As estações de rádio e de TV das Honduras foram fechadas entre domingo e segunda-feira (29), depois do golpe militar do fim-de-semana, que derrubou o presidente Manuel Zelaya. Entidades internacionais de defesa da liberdade de imprensa condenaram a medida.
Pouco depois de militares hondurenhos terem detido o presidente Zelaya e o obrigado a partir para a Costa Rica no domingo, soldados invadiram uma popular estação de rádio e fecharam as redes internacionais de TV CNN em Espanhol e Telesur, emissora venezuelana que tem o patrocínio de governos de esquerda da América Latina.
Um canal pró-governo também foi fechado. As poucas emissoras de rádio e TV a operar colocaram no ar na segunda-feira apenas música, novelas e programas de culinária. Elas quase não se referiram a manifestações ou condenações internacionais ao golpe, apesar de centenas de pessoas protestarem em frente do palácio presidencial, na capital, para exigir o retorno de Zelaya e o fim do black-out imposto à imprensa.
O caso da Radio Globo
O caso da Radio Globo
O proprietário da Rádio Globo de Honduras, Alejandro Villatoro, colocou ontem no site da emissora na net denúncias sobre a censura à imprensa depois do golpe de estado de domingo passado
Senhores do Tribunal Inter americano de Direitos Humanos, esta mensagem leva para além das minhas saudações a seguinte denúncia:
Como gerente da Rádio Globo, denuncio-vos que, após as acções de facto que depuseram o presidente Manuel Zelaya Rosales, iniciou-se uma campanha de intimidação contra os meios de comunicação independentes, entre eles esta emissora, que foi submetida a um atentado.
A partir das seis horas da manhã, quando iniciamos nosso trabalho, a sede da rádio, situada na Avenida Morazan, foi ocupada militarmente. Depois de algumas negociações autorizaram nossa entrada.
Começamos o nosso trabalho informativo, dentro dos parâmetros estabelecidos pelas normas legais e comprometidos com a liberdade de expressão que a nossa consciência nos dita.
Várias tentativas foram feitas pelos militares para entrar no edifício onde transmitíamos para Honduras e para o mundo o que realmente acontecia no país. Às seis da tarde, um comando militar, composto por cerca de sessenta elementos do exército, tomou conta das instalações físicas da rádio e tirou-a do ar. Os companheiros que se encontravam no estabelecimento (Alejandro Villatoro, proprietário, jornalistas Lidieth Diaz, Rony Martinez, operadores Franklin Mejia Villatoro e Orlando) foram objecto de ameaças de morte, espancamentos e intimidações. No caso de Alejandro Villatoro, que é deputado, esta sua condição não foi respeitada.
No caso de David Romero Ellner existia uma ordem de prisão contra ele, que conseguiu escapar lançando-se do terceiro andar do prédio onde funciona a rádio (cerca de 25 metros de altura), fracturando uma clavícula e algumas costelas.Franklin Mejia, operador, que é menor de idade, foi espancado no meio a gritos discriminatórios (“Preto filho de uma... vamos matá-lo, a menos que nos diga de onde estão transmitindo” e outras ofensas à sua condição humana).
Senhores: o objectivo de fundo de todo este ataque foi, e é, calar a única emissora de Honduras que transmitia os eventos tal como ocorreram. Actualmente, após negociações com os militares, a rádio reabriu suas operações, porém sob uma série de condições que limitam a liberdade de expressão no país.
É neste quadro que vos enviamos esta denúncia formal, para que, com a autoridade que têm, procedam imediatamente a uma investigação do caso."
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