O regresso às aulas é uma alegria.
Mas os governos estragam tudo…
A repercussão no sistema de ensino de um primeiro-ministro e uma ministra com insuficiente formação escolar para terem a atitude culturalmente adequada a esta realidade é grave.
Dir-se-á que as pessoas mesmo sem formação superior podem ter tantas ou mais capacidades dirigentes do que outros portadores de muitos canudos e certificados. Isso é certo mas não é disso que falamos.
Ambas as pessoas de que falamos são sobranceiras, revelam ignorância na matéria e, portanto, ostentam o desprezo soberano pelas opiniões e atitudes dos que sabem e entendem que devem ser ouvidos ou que as suas opiniões devem vingar. Reduzem a comunidade educativa a uma direcção vertical que não estimula os contributos de cada uma das suas componentes.
Outra característica é deliberadamente contribuírem para introduzir conflitos no sistema sem lhes ter associada a possibilidade real de as respectivas motivações contribuírem para assinaláveis saltos de qualidade no sistema. Funcionam como vírus nos computadores.
Uma outra faceta é desconhecerem a realidade das nossas escolas para terem a noção que não são campanhas publicitárias nem choques tecnológicos que, de forma séria, podem contribuir para uma elevação gradual da qualidade: condições de trabalho físicas e de bem-estar, equipamento adequado e formações que o rentabilize, gratuitidade do ensino e apoios sociais significativos, capacidade de relacionamento da escola com as famílias e a comunidade envolvente, diversidade de formações na escola para corresponder as componentes lectivas normais, necessidades educativas especiais, acompanhamento do estudo, actividades de “tempos livres”.
Quando o primeiro-ministro diz que se “acabaram as facilidades”, actua como se os professores fossem um bando de marginais. É mais um golpe no estado de espírito do corpo docente e na sua consideração pública. E revelador daquela estratégia inqualificável de pôr pais contra professores…
Se desconhece o tempo que leva uma reabilitação de escola, o tipo de empresas que para isso vão aos concursos e as respectivas debilidades, a insuficiente fiscalização municipal e da administração central, como chegou ao cargo? Se pensa que as autarquias deveriam assumir a tarefa gigantesca da reabilitação e modernização do parque escolar, onde é que tem andado desde que nasceu, que experiência de vida tem, alguma vez saiu dos ambientes culturais da Disneylândia? E quando se atira às autarquias que lhe não querem aparar as sacudidelas de capote, o que quer? É prosseguir aquela estratégia inqualificável de pôr pais contra autarquias?
De mais facetas e estratégias mesquinhas poderíamos continuar a falar.
E vinha isto a propósito de achar que estes elencos governativos carecem de preparação cultural, no sentido lato do termo, para poderem gerar outras políticas e desempenharem tais funções.
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