quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A Ucrânia joga com gás russo contra a Europa?


A questão da redução dos fornecimentos do gás russo que passa pela Ucrânia a diversos países europeus parece ser uma jogada aventureira de Kiev.
Estando neste momento a questão já a ser objecto de apreciação directa pela União Europeia, não deixam de ser sintomáticas várias coisas.

A Ucrânia, candidata a ser membro da NATO, apoiada pelos EUA e vários países europeus, recusou novos preços do gás fornecido pelos russos, num quadro em que a Gazprom actuou, de forma semelhante, em relação a outros países que deixaram de ter preços bonificados, abaixo dos praticados no mercado. Além disso, exige o pagamento pelos russos de novos preços de passagem do gás nos gasodutos russos que lhe atravessam o território e destinados a parte dos países europeus de que a Rússia é fornecedora. A UE disse para Moscovo e Kiev se entenderem, que não serviriam de intermediários. Mas a Ucrânia não cede e, segundo Moscovo, está a desviar gás que lhe atravessa o território, destinado a outros países, para o seu próprio consumo sem ter concluído novos contratos com a Gazprom.

A pressão dos media tem estado dirigida à Rússia, contra todas as evidências que deveria ser sobre a Ucrânia. Mesmo quando o "desvio" ucraniano parece real, não dirigem a pressão sobre Kiev.
O Diário de Notícias de hoje é exemplar. Da notícia de um correspondente que escreve sobre a questão, centrado na necessidade de esclarecimento de quem é que não está a falar verdade, a manchete, de que certamente o correspondente não é responsável, é "Bruxelas exige que Rússia ponha fim à crise do gás", em completa contradição com o texto. O que evidencia uma campanha de orientação em termos de manchetes, verificável, se o leitor tiver um pouco de paciência, noutros jornais iompressos e on-line do nosso país e de outros países.

Outra questão parece ser sintomática: a recusa de Merkl em acordar com os russos a distribuiçao directa de gás que já tinha merecido anterior apoio do chanceler Schroeder.
Parece haver a intencionalidade de alguns em deixar a torneira na mão de Kiev, manipulável a seu belo prazer para depois atirarem as culpas aos russos...

É um jogo perigoso...

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