sábado, 30 de maio de 2009

80 mil professores dizem "não!" à política educativa do governo


Os professores portugueses saíram uma vez mais à rua, desta vez para exigir de Lurdes Rodrigues uma atude séria nas negociações com os sindicatos.
A Baixa transformou-se uma vez mais com o desfile reivindicativo, alegre e colorido e os transeuntes manifestaram aos professores solidariedade. Foram três horas a passar num dia que para eles era de descanso. Vieram de todos os pontos do país para dizerem que não se resignam, que as desconsiderações para com eles deste governo do PS não são aceites e que estão dispostos a contribuir para acabar com as mal-feitorias governamentais contra eles e contra a o ensino e dispostos para serem parte activa de uma alternativa.
Com tais professores, o País ganha.

Passeando ao longo do rio durante o Festival Ching-ming


Disponha de um pouco do seu tempo e "passeie" ao longo do quadro, deslocando o cursor. Quando aparecerem os quadros brancos, clique neles e verá animações alusivas a essa zona do quadro, abrindo asw janelas do vídeo que aparece em cada um.
O quadro foi pintado à volta de1085-1145 durante a dinastia da Canção do Norte e repintado durante a dinastia Qing. Mede 5 metros e 28 cm de comprimento e 24,8 cm de altura.
Para verem este quadro os chineses formam filas que duram horas no Museu de Xangai. É considerado um dos Grandes Tesouros da China.-


O que diz Obama... da Microsoft cortar o messenger aos "inimigos"?


A Windows Live Messenger, conhecida como MSN), está bloqueado desde quinta-feira da passada semana na Coreia do Norte, Irão, Iraque, Cuba, Síria e Sudão.
A Microsoft, proprietária do serviço, cortou o acesso ao programa a todos os países que estão sujeitos a sanções económicas norte-americanas.
A Microsoft e o Departamento de Estado não comentaram o corte nem divulgaram oficialmente as razões do mesmo É um gesto sintomático dos adeptos da "aldeia global" de sentido único.

Mas as pessoas têm alternativas parta comunicar.

Obama é que, uma vez mais, fica mal no retrato.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

A frase de fim-de-semana, por Jorge

Se tivéssemos nascido onde eles nasceram e sido ensinados no que eles foram ensinados, acreditaríamos no que eles acreditam


Inscrição numa igreja na Irlanda do Norte

Romola de Pulszky, a mulher de Nijinsky

quinta-feira, 28 de maio de 2009

O superior interesse da criança...

Assisti esta noite a um debate na SIC sobre um problema muito sério: o caso da criança russa que aqui vivera com pais afectivos e que um tribunal decidiu que fosse entregue à mãe biológica que, com ela, regressou para a terra natal, não permitindo que no futuro a jurisdição portuguesa possa voltar a intervir no caso.
Não conhecendo todas as situações que fizeram este caso chegar aqui, não deixo de expressar uma opinião sobre o que ouvi e o que já tinha lido nos dias anteriores.

A primeira é de que, felizmente e por causa dos convidados para o debate, a intenção de Rodrigo Guedes de Carvalho crucificar o juiz de Guimarães, saiu frustrada, na sequência do impiedoso aproveitamento mediático dum caso que, em nome do superior interesse da criança, deveria ter sido tratado com pinças.
A segunda é que o juiz pode ter decidido mal mas apreciei que tenha reagido de forma sincera e humilde às imagens do tratamento da mãe para com a filha já na Rússia, e prestado a uma confesrência de imprensa.
A terceira é que nem os pais afectivos nem o seu advogado, talvez mais interessados em defender os seus interesses, não se tenham apercebido disso e tenham permitido uma situação em que a criança e a mãe biológica ficaram fora da jurisdição portuguesa, quebrando condições internas para avaliar o superior interesse da criança.
A quarta é para lamentar que uma mãe que bebe ou tenha vários parceiros possa ser tratada na praça pública como uma bêbeda e uma prostituta por quem desprezou as consequências de tais afirmações sobre a criança.
A quinta é que, não entendendo bem porque não foi criada uma excepção à normal tramitação das concessões dos vistos dos pais afectivos para se deslocarem a um debate sobre a questão num canal de TV russo, me congratulo que não tivessem ido alimentar uma peixeirada que, uma vez mais, seria contra o interesse da criança e apenas determinado pela vontade de facturar audiências lá, como os nossos media cá.
A sexta e última é o desagrado que senti em vários momentos do peso psicológico de alguns protagonistas em associar Rússia e russos a algo tenebroso.

Que nos resta?
Esperar que o Estado russo dê o melhor apoio à criança e à sua inserção numa nova realidade familiar e que se mantenha em contacto com o Estado português para garantir contactos com os pais afectivos, correspondendo também, assim, à atitude de cidadãos seus de Barcelos que se solidarizaram com estes.

Dança do povo Miao (China)
















Cartoon de Monginho

in Avante

Uma questão de referências


Os anúncios de retomas são um anti-depressivo pré eleitoral.
Mas são votos pios já que os quadros de referência deixaram de ser os do pós-guerra.
Os jornalistas da economia lá vão assinalando o sobe e desce da bolsa , indicadores mensais, trimestrais ou adivinhações.
Mas a tentativa de salvação do sistema financeiro mundial deu cabo dos instrumentos de navegação que sofreram os mais incríveis actos de pirataria manipuladora pelos Estados e pelos bancos centrais. As bolsas constituem o melhor exemplo disso.
As quantidades astronómicas de liquidez injectadas, num só ano, no sistema financeiro mundial, particularmente no americano, levaram os responsáveis financeiros e políticos à perda da noção da realidade. Não conhecem o buraco onde nos meteram mas mergulham cada vez mais fundo acreditando de facto subir de volta à superfície.
Muitos pensam que a variação mensal de alguns pontos, para cima ou para baixo, deste ou daquele indicador económico ou financeiro – ele próprio afectado pelas intervenções dos poderes públicos e dos bancos – é mais fiável do que encontrar outros quadros de referência, admitindo que os indicadores correspondentes ainda hoje são melhores que nada. E acreditam que aqueles que não haviam previsto nem a crise nem a sua intensidade estão hoje em condições de saber precisamente a data do seu fim.
E caímos no domínio da fé e dos palpites o que, francamente, não será aconselhável, tratando-se do futuro de um planeta e de biliões de seres humanos.

E agora, para os cinquentões e sexagenários mais sensiveis à delicadeza dos amores,...

quarta-feira, 27 de maio de 2009

sábado, 23 de maio de 2009

Foram talvez 85 mil...


Jerónimo de Sousa diria na sua intervenção que aquela fora a maior manifestação que uma só força política realizaraté hoje em Portugal. Quem as viveu ou tomou delas conhecimento não terá dúvida.

Para além da impressão causada à medida que desfilava, comprovei-o depois do pequeno miradouro da encosta do Parque, por cima das instalações do Metro. A vista era soberba e a profundidade da manifestação lá estava, ainda no Saldanha quando na rotunda do Marquês começavam as intervenções. E previa-se que assim viesse a ser quando se tomava contacto com os preparativos em toda a Avenida da República para o desfile que se iniciaria. E este começou aí cerca das 15.30 h para terminar em frente à esquina da Avenida António Augusto de Aguiar cerca das 17.30h.

No mar de gente, percorrendo todos esses rostos confiantes, tínhamos um retrato do país. Com uma clara maioria de trabalhadores, ali se descortinavam agricultores e, concerteza, pescadores. Os rostos não enganam. Mas também professores, profissionais de saúde, artistas. E a pouco rigorosamente designada classe média. O fato e gravata não conflituavam com o recorte punk. Os bebés desfilavam nos seus carros pelas mãos dos pais, algumas crianças iam seguras às cavalitas dos pais. Os reformados que têm pedalada e não ficavam para trás e, sobretudo, muitos, muitos jovens. As saudações, os sorrisos e os reencontros intervalavam o ritmo dos slogans contra a política deste governo.

Olha-se e diz-se que protestam. Mas transmitem, ao mesmo tempo, uma grande confiança, sinais de solidariedade.

Estas são as pessoas que não são convidadas para os areópagos do grupo Bielderberg. Nem para as comissões sigilosas do segredo do Estado. Ao contrário dessas múmias guardadoras do templo, vivem e revelam capacidade para dar a volta a isto. Quando pensam que os isolam, as múmias esquecem-se que quem se isolam são elas.

Quem se isola de quem e do quê, parece-me um bom tema de reflexão para este dia 23 de Maio de 2009.

A frase de fim-de-semana,por Jorge



O ódio é também uma fonte de felicidade, desde que não seja um ódio baixo e vulgar ou desprezível, mas um ódio santo, gerador de alegria.

Jean Giono

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Bilderberg, este ano com Ferreira Leite, Manuel Pinho e o eterno Pinto Balsemão



O grupo Bilderberg reúne desde 1954 para pôr de acordo chefes de estado e ministros, banqueiros centrais, economistas e delegados regionais das grandes multinacionais, chefes de Estados-Maiores e responsáveis dos média mais importantes.
Politicamente situam-se na banda que vai dos conservadores aos socialistas, onde entendem que devem ser concertadas linhas de actuação comuns para os referidos organismos.
Na altura da constituição, o objectivo declarado oficialmente era o de criar a unidade ocidental para obstar o expansionismo soviético.
Herdeiro de uma histórias tricentenária de grupos de iluminado que querem controlar o mundo ou ser o seu governo-sombra global, o grupo Biderberg, apesar das aparentes boas intenções, teve na altura da sua formação o objectivo de formar outra organização de fachada que pudesse contribuir activamente para os planos desses iluminados: a constituição de uma Nova Ordem Mundial em 2012.
Este grupo de elite encontra-se anualmente, em segredo, em hotéis de cinco estrelas reservados espalhados pelo mundo, geralmente na Europa, embora algumas vezes tenha ocorrido nos Estados Unuidos e Canadá. Existe um escritório em Leidem na Holanda.
Talvez por as matérias não serem triviais e para iludirem a questão de que são
um organismo alheio a qualquer tipo de representatividade democrática, não publicitam as suas reuniões, reúnem à porta fechada, com medidas de segurança que ameaçam os jornalistas que precisam correr sérios riscos para saberem já não o que se passou mas quais as agendas de conversa. Que o digam Charlie Skelton do Guardian, Paukl Dorneanu da infocon.ro, o jornalista David Icke ou o escritor Daniel Estulin, ambos com livros publicados sobre o grupo.

Este último conseguiu saber que a agenda deste ano foi"O futuro da economia dos EUA e do dólar; o desemprego nos EUA: soluções e previsões; Depressão ou estagnação prolongada?; Ratificação do Tratado de Lisboa".Este ano realizou-se de 14 a 17 de Maio realizou-se na localidade costeira de Vouliagmenia, a 20 km de Atenas, no Hotel Nafsika Astir Palace.

Em Portugal reuniu-se de 3 a 6 de Junho de 1999 no Caesar Park Hotel Penha Longa em Sintra e até apoio militarizado para a respectiva segurança o governo de então terá recebido. Jorge Sampaio, PR, deslocou-se à reunião.

Francisco Pinto Balsemão há muito que participa, sendo desde 1988 do seu grupo permanente, onde também estão Henry Kissinger e Mário Monti. Outros portugueses têm variado a sua presença de ano para ano. Este ano estiveram, segundo o Peace Reporter, Manuel Pinho e Manuela Ferreira Leite. Noutros anos também por lá passaram, segundo o Semanário de 2 de Janeiro de 2006, Mira Amaral, Ferreira do Amaral, António Barreto, António Borges, Maria Carrilho, António Guterres, Braga de Macedo, Ferro Rodrigues, Santana Lopes, José Sócrates, Durão Barroso, Morais Sarmento ou Nicolau Santos
Donald Rummsfeld, um impoluto democrata continua a ser um dos seus grandes activistas e algumas casas reais alargam o status do grupo.

Think-thank? Maçonaria geo-estratégica? Clube de Conspiradores vivos?
Creio que algum trabalho jornalístico nos poderá dar alguma chicha a estes esqueletos do armário. O que até agora saiu – e a custo – foram apenas agendas e participantes…Pode ir ao google e constatar isso.
Esperemos que, para o ano que vem, as liberdades de informar e de ser informado vão um pouco mais longe…

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Na morte de João Bénard da Costa

Falar de cinema em Portugal nas últimas décadas passa por entrar em contacto com a figura inquestionável de João Bénard da Costa. As suas crónicas, a asua passagem no cine-clubismo e o seu trabalho na Cinemateca Portuguesa criaram realidades impuseram atitudes quer de cinéfilos quer de profissionais.

Conheci o Bénard da Costa na luta política contra o regime fascista, onde participou de forma particularmente activa, com um pensamento próprio, de um católico progressista que se não conformava com a sua Igreja andar atrelada e ser suporte do regime. Também aí foi ponto de referência

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Escultura barroca











Hersh acusa Dick Cheney de ter mandado assassinar Hariri e Bhutto

Com 72 anos, o jornalista norte-americano Seymour Myron Hersh, prossegue, em recente entrevista à Al-Jazeera, a denúncia que tem caracterizado boa parte da sua vida desde o massacre de My Lai.
Jornalista de investigação, recebeu o Prémio Pulitzer em 1970 e o Prémio George Polk em 2004 e tem revelado intervenções das actividades secretas do Comando Operacional Conjunto Especial (JSOC), criada nos anos 80 para perpetrar assassinatos políticos sob o comando directo do vice-presidente Dick Cheney.
Desta vez, acusa-o de ter ordenado os assassinatos do antigo primeiro-ministro libanês Rafir Hariri (14/02/05) e da anterior primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto (27/12/07). Razões que o jornalista invoca? Para o primeiro, ter recusado sugestões para ser o porta-voz dos interesses dos EUA no Líbano e, para a segunda, ter referido que Osama Ben Laden teria sido assassinado por Saeed Sheikh, um antigo agente do MI6, que cooperou com os talibans em atentados terroristas na Índia. Os familiares, sucessores de ambos em funções de responsabilidade, passaram a ser mais cordatos com os interesses dos EUA.
Segundo Hersh, ambos os assassinatos foram dirigidos pelo general Stanley A. McChrystal, que Obama viria a nomear como comandante das tropas dos EUA e da NATO no Afeganistão.

Um pequeno corpo mas um passo de gigante para a compreensão do Homem


segunda-feira, 18 de maio de 2009

Vade retro, Papa fora do tempo e sem emenda…



No Público de hoje pode ler-se a propósito das cerimónias evocativas do Cristo.Rei:

“A celebração eucarística abriu com a leitura de uma carta do Papa Bento XVI a lembrar as razões por que o monumento foi construído: "Pela paz e pela prosperidade em que se encontrava a sua nação, face ao avanço da doutrina comunista no mundo, da predominância da guerra civil na vizinha Espanha, [...] contra o ateísmo". Ontem, em Roma, o Papa lembrou o cinquentenário do Cristo-Rei.”

A mensagem do Papa, lida no concelho de Almada, onde desde o 25 de Abril o município tem uma maioria comunista e dos seus aliados – município que prestou um apoio significativo a estas cerimónias e que se fez nela representar pela sua Presidente - é uma afronta a princípios básicos de convivência democrática e é, quiçá, uma tentativa grotesca de se servir da fé para fins políticos.

Que Bento tenha militado nas juventude nazis não foi certamente razão para os comunistas, aqui, deixarem de apoiar uma iniciativa importante da Igreja a que preside de lá, muito longe, ou de lhe terem suscitado para o douto pronunciamento a evocação da memória dos que na cidade aqui em frente tombaram a lutar para que Portugal fosse um país livre.
Bento é um reaccionário assumido mas as regras da convivência deveriam ter-lhe imposto limites. Para já não falar da falta de precisão histórica do que escreveu...

Não sou católico e durante toda a vida não dei recados aos meus amigos e camaradas, crentes, mas hoje sempre vos direi que este naco de prosa bafienta poderá ser, antes de mais, um pôr em causa a própria Igreja portuguesa.

100 mil trabalhadores alemães na rua


A manifestação de ontem foi uma das maiores de sempre. Organizada pela Federação Alemã dos Sindicatos, visava protestar contra a política económica do governo e exigiu um controlo mais rigoroso por parte do Estado dos empresários, dos bancos e dos mercados financeiros a nível internacional. Os suindicatos têm em curso uma campanha pelo aumento geral dos salários
O presidente do DGB, Michael Sommer, classificou as medidas do governo para enfrentar a crise um fracasso total e Frank Bsirske, líder do sindicato teutão Verdi, referiu-se à crise verdadeiramente histórica do capitalismo,

Morreu ontem o poeta uruguaio Mario Benedetti


Mario Benedetti, poeta, romancista, contista, ensaísta, dramaturgo e crítico, que faleceu neste domingo em Montevideu aos 88 anos de idade, foi o mais prolífico expoente da literatura uruguaia, com obras traduzidas em vários idiomas.
Autor de dezenas de livros, Benedetti recebeu vários prémios literários, entre eles o Prémio Internacional Menéndez Pelayo, em 2005, o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-americana, em 1999 e o Prémio Ibero-americano José Martí, em 2001.
Quase toda a sua obra poética está reunida em "Inventário", livro publicado pela primeira vez em 1963 e reeditado várias vezes.
Entre os seus romances destacam-se "La Tregua" (1960), "Gracias por el fuego" (1965), "El cumpleaños de Juan Angel" (1971, escrito em verso), "Primavera con una esquina rota" (1982), "La borra del café" (1992) e "Andamios" (1996).
Além de escritor, Benedetti foi dirigente político do Movimento 26 de Março, que fundou em 1971 junto com o Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros. Foi também representante na Mesa Executiva da coligação de esquerda Frente Ampla, actualmente no poder no Uruguai.
Exilado durante a ditadura uruguaia (1973-1985), o escritor morou na Argentina, no Peru, em Cuba e na Espanha, tendo regressado ao Uruguai com a redemocratização. Alternou-se entre Madrid e Montevideu até a morte de sua mulher, Luz López Alegre, com quem se havia casado em 1946.
Luz, que era sua amiga de infância, foi sua companheira e o grande amor de sua vida. "Demorei seis anos para lhe dizer isso, e ela levou um minuto e meio para aceitar", contava Benedetti, que também costumava dizer que " parece um bom investimento casar-se com alguém que tem luz e alegria no seu nome ".
Depois da morte de Luz, Benedetti instalou-se definitivamente na capital uruguaia, tendo decidido doar parte de sua biblioteca pessoal para o Centro de Estudos Ibero-americanos Mario Benedetti da Universidade de Alicante (Espanha).

ver ao lado videos sobre a sua obra.

Amâncio (Pancho) Guedes, arquitecto, escultor e pintor



Em Setembro de 1952, um jovem arquitecto português, nascido em Moçambique, visitou a Bienal de Veneza, no início de uma longa e agitada viagem pela Europa. Na bagagem levava desenhos e fotografias de edifícios que ele já tinha feito em Lourenço Marques (actual Maputo). Chegava à Europa pela primeira vez depois da família ter saído com ele aos 7 anos para Moçambique em 1932. Esta viagem foi uma espécie de peregrinação para ver os originais das cidades, dos edifícios e da arte sobre os quais tinha e visto, principalmente e até então, como ilustrações em livros a preto e branco e, e ouvido falar dos seus professores.

domingo, 17 de maio de 2009

A Migana traz-nos as Variações de Goldberg – aria e 4 variações, por Keith Jarrett sobre Monet

Uros do lago Titicaca (Perú)

Os Uros são habitantes de ilhas flutuantes, do mesmo nome, com áreas de 2 a 3 mil m2, cujos solos são feitos de totora, uma planta abundante no fundo do lago. Esta planta, é muito versátil: depois de seca ao sol, obtem-se uma palha de grande resistência e de óptima flutuabilidade. A raiz é comestível e das suas folhas e flores, os Uros fazem chá e remédios, com o caule, artesanato e barcos.
As ilhas possuem electricidade proveniente de energia solar, uma rede de águas é perfeitamente dispensável. A rede de esgotos também, daí o nome de baptismo do lago...
Tudo isto em águas a 14º C e 150 m de profundidade média. As ilhas estão ancoradas junto a Puno, uma cidade com cerca de 120.000 hab.
Os seus povos, alimentam-se fundamentalmente de peixe, e não podem criar gado senão ficavam sem território; carne, só dos patos do lago, contando, para isso com a colaboração de cães retriver. Os seus antepassados, do período pré-colombiano tinham uma língua própria que se perdeu, dizem, depois das invasões espanholas.Não cosem as roupas pois não encontram as agulhas, dormem sempre em colchões de palha, dispensam chinelos de quarto e não se constipam... A única forma permitida de cozinhar é com micro-ondas, pois os fogões a lenha não permitem o controle de temperatura e sai sempre "tudo" queimado.

O Regulamento Municipal não permite a impermeabilização dos solos, razão porque nunca viram uma inundação, palavra que não usam, nem mesmo quando o degelo dos Andes é mais severo. São "inca(s)pazes de fazerem grandes esforços pelo que estão quase sempre sentados; julga-se que devido à hipoxia causada pelos mais de 3800 m de altitude, do lago, economicamente navegável e mais alto do mundo.
Nota: É quase tudo verdade, com um pouco de imaginação à mistura.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Guatemala: reacções aos incidentes

As questões já aqui referidas a propósito da tentativa de imputar ao Presidente guatemalteco o assassinato de um advogado, pelo ineditismo de que se revestiu com a ampla distribuição de um vídeo premonitório e acusador, por parte da vítima dias antes de ser encontrado morto a tiro, tem contornos pouco claros e em torno das reacções vão-se, para já definindo duas atitudes que se traduzem desde há três dias em manifestações e o reflexo da sua presença na comunicação social dominante.
Dum lado, exigindo a demissão de Colom, estão os meios mais abastados, com evidentes sinais exteriores de riqueza, que não se definem por políticas alternativas à do actual presidente, e que coincidem com a orientação da generalidade dos meios de comunicação social.
Do outro, apoiando Colom, estão camadas populares, particularmente as que estão envolvidas por programas sociais de desenvolvimento promovidos pelo governo e autarquias, a UASP, central sindical e de outras organizações sociais, bem como o partido que elegeu Colom em Novembro de 2007. Esta corrente está praticamente ausente da comunicação social.
Ambas preparam manifestações para o mesmo local da capital para o próximo domingo.

Deixando às investigações o apuramento deste caso que, seja qual for não está a evitar uma forte desestabilização no país, importa acompanhar o evoluir dos acontecimentos, que foram antecedidos de uma evolução política cujos traços essenciais convém recordar.

Depois de 30 anos de ditaduras militares e mais 20 de governos de Direita, a Guatemala elegeu, pela primeira vez, um Presidente daquilo a que hoje muitos chamam de centro-esquerda.
Nas eleições de 2007, Álvaro Colom teve 53% contra 47% do candidato da direita, o ex-general Otto Pérez Molina, um dos responsáveis pela chacina de quase 200 mil indígenas, na guerra civil que varreu o país por mais de três décadas. Rigoberta Menchú foi uma das candidatas que não passou à 2ª volta.
Colom quer combater a pobreza que atinge 80% da população.
Ao declarar-se vencedor das eleições, Colom apelou à "conciliação nacional de todos os guatemaltecos", sublinhando que então começaria um processo de transformação e mudança que não aconteceu em 50 anos".Esta foi a segunda volta das eleições. Na primeira volta Colom ficara à frente com 28% dos votos, contra os 23,5% de Perez Molina.

A campanha ficou marcada pela violência, facto que influenciou a elevada abstenção, de 65%. Cerca de 50 pessoas morreram durante o processo eleitoral.A insegurança e violência que assolam o país estiveram no centro da campanha eleitoral.
A Guatemala tem a taxa mais alta do Mundo de assassínios per capita, com 2.857 homicídios na primeira metade de 2007. Perante isto, o candidato da direita exigia "mão dura" enquanto Colom tentou recentrar o discurso na "conciliação e solidariedade", apesar de ser igualmente favorável à continuação da pena de morte. Social-democrata assumido e com ligação à Internacional Socialista criou o movimento que o elegeu, a UNE.

A pobreza atingia então 80% da população da Guatemala, o país mais populoso da América Central (13 milhões de habitantes). Mais de metade dos 14 milhões de guatemaltecos sobrevivia em 2007 com o equivalente a 1,5 euros.

Para Colom, os guatemaltecos tinham, virado “a página trágica" do militarismo na Guatemala. Entre 1960 e 1996 este país viveu uma guerra civil que custou a vida a cerca de 200 mil pessoas, quase todos indígenas. Segundo a Comissão Independente de Clarificação Histórica, o exército foi responsável por 90% das violações de direitos humanos ocorridas nessa altura, sendo que o candidato da direita, Perez Molina, assumia então funções de alta responsabilidade no exército guatemalteco.Alvaro Colom, engenheiro de profissão, é uma das raras pessoas não-índias distinguidas com o título honorífico de "chaman" (pai) por parte das comunidades indígenas maias, que representam a maioria da população (60 por cento).

Frase de fim-de-semana, por Jorge


“Estamos perto de acordar quando sonhamos que sonhamos."


Novalis
(cit. F.Pessoa)

15 de Maio - o Nabka

O significado literal do termo é “o dia da catástrofe” e os palestinianos assinalam-no todos os anos. Por ser o dia da criação do Estado de Israel e do Êxodo Palestiniano, em que perderam no fim da guerra de 1948 a terra ancestral e dela foram deslocados. Para os Judeus a data corresponde ao atingir do ideal histórico da terra prometida, com os ajustes resultantes das diferenças entre os calendários gregoriano e judeu, argumentando para isso também com uma passagem também histórica e ancestral por esse território que nada justifica para dar superior razão à deslocação violenta de cerca de 700 mil deslocados palestinianos.
A criação do Estado de Israel criou um facto que é para uns susceptível de retrocesso e para outros de apenas a coexistência de estados separados, o que tem sido sobejamente contrariado pelos métodos mais bárbaros por sucessivos governos israelitas.
A história é conhecida para quem a quiser conhecer e não se sinta pressionado pelo lobbie israelita, certamente um dos mais poderosos no planeta e também entre nós.


Em declaração datada de hoje, a Delegada – Geral da Palestina em Portugal, Randa Nabulsi, refere:

A 29 de Novembro de 1947 as Nações Unidas aprovaram a Resolução 181 que recomendava a Partilha da Palestina histórica em um Estado israelita para menos de 20% de habitantes representados por colonos provenientes na sua maioria da Europa sobre 51% do território e um Estado palestino nos outros 49% para um milhão de Palestinianos. Esta divisão, apesar de demograficamente desigual, nunca chegou a efectuar-se.
Entre a decisão de partilha e o dia 15 de Maio de 1948, dia oficial do fim do mandato britânico e a declaração do Estado de Israel, houve uma verdadeira guerra de limpeza étnica que foi relatada historicamente por inúmeros escritores e pensadores. Talvez tenha sido Ilan Pappe, o historiador israelita quem mais relatou e transmitiu as realidades desta guerra através do seu livro denominado "A LIMPEZA ÉTNICA DA PALESTINA" e baseado em documentos "libertados" pelo governo israelita há mais de dois anos. Neste livro, o escritor relata palavra por palavra e detalhadamente como nasceu a questão dos refugiados, as aldeias completamente destruídas e os massacres cometidos contra o povo palestiniano.
Com a guerra de 1948, iniciou-se um processo de ocupação territorial em benefício dos emigrantes judaicos e da limpeza étnica da população palestiniana que foi seguindo o seu percurso fatídico até aos dias de hoje. O primeiro afastamento da população palestiniana foi levada a efeito por milícias sionistas provocando um êxodo massivo de 750.000 palestinianos que se converteram em refugiados. Junto com os seus descendentes, representam hoje em dia cerca de cinco milhões de pessoas refugiadas além de um milhão e meio a viverem na Faixa de Gaza, a maioria dos quais já havia sido desalojada dos territórios em 1948, 2 milhões na Cisjordânia e 1 milhão e meio de Palestinianos, cristãos e muçulmanos que representam 20% da população de Israel.
Aquela primeira ofensiva das milícias sionistas (consideradas grupos terroristas pela comunidade internacional) culminou a 15 de Maio de 1948 com a proclamação unilateral do Estado de Israel por Ben Gurion. Esta data ficou gravada na memória do povo palestiniano como o dia fatídico da derrota, o massacre e o exílio forçado. É relembrada a cada 15 de Maio e conhecida pelo nome de "Nakba", a catástrofe/ a desgraça.
A resolução 194 das Nações Unidas de 11/09/1948 que exigia à comunidade internacional cumprir o direito do regresso dos refugiados palestinos e garantir a respectiva indemnização foi condição para entrada de Israel nas NU mas esta resolução continua sem implementação e a ser anualmente recordada na Assembleia Geral das Nações Unidas Sob o tema: Palestina, os Direitos Inalienáveis.

E termina, afirmando:

Israel conta com a ideia de que os mais velhos irão morrer e os mais novos irão esquecer-se. Morrerão os mais velhos, mais os mais novos, geração após geração, continuam a ter na mão as chaves das casas dos pais e as escrituras das suas terras para um dia regressarem... As novas gerações mostram-se lutadoras e ligadas às aspirações da sua identidade e de uma pátria própria não desistindo do direito ao regresso, à independência e ao estabelecimento do Estado Palestiniano independente com Jerusalém como capital

Patxi Andion - do concerto de ontem à recordação de Tonicha e Ary



Já afastado dos palcos, Patxi Andion acedeu à presente série de concertos que o leva a quatro cidades portuguesas: Figueira da Foz, Lisboa, Porto, e Guarda.
Ontem o S. Jorge estava cheio. Muitos espanhóis, é certo. Mas fundamentalmente portugueses da sua geração e um número razoável de jovens. Foi uma noite cheia das suas belas canções de amor, onde em pano de fundo ou intimamente intrincadas com os temas do amor estão as situações sociais e políticas que o identificam como um homem de esquerda, de causas, de combate ao fascismo espanhol, à sua maneira – a de cantar o amor.

Para mim, Patxi Andion era uma voz já conhecida no final dos anos 60, em actos do movimento estudantil mas, curiosamente, o renovar do interesse por ele foi pela voz de Tonicha, a partir do trabalho de Ary dos Santos, e sob a direcção musical do Thilo Krassman, que em 1972 ouvi e voltei ouvir tantas vezes nas “4 canções de Patxi Andion”, disco que só teve o pecado de ter uma capa onde a cantora mal se reconhece e em cuja contra-capa Ary dos Santos deixou escrito

Pax (?) Andion é - e já muitos o têm dito - um "caso" musical.
Mas, quanto a mim, a grandeza maior desse "caso" reside no impacto de uma força profundamente humana que quase se sente e se aprende fisicamente em todas as suas canções. Ao ouvi-las é impossível dissociarmo-nos da imagem do homem novo ibérico que, com os pés assentes na terra e os olhos virados à esperança, canta, sem dó nem piedade, o seu próprio destino.Em boa hora decidiu Tonicha interpretar algumas das suas canções, de cuja versão portuguesa tive o prazer de me ocupar. Também ela à sua maneira, personifica mais do que nenhuma outra, entre nós, o canto da nova mulher portuguesa. Canto de amor do povo e de amor pelo povo. Canto personificado num talento de facto ímpar mas, por força da sinceridade e do poder de comunicação humana, tornado colectivo e geral."


De uma experiência juvenil no rock, tem as suas primeiras experiências políticas e perseguições que o levam a partir à aventura, como marinheiro, para a Terra Nova. Passa fome e vai para Paris em 68, onde convive com os grandes músicos da época, canta em bares e em estações de metro, se envolve no ambiente revolucionário da cidade. A sua voz rouca com surpreendentes modificações de tonalidades, e a pronúncia basca – em cuja língua cantou a solo duas canções, mistura o pop com raízes populares do País Basco, sua terra de origem, traz-nos desde o seu primeiro single proibido “Canto para Jacinta”, que, por isso fez questão de cantar em todos os seus concertos.
Numa entrevista à revista portuguesa “O mundo da canção”, em 1970, numa das primeiras vezes que vem a Portugal, sem ser de forma semi-clandestina, ao falar das suas canções, Patxi diria:

“Creio que são canções de amor diferentes daquelas que até agora foram apresentadas em Espanha. O panorama no capítulo do amor resume-se a denguices e pieguices, não de Amor. O Amor é uma coisa que é muito bonita e é muito feia. Entendamo-nos: é uma coisa como a vida é; e se a vida ora é agradável ora o contrário, também o amor, que é a base dessa vida, oscila da mesma maneira. Há pois que aceitá-lo e vivê-lo como é, sem idealizá-lo, porque então deixa de ser o amor. O amor não pode ser lírico, porque desse modo pode perder a sua essência. Para se saber o que é o amor, é preciso que as pessoas se “manchem”.

Depois foi uma carreira que nos deixou canções inesquecíveis, depois de Jacinta, como Un, dos y tres, La Samaritana (1971), Veinte aniversario (este composto em 1965 e cuja letra se refere em baixo, publicado em 1971)), Compañera (1971), Padre (1972), o fabuloso El Maestro (1973) ou essa outra que não paro de assobiar desde o concerto de ontem, Nos pasaram la cuenta (também de 1971), e por aí fora…
E foram mais canções suas, o Patxi escritor, professor universitário e até, mais recentemente, director da Escola Espanhola de Caça...