Numa longa entrevista hoje publicada no "Plenitude" (encarte do Público), Jerónimo de Sousa fundamenta a rejeição de alianças com o PS e que "Portugal está pior do que quando Sócrates iniciou o seu mandato", vivendo o país na verdade "uma dupla crise: a nacional e a internacional".
O secretário-geral do PCP afirma que "em termos objectivos eleitorais queremos reforçar votos e mandatos nas três eleições" e apoia a afirmação em que o PCP é "um partido que luta, que age e que intervém. Características que sobressaem - particularmente nestes tempos de crise".
Quanto à situação económica, considera que o ponto a que se chegou é causado pelo "capitalismo e o seu sistema anárquico" em que "a economia real está a ser duramente atingida. Há de facto uma crise de subprodução capitalista". E a economia de casino tem estado virada "para o ganho fácil e rápido e para a concentração do capital " e para, depois de reduzir o poder aquisitivo das pessoas, lhes ter aumentado a posssibilidade de endividamento.
Criticando os apoios ao BPN, referiu que os responsáveis pelo que ali aconteceu deviam comparticipar na resolução do problema. E que não podia na actual crise finanmceira apoiar-se exclusivamente o grande capital nem aceitar-se que a banca esteja a aplicar spreads altíssimos com as pequenas e médias empresas que detêm mais de 90% do emprego no nosso país.
Jerónimo de Sousa entende que o congelamento dos preços de energia, combustíveis, portagens e comunicações contribuiria para aumentar a produtividade. Que os salários e pensões devem ser aumentados para alargar o mercado interno e as nossas empresas venderem. E que os jovens deveriam beneficiar do alargamento dos critérios para atribuição do subsídio de desemprego.
A propósito da intenção do PS viabilizar o casamento civil homossexual, o secretário-geral do PCP, referiu-se à sensibilidade desta questão e à necessidade de uma discussão profunda e desdramatizada, mas classifcica esta atitude como oportunista, pouco sincera e hipócrita que pretende desviar a atenção dos problemas centrais da sociedade portuguesa.
Referindo-se ainda ao caso Freeport e à avaliação que faz do Presidente da República, Jerónimo de Sousa acaba por fazer uma referência de balanço aos 35 anos do 25 de Abril, citando a propósito o poema de Goethe
Quando o homem perde os bens, perde pouco
Quando perde a dignidade, perde muito
Quando perde a coragem, perde tudo
para defender se deve "continuar a acreditar nesse ideal de transformação, de realização de um País melhor, onde o Povo possa viver também melhor".
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