Segundo o diário brasileiro "Vermelho", simpatizantes do presidente deposto das Honduras, Manuel Zelaya, fecharam, ontem, as estradas que comunicam a capital Tegucigalpa com as fronteiras da Nicarágua e El Salvador, assim como o caminho até a região costeira do Caribe. Desta forma, respondem ao apelo do governante para que iniciassem uma insurreição contra o governo "de facto" (dos golpistas), que respondeu a esta mobilização com o restabelecimento do recolher obrigatório nocturno.
A dois dias do final do prazo fixado por Zelaya para que os golpistas o devolvam ao poder, a sua Ministra dos Estrangeiros, Patrícia Rodas, assegurou que o presidente, expulso do pais no dia 28 de Junho, ''já está a caminho de Honduras... e que Deus o proteja''.
Sem oferecer detalhes, Rodas fez este anúncio durante uma conferência de imprensa em La Paz, onde assitiu às comemorações pelo bicentenário da independência boliviana, onde disse ''Quando conseguirmos estabilizar a situação, Zelaya continuará a agenda diplomática internacional que veio fortalecer''. Zelaya esteve terça-feira na Guatemala, porém, na quinta, ao comunicar por telefone com seus apoiantes, acampados na estrada que liga Tegucigalpa à costa caribenha, não deu novos esclarecimentos sobre sua localização. '' Peço-lhes que se mantenham em resistência. Não desistam em nenhum momento, ou as Honduras entram em colapso'', disse Zelaya, referindo contudo que ''hoje há uma esperança'' para resolver a crise.
Afirmou que está a preparar ''diferentes alternativas'' para regressar ao país: ''aéreas, terrestres e outras para fazer esses militares sentirem vergonha pelo que fizeram contra o povo''.
Policias foram enviados para a zona onde cerca de cinco mil membros de organizações populares bloquearam a estrada para o Caribe, cinco quilómetros ao norte de Tegucigalpa.
Os agentes da polícia, apoiados por militares com uniforme camuflado, não intervieram contra o protesto.Os bloqueios afectaram o transporte comercial de Puerto Cortés - principal fronteira marítima do país -, assim como a chamada capital económica hondurenha, San Pedro Sula. Também houve interrupção da circulação em Comayagua e Olancho, a 200 quilômetros da capital. ''É uma mesagem às empresas privadas. Esperamos que reflictam e se dêem conta de que não lhes convem continuar a apoiar os golpistas'', advertiu um dos manifestantes, o dirigente sindical Erasto Reyes.
Para se contrapor à resistência, o governo "de facto" retomou o recolher obrigatório, desta vez das 23h30 às 4h40.
O mediador do conflito hondurenho, o presidente da Costa Rica, Óscar Arias, propôs ontem (18), às delegações designadas por Zelaya e pelo presidente golpista, Roberto Micheletti, a criação de um governo de ''reconciliação nacional'', que passe ''pela recondução de Zelaya''. A declaração foi feita após Micheletti dizer que estava disposto a deixar o cargo desde que o governante deposto não reassumisse a presidência. Pela sugestão de Arias, Zelaya conservaria a Presidência e a oposição ocuparia ministérios-chave, como Interior e Finanças. Obrigava a cedências graves por parte de Zelaya que este se dispôs a fazer.
Mas a ideia não recebeu sinais de que seja acatada. Ontem mesmo Micheletti afirmou que não voltará atrás quanto à destituição de Manuel Zelaya. Disse que o seu país não aceitará nenhuma imposição da comunidade internacional e que tem o seu próprio sistema "democrático" e os seus próprios critérios, e que iria actuar de acordo com eles. Disse que defenderá a soberania e não aceitará que nenhum país do mundo lhe imponha seja o que fôr. Zelaya adiantou que, caso não avancem as negociações prevityas para hoje, tomará ''outras medidas''.
LIVRAI-NOS DELES
Há 1 dia
1 comentário:
Micheletti tem razão... nestas alturas dá imenso jeito ter um "sistema democrático" e "critérios"... próprios.
A ver pela porcaria que são, devem vir do mesmo armazém que lhe fornece a "vergonha na cara".
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