terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Têm partido, são comunistas e portugueses


Neste fim-de-semana reuniu-se o XVIII Congresso do PCP e dele ficaram algumas marcas distintivas no quadro partidário existente do nosso país.
Delegados em grande número, de diferentes condições sociais, seguindo com atenção o que todos os oradores diziam, sublinhando com aplausos não apenas os oradores mais conhecidos mas as situações políticas relevantes e de actualidade, que em poucos minutos, no final, desmontaram a zona onde tinham estado.

A qualidade das intervenções não apenas centrada no secretário-geral mas em muitas intervenções.
Uma cuidada e objectivamente fundada apreciação da situação nacional e internacional, seus perigos e alternativas por que lutar.

A recusa da ligeireza e o rigôr da análise.

A questão de como querem aceder ao poder, não por lugares mas por vontade do povo e garantia de poderem realizar outra política, que identificam e que rompa com a que há 3o anos tanto tem vindo a contrariar as esperanças de Abril.
A apreciação crítica de cada um dos partidos com representação parlamentar.

A importância dada ao funcionamento interno, à organização ligada à acção e esta coerente com a linha política.

A reflexão sobre a situação financeira, condição básica para uma vida independente, definida pelos próprios militantes e não hipotecada aos interesses pessoais dos barões, das clientelas e aos fretes a quem noutros partidos paga.
O rejuvenescimento do comité central e dos seus organismos executivos com critérios explicitados e aprovados e nenhumas intenções anunciadas de "longas caminhadas no deserto" dos que saem porque se mantêm e porque não encaram as funções dirigentes como progressões de carreiras.

A disposição para enfrentar ameaças legislativas e outras que visam conter a actividade e influência dos comunistas de forma ética e moralmente inaceitável e politicamente terrorista.

O reconhecimento de que falar verdade pode não dar votos em certa altura mas é um seguro de confiança aliada à nobreza de objectivos.

O não pactuar com critérios de intervenção política que tenham que se genuflectir perante critérios jornalísticos mais que discutíveis como as lavagens de roupa suja, as cenas de faca e alguidar o arregimentar acéfalo atrás de chefes e candidatos a chefes, a encenação sonora perante as entradas dos chefes, a troca do teleponto pela verdade na ponta da língua, etc. etc, etc.

Em resumo: os comunistas estão para ficar e durar, sabem o que querem e o que rejeitam, devem ser entendidos deitando às urtigas os preconceitos dessintonizados da realidade que continua a acorrentar tantas cabecinhas.


1 comentário:

samuel disse...

Boa dica, o link para aqui.
Ainda por cima, vejo que já cá tenho lugar...
O "antreus" vai ficar pendurado na lapela do "Cantigueiro" nos próximos segundos.
Gostei do blog!

Abraço