segunda-feira, 6 de julho de 2009

Disparos dos golpistas matam hondurenhos que esperavam Zelaya, que foi impedido de aterrar no aeroporto de Tegucigalpa

Passei uma boa parte do dia a percorrer on-line agências noticiosas ou as emissões de canais de TV por satélite.
Não pude deixar de me emocionar com a gesta heróica das dezenas de milhares de hondurenhos que, de peito aberto, e sem reagirem a provocações, sofreram dois mortos, feridos não contabilizados e cerca de seiscentas prisões.

Para o acto heróico também de Zelaya que, num avião venezuelano, conduzido por pilotos venezuelanos, saído de Washington, depois de inexplicáveis razões que atrasaram, a sua descolagem, acompanhado pelo presidente da AG das Nações Unidas, Miguel d'Escoto e o seu médico, voou para o seu país e sobrevoou várias vezes o aeroporto onde disse que aterraria.

A TelesurTV, que com o jornal espanhol Publico, mais corresponderam ao interesse mundial de a operação ser seguida minuto a minuto, deram todas as notícias. A incrível intervenção da Igreja hierárquica em apoio ao golpe de Estadop e antecipando um "banho de sangue" se Zelaya regressasse. O fim da reunião na embaixada do Equador, em Washington, em que participaram os presidentes das Honduras, da Argentina, do Equador, do Paraguai, o presidente da AG das N. Unidas e o secretário-geral da OEA. A divisão do grupo por dois aviões. Um com Zelaya, como referi, outro da Presidente da Argentina com os demais. O primeiro a rumar para as Honduras. O segundo para Salvador, a menos de 30 minutos das Honduras, onde este grupo acompanhou os acontecimentos.


Micheletti a propôr um diálogo "sério" para ganhar tempo para, logo depois dizer que nunca seria com Zelaya.
A Cubavisión Internacional ia-se referindo às intervenções dos delegados na reunião da OEA de anteontem, em que Zelayo participou. Todas significativas. Foi particularmente importante a de Cristina Kichner, presidente da Argentina.

Depois foi a espera das 4 horas e meia de voo. A multidão, empurrando exército e polícia, sem violência, até ao aeroporto, cercado, onde centenas de militares e dezenas de carros militares se colocaram dentro e fora da pista (foto). Os disparos que mataram 2 jovens (um na foto). A carga do exército sobre os manifestantes. O comandante da polícia a retirar as suas forças, aparentemente, por ter discordado dos disparos. Alguns dos maiores empresários do país, referenciados como financiadores do golpe militar a reunirem na casa dum deles e fazendo chegar alo "presidente" Micheletti, uma proposta de intermediação, aparentemente, contemplando o regresso de Zelaya, que o regime dos gorilas terá de imediato recusado. E de novo a Igreja a dizer que não tinha havido mortes...O avião de Zelaya a sobrevoar várias vezes o aeroporto (ver foto). Os carros militares a ocuparem a pista e a tropa também, deitada, em posição de combate. A torre de controlo a ameaçar intersectar o avião. O comandante do avião e Zelaya a falarem ao telefone com os repórteres da Telesur, que fizeram um excelente trabalho, sempre em directo, acompanhado pelas notícias do Público espanhol on-line...
A decisão era inevitável face a esta atitude dos golpistas. Zelaya dirige palavras aos hondurenhos, ruma a Manágua e depois para Salvador onde conferencia com o grupo para definir os passos seguintes, dentro das deliberações que a OEA definira na véspera, por unanimidade e aclamação.
Um elemento final. A vergonha da CNN claramente com os golpistas. O cerco informativo nas Honduras com os jornais e televiões permitidas a fazerem o mesmo. Um grupo de fascistas desafia o seu total isolamento internacional, com o apoio desta artilharia pesada...
O povo hondurenho, com tantas limitações à sua intervenção, merece a profunda simpatia de todos nós e que o continuemo a apoiar como a Zelaya nos próximos dias. Hoje incluído.

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