A oportunidade é única.
Dirigentes do PS, PSD e CDS, grandes empresários, analistas económicos feitos à pressão da leitura de experiências alheias, não a deviam perder.
Teriam oportunidade de reflectir sobre factos, que testariam os seus encantos com o capitalimo e os mercados financeiros como:
1. As instituições financeiras que provocaram a crise financeira mundial foram as mesmas que receberam depois dinheiro de muitos estados para não irem à bancarrota;
2. Essas mesmas instituições, face à dificuldade dos estados em enfrentarem os seus deficites e a necessidade de se financiarem para o efeito, passaram a praticar taxas e spreads tanto mais altos quanto maiores dificuldades têm os estados;
3. As empresas de ranking, o FMI e outros leaders de opinião, têm centrado as suas "soluções" na redução de despesas e não no aumento das receitas, isto é, na redução do investimento produtivo, em, mais despedimentos, no aumento da idade da reforma, na redução do subsídio do desemprego para impor a aceitação de salários de miséria, em vez do rápido crescimento da economia resultante desse investimento e do alargamento do mercado interno (poder de compra dos portugueses) ou a reduzir impostos nalguns sectores para facilitar a retoma da actividade e a sua introdução ou elevação nos lucros fabulosos de várias empresas e instituições financeiras, numa clara ingerência e pressão sobre as políticas nacionais;
4. A Comissão Europeia e o BCE não quiseram contribuir para obviar a estas orientações, não cuidaram do euro e deixaram cada país a apanhar as vagas da especulação e da agiotagem. E só agora, depois de aparentemente "corneado", é que Durão Barroso veio falar no taxar as grandes operações financeiras;
5. O Banco de Portugal e outros bancos centrais foram incapazes de prever a crise internacional provocada pelas fraudes das instituições financeiras, a regulação não existitiu, e lidaram mal com as suas consequências;
6. Pagaram os trabalhadores, as micro e pequenas e médias empresas, elevando os custos sociais dessas opções, alargando as chagas sociais, a miséria envergonhada que remete centenas de milhares de portugueses a viverem fechados em casa;
Outros factos poderiam juntar-se para chegar em à conclusão que o capitalismo falhou, que a financiarização da economia foi fatal, que a soldariedade europeia não funcionou e os interesses da Alemanha prevaleceram.
Que lições vão tirar os supracitados?
É quase certo que, com alguns remakes de frontispícios, José Sócrates, Passos Coelho e Paulo Portas nos vão querer continuar a dar "mais do mesmo"...
Venham outros...
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