quinta-feira, 19 de junho de 2008

Um amigo na campanha de Obama



Caros amigos,


Um dos objectivos das minhas Obama News (que, neste momento, conta com 75 leitores directos) era e é fornecer-vos informação honesta e actualizada a que, certamente, não poderão ter acesso através dos meios de comunicação de que dispõem.


O facto de me encontrar a viver nos EUA dá-me a vantagem de poder estar, não apenas a assistir, mas a participar.


Por outro lado, tenho procurado estudar tudo isto, tentar perceber, caminhar pela complexidade das coisas e não me satisfazer com aparências, notícias de ocasião, impressões do momento, apoios ou rejeições impensadas, palavras ou frases fora do contexto, distracções várias, provocações, etc.


Outro aspecto enriquecedor desta minha iniciativa é receber comentários, críticas, observações, correcções, perguntas, silêncios, recusas, apoios, abraços... que servem para aprender mais e matar algumas saudades.


(…)



5. REUNIÃO DE VOLUNTÁRIOS



(…)


Éramos cerca de 40 pessoas e, por curiosidade, como de costume, dois terços eram mulheres. Outra curiosidade: apenas 4 não eram brancos.


Fez-me recordar o romantismo e a entrega de certos movimentos e iniciativas que começam nos dias difíceis e em que cada um dá o que tem. Desde as lutas clandestinas, às acções mais simples. Nessas alturas não havia (e não há) "tachos" para distribuir ou "penachos" para alguns... Nada era fácil a não ser a entrega voluntária a uma causa em que se acreditava... E, quando chegava a hora da verdade, cada um, por mais isolado que estivesse (nas celas de Caxias ou nas veredas da clandestinidade) sabia que não estava só.


A minha mãe, na sua infinita preocupação de me proteger, dizia: "O que andas a fazer, meu filho!?... Não vês que isto sempre foi assim e será!?... Não compreendes que, sozinho, não poderás mudar o mundo!?"... E eu sem lhe poder dizer que estava acompanhado...


Depois vem a fase da instalação, da rotina, da partilha de poderes (grandes e pequenos), das listas, da continuidade, da reacção ao que é novo e quer agitar, do proteccionismo e da corrupção (muitas vezes, intelectual), do adormecimento, do profissionalismo incompetente mas fiel substituir a militância crítica, do medo, da dependência e de tanta outra coisa que dá vida aos chamados "aparelhos partidários", essas realidades tentaculares que não podem deixar de existir mas que, a maior parte das vezes, perdem a capacidade de renovação e de autocrítica.


Será, porventura, o que se irá passar por aqui. Poderá, quem sabe, ser excepção.


Mas, o que me interessa, é que neste momento estamos numa fase que antecede a do poder. Mais tarde, se acontecer porcaria, será tempo de voar para lá de outras fronteiras, de olhar para trás e não renegar, de olhar para a frente e continuar à procura de outras utopias.


Estou a viver a fase infantil de um processo democrático mitigado. Imagine-se o que é ter como primeira tarefa conseguir inscrever uns milhões de americanos nos cadernos eleitorais para poderem votar pela primeira vez!!!... Ainda por cima quando eu nem sequer posso votar!...


(…)


Para tentar compreender isto comprei ontem um livro intitulado Why Americans Still Don't Vote - And Why Politicians Want It That Way. Os autores são Frances Fox Piven e Richard A. Cloward.



Um enorme abraço para todos,


fernando

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