Sobre as eleições no Líbano falou-se muito pouco e, por isso, deixo aqui algumas notas de apreciação. Até porque o simplismo do pouco que se disse deixa muito a desejar.
Realizadas no mesmo dia que as europeias, duas grandes coligações defrontaram-se. A primeira, coligação “14 de Março”, do governo actualmente no poder, de Saad Hariri, constituída por sunitas de diferentes grupos e cristãos da Falange, mais à sua direita. A segunda, coligação 8 de Março”, engloba o Hezbollah, o Partido Comunista Libanês e a Frente Patriótica do general cristão Michel Aoun. Compreender como no Líbano se chegou a esta rearrumação de forças dará para outro post muito interessante.
Os primeiros são apoiados pela elite económica do país e pelos EUA e os recursos daí resultantes – milhares de milhões de dólares – impediram, na prática, qualquer outro resultado, na sequência de uma intervenção permanente, particularmente dos EUA, que afectou usos e costumes de grande parte da juventude urbana.
O Irão e a Síria apoiaram, os segundos.
A coligação vencedora não pode ousar revelar simpatia por Israel – seria o seu suicídio político – mas ninguém ignora que os fascistas instalados no governo israelita tudo terão feito para que ela ganhasse. Quem resistiu aos massacres israelitas de 2006 não foram eles mas os combatentes do Hezbollah e do Partido Comunista Libanês.
Apesar de tudo, a coligação da oposição retirou um lugar aos adversários e os deputados são hoje respectivamente 57 e 61. Uma das hipóteses que está em cima da mesa é formar-se um governo de coligação nacional, onde, para além de continuar com o poder de veto, o Hezbollah continua a ter direito a um grupo de milicianos armados, funcionando como um exército paralelo, em correspondência com as responsabilidades que tem assumido na defesa do país e dos seus habitantes.
Os acordos de Taif de 1990, com que terminou a longa guerra civil, prevêem uma representação em quotas de diferentes confissões religiosas no parlamento, sendo 64 lugares para cristãos e outros 64 para muçulmanos. Os lugares dos cristãos estão ainda subdivididos em 34 maronitas, 14 gregos ortodoxos, 8 gregos católicos, 5 arménios ortodoxos e 1 para os arménios católicos. E entre os muçulmanos, 27 são para xiitas e sunitas, 8 para drusos e 2 para alauitas.
Porém, ao contrário do que esta partilha possa dar a parecer, o problema libanês hoje e no passado não teve nos factores religiosos grande incidência. Se formos ver a posição destas diferentes confissões no Iraque e no Líbano elas são contrárias entre si sobre a relação preferencial com os EUA e Israel ou um alinhamento preferencial com o Ocidente ou com o Oriente.
O quadro político no Líbano é fluido e nele pesam muito considerações tácticas e estratégicas relacionadas com a independência nacional e a vocação árabe do país.
Realizadas no mesmo dia que as europeias, duas grandes coligações defrontaram-se. A primeira, coligação “14 de Março”, do governo actualmente no poder, de Saad Hariri, constituída por sunitas de diferentes grupos e cristãos da Falange, mais à sua direita. A segunda, coligação 8 de Março”, engloba o Hezbollah, o Partido Comunista Libanês e a Frente Patriótica do general cristão Michel Aoun. Compreender como no Líbano se chegou a esta rearrumação de forças dará para outro post muito interessante.
Os primeiros são apoiados pela elite económica do país e pelos EUA e os recursos daí resultantes – milhares de milhões de dólares – impediram, na prática, qualquer outro resultado, na sequência de uma intervenção permanente, particularmente dos EUA, que afectou usos e costumes de grande parte da juventude urbana.
O Irão e a Síria apoiaram, os segundos.
A coligação vencedora não pode ousar revelar simpatia por Israel – seria o seu suicídio político – mas ninguém ignora que os fascistas instalados no governo israelita tudo terão feito para que ela ganhasse. Quem resistiu aos massacres israelitas de 2006 não foram eles mas os combatentes do Hezbollah e do Partido Comunista Libanês.
Apesar de tudo, a coligação da oposição retirou um lugar aos adversários e os deputados são hoje respectivamente 57 e 61. Uma das hipóteses que está em cima da mesa é formar-se um governo de coligação nacional, onde, para além de continuar com o poder de veto, o Hezbollah continua a ter direito a um grupo de milicianos armados, funcionando como um exército paralelo, em correspondência com as responsabilidades que tem assumido na defesa do país e dos seus habitantes.
Os acordos de Taif de 1990, com que terminou a longa guerra civil, prevêem uma representação em quotas de diferentes confissões religiosas no parlamento, sendo 64 lugares para cristãos e outros 64 para muçulmanos. Os lugares dos cristãos estão ainda subdivididos em 34 maronitas, 14 gregos ortodoxos, 8 gregos católicos, 5 arménios ortodoxos e 1 para os arménios católicos. E entre os muçulmanos, 27 são para xiitas e sunitas, 8 para drusos e 2 para alauitas.
Porém, ao contrário do que esta partilha possa dar a parecer, o problema libanês hoje e no passado não teve nos factores religiosos grande incidência. Se formos ver a posição destas diferentes confissões no Iraque e no Líbano elas são contrárias entre si sobre a relação preferencial com os EUA e Israel ou um alinhamento preferencial com o Ocidente ou com o Oriente.
O quadro político no Líbano é fluido e nele pesam muito considerações tácticas e estratégicas relacionadas com a independência nacional e a vocação árabe do país.
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