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Mestre de capela do mosteiro, cargo de que foi titular a partir de 1597, Dom Pedro de Cristo foi ao mesmo tempo professor de música, cantor e tangedor de vários instrumentos, nomeadamente de tecla, harpa e flauta. Morreu em Coimbra, em 16 de dezembro de 1618.
Dom Pedro de Cristo - cujo nome secular era Domingos - pode ser considerado um dos maiores polifonistas do século XVI no domínio da música religiosa. É como compositor que tem o seu lugar na história, com a sua vasta obra vocal polifônica de 3 a 6 vozes, compreendida por inúmeros motetos, responsórios,salmos, missas, hinos, paixões, lamentações, versos aleluiáticos, cânticos e
vilancicos espirituais.
Pouco conhecido, em virtude da sua obra não ter sido ainda publicada na quase totalidade, é possível, todavia, avaliar da qualidade e número de suas obras através do que foi publicado sobre ele por Ernesto Gonçalves de Pinho em Santa Cruz de Coimbra - Centro de Atividade Musical dos séculos XVI eXVII com alguns dados biográficos inéditos e uma informação valiosa sobre as obras, ainda manuscritas deste frade crúzio.
Das 220 peças que compõe a totalidade destas espécies, apenas uma dúzia e meia foi publicada em notação musical atual. Elaboradas com simplicidade e elegância, inspiradas ou não na temática gregoriana, mantendo, por um lado,aquela técnica rigorosa herdada da maneira de compor quatrocentista de influência flamenga,conseguiu, por outro lado, libertar-se dos apertados esquemas de imitação nas linhas melódicas, de forma a produzir um contraponto de construção sóbria afastada dos grandes efeitos, mas que realça com clareza a palavra do texto sagrado.
As obras de Dom Pedro de Cristo conservam todo o elevado sentido espiritual da oração cantada dirigida a Deus, em que a profunda religiosidade e o simbolismo cristão de inspiração humanista se moldam na perfeição formal da polifonia do Renascimento.
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