quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A voz de Felicidade Alves, ontem no CNC




A sala do Centro Nacional de Cultura estava completamente cheia.
O Manuel Vilas-Boas teve a interessante idéia de trazer para a evocação de ontem a gravação de uma entrevista feita a Felicidade Alves para a TSF, horas antes do seu casamento (na versão canónica, pois o civil fora em 1968).
O que os vários oradores dele disseram, encontrava-se ali nas palavras sempre contundentes do saudoso Felicidade Alves em resposta às perguntas certeiras do jornalista.
Depois a Diana Andringa leu a transcrição de declarações feita a um outro programa da RTP e o quadro completou-se.
Frei Bento Domingues falou sobre o choque das personalidades de Felicidade Alves com o seu carrasco, o Cardeal Carejeira, "sedutor" dos mais ou menos desavindos para a "sua" Igreja, tão arredada do Vaticano II e tão disponível para trazer ao colo o regime fascista, com que tão profundamente colaborou. Espero que o publique pelo seu interesse para a compreensão histórica destes factos.
João Salvado Ribeiro (de que não tenho foto) que, com Abílio Tavares Cardoso, organizaram a publicação do livro "Testemunho Aberto" sobre "O caso do Padre Felicidade, editado em 1999 pela Multinova, fez referência ao destino do espólio do padre expulso da sua Igreja.
José Luís de Matos deu conta de trabalhos deixados puiblicados e por publicar, nomeadamente so bre igrejas de Lisboa.
Guilherme de Oliveira Martins encerrou a sessão invocando ter sido o CRC, antes do 25 de Abril, ponto de apoio para guarda dos Cadernos Gedoc de que o Padre tinha sido animador e também de apoio às actividades de socorro aos presos políticos.


Fora de programa deixei o meu testemunho sobre Felicidade Alves e o PCP, de que foi militante desde 1975 até à sua morte, em 1998, ano em que com ele a Igreja se reconciliou, depois de 30 anos de perseguições e injustiças. No final, uma amiga de Felicidade Alves veio contar-me a confidência, que este lhe fizera em tempos, da impressão que lhe causara um encontro com Álvaro Cunhal, em Paris, no final dos anos 60, onde concluía o seu curso de Teologia, e o apelo que lhe fizera: "seja fiel a Jesus!".

Aproveitei para pedir a intervenção dos presentes para que a CML meta no Bairro da Bela Flor, em Campolide, a placa toponímica com o nome da rua que lhe foi atribuída por deliberação da câmara em 2004. Tal como colocaram há dias em Câmara os vereadores do PCP.

1 comentário:

anamar disse...

Depois de ler este relato, que já imaginava assim, ainda me "babo" mais por não ter estado presente nessa aula viva!!!
Como é dificíl às vezes optar!!
Ana