sábado, 1 de novembro de 2008

Pacheco Pereira questiona as "respeitabilidades" que Sócrates confere...


Pacheco Pereira consagrou-se como um importante comentador. Mas isso não lhe confere a imunidade à crítica às suas atitudes ideológicas, que tem com todo o direito dos ainda muitos dxireitosque por cá vão resistindo à voragem do pensamento único.

No Publico de hoje Pacheco Pereira atira-se - e bem... - à centralidade do "Magalhães" exercitada pelo Primeiro Ministro na Conferência Ibero-Americana, como um qualquer vendedor.

Mas ràpidamente descarrila quando diz que a política externa deste governo dá a "estes governantes corruptos, demagogos e perigosos" "a respeitabilidade de serem, unha com carne com um país da União Europeia, cujo primeiro-ministro não se importa de andar de braço dado com eles na rua", "a caução e legitimação política dada a regimes opressivos e pouco democráticos. E vai mais longe para afirmar que Chavez gosta tanto de Sócrates porque "Ele é o seu europeu de estimação, o seu troféu na União Europeia para atirar à cara dos ianques e de gente como o Rei de Espanha que o mandou calar"...para concluir "É também este estado de legitimidade que andamos a vender, não é só o "Magalhães"...

Conclusões minhas:

PP, liberal que também não deveria anatemizar estilos pessoais, recusa a Chavez o direito de criticar numa conferência, em tom mais comedido, os insultos que Aznar lhe fez, não por acaso nas vésperas da tal conferência. Não tem uma palavra sobre este. Por ser castelhano e o outro ser índio?

PP, liberal, não apreciará que Chavez critique os ianques, talvez por ser latino-americano com muitas pedras no sapato quanto às políticas do grande vizinho do Norte e de não ter beneficiado de uma educação ocidental.

PP, liberal, diz que a linguagem de Sócrates nesta conferência ibero-americana não a utilizaria num conselho europeu porque ali "falava para índios" (PP, aqui para nós, e com algum rigor, alguns não índios como Alvaro Uribe também lá estavam...).

PP, enfim como bom liberal, em matéria de responsabilidades pela crise talvez pense que a responsabilidade por ela "anda por aí" e não reside nas práticas da administração americana e de outras que são alguns dos nossos principais "parceiros" comerciais, com quem devemos andar de braço dado com os seus dirigentes respeitáveis, democráticos e justos.

PP, liberal, talvez se devesse ter lembrado que a encenação da familiaridade de Sócrates com América Latina e de alguma linguagem desejada ser confundida como anti-imperialista, não é mais do que a tentativa de, em vésperas de ano eleitoral, o PS se confundir com a esquerda, à boleia de uma crise em cuja fase embrionária se comprometeu, como aliás se confirma no caderno de encargos que Luis Amado, excelente copywriter de outros seus colegas europeus, também hoje nos apresenta no mesmo jornal (já viu, PP, como andam todos a falar certinho e politicamente euro-corrrectos?)

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