quarta-feira, 24 de junho de 2009

"Os sete pecados de Chávez", de Michel Collon

Foi este mês editado em França o último livro deste jornalista e escritor belga, "Les sept péchés de Chavez". Ainda não está editado e a tradução de cima, literal, é da minha responsabilidade.

Na introdução deste seu livro, Michel Collon interroga-nos:

Porque é que os Estados Unidos se opõem a Chávez? Pelo petróleo, sem dúvida. E é tudo? Os EUA estão habituados a ganhar as guerras do petróleo. Mas na Venezuela fazem-lhes frente. Aqui diz-se que é possível aplicar o dinheiro do petróleo de maneira inteligente e útil.
Não como no Dubai onde se constroem hotéis de vinte mil euros por noite no meio de um mundo árabe subdesenvolvido. Não como na Nigéria onde a fome mata apesar deste país ser um dos seus maiores exportadores mundiais.
Na Venezuela, um homem afirma ser possível resistir às multinacionais e vencer a pobreza. Acusam-no de todos os pecados: populista, ditador, anti-semita…Mas o que se passa no terreno? Quais são os verdadeiros pecados?

O petróleo é um grande desafio do mundo actual e levantaremos o véu das actuações secretas da Exxon, da Shell ou da Total. Mas a questão vai para além do petróleo…Qual o tipo de economia que poderá vencer a fome? É possível uma verdadeira democracia? Estes desafios dizem respeito a toda a América Latina, mas também ao Médio-Oriente, a África e mesmo à Europa…
Que queremos com a nossa informação? Nos órgãos de comunicação social a América Latina é muito simples. Temos o Carnaval no Rio, o tango em Buenos Aires e a droga na Colômbia. Ah, sim, também temos o Chávez, o “populista”. Em vez desta imagem de estereótipos, não nos poderiam mostrar a vida real dos latinos? Quase um em cada dois vive sob o signo da pobreza. E porquê? Em contrapartida, sete ou oito tornaram-se multimilionários em poucos anos. E como?
A América Latina tem 44% de pobres. Deixe de olhar para isso como uma estatística. Você poderá dar esta noite ao seu filho alguma coisa para comer? Poderá pagar-lhe a escola? E se ele ficar doente, será visto por um médico? Quando se vive com um ou dois dólares pior dia, é-se forçado a escolher entre estes bens vitais. Esta é a angústia do quotidiano de uma em cada duas pessoas neste grande continente. No Médio-Oriente é semelhante. E em África é pior.
A experiência da Venezuela represente uma alternativa válida? Se sim, isso diz-nos respeito a todos. É importante informarmo-nos e julgarmos de forma independente. As mentiras da média talvez digam só respeito ao Iraque.

Face a este fosso entre ricos e pobres, existe o direito à alternativa? Há vinte anos que faço
investigação sobre as estratégias de guerra e de domínio dos EUA. Há vinte anos que ouço as
suas vítimas. Não me posso esquecer do que me disseram a iraquiana Nasra, o jugoslavo Tomislav, o palestiniano Mohamed e tantos outros. Lá no fundo, os seus sofrimentos e cóleras são semelhantes, é tudo a mesma guerra.
Já não posso esquecer a sua esperança de que existe saída para um mundo melhor. Foi a pensar em todos eles que fui à Venezuela. A alternativa é possível? Ouvir Chávez, ouvir a gente de baixo, ouvir a oposição da direita. E dar disso testemunho.
E, já agora, os sete pecados são:
1. Ensina-os a lêr
2. Entende que cada um tem direito à saúde
3. Acha que qualquer um pode comer e matar a fome
4. Mudou as regras entre ricos e pobres
5. Defende que a democracia é mais que um boletim de voto
6. Não se submete ao poder dos media
7. Faz frente aos Estados Unidos

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