A libertação de Ingrid Betancourt é um facto positivo e foi recebida como um novo fôlego para a libertação dos restantes refens das FARC, os colombianos presos nas prisões do governo e o início de negociações de paz sérias e sem ingerências exteriores.
O conflito de há 40 anos na Colômbia tem envolvido:
-por um lado, os sectores com maior poder económico, com apoio expresso dos EUA, cujo governo actua de uma forma criminosa, mantendo nas prisões centenas de activistas camponeses, guerrilheiros e activistas sindicais, com uma longa lista negra de mortes e com uma relação estreita com os grandes narcotraficantes (Uribe é mesmo conhecido como o Narcopresidente da Colômbia...) e com grupos paramilitares de direita com uma acção terrorista bem conhecida, sectores que estão em profunda degradação como tem revelado nos últimos dias o confronto de Uribe com o Supremo Tribunal do país;
- por outro, a resistência colombiana, que durante todo esse tempo assumiu a forma armada, dominando uma boa parte do território do país, onde entre muitos outros aspectos muitos camponeses sobrevivem com o cultivo da matéria prima inicial ao fabrico de diversos tipos de drogas, com recurso à captura de refens que procura trocar com guerrilheiros presos, em regime que tem facilitado internacionalmente a degradação da imagem da resistência colombiana.
Há anos que, com diversos intermediários, têm sido feito esforços com sucesso para várias libertações de refens e para negociações com vista a uma solução política para o conflito. O governo de Uribe, sempre acom panhado por idênticas posições dos EUA, tem procurado boicotar essas tentativas e revertê-las a seu favôr mesmo pondo em risco a vida de refens e negociadores.
A libertação de Ingrid Betancourt ocorreu nos dias em que essa libertação estava a ser ultimada por delegações da França e da Suissa em reuniões com o novo dirigente, Alfonso Cano, e o secretariado das FARC. A intervenção das forças militares de Uribe apoiada por meios norte-americanos não estavam previstas e, aparentemente, terão apanhado de surpresa os negociadores. Tal facto foi antecedido por um ataque anterior contra Raul Reyes, que o matou, que estava a preparar nas FARC essa mesma libertação, então em contacto com delegações da França e do Equador.
Não disponho como qualquer cidadão de elementos para clarificar estas questões. O tempo mais próximo irá esclarecê-las. Questões que deveriam ter obrigado os deputados na AR a serem um pouco mais independentes e não terem ido a correr tomar a posição que tomaram. Ficam com ela.
LIVRAI-NOS DELES
Há 3 dias
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