sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge




"O cinema é uma invenção sem futuro"



Louis Lumière (1896)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Francisco Silva diz que o «Ocidente» devia ser modesto e educar os filhos com verdade

"...Acredito que qualquer destes dois bem interessantes livros poderá vir a ser, mais cedo que tarde, publicado em português…e em Portugal. Sobretudo o primeiro dos dois. Com efeito, o primeiro destes livros, escrito por um Gavin Menzies já famoso pela divulgação da precedência chinesa nas navegações «globais» sobre os europeus, e nomeadamente sobre os portugueses, desenvolve agora um tema ainda talvez mais arriscado: o do modo como os conhecimentos científico/científico&tecnológico transmitidos pelos chineses, em particular na Itália, imediatamente pré-renascentista, serviu de ignição para o arranque da Renascença. O segundo livro foi escrito, como se referiu, por Ehsan Massod e versa outro tema, não direi arriscado, mas que a intelligentsia e os poderes do Ocidente se esforçaram, ao longo dos tempos, por minorar, senão rasurar das memórias: a história brilhante da ciência no Islão, nomeadamente até bem dentro do século XVI, até à fase nova quando o Ocidente, liderado pelos portugueses, começou a estender os seus tentáculos por tudo o que era Mundo, incluído pela grande mancha geográfica islâmica - ou, dito na típica maneira de quem chegou a terra de ninguém, nos tempos em que os portugueses foram cognitivamente acrescentando novos mundos ao Mundo e em que as pegadas ocidentais nesses novos mundos se foram sucessivamente afirmando..." (ver texto integral no Avante! de hoje)

Das pampas nos chega um recado da presidente argentina: Carne de porco é melhor que Viagra



A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, recomendou na quarta-feira o consumo de porco como alternativa ao Viagra, contando que passou um fim-de-semana romântico com o seu marido e antecessor, Néstor Kirchner, depois de um churrasco com essa carne.

«Acabam de me dizer algo que eu não sabia: comer porco melhora a vida sexual (...). Eu diria que é muito melhor comer um pedaço de porco grelhado do que tomar Viagra», disse Cristina a suinicultores. Contou ainda que recentemente comeu porco e «as coisas correram muito bem naquele fim-de-semana, então pode bem ser verdade.»

Os argentinos têm o maior consumo per capita de carne bovina, mas o governo tem tentado promover a carne suína como alternativa nos últimos anos, para diversificar o mercado. «Tentar não custa nada, então vamos lá», disse Cristina Kirchner no discurso, transmitido pela TV.

(diário digital, hoje)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Ainda o Avatar...



Diz o Público que este se candidata a se um recorde de bilheteira, na senda do Titanic. James Cameron trabalhou para isso e R. Murdoch, apesar de avesso à mensagem do filme, vai gostar do resultado do filme em maravedis...O conteúdo é uma antevisão dos destinos a que capitalismo e imperialismo podem levar o planeta, na sobre-exploração de riquezas n aturais e consequências no ambiente, e o risco que isso constituiria para seres de outros planetas, alvos dos apetites dos dirigentes terráqueos. Esta situação dá a pista a um dos seus operacionais para se transformar e aproximar dos na’vi para resistir ao invasor. Já o disse algures, o filme parece-me demasiado longo.

A direita, os apoiantes incondicionais da administração norte-americana e alguns sectores da Igreja Católica, consideram o filme como um discurso de Chávez ou uma catilinária de Chomsky…

As crianças não verem este filme é ambição censória de outros, ceguinhos que parecem estar à consideração de que os na’vi somos nós próprios que aqui lutamos contra este sistema injusto. É isto e não a remissão para seres extraterrestres do nosso futuro que assusta alguns pretensos psicólogos infantis…

Descontraído retoque



Hoje tive o privilégio de ir sentado no Metro. Em frente a mim, uma senhora de uns trinta anos puxa por dois estojos, afasta os cabelos e entrega-se a uma actividade meticulosa de melhoria do visual. Ele eram tintas, batons e pós (me desculpem os entendidos se a nomenclatura não é a mais adequada), pincéis e uma espátula (?). Foi a testa, as rosácias, as sobrancelhas, as pestanas, os lábios e a ponta do nariz. Retoque de sucesso! A vizinhança sorria com o à vontade. Ela, indiferente, nem nos olhou. Foi a testa, as rosácias, as sobrancelhas e pestanas, os lábios e a ponta do nariz. Retoque de sucesso! A vizinhança sorria com o à vontade. Ela indiferente, nem nos olhou.


ula (?). Foi a testa, as rosácias, as sobrancelhas e pestanas, os lábios e a ponta do nariz. Retoque de sucesso! A vizinhança sorria com o à vontade. Ela indiferente, nem nos olhou.

domingo, 24 de janeiro de 2010

No "Entrecopos" hoje


A minha filha mais nova, a Inês, fez hoje anos e lá fomos, não cantando e rindo como os outros de má memória, mas rumando a um restaurante de boa memória, o Entrecopos, ali na Rua de Entrecampos, na banda do Campo Pequeno, hoje irremediavelmente cortada.

O Mário tem ali local de boa comida e bebida numa razoável relação qualidade-preço.

Apetitosas são as entradas de saladas de polvo e ovas, as perninhas de polvo panadas, os enchidos.Que marcham todas a ritmo acelerado.

Os pratos são de boa qualidade, sem requintes mas frescos e com sabor autêntico. Variam entre os 8,5 e os 14 euros. Os doces são razoáveis e a preços aceitáveis entre 2,5 e 5,5 euros, o mesmo se dizendo das frutas entre 1,5 e 3,5 euros.

Uma boa grelha, peixe variado a peso e encomendas prévias de leitão à Bairrada, cabrito em forno de lenha, massa de cherne e lampreia (na época respectiva) oferecem uma boa variedade de opções.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Vox populi



Manuela Ferreira Leite e Portas correm para ver quem vai primeiro à entrevista com Sócrates. É uma cena comovedora, bem ilustrativa do sentido de estado e de responsabilidade dos nossos abençoados governantes e convidados para o banquete... Benditos os filhos desta pátria que tantos exemplos têm dado ao mundo. Agora, sim, durmo descansado, et pluribus unum.

Frase de fim-de-semana, por Jorge




“Deus abençoe o ateísmo”



Pat Condell (escritor e crítico inglês contemporâneo)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

6 A 27 FEV / 13 MAR



Sábados às 17h30

Entrada 5 euros

M/6

As palavras e a música preenchem cinco tardes no Jardim de Inverno. Recordam-se cinco poetas através da sua cumplicidade com os actores que os lêem.


6 FEV
ALBERTO DE LACERDA POR JORGE SILVA MELO
JOÃO ABOIM piano

Música W.A. Mozart

13 FEV

LUIZA NETO JORGE POR LUIS MIGUEL CINTRA
JOÃO PAULO SANTOS
piano

Música Jorge Peixinho

20 FEV

MARIO CESARINY POR GRAÇA LOBO

OLGA PRATTS piano
Música Fernando Lopes Graça

27 FEV

SOPHIA DE MELLO BREYNER POR BEATRIZ BATARDA
BERNARDO SASSETTI
piano

Música Bernardo Sassetti

13 MAR

HERBERTO HELDER POR MARIA JOÃO LUIS
IRENE LIMA
violoncelo
Música J.S.Bach

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

“Poesia para a alma”, de Dulce Antunes






Lançamento, sábado, 23, das 16.30 às 19 h, na livraria “Enfants terribles” (cinema King). Apresentação de Ana Andrade.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Haiti:a incompetência dos EUA e da ONU


A notícia de que a força norte-americana no Haiti distribui bens de primeira necessidade deitando-os de helicóptero é a demonstração do completo falhanço em alguns aspectos dessa força.

É incompreensível que a força militar com maior preparação não tenha, no terreno, por si só ou em coordenação com outros, que sempre deveria ter feito, montado um esquema de segurança adequado a este tipo de situações, bem conhecidas no âmbito da protecção civil. E de imediato por ser previsível que a pungente necessidade de água, comida e roupa, para além dos medicamentos, levaria a movimentos de pilhagens, agressões, desesperos diversos, característicos destas situações e que qualquer fora de intervenção conhece ou devia conhecer.... Não tendo criado essa segurança lá onde estava a população e as principais consequências do sismo, todo o apoio com estes géneros começou a perder eficácia.

Naturalmente que desconto já o exagero resultante da generalização mediática deste tipo de problemas, que, por necessidades comerciais de audiências levam muito jornalistas a optar por tal atitude. Mesmo podendo ser poucas as situações, se esta segurança não for feita já para garantir a assistência a dimensão da catástrofe poderá conhecer novas vertentes.

O povo do Haiti precisa de nós.

Vários países estão a operar no terreno, com grande eficácia, desde o day after na assistência médica, por exemplo. De repente as coisas complicam-se.

São os EUA a quererem ser os únicos a mandar no único aeroporto, com critérios mais que discutíveis nas permissões de entradas e saídas, afectando a intervenção eficaz de outros países (França, AMI portuguesa, etc). e a não criarem as condições de enquadramento seguro do apoio quando são eles quem mais condições têm até pela formação de "ajuda humanitária" em teatros de guerra que tem criado.
Não nos podemos esquecer a realidade em que já viviam com metade da população a viver à custa de remessas de emigrantes. Deste povo que realizou a primeira grande revolução social quando quatrocentos mil escravos se revoltaram contra os vinte mil brancos que os escravizavam na apanha do café e da cana-do-açúcar. Mas que sofreu com o colonialismo e o imperialismo posteriores, atingindo um grau de pobreza extrema.

E importa estar atento às tentações da administração americana, como referia ontem Naomi Klein ao "Democracy Now":
"Devemos ter muito claro que esta tragédia - que é em parte natural e em parte não - não deve, em nenhuma circunstância, ser usada para: primeiro, endividar ainda mais o Haiti, e segundo, impor políticas impopulares a favor das nossas corporações. Isto não é teoria da conspiração. Tem-no feito repetidamente", disse.
Também no seu site (naomiklein.org), Naomi denuncia que a Heritage Foundation, "uma das principais exploradoras dos desastres para impulsionar políticas impopulares a favor das grandes empresas norte-americanas", já está a fazer campanha para que a resposta dos EUA ao terramoto no Haiti deva servir para aplicar "reformas" na economia e no governo do país e também para "melhorar a imagem dos Estados Unidos na região".
Os EUA têm uma responsabilidade moral muito grave na sobre população da capital, que ofereceu mais vítimas, como aconteceu noutras cidade. Já a partir de 1957 com o início da ditadura terrorista de Papa Doc, que depois se seguiu com o filho Baby Doc até ao fim do regime com a revolução de 1986, os EUA pressionaram um"apoio" que se traduziu no abandono do campo e a pressão demográfica sobre as cidades em cujas imediações se não criaram as condições produtivas alternativas para uma elevação das condições de vida e da actividade económica. Mas, entretanto, as riquezas do país continuaram a ser pilhadas.

Atribuir agora à "populaça" e à pilhagem" (como o estão a fazer as grandes cadeias de TV norte-americanas) o curso dos acontecimentos bem como despejar apoio das alturas são um estilo que não apaga da nossa memória a responsabilidade do império.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Um herói da classe operária

Joe Hill é o nome abreviado de um trabalhador sueco que emigrou para os EUA no último quartel do séc. XIX, onde se tornou dirigente do sindicato Industrial Workers of the World (IWW).

Era ao mesmo tempo cantor e intérprete de canções.

Depois de várias perseguições foi vitima de um processo que levou ao seu fuzilamento no estado do Utah em 1915. As suas cinzas foram enviadas em envelopes para todos os locais de implantação do sindicato e atiradas ao vento, simultaneamente, no dia 1 de Maio de 1916.

Em seu tributo foram feitos muitos poemas e canções. Uma delas, conhecida apenas por Joe Hill foi cantada por Paul Robson, Pete Seeger, Joan Baez, os Dubliners e outros. Apresentamos aqui a interpretação de Billy Bragg sobre a letra de Phil Ochs.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge





"O maior inimigo do conhecimento não é a ignorância, é a ilusão de conhecimento"


Stephen Hawking (físico)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Comentários a propósito da discussão do Orçamento



Nos últimos dias, a propósito do Orçamento de Estado, tenho registado a frequência com que se fala particularmente de


1. Vai haver acordo com a “oposição” (entenda-se PSD),

2. PS e PSD têm a mesma estrutura ideológica e política e

3. As empresas têm dificuldades e não se safam? Paciência…Ou ainda os salários deveriam ser reduzidos e não só “congelados” ainda por cima tendo sido aumentados há pouco tempo…

4. A quem compete governar é ao governo…


Os comentários que me suscitam são


  1. O PS prepara-se para fazer entendimento à direita que, seguramente, se não vai traduzir apenas em propostas aceites para ficarem no texto da lei mas também por baixo da mesa.

  2. A actual estrutura ideológica e política é a mesma hoje e, no caso do PS, por vezes com posições mais à direita que as do PSD. Mas nem sempre foi assim tão evidente. Ambos se deslocaram à direita desde a sua formação inicial. A contra-revolução de 75 juntou-os e foi Sá Carneiro quem se aconchegou a Soares. O bloco central confirmou as perspectivas promissoras da partilha inicial do aparelho do estado e das principais políticas. A partir daí alternaram-se no governo mas continuaram a fazer o mesmo, com resultados semelhantes, e com muitos, muitos mesmo, acordos tácitos aos mais diversos níveis.

  3. A preocupação com o (s) défice (s) todos a têm mas se as medidas para lhes fazer frente forem tomadas fora de uma dinâmica de crescimento, matam (em termos económicos e sociais) e o que se mata não se recupera.

Mais do que insistir nestas teclas, importa ir buscar outras formas de conter o défice orçamental.

No caso das pequenas e médias empresas, reduzindo a taxa nominal do IRC mas agravando em termos equivalentes os lucros das grandes empresas com lucros superiores a determinados valores e acabando com o Pagamento Especial por Conta e o IVA a 30 dias, atendendo, por um lado, ao grande papel que estas empresas têm na criação de bens transaccionáveis (e não só), na maior dificuldade relativa na obtenção de crédito e nas condições de fornecimentos. Ou ainda taxar efectivamente as mais-valias bolsistas.

No caso das prestações sociais fazendo subir as pensões e reformas mais baixas que acompanhem a subida do salário mínimo e na administração pública obter a recuperação da perda real de salário ao longo dos anos que os mais recentes aumentos não recuperaram significativamente.

Os comunistas apresentaram ao PS propostas concretas com estes objectivos.


  1. É claro que quem governa é o governo mas o resultado das eleições de Setembro clarificou que era à esquerda que o sentido de entendimentos se deveria fazer. Não só a identidade das posições com o PSD não permitiam dar outro entendimento tanto mais que o PSD foi-se abaixo…E isso quer dizer, como muitos observadores, que não os “economistas do regime” têm salientado ser necessário, a saber, a melhor distribuição da riqueza criada, maior equidade fiscal, mais criteriosa utilização dos recursos públicos de maneira a potenciarem o crescimento económico, acabando com os favores a clientelas…

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

OMS sob suspeita: Conselho da Europa decide inquérito


O Correio da Manhã de hoje traz para a 1ª página uma matéria que há muito tenho vindo a tratar no meu blog: poder ter a indústria farmacêutica, através dos lobbies que tem junto da Organização Mundial de Saúde (OMS), criado uma onda de pânico com a gripe H1N1, para obter lucros de milhares de milhões de euros e arriscando usar vacinas não suficientemente testadas para serem utilizadas com segurança pelos pacientes.

O Conselho da Europa decidiu há dias proceder a um inquérito proposto pelo presidente da sua Comissão de Saúde, o alemão Wolfgang Wodarg, ele próprio epidemiologista, que a Comissão acolheu por unanimidade.

Wodarg aponta o dedo à OMS, onde, segundo ele, existe um grupo de pessoas estreitamente ligados à indústria farmacêutica. E afirma que o inquérito deverá fazer luz sobre tudo o que tornou possível toda a operação de intoxicação da opinião pública, quem decidiu, baseado em que provas científicas e como se terá verificado, no concreto, a influência da indústria farmacêutica nas decisões como a declaração não fundamentada de pandemia pela OMS, baseada em elementos muito insuficientes e com alteração dos critérios até aí em vigôr na definição de pandemia ou a indicação de usar vacinas já registadas de empresas privadas, que novas vacinas tinham que ser rapidamente produzidas porque as populações não teriam tido tempo para gerar anticorpos, o que também se revelou não ser verdadeiro.

Citou o caso das empresas Novartis, Glaxo e Baxter, entre outras, e referiu que, se em alguns países os respectivos institutos puseram reservas a este processo, noutros isso não aconteceu.

As consequências foram, os elevadíssimos gastos financeiros de muitos países, com vacinas, que poderiam ter resultado, como é feito todos os anos, do acrescentar às vacinas da gripe sazonal de partículas virais específicas do novo vírus.

O conselheiro e epidemiologista sublinhou que as vacinas foram produzidas muito rapidamente, tendo alguns dos seus adjuvantes sido insuficientemente testados. Acusou em particular a Novartis de de ter produzido a vacina Obta flu em bio-reactor a partir de células cancerosas sem obter a garantia de que as proteínas presentes não produzissem tumores nas pessoas vacinadas.

Se o inquérito confirmar a influência abusiva da indústria farmacêutica, Wodarg defende que os estados possam romper com ela contratos desastrosos e os doentes afectados serem indemnizados.

Wolfgang Wodarg coloca à consideração colectiva a seguinte questão: "Devemos continuar a deixar a produção de vacinas e a sua sequência a organizações cujo objectivo é obter o maior lucro possível? Ou, pelo contrário, devemos considerar que estes são, por excelência, processos a serem controlados e postos em prática pelos estados?
Por isso defende que se acabem com as patentes das vacinas, isto é que se acabe com a possibilidade do monopólio da sua produção por um grande grupo.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Quando da Conferência de Copenhaga não havia consenso científico na ONU, segundo Thierry Meyssan

Sem que isso signifique a minha adesão total ao ponto de vista de Thierry Meyssan sobre os assuntos trazidos à cimeira de Copenhaga, entendo que é positivo equacionarmos as questões que coloca ao considerar que, ao contrário do que possa parecer, o que então esteve em debate não foi de natureza ambiental mas sim de ordem financeira associado ao relançamento do capitalismo anglo-saxónico.

Neste primeiro artigo, de uma série que anuncia na voltairenet.org, Meyssan salienta o desprezo inicial pelo facto de não existir na ONU um consenso científico que não podia existir.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Faleceu Aida Gonçalves


D. Aida Gonçalves, como lhe chamavam muitos amigos, faleceu.

A sua vida está indissoluvelmente ligado ao marido, o general Vasco Gonçalves, falecido há poucos anos.

Era um casal feliz e a luta de Vasco Gonçalves trouxe-lhes novas alegrias, com o 25 de Abril. Vasco Gonçalves desempenhou nele um papel central, colocando-se como a mais alta patente entre os militares que ousaram interpretar a vontade do seu povo e desencadearam, com risco das suas vidas, a revolta militar que, entrelaçada com a dinâmica popular, gerou uma verdadeira revolução. Das mais belas páginas da nossa História, em que Vasco Gonçalves se tornou um dos maiores vultos dela.

A vida de um revolucionário fica sujeita a múltiplos efeitos das contra-revoluções quando estas são vitoriosas. Vasco Gonçalves sofreu as maiores campanhas que o quiseram atingir como revolucionário, como pessoa e como figura histórica. Umas vergonha que enxotará os seus autores para o caixote do lixo da História...Adivinhamos-lhe o sofrimento mesmo quando dirigia palavras de estímulo à resistência popular contra a política de direita. A D. Aida lá esteve. Sempre. Também num lugar de combate.

Para ela a nossa homenagem e para os seus filhos a nossa gratidão.

O corpo de Aida Gonçalves está numa capela da paróquia de Santa Joana Princesa. O funeral sai amanhã para o Cemitério do Alto S. João onde será cremado às 11.45 h.
Nota - Apesar de tardiamente, refiro que a foto aqui publicxada é retirada do blogue f.vieira de sá, a quem agradeço.

Manipulação de manchetes no "Publico"

As chefias e direcções de jornais têm um longo traquejo em aproveitar-se de reportagens e outros trabalhos dos seus jornalistas para introduzirem nas manchetes distorções dos factos no sentido de os manipular para corresponder a orientações editoriais de confronto em que estão empenhadas em nome de insondáveis solidariedades.

Hoje o Publico apresenta uma reportagem interessante sobre as condições de trabalho de 44 médicos cubanos em Portugal, como médic os de família em quatro distritos. Aconselhamos aliás a sua leitura. Mas quem faz a manchete e o lead na primeira pagem inverte completamente o que se retira do trabalho "Salários dos médicos cubanos são um mistério...a embaixada de Cuba diz que nada pode dizer sobre o assunto...". Mas na página 10 o mistério desfaz-se e na pagina 11, uma bela passagem da conversa com o jornalista do embaixador cubanoEduardo Lerner.

Apresenta também uma peça sobre a Taça das Nações Africanas onde o atentado dos dissidentes da FLEC (FLEC/PM) contra a delegação do Togo é tratado de forma satisfatória. Não o caracteriza como terrorista e acabaram por escolher para manchete "Angola queria mostrar-se ao mundo mas já perdeu a aposta"

Bem prega S. Marçal...





Segundo Marçal Grilo (administrador da Gulbenkian e da Partex Oil and Gas, ex-ministro da Educação, homem do sistema, apoiante das políticas de há uns trinta anos para cá, socialista, hoje no Público)

“ Os pais querem para os seus filhos uma escola mais exigente, porque sabem que nos dias de hoje não basta passar de ano e ter boas notas. É preciso saber, é preciso saber muito, é preciso saber pensar, é necessário ser responsável, ter iniciativa e, sobretudo, capacidade para lidar com a mudança.”


Segundo o INE (citado por Ana Cristina Pereira também no Público)

- Entre 1999 e 2009 foram criados 273,3 mil postos de trabalho. Mas destruíram-se 221 mil empregos ocupados por jovens.

- Na mesma década, foram criados 117 mil postos de trabalho com contratos permanentes. Mas destruíram-se 175 mil empregos com contratos sem termo ocupados pelos jovens e 77 mil ocupados por empregados com idades entre os 25 e os 34 anos.

- De 1999 a 2009, foram criados 205 mil postos de trabalho com contratos a prazo. Mas destruíram-se nove mil postos de trabalho a prazo ocupados por jovens. Mais de metade dos postos de trabalho criados com contratos a prazo foram ocupados por pessoas com idades entre os 25 e os 34 anos.

- Nesses dez anos, destruíram-se 48 mil empregos com outro tipo de contratos (incluindo recibos verdes). Três em quatro desses postos de trabalho eram ocupados por jovens.

- Em 1999, cerca de 60 por cento dos jovens tinham um contrato permanente. Dez anos depois, esse grupo desceu para 46 por cento do total.

- Em 1999, cerca de 30 por cento dos jovens tinham um contrato a prazo. Dez anos depois, o seu número representava já 47 por cento do total.

- Em 1999, um em cada quatro desempregados era jovem. Em 2009, passou a ser um em cada seis.

- Em 1999, três em cada quatro desempregados jovens tinham o ensino básico. Dez anos depois, o seu número baixou para dois em cada quatro.

- Em 1999, os jovens desempregados licenciados representavam cinco por cento do desemprego juvenil. Dez anos depois, o seu peso era já de 12 por cento.

- Em 1999, havia nove mil jovens licenciados inactivos (não eram empregados nem desempregados). Dez anos depois, passaram a ser 26 mil. Nesse período, subiu também o número de jovens inactivos com o ensino secundário (de 212 mil para 228 mil).

sábado, 9 de janeiro de 2010

Frase de fim-de-semana, por Jorge



“Todos sabemos coisas que cremos que os outros não sabem”



Oscar Fate (jornalista, personagem de "2666" de Roberto Bolaño)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Militão Ribeiro morreu há 60 anos


Passam 60 anos sobre a morte do dirigente comunista Militão Ribeiro, ocorrida em resultado de torturas desumanas nas prisões fascistas, incluindo na do Tarrafal. O Avante! assinala hoje a data com um texto de Gustavo Carneiro, que cita o testemunho de Dias Coelho e do próprio Militão Ribeiro.

A evocação dos que caíram como Militão Ribeiro é um acto de respeito com a História e com as vicissitudes dos que - homens e mulheres - deram as suas vidas a uma luta que visou sempre a conquista da liberdade e o fim da exploração dos trabalhadores.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Interesses privados põem em cheque credibilidade de organismos internacionais

1. Dois casos recentes, do ano que se passou mas cujos efeitos se prolongam, são elucidativos do que afirmamos, com a característica comum de terem fortes efeitos nos comportamentos dos estados e das populações à escala planetária.

Foram eles os casos da pandemia da gripe A, por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS) e as estimativas de aquecimento global, por parte do Painel Internacional sobre as Mudanças Climáticas (IPCC).


2. No primeiro caso, na OMS passaram a ter papel decisivo a nível consultivo “musculado” personagens como o virologista holandês Albert Osterhaus, há pouco acusado de corrupção.

A OMS passou a fundamentar as suas posições públicas em relatórios de consultores como o Grupo Estratégico Consultivo de Peritos (SAGE e Grupo de Peritos de Consultoria Estratégica) integrado pelo personagem que, por sua vez, era também presidente do grupo de trabalho europeu sobre a gripe European Scientific Working Group on Influenza (ESWI). Este último é o pivot central entre a OMS em Genebra, o Instituto Robert Koch de Berlim e a Universidade de Connecticut nos EUA e é financiado por fabricantes e distribuidores de vacinas contra o vírus H1N1, como a Baxter Vaccins, a GlaxoSmithKlein, a MedImmune, a Sanofi Pasteur e outros, como a Novartis, que produz a vacina e a Hofmann-La Roche, distribuidora do Tamiflu.


Subfinanciados pelas grandes potências, organismos como a OMS recorreram a parcerias público-privadas para aumentarem os fundos disponíveis, neste caso destinado a bolsas e ajudas financeiras, credibilizando consultores que estão ligados à produção de vacinas e que, depois, impõem declarações favoráveis aos seus interesses como aconteceu em Junho passado quando a directora-geral da OMS, Sra. Margaret Chan, ao declarar a urgência endémica da gripeH1N1 credibilizou prognósticos catastróficos de milhões de mortos que geraram uma corrida dos estados e dos cidadãos a vacinas, gerando elevadíssimos lucros aos seus fabricantes (7,5 a 10 mil milhões de dólares segundo o JP Morgan). E com a agravante da OMS ter alterado para o efeito os critérios que definiam até aí as pandemias.


Importa que se diga, para encurtar um maior desenvolvimento, que este mesmo Albert Osterhaus tem já uma longa carreira nos pânicos criados e que se não traduziram em nada que não fosse mais lucros para a indústria farmacêutica. Foram os anteriores casos do SRAS (sindroma respiratório agudo severo), em 2003 e da gripe das aves (H5N1) em 2005.


3. O outro caso ocorreu nas vésperas da recente cimeira de Copenhaga e a ele nos referimos aqui já em posts dos passados dias 2 e 4 de Dezembro.

Correu mundo a notícia, mas quem se lembra já dela?

A Climatic Research Unit (CRU) da Universidade de East Anglia, em Inglaterra, falsificou dados fornecidos ao IPCC (International Panel on Climate Change), organismo de escasso valor científico próprio que, por sua vez, toma como boas para as previsões de alterações climáticas as previsões de modelos de escassa credibilidade.


Neste caso, a fraude levou à denúncia pelo New York Times, secundada por muitos investigadores que não beneficiam, directa e indirectamente, das prestações de serviços obtidas junto de organismos públicos por organismos que funcionam a partir de universidades a que vão buscar credibilidade para produzirem os seus “estudos” que depois fundamentam as decisões políticas.


Com isto não quero negar, até porque não tenho competência para isso, a afirmação que a emissão de gases com efeito de estufa não estejam hoje a fazer perigar mais do que aconteceu em situações históricas passadas as condições de vida na Terra. E, pela mesma razão, não me filio em qualquer uma das correntes, uma que diz que sim, que isso está a acontecer e a outra que diz que sempre houve alterações climáticas e que não há dados que provem que a intervenção humana esteja a provocá-la, atribuindo à primeira o carácter de propagandista e provocadora de pânicos que geram comportamentos que beneficiam importantes interesses económicos do “lobbie ambiental”.


4. Estes factores de descrédito de instituições que, no passado, se situavam acima de qualquer suspeita, aumentam a insegurança e é um fenómeno que tem que ser cuidado a todos os níveis.


Para blog, a prosa já está muito longa. Por aqui me fico, então.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A lista negra de Obama e o próximo alvo




A imprensa de hoje revela a lista de países que Obama considera, para efeitos de recepção de passageiros deles oriundos, estes devem ter bagagem e o corpo perscrutado nas fronteiras


Afeganistão, Argélia, Arábia Saudita, Cuba, Iémen (que está na mira para ser o próximo alvo, Irão, Iraque, Líbano, Líbia, Nigéria, Paquistão, Síria, Somália e Sudão.


Parafraseando um comentário de um leitor no Público “... (a propósito do 11 de Setembro) porque até à data nem sequer nenhum tribunal norte-americano se debruçou sobre o assunto. Aliás, Obama, está há um ano no poder e nem sequer ainda determinou um inquérito independente sobre os acontecimentos desse dia. E lembro que nesse dia todos os voos alegadamente afectados eram voos domésticos. E todos os passageiros que os media culparam eram cidadãos residentes nos USA e todos aprenderam a pilotar em escolas norte-americanas”.

Acrescento eu que Obama ainda não fez tentativas para apagar fundamentadamente a impressão causada em muitos de nós que o 11 de Setembro poderá ter sido uma fuga para a frente para justificar novas guerras de agressão que lhe permitissem ultrapassar as suas próprias fraquezas.

domingo, 3 de janeiro de 2010

50 anos atrás, a fuga de Peniche



Álvaro Cunhal

Carlos Costa

Francisco Martins Rodrigues

Francisco Miguel

Guilherme da Costa Carvalho

Jaime Serra

Joaquim Gomes

José Carlos

Pedro Soares

Rogério de Carvalho

O mistério do íbis-sagrado, por Jorge

1º andamento

Dei com ele inesperadamente na primeira volta de bicicleta do ano, junto à ribeira de Almádena que aqui passa. Não se assustou, foi-se apenas afastando calmamente, de modo que pude ainda apanhá-lo in extremis com o zoom no máximo. Que excitação, uma coisa tão rara!
O que terá acontecido a esta ave, outrora tão considerada e adorada no Egipto, para vir parar a este modesto Barão? e ainda por cima junto à ETAR, local tão pouco apropriado para aves sagradas?

Explicação trágica: no trajecto migratório através do Mediterrâneo oriental, vindo da Europa Central a caminho das zonas quentes de África onde passar o inverno, foi colhida pelos temporais e arrastada pelos ventos até à Península Ibérica, onde exausta e longe do bando aguarda o triste fim que a espera com os frios que se aproximam.

Explicação mais prosaica e desdramatizada: terá fugido do zoo de Barão, lá em cima, a 500m e nem voar sabe...

Mistério? qual mistério, "o único mistério é haver quem pense no mistério" (Alberto Caeiro) :)


2ºandamento


Barão (de S. João) é a aldeia perto de onde tenho a casa. A poucas centenas de metros, fica o chamado "Zoo de Lagos", um parque zoológico "ecológico" sem grades, nem gaiolas, com macacos, patos, cegonhas, tartarugas, etc., construído há cerca de dez anos e muito visitado por escolas e turistas. É daí que talvez possa ter escapado o íbis-sagrado que encontrei a passear. Aves deste tipo são mantidas em cativeiro cortando-se-lhes as penas (remígias?) que lhes permitem voar. Se entretanto crescem um bocadinho, já podem dar para esvoaçar...

À primeira vista, custa a acreditar dar numa qualquer curva de um caminho algarvio com uma ave destas tão mítica, toda ela hieroglifos, faraós e cabeças de Tot, cujo habitat é o longínquo Nilo. De facto, tal como se demonstra pelos bandos de papagaios amazónicos que hoje vemos no Parque Eduardo VII, descendentes de algum solto ou fugitivo casal, ou pela quantidade de pássaros exóticos como o bico-de-lacre (americano) ou o bispo-de-coroa-amarela (africano) esvoaçando alegremente pelos campos de Alcochete, o mundo é tão aldeia global para os animais como para os humanos, com os seus moldavos, turquemenos ou uigures surgindo fora do "habitat" por onde menos se espera. Também os íbis-sagrados foram "introduzidos" na Europa central e tão bem se deram que por lá ficaram, esquecendo-se mesmo da chatice da migração, à imagem das neo-portuguesíssimas cegonhas sem as quais já a EDP nem consegue ter postes de alta tensão.

Isto hoje em dia, quando damos nos menús com "costeletas de crocodilo" ou o fado até é acompanhado a castiço contra-baixo, o que é que nos há-de ainda fazer espantar?

3º andamento

Podemos todos estar descansados, afinal o íbis-sagrado é bem algarvio!
Nascido e criado aqui em Barão no "Zoo de Lagos", cresceram-lhe as asas mais do que o previsto e gosta de ir "dar as suas voltas" (ipsis verbis tratador), mas regressa sempre a casa (ai não!...).
Não passa de um íbis-profano... tudo o que consegue enxergar como nilo é a lagoa da etar!
Já é difícil darmos com mistérios dos antigos... o mundo está a ficar tão corriqueiro!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Imagens através da chuva, por migana






Frase de fim-de-semana, por Jorge




"Tiro fotografias para ver como o mundo fica nas fotografias"



Garry Winogrand (fotógrafo nova-iorquino, 1928-1984)