No intróito deste, publicado ontem, explica aos leitores dois aspectos que foram ocultados quando da apresentação do relatório da OCDE sobre Portugal referente a 2008 pelo secretário-geral deste organismo no discurso de apresentação que fez, em que esteve presente o ministro das Finanças, e que também foram ignorados pela generalidade dos media que trataram desta matéria, mas que merecem, a meu ver, uma atenção especial pois constituem algumas das causas mais importantes da baixa produtividade e competitividade da economia portuguesa.
Esses aspectos são nomeadamente o "crescimento negativo" da produtividade multifactorial registado nos últimos anos e a desindustrialização que se tem verificado em Portugal
São precisamente estes dois aspectos que analisa neste estudo assim como a
redução da despesa com o subsidio de desemprego em -14%; o aumento em +99% do saldo global da Segurança Social; a utilização do excedente assim criado para baixar a taxa de contribuição das empresas para a Segurança Social
e para multiplicar de isenções, resultante do acordo assinado pelo governo,
pelas associações patronais e pela UGT sobre a revisão do Código do
Trabalho, tudo isto feito à custa da Segurança Social.
Publicamos de seguida o resumo deste estudo.
A OCDE apresentou em Lisboa o seu relatório sobre Portugal referente a 2008. Na intervenção feita pelo seu secretário-geral, este substituiu a credibilidade técnica que esta organização pretendia ter, por uma defesa do neoliberalismo, defendendo que a redução do défice orçamental no nosso País devia continuar sem olhar às consequências, e que era necessário uma maior flexibilidade das leis do trabalho (leia-se precariedade) para aumentar a competitividade e assegurar, desta forma, o crescimento económico. E quando confrontado com a debilidade de tal argumento afirmou textualmente o seguinte: “Não interessam os resultados das reformas que o
O crescimento económico num país depende do aumento da produtividade. Normalmente fala-se apenas da produtividade do trabalho, procurando desta forma culpabilizar os trabalhadores pelo baixo crescimento económico. Segundo o relatório da OCDE, a produtividade do trabalho cresceu a uma taxa de 3,6% ao ano no período 1985-2000, e de 1,2% ao ano no período 2000-2005. Mas a chamada produtividade multifactorial registou em Portugal um “crescimento” negativo entre 2000-2005.. A produtividade multifactorial é a produtividade conjunta de todos os factores de produção (trabalho, capital, etc.) que revela a eficiência/ineficiência como esses factores são utilizados. E como revelam os dados constantes do relatório da OCDE, no período 2000-
O relatório da OCDE vem agora também reconhecer que a desindustrialização verificada em Portugal é uma das causas da baixa produtividade portuguesa. E isto porque a contribuição por trabalhador da industria para a produtividade total é superior à dos serviços, e com a desindustrialização o emprego na industria diminuiu tendo aumentado nos serviços, o que provocou a descida média na produtividade do trabalho em Portugal. A culpabilização dos trabalhadores pela baixa produtividade em Portugal é assim também desmentida pelos próprios dados contidos no relatório da OCDE sobre Portugal.
O governo pretende flexibilizar do emprego aumentando a insegurança dos trabalhadores.Com esse objectivo assinou um acordo com os patrões e a UGT para alterar o Código do Trabalho. No entanto, continua a reduzir o apoio aos desempregados. Só nos cinco primeiros meses de
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