quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Sempre os mesmos a pagarem os crimes dos banqueiros...


Do “Público” de hoje extraímos

Os juros que sobem e as garantias para os depositantes

Prestações dos empréstimos para compra de habitação não param de subir

01.10.2008 - 09h04
Por Rosa Soares

As revisões periódicas de contratos à habitação que ocorram em Outubro vão ser uma má notícia. A subida das taxas Euribor nas duas últimas semanas, em resultado da turbulência financeira, colocou todos os prazos a bater máximos históricos e agravou consideravelmente a média mensal de Setembro.A Euribor a seis meses, a mais utilizada em Portugal, terminou o último mês nos 5,219 por cento. Quem venha a pedir um empréstimo em Outubro, de 150 mil euros, por 25 anos, vai pagar mais 5,38 euros do se tivesse pedido o mesmo montante um mês antes. Diferença muito maior vai sentir quem tem um empréstimo antigo, com revisão a coincidir no corrente mês, uma vez que verá a prestação mensal aumentar em 56,36 euros. Com base na mesma simulação – feita para o PÚBLICO pela Deco-Proteste – e que tem na base um spread (margem do banco) de 0,7 por cento, a subida face a Março, que é de 6,24 por cento, vai prolongar-se por seis meses, pelo que o aumento da taxa em concreto vai representar um encargo total de 338,16 euros. A prestação mensal actual do referido empréstimo é de 959,04, quando desde Março era de 902,68 euros.O outro prazo muito utilizado no crédito à habitação, especialmente nos contratos mais recentes, a Euribor a três meses, já está acima dos cinco por cento. A média atingiu os 5,019 por cento, contra 4,965 por cento em Agosto.No prazo de 12 meses, muito utilizado em empréstimos às empresas, a média de Setembro atingiu 5,384 por cento, contra 5,323 por cento do mês anterior. Nos últimos dias, as subidas da Euribor têm sido muito significativas – a última cotação diária do prazo de seis meses foi ontem de 5,377 por cento. Esse aumento reflecte a desconfiança dos bancos em emprestarem dinheiro entre si, por causa das dificuldades financeiras que alguns estão ou podem vir a revelar e por necessidade dos próprios bancos de ter maior liquidez, para fazer face a um número crescente de resgates de fundos de investimentos e outros produtos financeiros. Face à escassez de dinheiro no mercado interbancário – composto por 57 bancos, dos mais activos da zona euro e alguns países terceiros –, os bancos estão a financiar-se cada vez mais no banco Central Europeu (BCE), que tem sentido necessidade de injectar somas consideráveis de dinheiro no sistema.As taxas Euribor a seis e 12 meses estão mais de um por cento acima da taxa de referência do BCE, o que é considerado excessivo. Face à dimensão da crise, grandes casas de investimento defendem que o BCE deveria baixar as taxas de juro de referência, actualmente nos 4,25 por cento.

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