quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Interesses privados põem em cheque credibilidade de organismos internacionais

1. Dois casos recentes, do ano que se passou mas cujos efeitos se prolongam, são elucidativos do que afirmamos, com a característica comum de terem fortes efeitos nos comportamentos dos estados e das populações à escala planetária.

Foram eles os casos da pandemia da gripe A, por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS) e as estimativas de aquecimento global, por parte do Painel Internacional sobre as Mudanças Climáticas (IPCC).


2. No primeiro caso, na OMS passaram a ter papel decisivo a nível consultivo “musculado” personagens como o virologista holandês Albert Osterhaus, há pouco acusado de corrupção.

A OMS passou a fundamentar as suas posições públicas em relatórios de consultores como o Grupo Estratégico Consultivo de Peritos (SAGE e Grupo de Peritos de Consultoria Estratégica) integrado pelo personagem que, por sua vez, era também presidente do grupo de trabalho europeu sobre a gripe European Scientific Working Group on Influenza (ESWI). Este último é o pivot central entre a OMS em Genebra, o Instituto Robert Koch de Berlim e a Universidade de Connecticut nos EUA e é financiado por fabricantes e distribuidores de vacinas contra o vírus H1N1, como a Baxter Vaccins, a GlaxoSmithKlein, a MedImmune, a Sanofi Pasteur e outros, como a Novartis, que produz a vacina e a Hofmann-La Roche, distribuidora do Tamiflu.


Subfinanciados pelas grandes potências, organismos como a OMS recorreram a parcerias público-privadas para aumentarem os fundos disponíveis, neste caso destinado a bolsas e ajudas financeiras, credibilizando consultores que estão ligados à produção de vacinas e que, depois, impõem declarações favoráveis aos seus interesses como aconteceu em Junho passado quando a directora-geral da OMS, Sra. Margaret Chan, ao declarar a urgência endémica da gripeH1N1 credibilizou prognósticos catastróficos de milhões de mortos que geraram uma corrida dos estados e dos cidadãos a vacinas, gerando elevadíssimos lucros aos seus fabricantes (7,5 a 10 mil milhões de dólares segundo o JP Morgan). E com a agravante da OMS ter alterado para o efeito os critérios que definiam até aí as pandemias.


Importa que se diga, para encurtar um maior desenvolvimento, que este mesmo Albert Osterhaus tem já uma longa carreira nos pânicos criados e que se não traduziram em nada que não fosse mais lucros para a indústria farmacêutica. Foram os anteriores casos do SRAS (sindroma respiratório agudo severo), em 2003 e da gripe das aves (H5N1) em 2005.


3. O outro caso ocorreu nas vésperas da recente cimeira de Copenhaga e a ele nos referimos aqui já em posts dos passados dias 2 e 4 de Dezembro.

Correu mundo a notícia, mas quem se lembra já dela?

A Climatic Research Unit (CRU) da Universidade de East Anglia, em Inglaterra, falsificou dados fornecidos ao IPCC (International Panel on Climate Change), organismo de escasso valor científico próprio que, por sua vez, toma como boas para as previsões de alterações climáticas as previsões de modelos de escassa credibilidade.


Neste caso, a fraude levou à denúncia pelo New York Times, secundada por muitos investigadores que não beneficiam, directa e indirectamente, das prestações de serviços obtidas junto de organismos públicos por organismos que funcionam a partir de universidades a que vão buscar credibilidade para produzirem os seus “estudos” que depois fundamentam as decisões políticas.


Com isto não quero negar, até porque não tenho competência para isso, a afirmação que a emissão de gases com efeito de estufa não estejam hoje a fazer perigar mais do que aconteceu em situações históricas passadas as condições de vida na Terra. E, pela mesma razão, não me filio em qualquer uma das correntes, uma que diz que sim, que isso está a acontecer e a outra que diz que sempre houve alterações climáticas e que não há dados que provem que a intervenção humana esteja a provocá-la, atribuindo à primeira o carácter de propagandista e provocadora de pânicos que geram comportamentos que beneficiam importantes interesses económicos do “lobbie ambiental”.


4. Estes factores de descrédito de instituições que, no passado, se situavam acima de qualquer suspeita, aumentam a insegurança e é um fenómeno que tem que ser cuidado a todos os níveis.


Para blog, a prosa já está muito longa. Por aqui me fico, então.

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