segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Na campanha de Obama, por F. Sousa Marques



Caros amigos,


O meu regresso aos EUA estava previsto para o dia 22 de Agosto. Por razões profissionais e pessoais prolongarei a minha estadia aqui até ao final de Setembro. Por esta razão não será possível enviar-vos as Obama News com o mesmo espírito com que o fiz desde o início das Primárias: fornecer-vos uma informação diferente (mais correcta e actualizada) do que a que recebem através dos grandes meios de comunicação.


A minha presença nos EUA permite-me o contacto com pessoas envolvidas no processo e com meios de informação independentes e não enfeudados a grandes interesses. Por exemplo, é diferente saber da Convenção Democrática aqui (mesmo utilizando a web) e lá.


Durante este período de férias e verão os aspectos mais interessantes do que se tem passado pelo mundo parecem ter sido: 1. O início da II Guerra-fria; 2. Os primeiros Jogos Olímpicos com a China em primeiro lugar na lista das medalhas de ouro; 3. A manutenção da crise económica global.


Nos EUA as eleições presidenciais continuam a ocupar tempo de antena com muita desinformação à mistura.


As sondagens continuam a dar um empate técnico. A esmagadora maioria dos jornalistas, usam-nas, não para informar e formar, mas para vender notícias. Ignoram que o sistema eleitoral americano não está preparado para eleições muito disputadas (a margem de erro do sistema é superior a pequenas diferenças no número de votos), escondem o facto de não haver eleições directas e, portanto, não fazer sentido falar de resultados nacionais, quando o que interessa é saber quantos delegados do colégio eleitoral são eleitos em cada Estado (há 8 anos o Gore teve mais 500 mil votos do que o Bush mas perdeu as eleições por causa das trapalhadas eleitorais na Florida), desprezam os outros candidatos (especialmente Nader, que rouba votos a Obama, e o Partido Libertário, que os rouba a McCain), valorizam (e deturpam) quando lhes convém certos assuntos em detrimento de outros (aborto, boatos de caserna, medos, ignorâncias, etc.), não consideram o erro sistemático de todas as sondagens provocado por estarmos perante universos eleitorais diferentes (desde que as Primárias começaram há mais de 4 milhões de novos eleitores).


A campanha eleitoral vai entrar na fase decisiva. Depois das Convenções dos principais Partidos haverá debates e as mais diversas disputas. Se o jogo fosse limpo até se poderia falar de um processo livre e democrático. Mas não o será. A sujidade já começou há muito tempo, principalmente pelo lado, como é costume, do Partido Republicano. Depois de andarem anos a preparar-se para combater a Clinton, tiveram de ajustar os arsenais à nova situação.


Mas já aí está o livro contra Obama (do mesmo autor que fez o mesmo, com sucesso, há 4 anos atrás, contra Kerry). Parece valer tudo... até arrancar olhos. Não me espantaria que, no cúmulo do desespero, passem das palavras aos actos e "alguma coisa aconteça"... Um atentado "terrorista", um assassinato (que será carpido com lágrimas de crocodilo), qualquer coisa chocante que faça recordar aos poucos que votam que é mais importante o medo do que a esperança!...


Um abraço para todos,


fernando



1 comentário:

Anónimo disse...

Meu caro Fernando

Num próximo post hás-de reflectir sobre as posições de Obama quanto à situação no Cáucaso, quanto à presença militar no Afganistão e como pensa - se pensa... - travar a batalha contra as distorções no sistema jurídico (possibilidade de tortura, espionagem de cidadãos e ignorância dos direitos individuais) e a degradação éitca da práxis política (ver a propósito Ruben de carvalho no Expresso em 18 de Agosto passado).