A Feira do Livro de Frankfurt atribuiu há dias a "Gomorra" o prémio deste ano extensível à obra que adaptou.
Matteo Garrone realizou o filme que adapta a obra homónima de Roberto Saviano que passou a ser perseguido pela Camorra depois da ameaça de morte que a família Casalesi lhe fez.
A ficção escapa a este filme onde se procura, sem perda do fio da meada e dos sentimentos, sobrepôr pequenas histórias de diferentes protagonistas do sistema da Camorra. Dos seus executantes aos aprendizes, dos protegidos aos protectores, dos conformados aos traidores, , de como a família protegida paga as traições dos seus membros, de como se "trai" para romper o círculo fechado da vida, para sair dela, mesmo que seja para a reinventar como os dois bandidos independentes, que se revêem nos ícones da violência para infantilmente procurarem o impossível - disputar a hierarquia pouco flexível da máfia.
O filme perturba por nos revelar a naturalidade da vida criminosa nos nossos dias, a falta de referências éticas nos gestos do dia-a-dia. A violência está lá como está em muitos filmes americanos de má qualidade onde a verdade é trocada pelo moralismo que não existe já.
É um filme a vêr.
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