sexta-feira, 27 de abril de 2012

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"A música não tem a ver com a verdade:
não há música mais verdadeira do que outra"

Esa-Pekka Salonen
maestro e compositor finlandês, nasc.1958



                                                                                                                         

No 1º de Maio todos à rua|

Miguel, quando voltaremos a trocar impressões no Califa?

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Sempre que te vires do lado da maioria,
é altura de parar e refletir"


Mark Twain (escritor americano, 1835-1910)





quinta-feira, 19 de abril de 2012

O fiasco da Síria, por Thierry Meyssan


O fiasco da Síria

Com 83 estados e organizações intergovernamentais representadas, a segunda Conferência dos «Amigos» da Síria foi um sucesso mediático. No entanto essa encenação não chegou para disfarçar o falhanço da NATO e do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) na Síria, incapazes de derrubar o regime durante um ano de guerra de baixa intensidade, e hoje forçados a afastar-se face à frente russo-sino-iraniana.
Thierry Meyssan descreve essa estranha conferência diplomática onde as palavras são pronunciadas não para dizer, mas para esconder.


O presidente Bachar el-Assad deslocou-se, a 27 de Março de 2012, a Homs. Visitou o bairro de Baba Amr onde os takfiristes(1) sírios e combatentes estrangeiros tinham proclamado durante um mês um Emirado islâmico independente. Bachar assegurou aos habitantes desalojados que o Estado reconstruiria as suas casas «muito melhores do que antes», e que eles poderiam voltar a casa em breve. Milhares de pessoas, principalmente sunitas, tinham sido obrigadas a fugir para não cair sob a ditadura dos islamitas. Na sua ausência, as casas foram saqueadas e várias centenas dinamitadas pelos rebeldes, quando não foram destruídas pelos combates.

Bachar el-Assad, que continua a ser o chefe de Estado mais popular do mundo árabe, encontrou-se com habitantes de Homs, mas prescindiu do habitual banho de multidão devido à sempre possível presença de terroristas isolados.

A guerra de baixa intensidade acabou «de uma vez por todas», comentou Jihad Makdissi, porta-voz do Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros. O país, cujas principais infra-estruturas de energia e de telecomunicações foram sabotadas, entra numa fase de reconstrução.

Durante esse tempo, a NATO e o CCG continuaram as suas manigâncias. Foi organizada uma reunião do Conselho Nacional sírio para adoptar um «Pacto Nacional» aceitável pela opinião pública ocidental. Tratava-se de dar uma aparência laica e democrática a um órgão dominado pelos Irmãos muçulmanos, os quais reclamam a instalação da Charia e de um regime islâmico. O programa redigido pelos Irmãos foi retocado por conselheiros em comunicação e enriquecido com algumas expressões politicamente correctas. O programa foi adoptado durante um estranho escrutínio durante o qual os Irmãos votaram contra e fizeram participar na votação desconhecidos que votaram a favor, de modo que o texto passou sem que eles tivessem de renegar as suas ideias. O Conselho tem portanto um texto programático que só compromete os que o lêem, e que a maioria dos membros permanentes espera rasgar o mais rapidamente possível.

Por seu lado, o secretário-geral da Liga Árabe e o seu homólogo da ONU nomearam um enviado especial conjunto, Kofi Annan, para negociar uma saída para a crise. Annan assumiu a responsabilidade de um plano de seis pontos, que é uma versão ligeiramente emendada da proposta russa à Liga. Obteve o acordo do presidente el-Assad sob reserva de que as suas disposições não sejam desvirtuadas do seu sentido e utilizadas para nova infiltração de armas e combatentes.

Foi neste contexto que a NATO e o CCG convocaram a segunda Conferência dos «Amigos» da Síria, para domingo, 1 de Abril, em Istambul. Participaram 83 estados e organizações intergovernamentais, sob presidência turca (2).

Tal como haviam feito no seu anterior encontro em Tunes, a 24 de Fevereiro, os participantes reafirmaram em primeiro lugar o seu apoio a «uma transição política conduzida pelos sírios para um Estado civil, democrático, pluralista, independente e livre; um Estado que respeite os direitos das pessoas quaisquer que sejam a sua etnia, religião ou sexo» (3); uma manobra de diversão vinda de estados que, entre outros, aspectos não são nem civis, nem democráticos, nem pluralistas, nem independentes, nem livres e que discriminam os seus nacionais em função da respectiva etnia, religião ou sexo como é o caso da Arábia Saudita e do Qatar.

Em seguida, os «Amigos» da Síria exprimiram o seu firme apoio ao plano de seis pontos de Kofi Annan, ao mesmo tempo que a presidência turca da Conferência propunha armar e financiar os rebeldes em violação do referido plano Annan.

Na mesma linha, a Conferência ouviu os relatórios do Conselho Nacional Sírio. Congratulou-se pela adopção formal do Pacto Nacional, e pela vontade dos membros do Conselho de trabalharem unidos, esquecendo que a última reunião do CNS acabou aos berros, com alguns a bater com a porta e com a demissão de 24 delegados curdos. Assim, a Conferência reconheceu o Conselho como «um» representante legítimo de todo o povo sírio, e como uma organização que congrega os grupos de oposição sírios.

Estas imerecidas felicitações não devem ser entendidas como traduzindo uma ignorância da situação ou uma cegueira, mas antes como um rebuçado diplomático para fazer esquecer delicadamente uma forte decepção. Com efeito, a Conferência recusou reconhecer o Conselho como «o» representante do povo sírio, ou seja como um Parlamento no exílio, que teria podido designar um Governo no exílio e reivindicar o assento sírio na ONU. Esta recusa mostra que os «Amigos» da Síria renunciaram a mudar o regime e que já não apostam no Conselho para governar. A sua função é doravante limitada à participação em campanhas mediáticas contra o seu país. Nesta perspectiva, o serviço de propaganda da Casa Branca tem necessidade de controlar a comunicação de toda a oposição síria. Por conseguinte, a Conferência exigiu passar a ter apenas um interlocutor, o Conselho, no qual todos os grupos de oposição foram instados a fundir-se.


O Centro sobre a responsabilidade síria

Encerrada esta questão da disciplina, a Conferência promoveu a criação de três novos órgãos. Em primeiro lugar, por iniciativa do departamento de Estado dos EUA, um Centro de informação foi encarregado de «recolher, juntar, analisar» todas as informações disponíveis sobre as violações dos Direitos do Homem cometidas pelas autoridades sírias tendo em vista o seu julgamento futuro por uma jurisdição internacional (4).

Em Damasco, as pessoas lembram-se que, há alguns anos, os Estados Unidos pensaram poder endossar ao presidente Bachar el-Assad a responsabilidade pelo assassinato do antigo primeiro-ministro libanês Rafik Hariri. Na época, empenharam-se em coligir falsos testemunhos e a instalar o Tribunal especial para o Líbano. Ouviu-se então os vassalos de Washington no Médio Oriente profetizar que o presidente sírio seria levado para Haia amarrado de pés e mãos. As pessoas lembram-se também que os falsos testemunhos arranjados contra Bachar el-Assad se desfizeram no meio de escândalos de corrupção e que Washington decidiu orientar o seu dispositivo pseudo-judicial noutras direcções.

De qualquer forma este Centro terá sobretudo a tarefa de coordenar o trabalho das ONG já subvencionadas directa ou indiretamente por Washington, tal como a Amnistia Internacional, a Human Rights Watch ou a Federação Internacional dos Direitos do Homem. Para este trabalho de secretariado, o departamento de Estado desbloqueou de imediato 1,25 milhões de dólares e pôs à disposição pessoal escolhido a dedo.


O Grupo de trabalho sobre as sanções


A Conferência dotou-se de um Grupo de trabalho sobre as sanções. Trata-se oficialmente de coordenar as medidas tomadas pelos Estados Unidos, a União Europeia, a Liga Árabe, etc., para as tornar mais eficazes. Os sírios tinham respondido às sanções sublinhando que elas os fariam sofrer, mas que matariam alguns dos seus vizinhos. É por isso que o documento final especifica igualmente que o Grupo deverá garantir que as sanções não prejudiquem países terceiros, o que pode incluir a abertura de rotas comerciais alternativas.

Com efeito, a Liga Árabe foi forçada a suspender a aplicação de sanções que tinha decretado porque ameaçavam directamente a economia dos seus próprios membros. A título de exemplo, refira-se que a Jordânia se viu brutalmente privada de mais de dois terços das suas importações e teve de se privar da água potável que a Síria lhe fornecia. Numa semana, a sua economia afundou-se.

O Grupo de trabalho sobre as sanções parece portanto encarregado de resolver a quadratura do círculo. A sua primeira reunião terá lugar em Paris na segunda quinzena de Abril, ou seja antes da eleição presidencial francesa e da previsível mudança de política que daí advirá.

O Grupo de trabalho sobre o relançamento económico e o desenvolvimento da Síria

O terceiro e último órgão criado pela Conferência: o Grupo de trabalho sobre o relançamento económico e o desenvolvimento. Inicialmente esteve previsto que o Conselho Nacional Sírio formaria o primeiro governo sírio após o derrube de Bachar el-Assad. Nesta perspectiva, o CNS devia beneficiar de uma ajuda financeira considerável que lhe permitiria cativar uma população esgotada pelas sanções.

A promessa deste maná atraiu ao seio do Conselho todos os «tubarões».

Na medida em que, por um lado, já não se coloca a mudança de regime e, por outro lado, se anuncia um reforço das sanções, por que ajudar então o presidente el-Assad a relançar a economia e a desenvolver o seu país? E por que motivo este grupo de trabalho é co-presidido pelos Emirados e pela Alemanha?

A nossa hipótese, até melhor informação, é que este grupo de trabalho está encarregado de tratar do pagamento das indemnizações de guerra pela França em troca da libertação dos seus oficiais detidos na Síria. Os nossos leitores e ouvintes sabem que 19 militares franceses foram presos na Síria e que três deles foram entregues ao Chefe de Estado Maior, o almirante Edouard Guillaud, aquando da sua deslocação ao Líbano. As negociações entre as duas partes em conflito prosseguem com a intermediação dos Emirados árabes unidos. A França admite que os prisioneiros são seus nacionais, ainda que todos tenham uma dupla nacionalidade, algerina ou marroquina, mas nega que se trate de militares em missão. A França sustenta que se trata de jihadistes, que foram combater por sua própria iniciativa e voluntariamente. A Síria sublinha que o material de comunicações da NATO que eles detinham prova que actuavam sob as suas ordens. Seja como for, a França poderia pagar uma indemnização pela sua libertação, mas o montante desta é difícil de estabelecer. A Síria reclama indemnizações de guerra por milhares de mortos e infra-estruturas destruídas. A França alega que, se houve uma guerra secreta, ela não a conduziu sozinha e que portanto não pode ser considerada como a única responsável. No caso da França abrir os cordões à bolsa, recusará reconhecer publicamente o motivo desse pagamento. Por esse motivo precisa de «anonimizar» tal pagamento com o apoio do seu parceiro alemão.


Qual é a estratégia da NATO e do CCG

O balanço desta Conferência deixa entrever a nova estratégia dos Estados Unidos, e por consequência a da NATO e a do CCG.

Washington renunciou a mudar o regime sírio porque não dispõe de meios militares. Numa primeira fase, para além de o reconhecer, o secretário da Defesa León Panetta sublinhou que uma intervenção militar não faria mais do que complicar a situação no terreno e precipitaria o país numa guerra civil em vez de a evitar. Depois, o Chefe de Estado Maior, general Martin Dempsey, e o comandante do CentCom, general James Mattis, admitiram que a Força Aérea dos EUA não poderia bombardear a Síria se recebesse uma tal ordem porque o país está equipado pela Rússia com o mais eficaz sistema anti-aéreo do mundo. Por outro lado, os generais norte-americanos admitiram que continuam a exercer uma vigilância aérea e espacial da Síria, não para fornecer informação ao Exército sírio livre, mas para se assegurarem de que o país não se dota de arsenais químicos e biológicos. Por outras palavras, Washington não só renunciou a derrubar o regime pela força, como está vigilante para que tal não suceda a fim de evitar um conflito com a Rússia, a China e o Irão.

Em contrapartida, Washington arroga-se o direito de instrumentalizar o caso sírio para embaraçar Moscovo e Pequim. A criação do Centro sob a responsabilidade síria resume-se à implementação de uma nova campanha de propaganda anti-Síria, já não para abrir caminho a uma intervenção da NATO, mas para acusar a Rússia e a China de serem ditaduras solidárias com outra ditadura. E as sanções já não visam desmoralizar a burguesia e a fazê-la voltar-se contra o regime, mas a obrigar a Rússia e a China a pagar pela Síria.

É nesta perspectiva que se deve interpretar a agitação de Alain Juppé. O ministro francês dos Negócios Estrangeiros sabe que as suas declarações anti-sírias são ocas, mas nada mais lhe resta do que fazê-las porque em breve deixará as suas funções, e o seu sucessor recusará assumir as consequências disso em nome da alternância política. A sua permanente incontinência verbal serve simultaneamente para alimentar o dossier que o Centro prepara sob a sua responsabilidade, e para satisfazer um lobby cujo apoio lhe será útil quando se encontrar na oposição.

A propósito, Damasco, que antecipa a derrota eleitoral de Nicolas Sarkozy, enviou um diplomata de alto nível a Paris. O diplomata encontrou um dos seus amigos, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros socialista, que lhe apresentou François Hollande. A Síria conhece perfeitamente os laços que ligam o candidato socialista a Israel e ao Qatar. Mas não duvida de que o próximo presidente francês se alinhará em primeiro lugar com a posição dos EUA e que porá cobro a todo o apoio à oposição armada.


(1) Os takfiristes são muçulmanos sectários que acreditam deter toda a verdade e pretendem eliminar os heréritos. Os seus principais chefes espirituais estão refugiados na Arábia Saudita, de onde apelam a «matar um terço dos sírios para que os outros dois terços vivam», ou seja assassinar todos os não sunitas.
(2) «Conclusões da Presidência da Segunda Conferência do Grupo de Amigos do Povo Sírio», Voltaire Network, 1 de Abril 2012.
(3) «Liderança política síria para a transição para um Estado civil, democrático, pluralista, independente e livre, que respeite os direitos das pessoas independentemente da sua etnia, crença ou género».
(4) «State Department on Syria Accountability Clearinghouse », Voltaire Network, 2 Abril 2012.


Tradução da responsabilidade da Redacção do Avante, que o publicou hoje.
Original em www.voltaire.org



As desculpas esfarrapadas não foram aceites...

terça-feira, 17 de abril de 2012

"A memória do saque", filme de Fernando E. Solana (na coluna da direita)

Agora que a Argentina decidiu nacionalizar a Repsol argentina e o governo espanhol faz duras ameaças contra essa decisão, importa rever este filme com calma e reflexão.


NOTA DE INTENCION:


La tragedia que nos tocó vivir con el derrumbe del gobierno liberal de De la Rúa, me impulsaron a volver a mis inicios en el cine, hace más de 40 años, cuando la búsqueda de una identidad política y cinematográfica y la resistencia ala dictadura, me llevaron a filmar "La Hora de los Hornos". Las circunstancias han cambiado y para mal: ¿Cómo fue posible que en el "granero del mundo" se padeciera hambre? El país había sido devastado por un nuevo tipo de agresión, silenciosa y sistemática, que dejaba más muertos que los del terrorismo de Estado y la guerra de Malvinas. En nombre de la globalización y el libre comercio, las recetas económicas de los organismos internacionales terminaron en el genocidio social y el vaciamiento financiero del país. La responsabilidad de los gobiernos de Menem y De la Rúa no exime al FMI, al Banco Mundial ni a sus países mandantes. Buscando beneficios extraordinarios nos impusieron planes neoracistas que suprimían derechos sociales adquiridos y condenaron a muerte por desnutrición, vejez prematura o enfermedades curables, a millones de personas. Eran crímenes de lesa humanidad en tiempos de paz.

Una vez más, la realidad me impuso recontextualizar las imágenes y componer un fresco vivo de lo que habíamos soportado durante las tres décadas que van de la dictadura de Videla a la rebelión popular del 19 y 20 de diciembre de 2001, que terminó con el gobierno de la Alianza. "Memoria del Saqueo" es mi manera de contribuir al debate que en Argentina y el mundo se está desarrollando con la certeza que frente a la globalización deshumanizada, "otro mundo es posible".

Fernando E. Solanas



CARTA A LOS ESPECTADORES:

Cientos de veces me he preguntado cómo es posible que en un país tan rico la pobreza y el hambre alcanzara tal magnitud? ¿Qué sucedió con las promesas de modernidad, trabajo y bienestar que pregonaran políticos, empresarios, economistas iluminados y sus comunicadores mediáticos, si jamás el país conoció estos aberrantes niveles de desocupación e indigencia? ¿Cómo puede entenderse la enajenación del patrimonio público para pagar la deuda, si el endeudamiento se multiplicó varias veces comprometiendo el futuro por varias generaciones? ¿Cómo fue posible en democracia tanta burla al mandato del voto , tanta degradación de las instituciones republicanas, tanta sumisión a los poderes externos, tanta impunidad, corrupción y pérdida de derechos sociales?

Responder a los interrogantes que dejó la catástrofe social o repasar los capítulos bochornosos de la historia reciente, sería imposible en los limitados márgenes de una película: hacen falta muchas más, junto a investigaciones, debates y estudios para dar cuenta de la magnitud de esa catástrofe.

Esta película nació para aportar a la memoria contra el olvido, reconstruir la historia de una de las etapas más graves de la Argentina para incitar a denunciar las causas que provocaron el vaciamiento económico y el genocidio social. "Memoria del saqueo" es también un cine libre y creativo realizado en los inciertos meses de 2002 , cuando no existían certezas sobre el futuro político del país. A treinta y cinco años de "La Hora de los Hornos", he querido retomar la historia desde las palabras y gestos de sus protagonistas y recuperar las imágenes en su contexto. Procesos e imágenes que con sus rasgos propios también han golpeado a otros países hermanos. Es una manera de contribuir a la tarea plural de una refundación democrática de la Argentina y al debate que en el mundo se desarrolla frente a la globalización deshumanizada con la certeza de que "otro mundo es posible".

Fernando Solanas / Marzo 2004

domingo, 15 de abril de 2012

Olhó amolador!


Durante algumas horas quem por aqui passou viu escrito "amulador", como se as mulas também se amolassem...As minhas desculpas, principalmente ao profissional que, por mão alheia, se viu enredado na confusão...

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"A primeira pecha da humanidade foi
a crença e a sua primeira virtude foi a dúvida"

atribuída a
Carl Sagan
(astrónomo, cosmologista, etc., 1934-1996)

sábado, 7 de abril de 2012

A renegociação silenciosa da dívida irlandesa

O Le Monde de dia 3 refere que"Os irlandeses estão a começar a cansar-se do rigor que se tornou o seu dia-a-dia nos últimos anos. Em jeito de rebelião, metade dos contribuintes da pequena república decidiu não pagar o imposto de habitação cujos proprietários deveriam receber em 31 de março. Este é um sinal para o governo de Dublin a dois meses do referendo sobre o novo tratado orçamental europeu. Esta é uma das primeiras fissuras na aplicação de um programa de recuperação que até então não tinha causado grandes movimentos sociais, ao contrário do que poderia ter acontecido noutras nações periféricas da zona euro em crise ".


Parece afinal que a política de austeridade da Irlanda não é tão eficaz quanto isso...
Os últimos números conhecidos são preocupantes.
A Irlanda está novamente em recessão (queda de 0,2% do PIB no quarto trimestre de 2011), a taxa de desemprego atingiu os 15% e a dívida chega aos 108% do PIB. Não, não é um sonho. E é isto que explica a crescente tensão dos irlandeses contra o seu governo.

Mas para além de tudo isto, na completa indiferença dos mercados e dos media, a Irlanda... reestruturou a sua dívida. Muito discretamente. O que aconteceu? O país teve que pagar 3,1 mil milhões de euros. E conseguiu vir a reembolsá-los apenas... em 2025. Sim, daqui a 13 anos!!! . Foi exactamente o que a Grécia fez no mês passado e nenhum de nós esqueceu os debates, crises e cambalhotas na situação grega a que isso conduziu.

Certamente que 3,06 mil milhões, nestes tempos de crise da dívida soberana, são como um pequeno café ... mas o risco de propagação como mancha de óleo existe. Na verdade, são 31.000 milhões que o governo irlandês está a tentar reestruturar.

A União Europeia está a braços com as crises gregas, espanhola e portuguesa e não tem vontade de ver uma bomba extra para explodir em vôo sobre a aparente acalmia actual - uma pausa paga a um preço tão caro.
A UE tem em vista o referendo de 31 de maio. Os irlandeses vão pronunciar-se sobre o pacto orçamental da UE (aquele que pretende controlar os défices públicos na Europa e estabelece penalidades para os maus alunos da rigidez orçamental). Mas os precedentes não são muito tranquilizadores. Quando se trata de Europa, a Ilha Verde tem a tendência de votar contra...

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Frase de fim-de-semana, por Jorge

Foto de Sebastião Salgado
"Eli, Eli, lemá sabactháni?"

"Pai, pai, porque me abandonaste?"

Jesus Cristo (segundo Mateus 27,46)

Agressão imperialista à Síria: a política de terror

Depois de terem sido obrigados a bater em retirada pelo exército sírio, os grupos armados responsáveis pela violência no país apostam nos atentados terroristas. Paralelamente, emergem novos elementos sobre a ingerência imperialista na Síria e a campanha de intoxicação pública realizada por meios de comunicação árabes e dos EUA com o objectivo de subverter os acontecimentos dos últimos meses no país.
O Avante! dá desenvolvimento a esta questão.

As cenas de velhacaria de Passos e Gaspar

O episódio destes dias em que Gaspar dá o dito por não dito, por "lapso", sobre até quando vigorariam os cortes dos 13º e 14º mês da função pública e da generalidade dos reformados, revela várias coisas:
  • Que membros do governo andaram a mentir aos portugueses quando disseram que seria no final de 2013;
  • Que ainda agora não sabem como será em 2015;
  • Que tudo está ainda mais imprevisível se prosseguir esta política assente no plano de agressão do governo e da troika no que respeita à debilidade das receitas derivadas de crescente redução do mercado interno, de um maior desemprego, mais encerramentos de empresas decorrentes nomeadamente da falta de liquidez, que a banca tem inviabilizado à generalidade das pme e micro-empresas, queda das exportações aprofundamento da recessão;
Prosseguir o caminho é garantir o abismo. E o abismo, quando todos se perceberem dele, despertará a determinação por outros caminhos.
           

Há 25 anos, Mário Soares abria a Cavaco Silva o caminho da maioria absoluta

Ouvi hoje na Antena Um, a propósito da passagem dos 25 anos sobre a dissolução da AR em 1987, onde a direita estava em minoria, embora com governo minoritário de Cavaco. Hermínio Martinho (PRD) e Almeida Santos (PS) falarem sobre a decisão de Mário Soares.
Não ficou claro, porém, que após a dissolução, o então Presidente tinha a garantia de apoio parlamentar maioritário a um governo chefiado pelo então secretário-geral do PS, Vitor Constâncio, sem exigências de outros partidos em entrarem no governo.
Resumindo: Soares preferiu que passasse a absoluta a maioria relativa do PSD em vez de um outro governo minoritário, da iniciativa do PS, com apoio de uma outra maioria parlamentar, que passaria a minoria quando Soares achou "mais seguro" viabilizar a maioria de direita.

Se retomo este tema é para dar um pequeno contributo para que a História resista a mais um revisionismo e não por achar interessante, por completamente desadequado, a rediscussão dessa questão.

Serra Pelada - foto de Sebastião Salgado

O Jorge recordou-nos uma frase de um dos grandes fotógrafos contemporâneos

“Você não fotografa com sua máquina. Você fotografa com toda sua cultura”


(Sebastião Salgado)