sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A Bailarina de Miró

‘A Bailarina II’ surgiu em 1925 e viajou o mundo para mostrar seu talento. Dança, rodopia e se faz presente assim como a lua que insiste em iluminá-la. Misteriosa, até mesmo o cantor e compositor Oswaldo Montenegro apaixonou-se por ela presenteando-a com uma canção. O coração estava sempre tranqüilo, mas aquecido como o fogo que contornava todo aquele azul. Seus gestos delicados deixavam marcas que se espalhavam como pequenos pontos mágicos pelo ar.

"Não jogue com as estatísticas, fale da realidade"!...



Hoje na AR, Jerónimo de Sousa desmentiu Passos Coelho quando denunciou, face a uma suposta diminuição do desemprego, que durante o período de funcionamento deste governo perderam-se cerca de 300 mil postos de trabalho em termos líquidos (diferença entre os postos de trabalho destruídos e os efectivamente criados). E que não foram contabilizados os que emigraram (estimativa de cerca de 2500 mil) e deixaram, por isso, de figurar na lista de desempregados. Importa ter ainda em conta. que a maior parte do novo emprego criado é de remunerações cerca de 25 a 30% menores que os correspondentes destruídos.


Frase de fim-de-semana


"There is always an easy solution 
to every human problem 
-- neat, plausible, and wrong."
"Há sempre uma solução fácil
para cada problema humano
- hábil, plausível e errada"

H.L.Mencken 
jornalista e crítico social americano, 
1880-1956

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Com respeito às palavras, de Hélia Correia

Com um beijinho para a Hélia Correia, tomo a liberdade de transcrever um artigo seu recente

      17.01.2014

I

Não tenho competência para escrever sobre os eventos da realidade. Começa a falha pelo léxico: nem sei se o termo “evento” pode usar-se aqui. Não aprendi o bom vocabulário. E quanto à organização para o discurso, saber onde ele começa e como acaba, mais o que pelo meio se vai pondo, tão pouco faço a mais pequena ideia. 

Eu, quando tenho de falar com alguém do género bancário ou fiscalista, aviso logo que sou das “Humanidades”, isto é, completamente ignorante. E peço caridade lexical, paciência: essas virtudes superiores. Nunca se fica muito esclarecido, mas trata-se de não incomodar. Um resto de amor-próprio determina que escapemos depressa do cenário. A humilhação chama pela maldade e eu resplandeço quando ocasionalmente alguém me diz uma palavra cara que posso decifrar rapidamente, emudecendo o interlocutor: “Sei o que significa, vem do grego”, disparo. E já não é uma conversa. É uma espécie mitigada de motim. O anedotário da revolução francesa regista que os motins não causam dano, são como uma pequena bebedeira. Não vale a pena perder tempo com motins. Não vale, aliás, a pena perder tempo. Estrebuchamos no vazio e alguém ri.

Parece, às vezes, que o cenário da ficção científica assentou no planeta actual: que criaturas mais ou menos humanóides nos conquistaram pelo interior e desapoderaram-nos de tudo, esperança, dignidade e alegria. Vimos tanto clamor nas praças gregas, cólera e fogo com nenhuma consequência. É como se entre os protestantes e o poder não houvesse trajecto, não houvesse natureza contínua. Duvido até que conseguissem procriar se a carne de uns e de outros se encontrasse. Respiram ares diferentes e não faz sentido algum que certa retórica da esquerda os desafie a que experimentem a pobreza, a que tentem viver com o salário que destinaram para os indefesos. Provavelmente viveriam bem porque não se alimentam como nós. Nem dormem como nós. Talvez nem morram. A verdade é que pouco pensamento nós conseguimos produzir sobre eles. A desumanidade é um mistério.

II

Vejo como anda gente a reclamar que se dê espaço à imaginação. É uma herança daquele Maio de 68 que a queria no poder e fez com isso uma bonita frase. Aliás, não houve muito muito mais que herdar. Mas enquanto os filósofos confiam nos benefícios do receituário, longe deles e do fumo dos Gauloises está à espera a serpente,latet anguis. Os Le Pen crescem sem filosofia. E a imaginação, que faz? Distrai. Melhor será dizer que nos engana. A alegoria cibernética que eu acima explorei trouxe um sorriso a este texto enquanto texto. E mais além não vai. Fornece uma dinâmica de jogo e entretém vagamente até cansar.

Sim, porque é de cansaço que se trata. De exaustão, no sentido de não termos nem uma gota que nos dessedente. Eu tenho o pensamento habituado à escrita metafórica e aqui estou a criar uma imagem enganosa. Se procurar um modo de dizer exacto, brutal, limpo, em que a palavra perca os seus ademanes de palácio, não acharei em “exaustão” o termo certo. Ninguém caminhou tanto que se sinta quase a morrer por desidratação. No “país de poetas”, caímos automaticamente numa coloração vocabular que muito raramente dá bons textos. De tão familiar, não a estranhamos. Até deixamos que trabalhe contra nós.

Por que aceitamos que se fale, por exemplo, nas “gorduras do Estado”? O Estado não tem metabolismo. Tem excesso de despesas, muitas delas em mordomias e em disparates.Um Estado não “emagrece”: corta nos gastos, e a escolha para os cortes tem critérios, e os critérios não se aplicam ao acaso. Aquilo que se chama ideologia, a moldura mental com que um comum destino se interpreta e planeia, decide a escolha. E escolhe-se cortar naquilo que é empecilho ao projecto, no que se quer extinguir ou, pelo menos, fazer partir para onde não se torne visível. Com a metáfora sobre o corpo obeso dá-se a volta ao assunto, transformando-o em algo humanizado e censurável. Fica fora do alcance da razão — nos labirintos do imaginário, naquilo que culturalmente assimilámos a ponto de esquecer — a simpatia pela causa. Dentro de nós, a ideia do descuido, da glutonice, da preguiça, enfim, do Sul, facilmente coabita com a ideia de punição e de dieta rigorosa. Tomar medidas para emagrecer é justo e bom. Se implica sacrifícios, são sacrifícios de ginásio, desses que conferem certa estética ao suor. Só um bulímico se recusa a entender e a estimar um regime que assegura saúde e elegância a quem o siga. Alcança longe, a manha da metáfora. 

É necessário estarmos prevenidos contra os efeitos destas redacções. Há, no deslize para as figuras de compêndio, quase um tropismo, uma procura de consolo. Isso empobrece a agudeza do olhar. Sei que aquilo que eu disse muita vez — “Hoje o nosso inimigo não tem rosto”, para significar que é mais difícil reconhecê-lo, assinalá-lo e confrontá-lo, não é só uma frase retórica e inútil — partilha essa tendência viciante para a baixa literatura que nos dá a ilusão de intervir pela palavra. O que a expressão “sem rosto” cria é uma distância e, mais que uma distância, uma abstracção. Junta-se aos nossos medos ficcionais. Começámos com o Feiticeiro de Oz, vamos ao Orwell e a lição que retiramos é que, no fim, acaba tudo bem, os livros fecham-se e as crianças vão para a mesa. Bettelheim explicou que serventia têm estes entrechos. Um adulto já não beneficia com semelhante kit de aprendizagem. Corre o risco de hipnose. Vai pelo sonho. Estou convencida de que sonhar leva a que a musculatura se atrofie.

Temos que chegue de pequena literatura. Os governantes descobriram o filão e desataram a usar sem pejo os melhores truques da Academia. Metaforizam desalmadamente e é com muito sucesso que recorrem aos artifícios da prosopopeia, como novos Pessoas ou Camões. O que é o Bojador ao pé de um Estado pejado de gorduras, de mercados que são como velhos senhores que não tomaram a valeriana e atiram os criados escada abaixo nos maus humores da indigestão? Que mulher fabulosa é essa Europa a quem nós temos simplesmente de agradar sem compreender bem os seus caprichos? A Rainha de Copas da Alice, que tanto atormentou a minha infância porque gritava “Cortem-lhe a cabeça!” sem que se vislumbrasse uma razão, grita outra vez. Mudou apenas de idioma. Eles declaram: “Ela quer”, “ela ameaça”, “ela não anda nada satisfeita” e a cada um desses avisos nós levamos os dedos ao pescoço, com receio de que a cabeça já não esteja lá.

Quanto a enredos, tecem-nos com brilho, sobre modelos de novecentos. Por que tenho pensado ultimamente no Conde de Monte-Cristo quando leio os jornais? Porque vemos enredo semelhante, com o injustiçado que enriquece e acaba por ser dono do destino daqueles que o maltrataram. Edmond Dantès agora é angolano. Naturalmente, há um pedido de desculpas, uma genuflexão, talvez. The end?

Eles, os novéis cultores da ficção, vão-se referindo muito à “narrativa”. Por “narrativa” hão-de querer dizer o encadeamento temporal das acções. Mas vão mais longe ao conseguirem sugerir a malignidade da intriga, a vontade de drama que é aquilo que enche o texto de pathos e produz no leitor surtos de acidez moral. Conhecem bem o ofício: não se deixam manietar pelas questões da lógica, da verosimilhança ou da coerência. Mentem com toda a glória, porque não? Não é toda a grande obra uma mentira? É só preciso que quem mente minta bem. Minta na sua glória de poeta. Os governantes mentem com virtude.

E, no entanto, as pessoas não apenas clamam contra o prodigio criativo como até se declaram indignadas. Por causa da palavra “indignação” é que me pus a rabiscar o texto. Porque é uma palavra extraordinária. Deu a volta por dentro de si mesma para contrariar o seu significado. E tratou disso logo que nasceu, não houve aqui evolução semântica. No rigor do latim, que julgaríamos incontornável, vemos surgir uma palavra derivada pela prefixação do in negativo, que transforma um conceito no oposto. “Indignado” é o que é tornado indigno. E eis, porém, que a palavra não se aceita a ela própria, empreende uma singular rebelião. Nega a humilhação que cai sobre ela. O indignado, dizendo-se indignado, renega a sua condição, rebela-se. Vejam o quanto esta palavra é poderosa. Como deitou ao chão a sua origem. Como tomou nas mãos a sua vida.

Isto pode parecer prosa de exaltação, mas não passa de simples constatação linguística. Provavelmente precisamos disto. Enquanto os outros fazem literatura e a temática Dickens encontra no país uma oportunidade para se impor, tornemos nós ao simples, ao sensato, ao denso e intenso uso das palavras. Com o abuso do estilo, fomos deixando para trás a frescura das origens, a fisicalidade da palavra, ela que é parte do real e nele se inscreve. Sei que o caminho para a abstracção foi útil e foi bom porque nos fez aceder, por exemplo, aos conceitos. Mas, mutatis mutandis, assim como Hölderlin teve certo desígnio ao traduzir Antígona, também eu gostaria de repor a primeira energia da linguagem, recordando a nudez inicial. Falemos de “catarse” — que se aplica à gritaria das manifestações. Serve a catarse para energizar? Não serve. Uma catarse é má medida. Uma catarse era concretamente vómito de ressaca. O alívio de estômago a seguir a uma bebedeira. Era deitar para fora e ficar limpo. Transposta para a lição do teatro, assim durou, implicando sempre uma transformação. É isso o que se quer saindo à rua? Que a vivência nos lave do mal-estar? Falar não deve aliviar do mal. Pelo contrário, deve torná-lo inteligível e discutível. Torná-lo, a bem dizer, manipulável. Um material exterior e que, com esforço, consigamos dobrar. Nós precisamos tanto de catarses como de sonhos. Temos de levar outra intenção para as ruas.

O que é manifestar? É dar a ver. Dar a ver com as mãos. Não necessariamente mãos em festa — a etimologia é duvidosa. Provavelmente mãos conflituantes. Há com certeza uma finalidade para juntar num desfile a multidão, mas nós não somos já gente de ritos, não somos gente de re-ligação. Temos de inaugurar tudo novamente, a começar pelas frases de incentivo, pois as que ouvimos, de tão velhas, tão usadas, perderam o vigor. Estão transformadas em ladainhas de beatitude. Aliás, as mais das vezes não serviam como motores de mobilização, fracas de rima, rastejantes de sentido. Mas enquanto se caminhou a passo forte, enquanto, a velocidades várias, se manteve uma leitura histórica das coisas, uma certeza de alma potenciava aquele vocabulário esmaecido.

Se hoje as pessoas continuam a marchar é porque, à força de repetição, os sapatos estão enfeitiçados. Não é de dança, mas de espasmo, o movimento. O grito que invectiva já não faz estremecer o seu destinatário. O seu destinatário olha para “aquilo”, chama-lhe “aquilo”, e vai à sua vida. Mostra um grande talento para apoucar. Nós que talento revelamos? O da fé? O da brava teimosia? Repetimos os nossos argumentos… “até à náusea”: assim acaba a frase que herdámos da retórica latina. Não é possível refazer a língua? É, sim.

A nova poesia portuguesa já deitou as metáforas ao lixo. Está cheia de real e de um real sujeito a um olhar e a uma oficina que lhe conferem, numa mesma nota, estranheza e ressonância familiar. E há jovens cientistas muito atentos ao uso não utilitário da palavra, mais atentos, direi, do que muitos literatos. Eu tive o privilégio de falar, para uma sala de lotação superesgotada, sobre a pouca importância do enredo nos textos. Isso interessou-os extraordinariamente. Num mundo apoquentado por gravatas, eu vejo os meus amigos estudantes e doutorandos de Cultura Clássica, em não pequeno número, dispostos a cruzarem experiências e saberes como se tudo começasse agora e a Antiguidade nos tocasse. Se deles não vier o apetrecho que nos ensine a ver, e a ouvir, e a clamar com outro assomo de energia, se aplicarmos ao “hoje” o alfabeto que aplicámos ao “ontem”, nada lemos.

III

A nitidez que existia nas velhas ditaduras, os claramente vistos Bem e Mal, a ausência de dúvida nas causas, os perigos a que o corpo se arriscava, alimentavam plenamente a alma. Não era porque o inimigo tinha um rosto que a resistência se tornava articulada com a própria vida, como uma moral. Não tinham rosto os espiões da PIDE. Havia nomes, sim. Mas também temos nomes agora. A diferença é que o novo poder não ameaça directamente com prisão e com tortura. Por um reflexo quase biológico, a violência, o assassinato, o corte da estrutura vital cria mais vida. Era esse o princípio que levava uma revolução a triunfar.

O grande golpe é o que se dirige à alma. O meu sentido de “alma” é o que vem da anima latina, claro está, a instilação da vida que nos torna activos e pensantes. Qualquer torcionário aprende cedo que a alma não se tira com a faca mas com manobras de desorientação e de abatimento. O sopro anímico extingue-se depressa, bem mais depressa que o bater do coração, e sem sujar. “Desanimados”: eis a nossa condição. Bem mais difícil de remediar do que a de meros “oprimidos”, pela diferença que existe entre ter ânimo e não ter. 

O ânimo requer o alerta dos sentidos. Não por caso, entre os soldados na batalha, alma era sinónimo de coragem. É de coragem que necessitamos, da coragem de ver e rejeitar. Não vamos pelo sonho. Assistimos, tempos atrás, a uma breve ardência, quando se encheram praças a Oriente — chamou-se a isso a Primavera Árabe — e o mundo pareceu fácil de abraçar. Víamos o real? Não, não o víamos. E, no entanto, ele move-se sem nós. Move-se sem parar. Quando acordamos, não temos senão cinza nos cabelos. Há um gesto possível? Há um gesto. Pelo menos, sacudi-la. Pelo menos, neutralizar a fábula, desmascarar os efabuladores. Ainda não conhecemos os seus rostos. Somente os rostos dos pequenos servos. Conhecemos, porém, os artifícios.

Por que usam a palavra “austeridade”? Porque há nela uma certa ressonância de coisa justa, de atitude respeitável. Alexandre Herculano foi austero. Sóbrio, frugal, um tanto seco na expressão, honesto, incorruptível — isso mesmo. A austeridade é um estádio a que se chega num percurso moral muito esforçado. É um modo de vida, uma atitude pela qual alguém opta, numa escolha inteiramente pessoal, quando recusa render-se ao luxuoso e ao supérfluo. Classificar alguém de “austero” significa que lhe atribuímos qualidades pouco usuais no cidadão vulgar. Ouvimos a palavra e logo o nosso dicionário subconsciente nos assinala que é para respeitar, acatar e temer. Se há uma “austeridade” que castiga é porque andámos na dissipação. Pressupõe-se que nós baixemos a cabeça sob o pecado que a palavra implica. Na verdade, não há “austeridade” aqui. Há alguém empurrado para a miséria. É um processo involuntário, imposto por uma força superior, neste sentido de que não pode desobedecer-se. E imposto, no sentido, também, da inocência. Estamos a pagar o quê, porquê? Em que momento é que prevaricámos? Foi a comprar mais um televisor, foi a escolhermos uma sala com lareira? Nós aprendemos, no devido tempo, que não podemos alegar ignorância da lei se a violámos, mas havia uma lei contra o conforto? Havia alguma lei que proibisse os filhos de viverem como tinham vivido os patrões dos seus pais? Devo dizer aqui que o consumismo me desperta uma viva repugnância, que admiro e sigo, porque quero, a vida “austera”. Mas, porque eu ando de transportes públicos, entenderei que a compra de um automóvel deve entregar o cidadão ao agiota? Estou a falar de pequeninas coisas, de minúsculas coisas que não chegam para lançar uma pessoa no inferno. O grande gasto, o gasto vil, onde se oculta? 

Não, não nos pedem a “austeridade”. Eles exigem a pobreza e as suas consequências. Não, não fizemos mal. O que fizemos foi por fraqueza de desprevenidos ante a perversidade dos banqueiros. Não nos aliciavam com empréstimos? A bruxa má não estava a oferecer maçãs? Ficaremos agora deitados no caixão, narcolépticos, à espera de algum príncipe? 

Vamos de história em história, adormentados.

Uma palavra envenenada estraga o mundo. Basta atentarmos em “democracia”, palavra vinda de tão longe, trabalhada, moldada, experimentada tanta vez. Parece ter sofrido uma anquilose, uma patologia da velhice que a transformou numa entidade rígida. E o conceito que lhe corresponde imobiliza, prende, como num propósito de teia. Diz-se: o eleitor votou em liberdade. E essa liberdade manietou-o. Mais não pode fazer do que esperar pelo próximo processo eleitoral. E censuramos os abstinentes que nos respondem que “não vale a pena” — quando os factos lhes dão toda a razão. Porque a democracia está disforme, ainda que insistamos em louvá-la.

Se olharmos sem a ilusão veremos quão irreconhecível se tornou. Veremos como finda o seu processo ali onde devia ter início. Melhor dizendo: finda o que, em rigor, é perene. A palavra “escrutínio” significa, para nós, simplesmente, a contagem dos votos. Mas escrutínio não é apenas isso: é vigilância. É observação continuada, é um exame de comportamentos. Por alguma razão os ingleses, experientes neste assunto, ainda aplicam a expressão under scrutiny aos governantes. O sustentáculo da democracia está na possibilidade e na probabilidade de cada cidadão vir a ser eleito e, uma vez eleito, prestar contas. Essa é a superioridade da República e a sua beleza. O voto é só um expediente técnico que o espaçamento temporal vicia. 


Como se leva isso à prática não sei. Mas sei como se leva ao pensamento. E sei que o pensamento é o que faz levantar a cabeça. Estamos num tempo novo, rodeados por luz e escuridão para as quais não temos nem mapa nem farol. Temos modelos tão inspiradores como remotos. Certo é que a palavra é a obra do humano e a palavra não cessa de existir. Com palavras se fazem os fascismos, e Magnas Cartas e as Constituições. Cultivá-las, estudá-las, não nos salva talvez. Mas dignifica-nos. E se podemos aprender algo com o passado, antes de o perdermos completamente de vista, é que a dignidade se conquista e que a indignação a isso ajuda.

Peete Seeger








Pete Seeger foi um cantor norte-americano que me (nos) acompanhou toda a vida e que esteve presente em muitas das nossas lutas.
Os portugueses que puderam viram-no ao vivo em 1983 num Pavilhão dos Desportos cheio e entusiasta. Mas foram muitos mais os que o conheceram nos discos, nos convívios de combate. Não foi possível acertar datas para ele estar na Festa do Avante!
Autor de "If I had a hammer", e divulgador da música popular de raiz norte-americana, foi o grande responsável de da expansão no seu país da música folk. Popularizou também, adaptando-o a símbolo de luta, um gospel de outro autor, "We shall overcome", bem como cantou com frequência canções de luta de outros países.
Ele esteve presente em todas as grandes lutas e causas. Contra os nazis e o McCarthismo, que o perseguiu, contra a utilização da energia nuclear e a defesa do ambiente, esteve ao lado de Luther King e foi activista dos direitos cívicos dos negros norte-americanos e contra a guerra conduzida pelo seu país no Vietname, Laos e Cambodja, contra o bloqueio a Cuba, e mais recentemente contra as intervenções em vários países árabes.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Vamos recuperar o que nos foi roubado e demitir o governo

A Ministra das Finanças procedeu ontem a mais uma ginástica na apresentação da receita de 2013, incluindo nelas o elevado aumento de impostos ou os resultados do desagravamento fiscal.
Disse 5% de dívida tal como poderia dizer 6%. Mas enfim, a jigajoga é necessária porque o programa de "assistência" vai concluir-se em Março e o governo até quer a troika fora...Como se o programa cautelar que têm vindo a preparar com ela não arrastasse a nossa perda de soberania...

Mas também disse que a austeridade vai continuar e que as coisas não voltarão nunca a ser o que foram. Isto é baixa o déficite e pioram as condições de vida! Só que aqui a determinação do governo vai encontrar a luta dos trabalhadores e dos portugueses em geral que querem recuperar o que lhes foi roubado (salários, pensões, direitos, funções sociais do Estado mais debilitadas sob o apetite dos privados, etc.).
Nada disse a Senhora Ministra sobre o saque maior já contido no Orçamento de Estado, ainda sob a tutela definitiva do Tribunal Constitucional, onde não sei eu com que receitas imaginativas a Senhora nos vais dizer daqui a um ano a mesma coisa  mais um bodo temporário resultante da "almofada eleitoral" que quer obter.
Todo o país está contra o governo excepto os grandes grupos económicos, a banca, e alguns patrões que padecem da incontinência de se manter à mesa do orçamento. Por isso vamos lutar contra  e provocar a demissão do governo neste ano corrente.
Vamos todos, para já participar no dia nacional de luta da CGTP-IN.

Strella do Dia | En Lixboa, Sobre lo Mar - Quinta Estampida Real


Fundado na alvorada do presente milénio, os Strella do dia têm vindo a desenvolver um trabalho pioneiro relacionado com a pesquisa e interpretação musical na vertente da recriação histórica, mais precisamente com a época Medieval.
Ao longo de mais de 10 anos de existência, e com uma presença assídua nos maiores festivais de recriação histórica não só em Portugal como no estrangeiro, o grupo Português Strella do Dia, é actualmente uma referência a nível Europeu. 

Com a utilização de instrumentos como a gaita-de-foles, tarota, gralla, chalumeau, corno, timbalão, darbuka, bendir, crótalos, alaúde árabe, baglama, harpa e as flautas, a música torna-se plena em metamorfoses.
O repertório é retirado de documentação musical sobrevivente tais como: Cantigas de Santa Maria, Llibre Vermell de Montserrat, a compilação Carmina Burana, repertório tradicional e danças medievais como as "estampidas", "ductias", "saltarellos", entre outros.


Frase de fim-de-semana, por Jorge






"Theres is nothing so practical as a good theory"
"Não há nada tão prático como uma boa teoria"

Kurt Lewin
psicólogo germano-americano, 1890-1947

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Denúncia, o silêncio e a infâmia

A revelação de Manuela Ferreira Leite, em programa televisivo na 5ª feira à noite, foi seguida
por um silêncio quase sepulcral. Nenhum dos jornais que se auto-proclamam como "referência"
mencionou o assunto. A excepção honrosa foi o jornal i .
Pela boca da ex-ministra das Finanças e antiga dirigente do PSD ficou-se a saber que: 1) o
governo P.Coelho-P.Portas fez uma reserva oculta de 533 milhões no Orçamento de Estado de
2014; 2) que tal reserva daria para cobrir folgadamente as consequências do chumbo no
Tribunal Constitucional – "ainda sobrariam 200 milhões", disse ela; 3) que portanto a sanha
persecutória do governo contra os reformados, com cortes drásticos nas pensões, não tem
qualquer razão de ser; 4) que desconhece a que se destina o enorme "fundo de maneio" de
533 milhões à disposição da actual ministra das Finanças – "no meu tempo este fundo era
apenas de 150 milhões", disse Ferreira Leite.
Verifica-se assim que a infâmia do governo Coelho-Portas é ainda maior do que se pensava.
Há recursos orçamentais vultosos que são sonegados, reservados a finalidades desconhecidas
do público. E, apesar disso, o governo pratica uma nova e brutal punção sobre os magros rendimentos dos pensionista

sábado, 18 de janeiro de 2014

Frase de fim-de-semana, por Jorge


"Na prática, a teoria é outra"
boutade popular brasileira
cit. Onésimo T. Almeida
universitário e ensaísta açoreano,
n. 1946 no último JL


Carta de Marisa Moura à Administração a Carris

Exmos. Senhores José Manuel Silva Rodrigues, Fernando Jorge Moreira da Silva, Maria Isabel Antunes, Joaquim José Zeferino e Maria Adelina Rocha

Chamo-me Marisa Sofia Duarte Moura e sou a contribuinte nº 215860101 da República Portuguesa.
Venho por este meio colocar-vos, a cada um de vós, algumas perguntas:
Sabia que o aumento do seu vencimento e dos seus colegas, num total extra de 32 mil euros, fixado pela comissão de vencimentos numa altura em que a empresa apresenta prejuízos de 42,3 milhões e um buraco de 776,6 milhões de euros, representa um crime previsto na lei sob a figura de gestão danosa?
Terá o senhor(a) a mínima noção de que há mais de 700 mil pessoas desempregadas em Portugal neste momento por causa de gente como o senhor(a) que, sem qualquer moral, se pavoneia num dos automóveis de luxo que neste momento custam 4.500 euros por mês a todos os contribuintes?
A dívida do país está acima dos 150 mil milhões de euros, o que significa que eu estou endividada em 15 mil euros.
Paguei em impostos no ano passado 10 mil euros. Não chega nem para a minha parte da dívida colectiva.
É com pessoas como o senhor(a) a esbanjar desta forma o meu dinheiro, os impostos dos contribuintes não vão chegar nunca para pagar o que realmente devem pagar:
O bem-estar colectivo.
A sua cara está publicada no site da empresa.

Todos os portugueses sabem, portanto, quem é.
Hoje, quando parar num semáforo vermelho, conseguirá enfrentar o olhar do condutor ao lado estando o senhor(a) ao volante de uma viatura paga com dinheiro que a sua empresa não tem e que é paga às custas da fome de milhares de pessoas, velhos, adultos, jovens e crianças?
Para o senhor auferir do seu vencimento, agora aumentado ilegalmente, e demais regalias, há 900 mil pessoas a trabalhar (inclusive em empresas estatais como a "sua") sem sequer terem direito a Baixa se ficarem doentes, porque trabalham a recibos verdes.
Alguma vez pensou nisso?
Acha genuinamente que o trabalho que desempenha tem de ser tamanhamente bem remunerado ao ponto de se sobrepor às mais elementares necessidades de outros seres humanos?
Despeço-me sem grande consideração, mas com alguma pena da sua pessoa e com esperança que consiga reactivar alguns genes da espécie humana que terá com certeza perdido algures no decorrer da sua vida.

Marisa Moura

Nos 30 anos da sua morte


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Os deputados do PCP

"Sou deputado do PCP na Madeira. Os deputados do PCP nunca foram beneficiados pelo exercício das funções que lhes foram atribuídas. Nem do salário de deputado beneficiaram ou beneficiam. No meu caso, entre 1996-99, recebi o valor equivalente ao salário mínimo e a partir de 1999, já como coordenador regional do PCP, passei a receber o correspondente ao salário dos funcionários do partido. Por aquela razão, hoje recebo cerca de 700 euros. Os meus deveres de militante justificam que os valores recebidos do ordenado mensal pago pela Assembleia, retirados os 700 euros, sejam entregues ao PCP para apoio à actividade política. Assim tem sido comigo, como com o Leonel Nunes que apenas beneficiou do equivalente ao salário de recepcionista do hotel Reid`s. Assim foi com os deputados do PCP que nos substituíram, a Isabel Cardoso e o Rui Nepomuceno.
As subvenções da Assembleia nunca foram tocadas por nenhum dos deputados, foram comprovadamente utilizadas pelo PCP na actividade político-parlamentar.
É, portanto, inaceitável que se faça crer, agora que o Tribunal de Contas julga a aplicação de subvenções parlamentares, que "é tudo farinha do mesmo saco". Não é justo confundir as situações em que os deputados em nada e nunca foram beneficiados e em que as subvenções foram aplicadas em actividade parlamentar, se bem que não circunscritas a assessorias técnicas, com os casos de desvios das subvenções para benefício pessoal ou para actos sem qualquer ligação parlamentar."

sábado, 11 de janeiro de 2014

René Aubry, Seduction, do album Ne m'oublie pas (2013)


A radicalização do mostrengo exige uma resposta à altura!

À hora a que escrevo, o CDS/PP prepara-se para passar de partido dos reformados a partido do roubo aos reformados. Tal não espanta pois Paulo Portas não prima pela coerência. Diz uma coisa e a sua contrária, de acordo com as suas conveniências de não desistir de partilhar a mesa.
É seu pensamento, não explicitado, que a sobrevivência do CDS/PP e a sua ao leme da coisa passa por
procurar listas conjuntas com o PSD em próximas eleições para disfarçar o previsível trambolhão eleitoral, e
por se manter no poder para daí alguns "dinheiritos" continuarem acessíveis e garantidas as oportunidades para uns boys terem uns "lugarzitos".
Apesar de algumas oposições internas se manifestarem, esta necessidade de continuar a respirar será assegurada por tais balões de oxigénio, e a "vitória" será esmagadora.

O governo vende os Estaleiros a amigos, garantindo prèviamente que não serão estes a pagar as indemnizações mas todos nós incluindo os trabalhadores que irão ser despedidos.
O alargamento para baixo dos limiares das reformas para aplicação da chamada "contribuição especial de solidariedade é um golpe violento. Os lucros das grandes empresas e as grandes fortunas não sofrem tais golpes. A reforma do Estado que se está a processar é tirar aos que menos têm para dar aos que mais têm. Cresce o número de pobres e igualmente o número dos muitos ricos. Um dos sentidos da "reforma" é este.
Mas o plano de financiamento da troika de lá e da de cá foi acompanhado pela exigência de mais
privatizações, da liquidação das funções sociais que o Estado garante por obrigação constitucional, obrigando o País - já que os seus governantes não se têm importado disso - a viver sob regime de protectorado que se somou à perda enorme de soberania que têm garantido a favor da UE, leia-se Alemanha. E depois rejubilam afirmando que esse plano vai acabar em Maio e que depois nos veremos livres da troika de lá...Essa é uma grande mentira que encobre a preparação de um plano de resgate onde as coisas aainda poderão fiar mais fino, isto é, mais dolosamente para os trabalhadores e para o País.
Continuar a luta pela queda deste governo impõe-se-nos como dever moral e patriótico.

Por isso deveremos mobilizar o máximo de pessoas para a Jornada de Luta que a CGTP-IN marcou para 1 de Fev ereiro

Frase de fim-de-semana, por Jorge


"Il est de la règle de vouloir la mort de l'exception"
"É próprio da regra querer a morte da exceção"
Jean-Luc Godard
cineasta franco-suíço, n. 1930

no filme JLG/JLG de 1994

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Ciclo Ingmar Bergman, apresentado pela Medeia Filmes

09-01-2014 até 09-04-2014, no Espaço Nimas

Ciclo - Ingmar Bergman no Espaço Nimas


Para iniciar o próximo ano, a distribuidora LEOPARDO FILMES e a exibidora MEDEIA FILMESprepararam uma programação dedicada a um dos maiores nomes da História do Cinema. A partir de 9 de Janeiro em Lisboa e a partir de Fevereiro no Porto vão ser exibidas 17 longas-metragens deINGMAR BERGMAN - dez dos filmes em versão restaurada.
BERGMAN, que iniciou a sua carreira como argumentista, notabilizou-se como um dos mais relevantes e influentes cineastas mundiais. “O Sétimo Selo”, “Cenas da Vida Conjugal”, “Lágrimas e Suspiros” ou “Fanny e Alexandre” são apenas alguns dos filmes que cimentaram o seu estatuto como um mestre do cinema mundial, e que poderão ser vistos nesta programação. O cineasta sueco morreu em 2007, na ilha de Fårö.
A exibição dos filmes inicia-se a 9 de Janeiro no ESPAÇO NIMAS, em Lisboa, e vai prolongar-se durante os meses de Janeiro, Fevereiro e Março. A partir de 20 de Fevereiro, os 17 filmes de INGMAR BERGMAN serão igualmente exibidos no TEATRO DO CAMPO ALEGRE, no Porto.
Desde as primeiras obras até aos seus filmes mais aclamados, nos primeiros meses de 2014 oESPAÇO NIMAS e o TEATRO DO CAMPO ALEGRE vão espelhar a mestria de INGMAR BERGMAN, através das seguintes obras:
9 de Janeiro - Quinta
A PRISÃO (Versão Restaurada)
10 de Janeiro - Sexta
MORANGOS SILVESTRES (Versão Restaurada)
11 de Janeiro - Sábado
MORANGOS SILVESTRES (Versão Restaurada)
12 de Janeiro - Domingo
FANNY & ALEXANDRE (Versão Restaurada)
13 de Janeiro - Segunda
FANNY & ALEXANDRE (Versão Restaurada)
14 de Janeiro - Terça
MÓNICA E O DESEJO (Versão Restaurada)
15 de Janeiro - Quarta
MÓNICA E O DESEJO (Versão Restaurada)
16 de Janeiro - Quinta
O OLHO DO DIABO
17 de Janeiro - Sexta
SONATA DE OUTONO (Versão Restaurada)
18 de Janeiro - Sábado
SONATA DE OUTONO (Versão Restaurada)
19 de Janeiro - Domingo
A MÁSCARA (Versão Restaurada)
20 de Janeiro - Segunda
A MÁSCARA (Versão Restaurada)
21 de Janeiro - Terça
O SÉTIMO SELO (Versão Restaurada)
22 de Janeiro - Quarta
O SÉTIMO SELO (Versão Restaurada)
23 de Janeiro - Quinta
UM VERÃO DE AMOR (Versão Restaurada)
24 de Janeiro - Sexta
CENAS DA VIDA CONJUGAL (Versão Restaurada)
25 de Janeiro - Sábado
CENAS DA VIDA CONJUGAL (Versão Restaurada)
26 de Janeiro - Domingo
EM BUSCA DA VERDADE
27 de Janeiro - Segunda
EM BUSCA DA VERDADE
28 de Janeiro - Terça
SORRISOS DE UMA NOITE DE VERÃO (Versão Restaurada)
29 de Janeiro - Quarta
SORRISOS DE UMA NOITE DE VERÃO (Versão Restaurada)
30 de Janeiro - Quinta
UMA LIÇÃO DE AMOR
31- de Janeiro - Sexta
LÁGRIMAS E SUSPIROS
1 de Fevereiro - Sábado
LÁGRIMAS E SUSPIROS
2 de Fevereiro - Domingo
DA VIDA DAS MARIONETAS
3 de Fevereiro - Segunda
RITUAL
4 de Fevereiro - Terça
O SILÊNCIO
5 de Fevereiro - Quarta
O SILÊNCIO
Horários: 13h30; 15h30; 17h30; 19h30; 21h30
EXCEPTO: "Fanny & Alexandre" e "Cenas da Vida Conjugal" - 14h00; 17h30; 21h00

Bilhetes: 6 euros | Na compra de 4 bilhetes, o quinto é gratuito.
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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

La question, por Françoise Hardy


Eusébio partiu, ficando

Eusébio foi um exemplo para jovens e miúdos deste país que, na sua época, tiveram um acréscimo de envolvimento com o futebol.
Um desses grupos era aquele de que eu fazia parte, cujo "território" era limitado pela Av. de Roma, Av. João XXI, Av. Padre da Nóbrega e Av. S. João de Deus. Um dia escreverei sobre essa malta.
Hoje é Eusébio que lembramos. Eu e alguns deles vimo-lo na água na
praia de Carcavelos, lá para 1964. Chegámo-nos e perguntamos se podíamos tirar uma foto com ele. Acedeu de forma agradável, acessível, sem tiques de vedeta. Tenho que a encontrar para a publicar.
Rei? King? Pantera Negra?
Será o que quiserem mas, principalmente, um desportista do povo, um orgulho para Portugal, uma referência identitária positiva num tempo em que outras, negativas, foram pelos portugueses rejeitadas.