sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O plano de bail-out


O dia 25 de Setembro foi um dia de decepção para o governo americano e a Wall Street embora tivesse começado com muita esperança.
Segue-se uma síntese dos factos e apreciações de alguns correspondentes em Washington e Nova Iorque.
Negociadores das comissões adequadas da Câmara e do Senado tiveram uma reunião de quase três horas no Capitólio na quinta-feira anterior. Posteriormente, os líderes do Congresso anunciaram que eles teriam atingido, em princípio, consenso sobre a proposta de plano de socorro financeiro de 700 biliões de dólares. E o leader da maioria, Harry Reid, democrata de Nevada, disse que o Senado votaria esse plano, na sua sessão de sábado. Todos os sinais disponíveis quinta-feira indicavam que um acordo seria finalizado, a um alto nível, na Casa Branca em reunião que incluiria o presidente Bush, os legisladores principais e os candidatos presidenciais Barack Obama e John McCain. Na parte da tarde a bolsa abriu em alta devido a uma previsível aprovação do plano de socorro proposto pelo governo.
Mas, no entanto, a reunião poderá não servir para nada devido a uma súbita ataque pelos republicanos da Câmara.
Após a proposta de 700 mil milhões de dólares do socorro ser apresentada à Câmara na semana passada, altos funcionários da administração financeira de Bush foram ao Congresso para tentar convencer os congressistas com dúvidas sobre ela ou que se lhe opunham. Durante esses dias a aguardar que o Congresso ratificasse o plano de socorro, as bolsas de valores extremamente sensíveis dos EUA tornaram-se turbulentas com convulsões. Na quarta-feira de noite, o presidente Bush fez um "sério aviso à nação" na sua comunicação especial de TV sobre a economia americana. Disse que "toda a economia dos EUA está em perigo", e apelou à cooperação bipartidária no Congresso para ser aprovado o mais rapidamente possível o plano de emergência financeira dos 700 mil milhões de dólares, para salvar a economia americana. Assim, uma sessão conjunta do Congresso foi antecipada para quinta-feira. No entanto, John A. Boehner, de Ohio, lançou um novo plano para resolver a crise no início da sessão e anunciou que o grupo republicano não poderia aprovar o plano do governo. De facto, o plano de socorro do governo ficou em apuros após ter sido submetido ao Congresso. O plano propõe a maior intervenção no mercado desde a Grande Depressão até o início dos anos 1930, e o seu custo seria mais ou menos igual à despesa directa da Guerra do Iraque ao longo dos últimos anos, ultrapassando as dotações orçamentais de um ano do Pentágono. O plano de socorro desencadeou amplo debate entre o Capitólio e o governo, por ser muito escasso em detalhes, mas permitiu o consenso sobre um par de pontos-chave.
O primeiro é sobre se a legislação deve incluir limites para pagar pacotes de executivos Wall Street cujas empresas beneficiarão com a proposta de socorro, constando do acordo final alcançado por ambos os lados que as restrições deveriam atingir a remuneração dos executivos de algumas empresas.

O segundo foi que os interesses dos contribuintes "deveriam ser protegidos"...
O terceiro ponto diz respeito às dotações dos fundos de socorro.
O Congresso defendeu um pagamento por tranches, uma vez que não estava disposto a conceder ao Tesouro o direito de utilizar essa imensa soma de capital de qualquer maneira. Como se acordou, os 700 mil milhões de dólares de fundos de resgate são divididos em três partes: a primeira verba de 250 mil milhões de dólares será paga imediatamente, ficando o presidente de se certificar da necessidade de mais 100 mil milhões de dólares geridos por si próprio, e o Congresso não teria o poder de bloquear os últimos 350 mil milhões de dólares através de uma votação, salvo se tiver objecções no prazo de 30 dias.
O quarto é relativo a uma auditoria da responsabilidade do Presidente que acompanhe a execução do plano de socorro, como um braço investigador do Congresso, que lhe permita realizar auditoria regular dos fundos.
No entanto, uma questão pendente neste momento é modificar ou não a falência para permitir que os juízes alterem os termos dos empréstimos hipotecários para empresas creditícias em falência. Os democratas têm defendido ajudar os proprietários e as famílias que tenham afundado em extrema carência em vez de apenas resgatar os banqueiros da Wall Street.
Nas discussões no Congresso, a atitude conservadora dos republicanos da Câmara continua a ser uma incógnita. Os democratas têm insistido que os republicanos da Câmara terão necessidade para se chegar a consenso dentro do seu partido antes da eventual aprovação do plano de socorro. Como nos EUA a eleição presidencial está apenas a cinco semanas de distância, vários opinio-makers defendem que os congressistas terão de ponderar pôr de lado os seus ganhos e perdas políticas nessa corrioda, para, entretanto tentarem evitar um colapso económico em risco nos EUA.
O problema é que a maioria dos americanos rejeita a parte substancial deste plano que vai premiar os criminosos que durante anos andaram a usar as poupanças dos cidadãos nos mais sórdidos projectos "de risco" que visaram alargar o crédito a quem o não podia pagar porque, mesmo assim, com facturas que não seriam pagas, aumentariam os lucros "fictícios" e se fariam remunerar de forma escandalosa os autores da vigarice...

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