terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A Esquerda e o Poder (4)

(conclusão)

Uma outra área que me ocorre, com outro tipo de complexidades, mas evitando repetir alguns traços anteriormente referidos, respeita à Reabilitação Urbana dos Bairros Históricos, que sendo um objectivo estratégico da CML, começou por se configurar ainda na gestão do Eng.º Krus Abecasis com a criação de dois gabinetes locais na colina do Castelo, por pressão das populações e com um papel importante de juntas de freguesia, já então de maioria comunista.

Estes instrumentos, depois alargados com a coligação de esquerda a outros bairros e reforçados, com uma Direcção Municipal própria, com instrumentos legais específicos de planeamento, com a interdisciplinaridade (engenheiros, arquitectos, fiscais, medidores orçamentistas, historiadores, assistentes sociais, etc.), obtida com a atracção de técnicos de outras unidades orgânicas, critérios técnicos próprios de intervenção em bairros que se queriam preservar bem como aos respectivos residentes, apoios próprios de planeamento e gestão urbanos e de gestão de empreitadas e com um novo estilo de relacionamento com as populações, foram essenciais no desabrochar deste processo de reabilitação urbana.

A eficácia da intervenção dos gabinetes locais e o acompanhamento permanente pelos interessados foram facilitados com a agregação de competências que permitia acompanhar cada processo, da identificação do problema até à realização da obra, própria ou a fiscalização das intervenções dos privados.
Destas e doutras coisas resultou um progresso assinalável na reabilitação do edificado isolado ou em projectos integrados, um novo peso deste investimento no orçamento municipal, nova capacidade para influenciar a criação ou melhoria de programas de apoio como o RECRIA, REHABITA, SOLARH, etc., com o crescente recurso a estes por parte do município e dos particulares, uma nova visibilidade deste tipo de reabilitação e de satisfação das populações, um reforço do papel das Juntas de Freguesia.
Mas também os anos de oposição, sem poder executivo, em que, mantendo tais características, Santana Lopes saiu derrotado, isolado, para agora regressar, apostando no esquecimento de uns e na recusa da memória por outros.

1 comentário:

anamar disse...

Reabilitação!!!! Bons tempos e muitos amargos de boca!!!!
Que saudades da Rua do Espírito Santo cujas pedrs ajudei a desgastar durante alguns anos!
Bom trabalho de reflexão!
Ana