Esta uma das afirmações feita pelo escritor em entrevista à Rádio Renascença e Público e que este jornal hoje publica.
Outras afirmações que retive sem descontextualizar:
"Estou a escrever um livro e não quero morrer antes de acabá-lo. Uma das minhas preocupações quando estava entre cá e lá, numa espécie de limbo em que a consciência de mim mesmo não era absoluta, era a de que talvez não pudesse acabar o livro. Afinal, ainda hoje escrevi mais uma página. Lá para Agosto estará terminado."
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"Gostaria de ser recordado como o escritor que criou o personagem do cão das lágrimas ( Ensaio sobre a Cegueira). É um dos momentos mais belos que fiz até hoje enquanto escritor. Se no futuro puder ser recordado como "aquele tipo que fez aquela coisa do cão que bebeu as lágrimas da mulher" ficarei contente. Se alguém procurar naquilo que tenho escrito uma certa mensagem, atrevo-me pela primeira vez a dizer que essa mensagem está aí. A compaixão dessa mulher que tenta salvar o grupo em que está o seu marido é equivalente à compaixão daquele cão que se aproxima de um ser humano em desespero e que, não p0dendo fazer mais nada, lhe bebe as lágrimas."
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(sobre o Acordo Ortográfico)
"Nestas matérias sou bastante conservador: no que está e deu bons frutos e bons resultados não se mexe. Mas tenho que compreender uma coisa: o futuro do português que escrevemos poderia estar bastante comprometido se não houvesse este acordo."
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"Não me falta nada. Mas eu não sou um exemplo do que é viver neste mundo. Sou um privilegiado. Mas não possso estar contente. O mundo é o inferno. Não vale a pena ameaçarem-nos com outro inferno porque já estamos nele. A questão é saber como é que saímos dele."
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"Falta esquerda ao mundo. Mas não tenho que me preocupar com o PS porque não é o meu partido. É o partido do Governo."
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"À direita não lhe interessa as idéias porque pode governar sem elas; à esquerda deviam-lhe interessar as idéias, porque não tem outra maneira de governar senão com elas."
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"Todos querem ser de centro. O mundo não tem idéias novas sobre este assunto porque vivemos sob um processo de laminagem em que vamos perdendo espessura. Isso contribui para o domínio implacável do capital.
Parece que estou a repetir a cartilha marxista, mas Marx nunca teve tanta razão como hoje. O que dizia está a realizar-se. Digamos que ele se antecipou e não seria má idéia voltar a lê-lo e a discuti-lo para ver o que está ultrapassado no seu trabalho e dar uma vida nova às suas idéias."
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