banco de Portugal e outros bancos centrais foram incapazes de prever a crise internacional provocada pelas fraudes das instituições financeiras, a regulação não existitiu, e lidaram mal com as suas consequências;

6. Pagaram os trabalhadores, as micro e pequenas e médias empresas, elevando os custos sociais dessas opções, alargando as chagas sociais, a miséria envergonhada que remete centenas de milhares de portugueses a viverem fechados em casa;


Outros factos poderiam juntar-se para chegar em à conclusão que o capitalismo falhou, que a financiarização da economia foi fatal, que a soldariedade europeia não funcionou e os interesses da Alemanha prevaleceram.

Que lições vão tirar os supracitados?

É quase certo que, com alguns remakes de frontispícios, José Sócrates, Passos Coelho e Paulo Portas nos vão querer continuar a dar "mais do mesmo"...

Venham outros...




Circulando na net






Empresário: Bom dia Sr. Eng., há quanto tempo...


Ministro: Olha, olha... E.stá tudo bem?!

Empresário: Eh pá, mais ou menos, tenho o meu filho desempregado. Tu é que eras homem para me desenrascar o miúdo.

Ministro: E que habilitações tem ele?!

Empresário: Tem o 12.º completo.

Ministro: E o que sabe fazer?!

Empresário: Nada-. Sabe ir para a Discoteca e deitar-se às tantas da manhã!

Ministro: Posso arranjar-lhe um lugar como Assessor. Fica a ganhar cerca de 5000, agrada-te?!

Empresário: Isso é muito dinheiro, com a cabeça que ele tem era uma desgraça não arranjas algo com um ordenado mais baixo?!

Ministro: Sim, um lugar de Secretario já se ganha 3000 !...

Empresário: Ainda é muito dinheiro, não tens nada volta dos 600/700 ???

Ministro: Eh pá, isso não.Para esse ordenado tem de ser licenciado, falar inglês , dominar a informática e tem de ir a concurso, obviamente!!!...
(imagem retirada do Sol)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Que fazer com estes jovens?


Daniel Sampaio e Manuel Alberto Valente foram ontem polos de monólogos sobre os mesmos temas: a inquietação com a evolução do comportamento dos jovens, da capacidade do sistema educativo cumprir o seu papel, da disciplina.

Não sou entendido nestas matérias mas percorri experiências e arrisco alguns palpites.

A conquista da democracia foi acompanhada com uma explosão de iniciativas juvenis. A contenção da criatividade e de um novo quadro de comportamentos sexuais, culturais e de moda desapareceu. Essa foi uma das muitas tampas de panela que saltaram.

Muitos pais corresponderam a estas transformações mas o novo para eles gerou-lhes faltas de respostas, nomeadamente quanto à reconfiguração da autoridade no seio da família, ao papel educador dela, a perda dela como um dos factores de socialização, de gestão dos afectos, de formação do carácter.

A família acabou por ser engulida no consumismo, procurando estatuto que não tinham com a ostentação de ícones, repetidamentre substituídos. Mesmo entre camadas com uma suposta débil capacidade aquisitiva, deparámos em Lisboa com agregados familiares em que entravam todo o tipo de novos equipamentos mas as refeições não existiam ou eram relegadas das prioridades ou preenchidas com fast food e doces. Se as escolas não alimentassem de uma forma correcta, a deformação continuaria.

Esta uma influência nefasta do capitalismo. Outra é a falta de saídas profissionais que leva à menorização da importancia do ensino. Outra o apelo à marginalidade ou a economias paralelas, decorrente da anterior e da falta de emprego, salários infames quando são pagos... Outra a atracção por padrões éticos identificados nas camadas dirigentes. O ladrão, o corrupto, o aldrabão e o violento passaram de renegados a ícones.

A escola não é libertina por causa da orientação dos professores. Não são santos e trazem muitas limitações de preparação e vocacionais. Mas se não fosse a escola e o heroísmo de muitos professores, as situações poderiam ser bem mais graves.

O bullying, sem esse nome, vem muito de trás mas neste quadro é potenciado. Um jovem pode ter um projecto de vida mas hoje trabalham para o dia-a-dia, e os outros dias depois se vê.

Quando algumas mentes, mais ou menos conservadoras, contra as novas gerações, que vão dar cabo deste mundo, que vão ser incapazes de gerir o que receberam, que não sabem escrever ou lêr, que vão ser a desgraça deste país, etc, etc., não basta contrapor-lhes que noutras épocas históricas, intelectuais famosos fizeram este tipo de profecias e o mundo...avançou, a humanidade atingiu melhores patamares. Esta atitude é de um esquematismo mecânico inaceitável. Provavelmente os jovens de hoje já se moldaram às perspectivas futuras, bem piores que as dos seus pais e avós, as nossas preocupações com eles já não correspondem às preocupações deles consigo próprios.


Uma coisa é comum a todas estas tendências: a atitude do capitalismo e dos capitalistas e dirigentes do Estado estão na origem delas. Os Sócrates, Belmiros e outros actores desta legião não escapam, sacudindso a área do capote...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Novo encosto à box...


Como fiquei com saudades do internamento e comecei a ter tonturas, o Santa Maria lá me ofereceu uma estada nova a preço reduzido.

Motivo: umas arritmias (ainda).

Depois no ecocardiograma detectaram-me também um derrame líquido aquoso no pericárdio.

As arritmias desapareceram com o tratamento. O derrame, esse, está a reduzir-se com outro tratamento. Afastada a hipótese de o retirar por seringa, sosseguei e sorri porque não sabia que podia ter uma pequenina queda de água na fonte d.os afectos.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Imagens de Marte

Estas são imagens, divulgadas pela NASA, que alteram a percepção que tínhamos do planeta "vermelho"









domingo, 11 de abril de 2010

Lá vem a revisão constitucional...


Passos Coelho, na sua procura de criar factos que lhe garantam solidez de intervenção, Já encontrou a varinha mágica para os nossos problemas: revisão constitucional...


Quando visivelmente as políticas não encaixam neste país, dá jeito, para alguns, encontrar um bode expiatório para não terem de explicar aos portugueses o que está de profundamente errado nelas e as rupturas se deverem situar nelas e não em devaneios "fracturantes"...

sábado, 10 de abril de 2010

Estado fora de negócios para acabar com a corrupção?


Os casos de corrupção, a partir de dirigentes do Estado português, que varrem o país não poderiam trazer conclusão mais disparatada e não inocente. Gente do PS, PSD e CDS e contrabandistas de opinião descobriu o remédio para essa coprrupção: o Estado sair das empresas participadas e entregar a condução dos negócios dessas empresas a uma entidade (?) livre de pressões do governo...

Duma assentada garantiam a privatização total de empresas estratégicas para a vida dos cidadãos portugueses com iriam entregar decisões aos corruptos privados. A não ser que haja por aí algumas almas etéreas que ignorem que corrupção à fartazana existe nas decisões dos privados.

Acabe-se com a corrução de governantes e altos quadros da administração pública e militar. Não é preciso trocaer de corruptos...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge


"Que o medo da loucura não nos faça baixar a bandeira da imaginação"


anónimo (grafito em S. Paulo, Lisboa)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Andam a remexer nos nossos bolsos...


Uma amiga minha, reformada, que tem uma vida modesta e não lhe sobra um tostão, pagou de IRS no ano passado 180 euros. Este ano, sem alteração de dados, exigiram-lhe 418 euros...

Hoje um dos meus bancos, para certificar que tinha lá uma conta, quiz levar-me 30 euros.

Não aumentaram os impostos? Mentiram com todos os dentes...E os banqueiros estão à solta, sem açaimo?

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Os objectivos do Mexia


Confrontado por jornalistas que queriam que comentasse as reservas de muitos ao escândalo do valor dos prémios que recebe, António Mexia respondeu "Ultrapassei os meus objectivos"...

Resta saber que objectivos foram definidos para Mexia, nomeadamente pelo Estado portuiguês. E se, de entre eles, está fazer chegar energia aos milhares de pessoas que a não têm e que têm vindo a ver cortados os fornecimentos por iniciativa própria ou por imposição da empresa nos casos em que preços muito altos não são compatíveis com os magros rendimentos de muitos portugueses.

Objectivos, objectivos, que também saem da boca do tal "comentador económico" que dá de nome Camilo Lourenço, em defesa deste grande gestor da coisa alheia...

terça-feira, 6 de abril de 2010

O que importa...


Diariamente somos confrontados com fenómenos que valem por si mas que são consequência de um estado de coisas onde puderam encubar.


Uso de funções públicas para práticas irregulares e criminosas em proveito próprio, vantagens e mordomias dos mais altos cargos de empresas privadas ou de outras com algum tipo de intervenção do Estado, uso do Estado para servir interesses particulares que confrontam os interesses e a condição da maioria dos portugueses, a arrogância e o discurso repetitivo e autista dos govenantes, a não auscultação das populações sobre serviços de vizinhança que elas percepcionam como factor de segurança, a eclosão de certos fenómenos e comportamentos sociais que expressam valores desumanos, anti-solidários e anti-sociais, etc.

Todos os conhecemos pelo espaço que ocupam nos noticiários.


Não deixando de debater e criticar os casos pontuais que vão emergindo ao ritmo da voraz conquista de audiências, importa retermo-nos no essencial, nas opções políticas que permitem estes fenómenos, retirando-lhes o carácter de idiossincrasias de tal ou tal protagonista político.


Há anos que o país é varrido por opções que retiram o ser humano de ponto de partida, protagonista e destinatário da actividade económica. è a distorcida redistribuição da riqueza gerada. É a precariedade e falta de direitos nas relações laborais. É o descartar do trabalho e respectivo rendimento, base essencial da dignidade de vida individual e familiar. Retiram-se garantias aos desempregados e à criação de actividade sem uma reflexão baseada em dados, participada pelos beneficiários. É a pulverização da família, remetida a objecto da caridade ou do crédito bancário.

A actividade económica foi pulverizada em nome de uma modernidade de reestruturações. A agricultura, a indústria, muitos dos próprios serviços e funções do Estado desapareceram ou sobrevivem mal. Em compensação o nosso mercado foi invadido por alternativas estrangeiras mais baratas por beneficiarem de economias de escala, infra-estruturas de transportes e apoios aos investimentos. As grandes empresas internacionais, num processo de integração económica e social determinado por interesses alheios mas apresentado como única solução dos nossos males, retirou-nos os meios essenciais à nossa auto-determinação e confronto com outras economias mais poderosas.

País em queda de produção e com trabalho criador reduzido, com jovens sem futuro, que solidez cultural nos pode conferir? Que nova criação cultural e hábitos culturais podem disto advir?


O mau-estar parece ser geral mas por parte de algumas "boas consciências", escondem-se interesses, privilégios e regalias inconfessáveis. A elas o que incomoda mais são as "explosões sociais"e não as condições degradadas de vida que as justificam.

A luta tem que contornar estes equívocos e jogos de máscaras. Os que vierem terão que vir com o sentido de ruptura com tais políticas. A nossa sobrevivência como comunidade, como país e como nação assim o exigem

segunda-feira, 5 de abril de 2010

De regresso, com o Xico, amigo do coração



Bom dia juventude!

Ora cá estamos nós, quatro semanas depois de uma operação ao coração para substituir a válvula aórtica (à esquerda na figura), que há muito não estava eficaz e me deixava num estado de canseira quase permanente. Era uma operação desejada.

Internado que fui, depois de um dia de preparação, lá me injectaram os líquidos e só acordei um dia depois, sentindo-me como se tivesse passado um eléctrico da Carris por cima – a expressão foi do cirurgião, um bom profissional, que várias vezes nos pôs a rir na enfermaria, a mim e outros companheiros de (in)fortúnio.

O primeiro dia foi de KO quase permanente: não sabia onde estava, quem me rodeava, em que patamar da loucura estaria situado. As imagens nocturnas foram caóticas.

Os dois dias seguintes foram melhores. Família, consciência, a responsabilidade de manter na sua função 35 agrafos, de me abraçar quando a tosse vinha para não abrir esse fecho éclair com que me tinham condecorado. Passei essas duas noites como se tivesse o ecrã do computador à minha frente, no qual ia fazendo o download de imagens diversas. Dei comigo várias vezes a digitar um teclado inexistente.

Ganhei a consciência de que me tinham aberto, mexido na fonte dos afectos, metido um zingarelho designado por prótese valvular mecânica, do tipo St Jude Nº 25 Rg Ao, e fechado, com algum “arame” a consolidar a relação do externo com as costelas. A prótese já a baptizei como Xico, em homenagem ao meu primeiro gato. Que, com os demais componentes cardíacos regressou à gaiola, onde tudo se anda a acomodar, depois de 62 anos de uma acomodação diferente.

Fomos tratados nas palminhas por médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares. Cinco estrelas para a Cardiologia e a UTIC do Hospital de Santa Maria!

O meu vizinho do lado era, com 45 anos, um veterano de novas válvulas que ia substituir uma delas, bem-disposto, e que se queria despachar daquilo tudo.

As coisas foram-se compondo até umas arritmias terem dado um arzinho de sua graça o que prolongou a estada por mais uma semana.

Em casa estou recuperando os equilíbrios, o funcionamento normal dos sistemas. E por aqui estou mais algum tempo até atingir a recuperação para a chamada vida normal.

O Xico, esse, passou a fazer parte dos meus amigos do coração.