Hoje, avaliar se a economia vai bem ou mal é deduzido dos ganhos ou perdas dos índices
Esta separação da especulação financeira da base económica que a permitiu separa a economia das finanças e faz entrar os países
Os principais pólos desta actividade são hoje os EUA e a EU. A China, terceira grande economia mundial não está com essa perspectiva. Tem grandes taxas de crescimento mas também está acossada pela inflação. As duas primeiras representam 40% do PIB mundial que passa a 50% se lhe juntarmos a China.
Quer a Reserva Federal dos EUA quer o Banco Central Europeu têm alertado que as respectivas economias estão a parar de crescer. E a desaceleração da economia faz-se logo sentir na baixa do consumo e na subida dos preços da alimentação e da energia.
As três potências económicas já referidas são os maiores compradores de petróleo e matérias-primas no mundo. A contracção da sua procura por efeito da inflação e da recessão irá atingir os países que as exportam. A crise partiu do financeiro e está a atingir a economia real.
A intervenção do Estado que privatiza lucros passa a nacionalizar ou socializar os prejuízos. Injecta dinheiro nos grandes bancos e seguradoras para acorrer à sua absoluta necessidade de liquidez mas não resolve a solvência delas. As empresas deixaram acumular dívidas sem activos líquidos e estes estão apoiados em hipotecas não cumpridas. A intervenção actual do Estado e a compra por alguns concorrentes de empresas pelo preço da “uva mijona” facilita a concentração e adia – mas só adia – as falências clamorosas que se seguirão.
Dir-se-á que esta deriva resultou da falência das teses de Friedman e que a experiência mais recente confirmou que a separação de Economia e Estado era uma ficção. Sem duvida que o era. A dinâmica capitalista sempre precisou do Estado para legislar de acordo com os seus interesses, para privatizar e liberalizar, para favorecer os grandes grupos e para intervenções coercivas quando se trata de socializar perdas. A dinâmica do capitalismo só permitiu regulamentações para a globalização que fossem do interesse de grandes potências e multinacionais e não para as actividades que originaram estas derivas. E na crise actual pesou a incapacidade para adoptar uma regulamentação comum para novas instituições financeiras, bancos correctores de investimento, edge funds, baseados em off-shores e mercados de derivativos, que ficaram fora da autoridade dos reguladores, e em que os responsáveis de bancos e seguradoras se envolveram de forma completa e premeditadamente irresponsável e pondo em causa não só os dinheiros dos particulares mas também o emprego de milhares de trabalhadores. Que fizeram tábua rasa das medidas protectoras montadas depois da grande depressão de 29. Nos EUA foi um fartar vilanagem de desregulamentação em benefício da cobiça e da burla. As pessoas que confiavam no sistema ficaram de fora, não contaram. As suas poupanças, impostos e pensões estão agora a financiar a oxigenação dos bancos, dos credores destes e dos seus próprios administradores. Não é previsível que o capitalismo recupere boas maneiras…E os “bosses” destas empresas – lia eu hoje - ainda estão a receber os seus chorudos salários, mordomias e prémios pelo seu bom desempenho!...
Ah, e no meio disto os EUA ainda têm tempo para fazer a fuga para a frente aquando de outras crises anteriores: pôr o mundo a ferro e fogo.
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