segunda-feira, 22 de junho de 2009

Iranianos contestam nas ruas o regime

O Partido Tudeh, partido dos comunistas do Irão, tem apelado à contestação por todos os meios dos resultados eleitorais, onde foram detectadas várias importantes irregularidades que não os permitem validar.
Os comunistas consideram a reacção contra os protestos um verdadeiro golpe de Estado e têm denunciado as prisões, a repressão e a censura à captação de imagens.



Como noutras situações, os desacatos violentos e incendiários, imagens privilegiadas nos mídia ocidentais, não reflectem formas de oposição popular mas tão só actos desesperados ou provocatórios para atrair e "justificar" o aumento da repressão.
Não subscrevendo tudo o que o professor de estudos islâmicos, António Farinha,ontem à noite referiu na SIC, a sua entrevista foi esclarecedora, omitindo o aproveitamento político por parte dos governos imperialistas com objectivos bem diversos dos do povo iraniano, que a revolta não implica necessàriamente o apoio ao candidato Moussavi - ele próprio, como Kathami, um "crítico" (tão só...) do regime. Nem que sejam apenas as classes médias-altas quem está a conferir tanta força a estes protestos. Importa relembrar que tanto Moussavi como outro o "reformista", Karroubi, têm pesadas responsabilidades na política de privatizações, de liquidação das manufacturas e do crescimento da pobreza que acompanhou a perda de direitos sociais.
Não deixa de ser sintomático que as opiniões dos comunistas não tenham cobertura mediática mas que a tenham as opiniões do filho do antigo xá...

Como já referimos, a esquerda mais consequente, só apelou ao voto nestes candidatos como forma de derrotar Amahdinejad que ocupa a presidência com inteira protecção do líder supremo, Khamenei, o alvo mais atingido pela presente contestação.

Quando os EUA e a Grã-Bretanha promoveram o golpe de Estado que afastou Mossadegh, em 1953, para meterem Reza Pahlevi no poder, convenceram-se que teriam durante muito tempo um aliado indefectível no domínio sobre o petróleo e o controlo do estreito e Ormuz por onde continua a passar o petróleo extraído para o ocidente, impedindo a sua refinação no próprio país (ler a propósito, "Os homens do Xá", de Stephen Kinzer, Bertrand, 2007).
O regime dos clérigos usou a demagogia anti-imperialista, não para alterar o carácter da democracia política e económica, não como forma de democratizar o regime (ver fotos de execuções, em tudo idênticas às do tempo do xá Reza Pahlevi) mas como forma de se assumir como potência que até aproveitou possibilidades comerciais mais vantajosas com terceiros, depois do corte de relações com os EUA no tempo de Khomeini.

2 comentários:

JMC Pinto disse...

ANTÓNIO

Favor corrigir o texto. O Golpe da CIA foi em 1953 (Allan e Foster Dulles, sob a recém-chegada ao poder Presidência de Eisenhower; em 1959, também seria Eisenhower. Já agora, sugiro que a propósito deste post recomende a Leitura dos Homens do Xá.
Abraço
C Pinto

António Abreu disse...

Tem inteira razão. Corrigi e incluí a sua sugestão.
Um abraço.
A. Abreu