quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

PT, Estado e RTP, escondem que parte da campanha solidária com os madeirenses foi desviada...

É triste, mas é bom saber...

Porque é que os madeirenses receberam 2 milhões de Euros da solidariedade nacional, quando o que foi doado era de 2 milhões e 880 mil?
Querem saber para onde foi esta "pequena" parcela de 880.000 € ?
POIS É....

A campanha a favor das vítimas do temporal na Madeira através de chamadas telefónicas é um insulto à boa-fé da gente generosa e um assalto à mão-armada.

Pelas televisões a promoção reza assim: Preço da chamada 0,60 + IVA. São 0,72 no total.
O que por má-fé não se diz é que o donativo que deverá chegar (?) ao beneficiário madeirense é de apenas 0,50.
Assim oferecemos 0,50 a quem carece, mas cobram-nos 0,72, mais 0,22 ou seja 30 %.
Quem fica com esta diferença?

1º - a PT com 0,10 (17 %) isto é a diferença dos 50 para os 60.
2º - o Estado 0,12 (20 %) referente ao IVA sobre 0,60.

Numa campanha de solidariedade, a aplicação de uma margem de lucro pela PT e da incidência do IVA pelo Estado são o retrato da baixa moral a que tudo isto chegou.

A RTP anunciou com imensa satisfação que o montante doado já atingiu
os 2.000.000 de euros.
Esqueceu-se de dizer que os generosos pagaram mais 44 % ou seja mais 880.000 euros divididosentre a PT (400.000 para a ajuda dos salários dos administradores)e o Estado (480.000 para ajuda ao reequilíbrio das contas públicas e aos trafulhas que por lá andam).
A PT cobra comissão de quase 20 % num acto de solidariedade!!!
O Estado faz incidir IVA sobre um produto da mais pura generosidade!!!

ISTO É UMA TOTAL FALTA DE VERGONHA!!!
ISTO É UM ASQUEROSO ESBULHO À BOLSA E AO ESPÍRITO DE SOLIDARIEDADE
DO POVO PORTUGUÊS!!!
NÃO COLABORE NESTAS CAMPANHAS, CASO NÃO SEJA ESCLARECIDO CABALMENTE
QUE OS"DONATIVOS" ESTÃO ISENTOS DE IMPOSTOS E DE TAXAS OU COMISSÕES,
BEM COMO NÃO CONTRIBUEM (SEM RETORNO SOLIDÁRIO) PARA O AUMENTO DOS
NEGÓCIOS DOS GANANCIOSOS GESTORES...

DENUNCIE!

Presidente sem peito, candidato sem jeito...

O debate de ontem entre Cavaco Silva e Manuel Alegre confirmou alguns traços revelados por Cavaco no de debate com Francisco Lopes que, definitivamene aconselham a sua não reeleição.


Em alguns aspectos, Alegre não esteve à altura de uma resposta categórica e estruturada ao candidato da direita.
Não querendo pronunciar-se sobre matérias delicadas remeteu o interlocutor para o "site da PR" e a todos os que o viam revelou com isso grande desconsideração.
A questão das relações internacionais e do seu papel, no que à crise financeira respeita, Cavaco revelou um low-profile subserviente e temeroso. Ele é candidato e não expressou indignação pela operação especulativa que os "mercados financeiros" (uns 4 bancos norte-americanos que têm nome) e as suas empresas de rating têm feito, em articulação de interesses dos EUA, da Alemanha e da França, contra os países mais periféricos como o nosso.
Quanto ao Estado Social, num misto de confusionismo e de vontade de silenciar as políticas concretas que defende quanto à educação, saúde e segurança social, Cavaco reumiu-o às IPSS, misericórdias e outras entidades particulares, remontando a centenas de anos atrás.
Não se pronunciou sobre a escola pública de qualidade nem sobre a sobrevivência do SNS que sabemos na sua cabeça, como nas dos dirigentes do PSD e CDS, serem de desconsiderar face à oferta da iniciativa privada, empobrecendo os recursos para os respectivos serviços públicos.
Sobre as situações delicadas para o povo português e os reais projectos de direita, Cavaco nada disse, refugiou-se atrás do pano.
Defendeu como grande atitude o seu acordo com índustriais de hotelaria de as sobras das refeições serem distribuídas a quem tem fome, esquecendo-se de referir em que condições de segurança alimentar isso poderá ser feito.
Enfim, Cavaco definitivamente não. Contribuir para mais apoio à campanha de Francisco Lopes, isso sim, como forma de dar força a uma mudança radical de políticas.


quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Ainda o "aquecimento global" que se não vislumbra...

O que se segue é um pouco longo, na medida em que remete para outro artigo que aconselho vivamente. Por isso pede-se a vossa paciência.
Trata-se de retomar várias questões, já aqui abordadas várias vezes há uns meses, a propósito dos aquecimentos globais, Conferência de Copenhaga, energias alternativas.
Não para trazer elementos novos mas para vos remeter para a leitura de um artigo publicado por Demétrio Alves no resistir.info. há dias.

A teoria do aquecimento global, promovida por acção do homem, não está provada. Não tem credibilidade, em termos científicos, que se pudesse atribuir a uma só causa - a emissão de CO2, ainda por cima não poluente - um processo para que tantos outros factores contribuem, em termos ainda hoje imprevisíveis.
A "descarbonização da economia", objectivo em que de forma tão demagógica quanto irresponsável se envolveram socialistas, sociais-democratas, ecologistas feitos à pressa e outras boas almas não é, porém, isento de interesses motores. Não só Al Gore como também outros fazedores de opinião entre nós e lá fora, com um apoio acrítico e sensacionalista da generalidade dos media, estão ligados a negócios de energias alternativas, que mobilizaram preocupações numa monumental operação de marketing, que criasse mercado para as suas "inovações", e que obtiveram, como entre nós, apoios que todos nós pagamos (ver, por exemplo, uma das componentes do preço da factura da EDP...).
O fracasso da Conferência de Copenhaga reflecte a resistência de muitos países em reduzirem as suas emissões de CO2, nos termos desejados pelos EUA e UE, porque partiram para o crescimento económico mais tarde, depois de colonizações diversas, ou porque aspiram adquirir projecção regional ou mundial de que EUA e UE desejariam ser os únicos protagonistas. As teses dos "aquecedores" esfriaram com a falsificação de dados de um departamento universitário que trabalhava para o IPCC da ONU e a desconfiança generalizada que isso provocou, aliada ao facto de serem previsões de modelos computorizados e não previsões baseadas em dados reais e a que a honestidade e o rigor de muitos cientistas sempre questionou os pressupostos de tais teses, não se deixando vender.
Para além das falcatruas e negociatas que este processo proporcionou, o centrar da atenção das questões ambientais nas emissões de CO2, desfocou a atenção e recursos, da desertificação, das ameaças à biodiversidade, do acesso à água, para não falar já de outras questões como a fome, a iliteracia ou as desigualdades.
As energias renováveis não apresentam perspectivas de crescerem a ponto de substituirem a energia de origem fóssil.  O movimento de opinião pelas renováveis facilitou a privatização de empresas energéticas em todo o mundo, com o argumento que seriam "amigas do ambiente", "limpas" e "mais baratas", o que está por demonstrar. Como exemplo, as consequências ambientais e económicas de produzir bio-combustíveis foi muito negativa, em termos de erosão de recursos naturais e de fortes investimentos iniciais sem garantias de retorno, o impacto ambiental das eólicas é muito forte. Demétrio Alves discute isto no artigo.


Na foto, locomotiva paralisada pela neve nos EUA.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge

''Perdoa aos teus inimigos, que os deixas baralhados''


(Igreja Baptista de Donelson View - Nashville - EUA)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Natividade, de Piero della Francesca

Cavaco confrontado com as suas responsabilidades

No debate de ontem entre Francisco Lopes e Cavaco Silva, este não quis responder às responsabilidades que Francisco Lopes lhe apontou como responsável do estado a que o país foi levado.
Refugiou-se na "moderação", na rejeição da "retórica" (objectivos políticos diferentes dos seus), no não querer "ser irresponsável perante os mercados", nas medidas sociais que tomou como primeiro-ministro.
Francisco Lopes confrontou-o, porém, com a responsabilidade que tem na viabilização das mais recentes medidas anti-sociais saídas dum arranjinho entre PS e PSD. Sobre Oliveira e Costa e Dias Loureiro nada disse.
Cavaco Silva, a um mês das eleições, continua a usar as funções presidenciais para obter votos.
Alguma separação de águas entre Cavaco candidato e Cacaco PR, para quem se reclama de grande isenção e carácter, há muito que deveria ter sido resolvida e objecto de comunicação aos portugueses.
Que a sua candidatura diga que não fará cartazes nem excessos de propaganda, encontra aqui a sua razão de ser. Afinal em matéria de carácter, estamos conversados...
Importa registar, para além da camaradagem de ideais e de Partido que com ele partilho, que Francisco Lopes com esta atitude está a contribuir para o que deve ser uma campanha eleitoral viva, esclarecedora, expressando de forma única os anseios e perspectivas dos trabalhadores e dos que estão a ser vítimas desta política de direita que, com PS ou PSD, continuaria a ter o beneplácito de  Belém, em caso de reeleição.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Incerto é o futuro da humanidade, pois é dela que depende"


Henri Bergson (filósofo, 1859-1941)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Wikileaks: questões por esclarecer

Na generalidade, as reacções de pessoas de esquerda às revelações contidas nos documentos difundidos pela Wikileaks, têm sido positivas.
De qualquer modo, importa estar atento às motivações enunciadas pelo próprio no início deste processo e o reduzido número de grandes meios de comunicação com quem a Wikileaks tem vindo a estabelecer parcerias para "trabalhar" a informação recebida - todos eles comprometidos com a desinformação sistemática que tem vindo a criar grande insatisfação em muita gente, curiosamente os que mais entusiastas parecem ser no apoio à Wikileaks.
No mundo em que vivemos sobem as paradas da contra-informação, a conspiração anti-ética e até o desejo de vir a controlar esse grande espaço de liberdade que se revelou ser a internet.
Para a mentira e a conspiração serem seguras e atingirem profundidade naturalmente que algumas verdades têm que ser reveladas. Estará a Wikileaks para a liberdade de informação como Obama esteve para o Yes, we can?
São ou não duas grandes operações para recuperar o descontentamento a favôr de um relançamento imperial de liberdades condicionadas.
Não estou certo disto mas sugiro outras abordagens como as de Michel Chossudovski e F. William Engdahl.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Um grito nos EUA: dizer não à América das corporações!

Há muitas coisas importantes que não podem mais ser ignoradas, afastadas ou escondidas.
O movimento da verdade já começou e deve continuar a chegar às pessoas para a livrar de idéias criadas por elites do poder não eleitas.

Temos de colocar os interesses do povo acima dos interesses das corporações. ".O governo deve ser desincorporado".

É importante lêr a peça "O trilião...", lembrarmo-nos do BPN, mas também aceder a outra informação deste blog.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Espionagem financeira

Do BCP, o maior banco privado português, continuam a brotar surpresas.
Depois das façanhas de Jardim Gonçalves e do singular caso de Armando Vara, é agora o actual presidente da instituição bancária, Carlos Santosa Ferreira, que é referido nos casos que a Wikileaks divulgou.

Carlos Santos Ferreira, a confirmar-se a autenticidade de telegramas da embaixada dos EUA em Lisboa, terá proposto que o "seu" banco pudesse tornear eventuais represálias norte-americanas da relação do BCP com o Irão, oferecendo, como contrapartida, os seus serviços como espião dos States nas áreas financeiras iranianas.
É um papel repugnante, tanto mais que quebraria o sigilo bancário, que os banqueiros tanto dizem defender para credibilizar as suas operações.

Regista-se.

Quantas não serão as idênticas melindrosas funções que outros vips portugueses (?) terão contratado com os "nossos aliados"?

Em exposição 33 estudos referentes à execução Painel cerâmico da estação do Metropolitano de Lisboa, "Sete Rios", da autoria de Júlio Resende

Painel cerâmico da estação do Metropolitano de Lisboa, "Sete Rios”

23 Out. 2010 // 10 Abr. 2011

A INTUIÇÃO ATENTA À RAZÃO

Afirmo que a pintura sempre se envolve no objectivo final de servir a causa dos espaços públicos, sentido esse que a enobrece. A sua função não se limita a “decoração” de um dado espaço mas a dotá-lo de um sentido próprio e inconfundível.

A sua natureza de estação foi respeitada no confuso espaço interior no qual se dão os cruzamentos direccionais de linhas.

O objectivo da estação de que sou autor, foi de tornar esse espaço animado como uma continuidade do clima exterior.

Dada a proximidade do Jardim Zoológico, entendi natural que a vida animal e vegetal servissem de motivação no tratamento das paredes e dos pavimentos. Os estudos foram feitos à exaustão mas a execução foi de um grande improviso respeitando o princípio que nenhum sinal é repetível!…

Os azulejos foram realizados na Fábrica Viúva Lamego em Sintra, onde sempre encontrei o melhor ambiente de trabalho e colaboração.


Júlio Resende, Outubro 2010

domingo, 12 de dezembro de 2010

Inside the job, um documentário assustador

O documentário norte-americano "Inside Job" é de não perder.

Feito e comentado por pessoas que ainda acreditam na possibilidade de reformar o poder financeiro, apesar de uma irritante deficiência no contraste de cor da inserção de caracteres da tradução, e de não ser uma obra de ficção mas um documentário com um ritmo rápido, difícil d...e seguir pela especialização terminológica do tema, é de aproveitar para o vêr nos poucos (?) dias que lhe restarão de exibição.

A administração de Obama fica comprometida com práticas e pessoas que reconduziu em funções-chave, de entre os responsáveis da crise financeira que vinha dos anteriores presidentes. E que exportou para outros continentes.

O esquema de Ponzi, o esquema das hipotecas e da venda sucessiva de dívidas de empréstimos de risco, através de empresas que os reguladores oficiais e as agências de rating atribuíam óptima saúde para atrair novos investidores nas vésperas de de irem à falência, dá uma idéia do tipo de pessoas que, com o empenhamento até ao pescoço das sucessivas administrações republicanas e democrata, continua hoje a ter o poder financeiro nos EUA.

Preocupante é verificar que é com este tipo de escroques, envolvidos noutro tipo de actividades ilícitas e criminosas, os EUA querem continuar a mandar no mundo!!!...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"A arma mais poderosa nas mãos do opressor é a mente do oprimido"


Stephen Biko (activista anti-apartheid, torturado e assassinado pela polícia sul-africana, 1946-1977)

domingo, 5 de dezembro de 2010

China e Rússia retiram o dólar das relações comerciais entre ambos os países

A reunião desta semana em S. Petersburgo entre os primeiros-ministros russo e chinês configura uma prática que poderá ser seguida nas relações comerciais entre outros países, para protegerem as respectivas economias dos riscos das infecções virulentas do dólar como aconteceu no início da presente crise financeira internacional.
Ambos os países passarão a usar as suas moedas nacionais nas relações comerciais entre ambos.

Nesta reunião consolidou-se um novo clima de cooperação entre ambos os países, iniciado em 2009, com a assinatura de importantes acordos, de tal forma que Wei diria, no final, que a China e a Rússia nunca serão inimigas e que, no seu processo de modernização a China ajudará a Rússia a recuperar o papel de grande potência.

De entre os acordos firmados terão especial importância os da área da energia que contempla nomeadamente, o reforço da capacidade do nuclear na China e na venda pela Rússia à China de gás mais barato do que é vendido a países europeus, este na sequência do acordo assinado anteriormente por Medvedev e Hu Jintao de construção de um pipe-line trans-fronteiriço que unirá o principal produtor ao principal consumidor de gás.

Sobre isto, ver entre  outros o China Daily.

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Só vês o que estás preparado para ver"


George Tice (fotógrafo americano, 1938-)

Charley e Violeta no seu barco, Jersey, N.Y., 1979

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O micróbio e o ET

Ao contrário do que alguns media e utilizadores de redes sociais sensacionalistas previam, a NASA ontem não apresentou ao mundo um ET. Mas, o que não é menos importante, deu conta de novas condições para a existência de vida num ambiente particular no nosso planeta.


Bem dizia uma vizinha minha que ETs já não são novidade porque os temos no governo e noutros sítios...

De facto a NASA apresentou o fundamental de uma descoberta científica feita por uma equipa de investigadores por ela financiados, liderados por Felisa Wolf-Simon. E que os autores já tinham publicado em abstract na revista Science, aguardando-se que seja dentro de dias publicado na íntegra o trabalho na revista, para permitir então um comentário mais fundamentado.

As formas conhecidas de vida são, na sua maior parte, constituídas pelos seguintes elementos químicos: Carbono (C), Azoto (N), Oxigénio (O), Hidrogénio (H), Enxofre (S) e Fósforo (P). A sua entrada na composição dos ácidos nucleicos, proteínas e lípidos verifica-se na generalidade da matéria viva.
No entanto nunca a atítude científica deu como fatalidade que a bioquímica sae esgotaria nesses elementos.
Este trabalho alarga esse número ao Arsénio (As) que, apesar de ser tóxico e venenoso para muita matéria viva, apresenta características químicas semelhante ao Fósforo, estando por isso situada na mesma coluna da tabela de Mendeleiev.

A equipa utilizou um ambiente particular na Califórnia onde um lago, o Mono tem elevada salinidade e alcalinidade e altos teores de Arsénio, resultante do isolamento do lago há mais de meio século da sua fonte de água fresca. Captou nas lamas do lago um micróbio, da estirpe GFAJ-1, que integra a família das bactérias conhecidas por Gamaproteobactérias. O fósforo é um elemento central da molécula que transporta a energia para asa células, o trifsfato de adenosina,e dos lípidos que formam a membrana das células.
A cientista disse que sabia que alguns micróbios podem respirar arsénio mas que o que agora tinham descoberto era que este micróbio constroi partes de si à margem do Arsénio Estes micróbios foram, feitos crescer num ambiente fraco em Fósforo mas com um teor reforçado de Arsénio e os micróbios continuavam a crescer (ver segunda foto). Na primeira foto está o crescimento feito em Fósforo.

A questão-chave da investigação era verificar que o Arsénio, em que os micro-organismos se desenvolviam, acabava por incorporá-los.

Para que conste


Quaisquer tentativas para discutir a fuga de dividendos ao aumento de impostos como uma questão legal, que não tem que se conformar com a ética, mostra o estado de decadência democrática de quem nos desgovernou nestes 34 anos, e é responsável pelas políticas que causaram o nosso debilitamento estrutural próprio.
E que nos vitima também em consequência do impacto que sobre ele teve a crise financeira internacional de que todos estes governantes foram co-responsáveis por terem subscrito como bons os factores que a determinaram.
Por estas bandas não se vislumbra qualquer avaliação crítica desse passado, todos parecem ter aparecido em cena agora virgens, sem mácula.
E com o despudor de considerarem que aos outros se devem sacar os rendimentos mas que a eles, accionistas,  se devem livrar das tributações.
Este gesto valeu mais que quilómetros de retórica e conversa fiada sobre os valores. 

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Influência rococó no azulejo do sec. XVIII

Aqui no Palácio Marquês do Pombal em Oeiras (fonte Instituto Camões)

Mais do mesmo?

1. Ontem um canal de TV fazia a seguinte pergunta a quem lhe quisesse telefonar: "Acha que vão ser necessárias novas medidas para combater o déficite?".
Como se sabe esta forma de sondagem da opinião pública é altamente representativa, não manipulável, etc, etc, pelo que os donos da comunicação social gostam tanto dela como maneira de nos ir convencendo de inevitabilidades que o não são.
O resultado era a determinada altura Sim 54% e Não 46%.
Para além da trafulhice do método, imaginemos que a pergunta era feita de forma mais compreensível, por exemplo: "Concorda com novas reduções de salários, de pensões e de reduçõres de patamares de descontos no IRS?", as mesmas pessoas, mesmo algumas das arregimentadas para darem certas respostas, talvez passassem o Sim para 5% e o Não para 95%...Alguém duvida?
Manhosos estes "jornalistas"...

2. Disse.nos ontem a Comissão Europeia que a previsão da Comissão para o défice orçamental é agravada para 4,9 por cento do PIB, um resultado que sofrerá nova deterioração para 5,1 por cento do PIB em 2012 - em vez dos 3 por cento previstos pelo Governo, o que obrigará à adopção de novas medidas de austeridade em 2012." Isto em virtude da recessão que afectará o país em virtude do Orçamento e PECs no próximo ano e no ano de 2012, eliminando as positivas previsões de evolução do PIB feitas pelo governo.
Poderá dizer-se que esta é uma visão pressionada pela Alemanha e pelos bancos dos "mercados financeiros" para reduzir ainda mais o acesso ao crédito para a economia. Sem dúvida. Mas esta tendência decorre da política de exclusivo ataque ao déficite em que estão tão empenhados Governo e PSD, isto é a entrada em recessão e na espiral de novos déficites, mais juros não compensada pelo relançºamento da economia...

Segundo o Público de hoje, fazendo a leitura dessa declaração.,"Os juros da dívida serão, aliás, segundo a Comissão, um dos principais factores que dificultarão o equilíbrio das contas públicas. Isso significa que o país entrou num círculo vicioso de aumento do endividamento para financiar o défice que continua a crescer devido aos encargos crescentes com a dívida. Bruxelas refere outros dois factores que tornarão a redução do défice mais difícil: o menor crescimento do PIB e os "ambiciosos planos de despesa" que, tudo indica, se referem à construção do TGV.

O desemprego também vai continuar a subir, para 11,1 por cento no próximo ano e 11,2 por cento em 2012, contra 10,5 por cento este ano e 9,6 por cento no ano passado. Ao invés, tanto a zona euro como a UE já atingiram este ano o pico do número de desempregados, cujo número deverá baixar dos valores de 10,1 e 9,6 por cento previstos para este ano, respectivamente, para 9,6 e 9,1 por cento em 2012".

3. Vamos continuar  esta caminhada para o abismo?  Ou reequacionamos o papel da banca? Ou apostamos no acréscimo de produção, não só para manter exportações necessárias a uma outra relação na balança de pagamentos, mas para alargar o mercado interno sem quebras no poder de compra para a manutenção de actividade do tecido produtivo e a substituição de importações - a mais segura forma de combater os deficites

domingo, 28 de novembro de 2010

O desenho nos Azulejos (Av. Infante Santo)



A perspectiva funcional do azulejo, como arte pública, iniciada nos anos 50 do sec. XX (fonte I. Camões)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Fotografo o que não quero pintar e pinto o que não posso fotografar"


Man Ray (fotógrafo, pintor e anarquista norte-americano, 1890-1976)

Trabalho temporário reduz emprego e produtividade

Estas  são conclusões a extrair do relatório anual da Comissão Europeia sobre o mercado laboral, ontem divulgado a que o Publico hoje se refere. São os efeitos de trinta anos de emprego volátil que tornou a insegurança um estado de vida para toda uma geração, com impacto no seu comportamento individual.
É evidente que o estudo não aponta alternativas mas não pode deixar de referir estes factos.

Posição do Sinn Fein sobre a intervenção do FMI na Irlanda

Considerando que esta intervenção é reveladora do fracasso das políticas capitalistas do Fianna Fáil, de centro-direita no governo e que ela vai criar uma ditadura capitalista sem fachada de democracia, o vice-presidente do Sinn Fein, Fergal Moore, referiu que «a solução dos problemas económicos actuais é a criação de uma nova Irlanda, baseada nos princípios socialistas, com todas as instituições bancárias e financeiras sob controlo social». E que «Só com a destruição do actual sistema baseado na agiotagem, no clientelismo e na demagogia da classe capitalista, será possível a construção de uma Irlanda que valorize realmente todos os seus filhos por igual. Só uma solução socialista será capaz de resolver este problema causado pelo capitalismo».

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Christian Tetzlaff e as sonatas e partitas para violino a solo, de Bach

Não é frequente assistir a um espectáculo como este.
Por um lado um grande violinista que, ao contrário de outros que entendem dever acrescentar algo à partitura, deixar-lhe a sua marca, para garantir alguma novidade, procura decifrar as intenções originais do compositor e convencer o público, não endeusando o músico em relação à obra.
Por outro lado por se tratar da interpretação do Integral das Sonatas e Partitas para Violino de Bach (1720) a solo, peças de grande dificuldade técnica que confere ao violino um carácter autónomo sem apoio de outros suportes harmónicos paralelos como o cravo ou as formações de cordas. E que um dos maiores violinistas (talvez Pisendel) terá confidenciado a Bach "nada mais ter houvido de tão adequado para a aprendizagem de um bom violinista; nada de melhor que pudesse aconsaelhar a alguém ansioso poor aprender, que os referidos solos para violino sem baixo".
O grande Auditório da Gulbenkian ontem estava cheio, de pessoas e de entusiasmo

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Greve Geral é um êxito de luta e de coragem

Os dados a meio do dia transmitidos pelo movimento sindical, a atitude de aceitação, apesar das consequências, de muitos utentes de serviços encerrados, configuram um êxito da luta de hoje.
Para aqueles que julgam este êxito apenas pela suspensão das medidas que têm vindo a ser tomadas contra os trabalhadores e a população em geral, importa que saibam (eles sabem mas não o dizem...) que aos executantes desta política foi dado um cartão vermelho muito forte, que muita gente venceu o medo a que também ajuda uma crescente precarização do emprego, que ganharam consciência para uma participação mais activa para a alternativa

Atenção ao risco de confronto no Mar Amarelo, envolvendo as duas Coreias e os EUA!

Recordemos que na Guerra da Coreia, entre 1950 e 1953, morreram 3,5 milhões de pessoas. Dum lado a Coreia do Norte, do outro a Coreia do Sul e os EUA.
Os acontecimentos que rodearam os exercícios navais da Coreia do Sul a 12km da costa da Coreia do Norte, de há dois dias são graves e têm antecedentes. Têm por detrás mais de meio século de conflitos, provocações e tentativas de as converter numa "retaliação maior" contra a Coreia do Norte.

Silenciando tal facto, há dois dias "o governo sul-coreano reconheceu que estava a realizar exercícios navais na zona, garantindo que os seus tiros foram realizados para ocidente e não para norte, sem ter atingido o país vizinho."
À margem da declaração de Seul, importa sublinhar que a "zona" tem fronteiras entre os dois países que a Coreia do Norte nunca aceitou porque, como muitas outras coisas, a guerra de 1950/53 acabou sem um tratado de paz e, portanto, várias disputas mantêm-se vivas.
Aquilo que um dos países declara ser a sua fronteira com o outro não é reconhecida por ele. E é nesse espaço que o Sul faz exercícios navais como se as coordenadas dos disparos fossem aceites como boas por ambos os países...O mapa ao lado permite verificar a proximidade desta ilha(número 3) de Yeonpyeong (12 km) com a costa da Coreia do Norte, distância bem menor do que a separa da costa da Coreia do Sul. A ilha está preparada para ser um rastilho de iniciativas militares e já o foi em 1999 e 2002.
A Coreia do Norte acusou entretanto a iniciativa de disparos à Coreia do Sul.
No dia a seguir à NATO ter decidido alargar o seu campo de acção a novos horizontes...
A coisa começa a clarificar-se mais...
Duas grandes potências estão particularmente atentas. A China apela a atitudes que reduzam a preocupação com a situação. não apoia nem condena a Coreia do Norte. Os EUA e a troika europeia, sua aliada na NATO (Alemanha, França e Inglaterra), acusam a Coreia do Norte da atitude beligerante, apoiam-na. Os EUA, ontem consideravam "demasiado cedo" mobilizar para uma "resposta" os seus 28 mil homens na Coreia. Hoje já anunciam para domingo novas manobras navais na zona com forças norte-americanas e da Coreia do Sul.
A coisa continua a clarificar-se perigosamente...

Nota final - Sendo altamente improvável que na nossa comunicação social as posições norte-coreanas sejam referidas de forma imparcial, será útil acompanharmos a restante informação com os despachos da respectiva agência  noticiosa.

domingo, 21 de novembro de 2010

Joaquim Gomes, 1917-2010

Decorreu hoje o funeral e a cremação de Joaquim Gomes, um do dirigentes históricos do PCP, que deu toda a sua vida à  luta dos trabalhadores pelos seus direitos, à luta pela democracia e pelo socialismo.
Aos 6 anos já era operário aprendiz da Marinha Grande, onde nasceu em 1917. Participou activamente em lutas dos vidreiros e viria a ser preso na sequência  das acções que conduziram à importante insurreiçãoo no 18 de Janeiro de 1934.
Passou à clandestinidade em 1955, tendo sido três vezes preso. Participou na fuga de Peniche com Álvaro Cunhal e outros dirigentes do Partido.Foi membro do Comité Central do PCP entre 1957 e 1996. E da Comissão Política e Secretariado.
A sua vida está cheia de episódios importantes e de exemplos de heroísmo no quadro da luta colectiva dos comunistas portugueses.
A nossa solidariedade com a sua companheira, Maria da Piedade Gomes

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

NATO: não há lugar para falsas expectativas

As expectativas criadas por alguns de que uma NATO em regime de parcerias, for falta de dinheiro dos EUA, iria levar a uma regionalização das suas políticas, ou a uma maior responsabilização dos "parceiros" carecem de crédito. A NATO vai ser uma organização militar, com crescente intervenção noutras áreas, com um comando dos mesmos interesses estratégicos, a que os parceiros se obrigarão para ficarem "protegidos"...
As expectativas de que a NATO retire do Afeganistão está remetida para um limiar muito indefinido. O que se pretende é que a situação se mantenha mas mais apoiada por outros países.
As expectativas quanto a uma consideração diferente para com a Rússia é ilusória. A NATO mantém a aproximação das fronteiras da Rússia, mantém grande investimento de actividades de inteligência em antigos territórios integrantes da URSS, com o objectivo de interferir no papel da Rússia no comércio de petróleo, quer a Rússia no Afeganistão, não para combater o narcotráfico mas para dar apoio militar às tropas afegãs que  "justifique" o terrorismo talibã contra o povo russo. O alinhamento da Rússia em certos compromissos com a NATO seria profundamente negativa e perigosa.
As expectativas de que a NATO deixe de ser o polícia do mundo, como referiram Amado e Sócrates, é um desejo não inocentemente pífio. É óbvio que desta cimeira os EUA, a Inglaterra, a Alemanha e a França querem legitimar a intervenção da aliança em qualquer ponto do mundo e o mapa das próximas prováveis é já bem conhecida.
Só não vê quem não quer.
Na intervenção de abertura, Sócrates foi banal. E mentiu quando disse que transmitia a alegria do povo português com a presença dos participantes neste areópago de guerra.

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"O argumento do mais forte é sempre o melhor"


La Fontaine (Fables I, 10 - Le loup et l'agneau)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Depois do Afeganistão, o Iémen?

O ministro do Interior alemão, Thomas de Maiziere declarou ontem que " a situação de segurança na Alemanha se tornou mais séria". E isto em resultado de avisos feitos por um "país parceiro", que o ministro se recusou a identificar perante os jornalistas  Disse que os iindícios seriam "dois pacotes de explosivos", interceptados num envio do Iémen para os EUA, um dos quais via Colónia, na Alemanha"

Estes indícios vêm somar-se a outras alusões feitas ao Iémen nos últimos tempos como sede de um ramo da Al-Qaeda que, tal como a sua casa mãe tem na origem um destacado quadro, Anwar al-Awlaki, que manteve relações com a CIA.
O Primeiro Ministro do Iémen declarou recentemente que este grupo não teve origem no seu país mas tudo indica que os EUA já terão uma agenda própria para tratar desta questão.
Não escapará a niguém que o domínio do Golfo Arábico é relevante para controlar todos os transportes marítimos de diferentes potências, incluindo a China.

Será que uma futura intervenção no Iémen está contemplada no alargamento do conceito estratégico da NATO?
Para mais informação sobre esta questão carregue aqui.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Ainda a cimeira da NATO

Alguns dos defensores incondicionais da NATO querem iludir questões fundamentais com alguns paliativos duvidosos.
O novo conceito estratégico, elaborado por Madeleine Albright e aprovado pelo Secretário-Geral da NATO, decorre de alterações na cena internacional como as derrapagens dos EUA, um enorme novo papel das "economias emergentes",  reconstituição de organizações regionais, e novos e recauchutados terrorismos. Mas a NATO adopta a atitude de tutelar forças regionais mais que deixar para essas instituições regionais a tutela da NATO. Quer mais forças e meios mas manter o comando centralizados nas mãos dos EUA, Inglaterra e Alemanha. Quer legitimar nesta cimeira a sua intervenção em cenários de guerra que crie ou envolver-se noutros.
A Rússia poderá aceitar nos países da NATO uma modalidade de escudo anti-míssil mas que não comprometa os meios que detém de dissuasão nuclear. E não aceita que a NATO identifique como novo inimigo o Irão.  Por outro lado os últimos anos têm sido de revoluções "coloridas", apoiadas pelo EUA no leste europeu, atracção desses países para a NATO para fazer encostar esta à Rússia. Colocando a Rússia de pé atrás quanto às intenções de acordos com a NATO.
O invocado fim da Guerra Fria é um mito. Com configurações actualizadas os "outros" nessa guerra não são hoje Cuba, Irão, Síria, Coreia do Norte, Myanmar, Venezuela, Bolívia, etc? Quanto ao desejo expresso por alguns dos nossos governantes de que a NATO deixe de ser o polícia do mundo, a ver vamos. Até hoje não o deixou de ser.
Um dos actuais membros da NATO é a Turquia. Tal como a Rússia não quer ver identificados "novos inimigos" que iria comprometer a credibilidade que a Turquia diz procurar ter no conjunto dos países islâmicos. E quer controlar o escudo anti-míssil que lhe venha a ser instalado no seu território.
A NATO foi derrotada no Afeganistão. Mas vai deixar muitas dezenas de milhares de operacionais neste país e no Iraque. Que quererá ver apoiados por efectivos e meios de outros paísess da NATO.

Portanto, os consensos poderão não chegar a ser tão plenos como se quer. E mesmo que alguns sejam, muitos países não participarão neles e continuarão a vêr as suas matérias-primas pilhadas, as ingerências externas serem aumentadas e muitos direitos humanos negados.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Que quer Merkl da União Europeia?

A chanceler alemã Angela Merkl tem nas últimas semanas produzido declarações de exigência a membros da UE,  de efeitos aparentemente contraditórios.
Nestas atyiytudfes tem sido acompanhada por Sarkozy.
Por um lado, chamando a atenção para a necessidade de um euro forte para a sobrevivência da própria União Europeia. Mas, por outro, tergiversando sobre os apoios a alguns países, lançando ameaças contra quem não cumpra os objectivos dos deficites orçamentais e ameaçando esses de perderem direitos enquanto seus membros.
Este tipo de declarações dão "argumentos" aos "mercados financeiros" (isto é, a grandes bancos alemães e franceses...) para especularem com os juros praticados em relação a alguns deles que, fazem entrar nesta espiral dos "aflitos" novos países, como a Itália.
Que quer, pois a Alemanha? Parece que reduzir o âmbito da União Europeia aos países mais ricos, depois de ter dado cabo da capacidade produtiva própria desses países, de lhes ter conquistado os respectivos mercados e de eles não verem como vai ser depois das ajudas acabarem...Mas tornam-se ameaça para o euro as falências da Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha, que, separados uns dos outros enfrentam as condições de Bruxelas e dos mercados,, que com situações e problemas diferentes enfrentam os mesmos riscos.
A UE caminha para o fim ou vai consagrar ainda mais o afastamento das velocidades dos seus membros? O que fica claro já é que Barroso e as duas novas figuras liderantes da UE não falam pela Europa . Quem o faz é Merkl...E Merkl lá foi dizendo que "se o euro falhar, a Europa falhará".
Esta entrada para a então CEE já foi muito má devido ao impacto que teve na sua produção própria. O que se perspectiva é ainda pior.

domingo, 14 de novembro de 2010

A dança das cadeiras

Mais uma fase da hipocrisia está em curso há alguns dias, depois da já passada guerra de alecrim e manjerona do OE.
Que governo nos deve governar com efeitos positivos para a saída da crise?
Ele é um governo com todos os partidos representados na AR. Mas também, pode ser do "arco constitucional" (nome em tempos atribuído a coligações PS/PSD/CDS) ou só do centrão PS/PSD.
Notável é que se discuta já se é com ou sem  Sócrates. Mas que tem que ser já, tem. Com ministros dos PS a disponiblilizarem cadeiras para personalidades de partidos da direita.
Mas será que estas cabecinhas ainda não deram pelo esgotamento destas fórmulas? Que iriam fazer de novo uns ou outros com mais este ou aquele à mistura ?
Ná, o brainstorming saiu pífio.
Têm que ir todos para uma acção de formação para se convencerem que o problema não é de caras, nem do fatinho. É de política. E que as caras e os fatinhos vêm em segundo lugar.
O PS, o PSD e o CDS, tanto quanto os conhecemos até agora, esgotaram as fórmulas, decalcaram-se uns aos outros, não acrescentam valor nem idéias.

Contra o medo e pela Paz todos à rua dia 20

Numa altura em, que a NATO já devia estar extinta, cessada que foi a invocada razão para sua existência no quadro da guerra fria, os EUA procuram, com o apoio dos seus principais aliados europeus, criar as condições institucionais para uma outra forma de sair da crise, de todo condenável: envolver os outros países da aliança na ameaça e uso da força militar para garantir a continuidade e novas explorações de recursos, o controlo dos mercados, o domínio de várias zonas do mundo e o desrespeito das soberanias nacionais bem, como o garantir dos meios para aumentar novos armamentos, o número de bases militares e o estacionamento de exércitos permane«ntes num conjunto mais vasto de áreas, articulados com mercenários recrutados pela aliança.
Para os que confrontados com esta realidade nos dizem estarmos possuídos pela "teoria da conspiração", sugiro alguma leitura sobre a construção de impérios em épocas mais ou menos passadas.
Pela sua parte, o governo português já assegurou na proposta de OE para 2011 um aumento das dotações para intervenções de tropa portuguesa noutros cenários, enquanto nele reduzem as verbas, em termos globais, para a população beneficiar de outras condições de segurança no seu dia-a-dia, por aqui.
Em estreita articulação com os sistemas de informação do governo, a generalidade dos órgãos de comunicação social associam a manifestação de protesto pacífica a actos de vandalismo (imagens de outros países de grupos exteriores às manifestações, rearmamento das forças policiais, treinos  destas para defrontarem manifestações).
O novo conceito estratégico da NATO vai estar  no centro das atenções. É uma autêntica declaração de guerra aos povos do mundo. A "legalização" da intervenção em várias zonas e a simplificação dos "pretextos" para elas se darem com novos actos criminosos e a proliferação de armas nucleares por países da Aliança.,
A agressão que mais rapidamente se perfilam são contra o Irão e a Síria, como apoio de Israel.
Mas os EUA estão dificuldades com esse novo conceito estratégico entre os já membros da aliança para não falar já dos casos da Turquia e Rússia, candidatos. Entres eles o novo escudo anti míssil a implantar nos países da aliança há sérios problemas de concepção (sendo considerado como defesa é um sistema que visa anular a capacidade de reacção a um ataque de mísseis , sendo  de facto, um instrumento de ataque contra os que ficam desprotegidos).

Independentemente das contradições de alguns dos parceiros desta discussão a opinião pública deve dar um sinal da sua força, até para contrariar o medo que estão a fazer recair sobre os potenciais manifestantes.
DIA 20, TODOS À RUA CONTRA A CIMEIRA DA NATO!

sábado, 13 de novembro de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"A realidade é uma ilusão provocada pela falta de álcool"


personagem do filme “Isto é o amor” de Matthias Glasner (Alemanha, 2009)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Eleições em Mianmar

Obama, que levou para o seu périplo no Sudeste Asiático, o objectivo de conseguir o isolamento de Mianmar (antiga Birmânia), com as actuais eleições a decorrer e que ele decidiu não considerar democráticas, parece ter fracassado.
A maioria dos países não aceitaram ingerências internas, como os EUA e a Inglaterra realizaram neste período de forma descarada. Optaram por considerar positiva a realização destas eleições e esperar que elas permitam uma maior abertura do regime.
O PSDU, com manifestas simpatias pelo militares que ocupavam o poder, terá obtido cerca de 80% dos votos, contra os restantes partidos, com destaque para a FDN, o maior deles que se afastou das posições radicais de Aung San Suun Kyi, à beira de ver terminado o período de prisão domiciliar, em que tem estado e que o poder actual tinha confirmado em libertar depois das eleições (próximo dia 13) quando atingido o limite da pena que sofrera.
A FDN e um outro partido reconheceram a derrota.
O LND que ainda se revê em Aung Kyi, tentou boicotar as eleições. Ao mesmo tempo que assim procediam, a guerrilha autonómica da União Nacional Karen desencadeou acções militares. Ontem centenas de guerrilheiros seus atacaram forças regulares do Exército de Mianmar, com elevado número de baixas de ambos os lados e para a população civil que fugiu da zona de TPP para a Tailândia, tendo este país proposto o regresso dos cerca de 10 mil aldeões a Mianmar.
As fontes de informação próprias de Mianmar estão bloqueadas pelas agências internacionais que se têm limitado a espalhar a interpretação de Washington, e uma imagem  de Aung San Suu Kyi que já não corresponde à relidade de há anos atrás. Os seus apoiantes dividiram-se com o seu radicalismo e carácter impositivo e os habitantes não lhe perdoaram o apoio às sanções que os afectaram a eles e não ao regime.

domingo, 7 de novembro de 2010

A actualidade de um escrito de Guerra Junqueiro, de 1896

Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio,

fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora,

aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias,

sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice,

pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;

um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde

está, nem para onde vai;

um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom,

e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que

 um lampejo misterioso da alma nacional,

reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula,

não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha,

sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima,

descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas,

capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação,

da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam,

entre a indiferença geral,

escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo;

este criado de quarto do moderador; e este, finalmente,

tornado absoluto pela abdicação unânime do País.

A justiça ao arbítrio da Política,

torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.

Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções,

incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido,

análogos nas palavras, idênticos nos actos,

 iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero,

e não se malgando e fundindo, apesar disso,

pela razão que alguém deu no parlamento

 de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."

"Pátria", Guerra Junqueiro, 1896.

Os berros e esgares do Público

A reportagem do Publico de hoje sobre a visita de Hu Jintao é azeda. Referindo-se aos cerca de trezentos cidadãos chineses, que vivem e trabalham em Lisboa, ali presentes por convite da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chineses, que saudavam o presidente chinês, a jornalista diz "E por segundos há berros como se o líder ...da China fosse uma estrela rock", e sobre Hu Jintao e a mulher refere "O casal presidencial está solene, especado em frente à pedra (túmulo de Camões), apenas uns esgares rápidos da senhora Liu".


Falando de uma outra manifestação crítica à visita que refere ter trinta pessoas já os berros e os esgares não são referidos. Tão só o lamento de não lhe terem deixado aproximar-de Hu . A repórter quando Obama vier à cimeira da NATO em, Lisboa, fará o mesmo se tal proximidade também não fôr permitida a um grupo de amigos de Cuba reivindicando a libertação dos cinco presos políticos cubanos que há mais de 12 anos estão detidos nos EUA?

O que acham?

sábado, 6 de novembro de 2010

Hu Jintao em Portugal

A chegada de Hu Jintao a Portugal vai desenvolver as relações entre os dois países, numa perspectiva que, não apenas por razões conjunturais, interessa ao nosso país.
Depois de a UE se ter revelado incapaz para interferir na agiotagem bancária, o BCE continua a financiar os agiotas a juros insignificantes que, depois, são multiplicados entre 4 a 5 vezes quando emprestados a empresas e aos Estados, e não reage perante a desvalorização do dólar anunciadas nos últimos dias para ser desencadeada em 2011 pelos EUA, com prejuízo para as empresas europeias.
É do interesse político e comercial da China comprar a dívida portuguesa associando-lhe a entrada no capital do BCP para melhorar posições em África e cá, na plataforma logística do porto de Sines nas vésperas da duplicação da largura do Canal do Panamá para maior capacidade de atravessamento de navios contentores. A China quer importar vinho  português e os acordos que irão ser amanhã assinados poderão ter outros interesses para Portugal, na linha de negócios anteriores  com investimentos na China da Cimpor, da farmacêutica Ovione e da Airemármores na exploração do calcáreo.
A China entra em termos significativos na Europa e defende-se da desvalorização futura do dólar, aplicando os dólares que tem.
São os mercados capitalistas a funcionar entre os EUA, a UE e a China, e não é o agitar de alguns velhos temas anti-chineses que os irão deter.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge



"Há mais filosofia numa garrafa de vinho que em todos os livros"


Louis Pasteur (cientista, 1822-1895)

domingo, 31 de outubro de 2010

Recomeçar

Tal como noutros países a crise financeira internacional levou a que o estado português injectasse liquidez nos bancos portugueses, incluindo a que desapareceu no buraco fundo do BPN. Quem pagou? Nós todos. Quem usufruiu? Os do costume.
Em Portugal as consequências foram mais graves. Por deliberada política dos grupos dominantes de há 34 anos a esta parte, particularmente depois da entrada para o Mercado Comum, a indústria, a agricultura e a pesca foram vítimas de uma premeditada morte lenta, até com incentivos "europeus" para o efeito. Os fundos europeus tiveram escasso efeito na adaptação da economia a uma situação de invasão do nosso mercado e de acrescidas dificuldades na concorrência em mercados externos.
Quem ignora isto nas análises conjunturais, na recuperação para a ribalta dos antigos e novos responsáveis de tais orientações, nas "inevitabilidades" actuais para as aprofundar, presta um péssimo serviço ao país. E ainda "nos" (excepção feita aos "eles") enxameia de moscas que nos querem obrigar a fazer uma vida mais modesta, com argumentos e até receituários práticos...

A fusão do capital monopolista e financeiro do século passado, continuou nas últimas décadas na financiarização da economia e os bancos estão entre os grandes responsáveis pela degenerescência do seu papel essencial que deveria ser o apoio à economia. Isso está cada vez mais longe dos seus horizontes. Optaram pelo ganho rápido e os empréstimos-garrote, só parcialmente transformado em liquidez, para habitação e consumo, que se tornou a grande parte da sua actividade.
Quando o sr. Ricardo Salgado ou o Sr. Fernando Ulrich hoje nos dão tantos palpites, apetece esfregar-lhes a cara com a propaganda dos "seus" bancos desse tipo de crédito, agressiva e enganosa, que faziam há cinco anos atrás e contribuíram para os edge funds que originaram a crise financeira em que cooperaram com a banca norte-americana. Os que pagaram estas opções aventureiras foram mais uma vez os mesmos.
E à sra. Merkl apetece fazer o mesmo quando na zona euro foi a principal promotora do crédito fácil para depois vir exigir que países como Portugal sejam mais castigados financeiramente e mais afectados na quase nula margem de soberania que ainda lhes resta por causa do deficite que poria o euro instável.
Governantes e banqueiros que cooperaram, neste vasto período .nestes esquemas já deviam ter ido andando há muito. Mas agora juntam-se para caucionar previamente acordos na Assembleia da República entre o PS e PSD que vão ter sérias consequências negativas para os portugueses e para a economia.

Mais uma vez a UE andou mal. No rescaldo da primeira fase da crise o BCE continuou a fornecer liquidez barata aos operadores dos mercados, a quem os países e empresas o vão buscar entre 2 e 7 vezes mais caros,sujeitando-se a juros definidos pelos próprios agiotas.
Para que os mercados financeiros acentuem o seu carácter antidemocrático, em vez de agências de notação validadas e participadas pelos próprios visados, as agências de rating existente, no fundamental norte-americanas, vão dando indicações de risco para empréstimos, que limitam o acesso ao crédito dos países mais debilitados.

Passos Coelho é mais novo de idade mas todas estas opções erradas e injustas são a espinha dorsal do seu desempenho. Para além daquela frase preocupante de "não haver direitos adquiridos"...Ele, Sócrates e Cavaco, bem como o Soares, Carreira, o Silva mais o Lopes, mais não sei quantos instalados e comentadores à la carte são o passado. São incapazes de se associarem a políticas de recuperação do país. Mas há um país que continuará depois deles.

É preciso cuidar da economia para que ela cumpra os interesses da generalidade dos portugueses, e como forma real de reduzir os déficites. Isso implica apostar no trabalho dos trabalhadores e de muitos outros profissionais, de valorizar as suas condições de vida e de participação efectiva na condução da economia e do país.
Portugal tem condições para vencer mas precisa de novas políticas, realmente de esquerda, e de outras pessoas a realizá-las, de forma honesta. Não precisa seguramente de mais do mesmo que nos tem levado à recessão, ao empobrecimento colectivo, ao recuo de direitos ganhos no decorrer da história, à corrupção das camadas dirigentes, com reflexos em valores de terceiros, e ao afastamento dos portugueses da política para dar lugar a mais espaço aos poderes transnacionais, europeus e mundiais, à margem e copntra a democracia, que  faz o seu percurso, enquanto ressoam os tambores da guerra.

sábado, 30 de outubro de 2010

La Musette

Nos inícios do século XIX o povo de Auvergne, em França, trouxe para Paris os seus instrumentos populares e a tradição da Musette, correndo restaurantes com bandas de acordeões. Os italianos chegaram depois, com instrumentos equivalentes por eles manufacturados. Os belgas juntaram-lhe depois a guitarra. Outros povos mais pobres aí che...garam com o acordeão para melhorarem um pouco o seu rendimento familiar, percorrendo bares e restaurantes.

A idade de oiro da Musette foi a da Frente Popular até à ocupação alemã. Paris tinha então cerca de trezentos bares onde se dançavam valsas e mazurkas, polcas e o tango...A libertação deu-lhe nova força. Entre os seus intérpretes contam-se Émile Vacher, criador do género e primeiro manipulador dos botões de acordeão, ou o virtuoso Gus Viseeur, Tony Murena.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge

As coisas são o único sentido oculto das coisas"


Alberto Caeiro (O Guardador de Rebanhos, 1925)



Marcelino Camacho

Faleceu nesta madrugada Marcelino Camacho, o dirigente histórico das Comissiones Obreras, que foi forjada nas suas mãos e das de muitos outros activistas sindicais na clandestinidade, em Espanha.
Militante do PCE desde 1935, a sua vida foi um exemplo de coerência num combate pela liberdade, pelo socialismo e pelo ideal comunista.
Fresador, oriundo de uma família de ferroviários, participou na Guerra Civil como técnico de transmissões do exército republicano na frente de combate.
Foram anos e anos que passou em campos de concentração, cadeias, muitas vezes doente.
A pressão interna e internacional haveriam de levar à sua libertação em 1976, depois de múltiplas acções clandestinas e semi-clandestinos, com largo apoio na sua empresa.
Para Josefa, sua companheira e restantes familiares, e para os comunistas espanhóis os nossos sentimentos de combate.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Declaração de Paulo Varela Gomes

Conheci o Paulo antes do 25 de Abril como a sua família que foi de entrega generosa
à conquista da liberdade, ao objectivo de projectar a democracia conquistada, realizando um percurso para um socialismo que teríamos de construir , não com base em modelos alheios mas com a nossa experiência e com as nossas gentes.
O capital falou mais forte, Mário Soares e o PS, deram as mãos a Carlucci e, com a direita atrás, quiseram derrotar a utopia.
As mulheres e os homens bons sofreram muito mas não pararam de lutar e passaram a novas gerações a fibra, o carácter, a utopia.
Paulo é um desses homens bons.
Na sua Declaração aqui transcrita percebe-se a condição dos que tendo valor, recusam os caminhos pouco claros de honrarias e prebendas. Não estarei de acordo com uma ou outra coisa mas é uma pedrada no charco.
Licenciado em história pela Universidade Clássica de Lisboa (1978), mestre em história da arte pela Universidade Nova de Lisboa (1988), doutorado em história da arquitectura pela Universidade de Coimbra (1999). Docente do DARQ desde 1991, professor convidado do Dep. Autónomo de Arquitectura da Universidade do Minho desde 2001, docente convidado de outras universidades portuguesas e estrangeiras. A principal área de investigação e publicação tem sido a história da arquitectura e da cultura arquitectónica portuguesa dos séculos XVII e XVIII.


DECLARAÇÃO


As medidas que o Estado português se prepara para tomar não servem para nada. Passaremos anos a trabalhar para pagar a dívida, é só. Acresce que a dívida é o menor dos nossos problemas. Portugal, a Grécia, a Irlanda são apenas o elo mais fraco da cadeia, aquele que parte mais depressa. É a Europa inteira que vai entrar em crise.


O capitalismo global localiza parte da sua produção no antigo Terceiro Mundo e este exporta para Europa mercadorias e serviços, criados lá pelos capitalistas de lá ou pelos capitalistas de cá, que são muito mais baratos do que os europeus, porque a mão-de-obra longínqua não custa nada. À medida que países como a China refinarem os seus recursos produtivos, menos viável será este modelo e ainda menos competitiva a Europa. Os capitalistas e os seus lacaios de luxo (os governos) sabem isso muito bem. O seu objectivo principal não é salvar a Europa, mas os seus investimentos e o seu alvo principal são os trabalhadores europeus com os quais querem despender o mínimo possível para poderem ganhar mais na batalha global. É por isso que o “modelo social europeu” está ameaçado, não essencialmente por causa das pirâmides etárias e outras desculpas de mau pagador. Posto isto, tenho a seguinte declaração a fazer:


Sou professor há mais de 30 anos, 15 dos quais na universidade.
Sou dos melhores da minha profissão e um investigador de topo na minha área. Emigraria amanhã, se não fosse velho de mais, ou reformar-me-ia imediatamente, se o Estado não me tivesse já defraudado desse direito duas vezes, rompendo contratos que tinha comigo, bem como com todos os funcionários públicos.


Não tenho muito mais rendimentos para além do meu salário. Depois de contas rigorosamente feitas, percebi que vou ficar desprovido de 25% do meu rendimento mensal e vou provavelmente perder o único luxo que tenho, a casa que construí e onde pensei viver o resto da minha vida.


Nunca fiz férias se não na Europa próxima ou na Índia (quando trabalhava lá), e sempre por
pouco tempo. Há muito que não tenho outros luxos. Por exemplo: há muito que deixei de comprar livros.


Deste modo, declaro:


1) o Estado deixou de poder contar comigo para trabalhar para além dos mínimos indispensáveis. Estou doravante em greve de zelo e em greve a todos os trabalhos extraordinários;

2) estou disponível para ajudar a construir e para integrar as redes e programas de auxílio mútuo que possam surgir no meu concelho;


3) enquanto parte de movimentos organizados colectivamente, estou pronto para deixar de pagar as dívidas à banca, fazer não um, mas vários dias de greve (desde que acompanhados pela ocupação das instalações de trabalho), ajudar a bloquear estradas, pontes, linhas de caminho-de-ferro, refinarias, cercar os edifícios representativos do Estado e as residências pessoais dos governantes, e resistir pacificamente (mas resistir) à violência do Estado.


Gostaria de ver dezenas de milhares de compatriotas meus a fazer declarações semelhantes