1. O presidente georgiano declarou cessar fogo na passada 5ª feira, depois recebeu Condoleeza Rice e, em seguida, desencadeou o ataque aéreo e por terra contra a Ossetia do Sul, matando até hoje cerca de 2 mil dos seus habitantes, incluindo oficiais russos que faziam parte do organismo de observação da paz criado a partir das negociações que encerraram a guerra osseta-georgiana de 1991/92.
A administração norte-americana, que não tem falado da agressão da Geórgia mas da intervenção militar da Rússia, tem ou não que explicar ao mundo qual foi o papel que desempenhou?
E se assumiu compromissos de apoio seu ou da NATO ao presidente da Geórgia na sequência da agressão?
2. A Geórgia só verá aceite a sua entrada na NATO quando acabar com os conflitos independentistas. Esta agressão e a que se preparava na outra região, a Abkhásia, são iniciativas visando a adesão à NATO?
3. Sendo os ossetas 2/3 da população da Ossetia do Sul, esta intervenção da Geórgia, incluindo a destruição integral da sua capital, com os dois mil mortos e a fuga dos ossetas para a Ossétia do Norte (parte da Federação Russa) são ou não uma premeditada e há muito planeada acção de genocídio e de limpeza étnica para acabar os ossetas desta região (eram cerca de 45 mil antes de 6ª feira...)?
O Tribunal Internacional Penal de Haia vai ou não constituir arguidos de crimes contra a Humanidade os dirigentes georgianos que desencadearam esta ofensiva?
4. Com base em que disposições ou outras considerações não seriam reconhecidos à Rússia os direitos de estabelecer corredores humanitários e de deter, alvejando localidades próximas da Geórgia, a barragem de fogo que originou o morticínio, ainda por cima sendo muitos ossetas simultaneamente cidadãos russos (não tendo isto a vêr com etnias), sendo os ossetas há centenas de anos, por razões históricas que não desenvolveremos, um povo amigo dos russos, com grandes expressões de solidariedade mútua?
5. Se esta relação com os russos por parte dos ossetas não agrada aos dirigentes georgianos, porque não promoveram o desenvolvimento da Ossétia do Sul e da Abkhásia, deixando estes territórios agrícolas viverem exclusivamente das trocas com a Rússia, a ponto do rublo circular muito mais que a moeda da Geórgia?
6. A Geórgia preparava-se ou não com outra concentração de tropas para fazer na Abkhásia o mesmo que tem estado a fazer e que os abkhazes parecem estar a conjurar, fustigando as forças georgianas no dia de hoje?
7. A ruptura unilateral com os acordos de paz de 92, cujos protagonistas foram ossetas, georgianos e russos, para chamarem a NATO e a UE a intervirem neste conflito, iria resolver ou agravar a situação?
8. Esta iniciativa georgiana foi ou não determinada para que a Geórgia se consolidasse como potência militar regional a operar com o apoio da NATO numa zona particularmente sensível (rota do petróleo russo e aproximação de forças hostis às fronteiras da Rússia)
9. O endurecimento do regime georgiano, a falta de respeito crescente pelos direitos humanos internos, a falta de popularidade do actual presidente no seu país, os receios dos georgianos de criação de um clima de hostilidade com os russos que são, em boa parte do território os principais fornecedores e compradores bem como a principal fonte de criação de emprego, que sinais dão internacionalmente sobre a democracia na Geórgia?
10. Que central de contra-informação funcionou de maneira a tornar monocórdicas as abordagens desta crise, omitindo a iniciativa da agressão, atribuindo-a à Rússia, silenciando a viagem de Condoleeza Rice, baralhando as imagens de TV com os textos lidos que a generalidade dos telespectadores não tem condições para esclarecer?
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