quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

É fartar vilanagem!...


É escandaloso o que se está a passar com os apoios ao BPP.

Várias são as razões que não vão ficar esquecidas nas memórias dos portugueses e que, justamente, farão mossa na bondade das políticas de vários governos, do Banco de Portugal, entidades reguladoras e sistema bancário.

Os contribuintes vão pagar ao banco e ao "sindicato" bancário que lhe vai dar centenas de milhões as perdas resultantes de uma actividade que é fraudulenta e que, mesmo que a não fosse, nunca deveriam ser cobertas, no respeito das regras dos mercados bolsistas, de off-shores e de outros produtos, ditos tóxicos.

Por este caminho, você vai ao Casino de Lisboa, perde parte da sua fortuna pessoal - contingência de qualquer jogador - mas vem pedir ao Estado (isto é, para estes efeitos, todos nós) que lhe dê o dinheiro que perdeu. E, naturalmente, se você a seguir ganhar não vai devolver ao Estado os ganhos que teve...

Este conceito de risco não corre riscos. E faz lembrar, porque se filia no mesmo tipo de atitudes, acordos entre o Estado e empresas privadas, normalmente integrando construtoras civis e entidades bancárias, em que supostamente o Estado "transfere" riscos para os privados para eles terem garantidas as vantagens de investidores numa determinada operação mas em que, na prática, e fazendo as contas à séria - coisa normalmente não feita... - quem arrisca e perde cada vez mais é o Estado porque o privado não assume risco nenhum...

Mas se se apoiam os bancos, que se limitam à actividade de gestão de depósitos e créditos, têm igual possibilidade as empresas que, além de assegurarem trabalho, produzem para o mercado interno e externo com vantagens para o PIB, para a redução do deficite e para novos investimentos produtivos?

A resposta, se exceptuarmos para já, o caso da indústria automóvel, é não. Não têm essa possibilidade para além de, em período de crise financeira, nem recorrer ao crédito que não há.

Dir-se-ia que o BPP foi vítima da crise financeira internacional...Mas não, o banco geria fortunas, de que aliás se orgulhava, investindo na bolsa, recorrendo aos off-shores e outras traficâncias, à aquisição de dcréditos, contribuindo também para as causas do afundamento internacional do sistema. E o país beneficiou desses resultados da actividade mais ou menos especulativa baseadas nessas fortunas pessoais? Parece, bem, que não.

Então onde é que está a ética e a moral desta cobertura de prejuízos pelo Estado?

Onde é que estão os empresários-investidores que arriscam e contribuem para o crescimento económico? É encontrá-los como agulha em palheiro...Investem pouco e sem sentido estratégico, poucos inovam e pouco procuram os nichos de mercado em que possam ser mais competitivos. Exploram oo trabalhadores, acumulam fortunas, põem-nas a render com tais gestores de conta e banqueiros de charme, gastam à tripa forra os ganhos e...quando perdem esquecem-se do "pouco Estado" e querem, uma vez mais (!), o nosso dinheiro. É fartar vilanagem!...

Perante isto quem teme a ruptura com tais políticas, sistemas, critérios? Os que delas ainda procuram beneficiar mais em termos pessoais e de grupos...Os que detêm a propriedade dos media mais influentes onde condicionam a compreensão e a vontade daqueles que lçhes pagam o "empreendedorismo".
Não com tais pessoas não se vai lá. Nem elas podem conduzir as correcções de tanta coisa que puseram mal.


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