sábado, 28 de novembro de 2009

Ne change rien, de Pedro Costa

Entrar na sala sem ter lido ou ouvido algo sobre o filme pode provocar um choque inicial, a sensação de monotonia, transmitir uma vibração repetitiva.

Nem como de género de filme nem como de género de narrativa lhe podemos atribuir uma única identificação. Soube que poderá ter evoluído de um mero teledisco da artista que é a personagem central, a cantora Jeanne Balibar, amiga do realizador, para algo mais complexo, porque contem diferentes registos desde os ensaios prévios, a procura da colocação da voz na música, e depois a gravação de canções, os testes de canto lírico para operetas, a música em bares, também ela de géneros diferentes.

Essencialmente é cinema documental, a que só se poderá chamar musical pelos temas centrais terem a vêr com a música, embora crie a sensação de ficção .

Mas um bom filme, surpreendente, dum realizador já com obra feita.

É um filme a não perder.

2 comentários:

JV disse...

Não haverá algum equívoco sobre o cinema de Pedro Costa? Será este filmar inerte de uma cantora mediana uma coisa assim tão boa? Um filme a não perder? Então e os outros?

António Abreu disse...

Meu caro JV
Não estou equivocado porque também não tenho uma avaliação global sobre a sua obra.
A notícia que aqui deixei sobre a impressão que me causou este trabalho dele corresponde a isso mesmo.
Devo dizer que não sou especialista nas coisas do cinema mas também não me detenho à porta de uma suposta erudição cinematográfica para emitir a minha opinião.
Gosto de cinema de muitos géneros, de muitos discursos narrativos, de diferentes cinematografias e quando os vejo e um me toca, se for caso disso expresso opinião.
Não avaliei a qualidade artística da cantora nem como tal nem como actriz, apesar do pendor essencialmente documental do trabalho.
Valorizei particularmente, a revelação de como é feito o trabalho de criação e interpretação de dois músicos facilitado pelo enquadramento "inerte", como lhe chama.
Considwero um bom filme, dentro dos condicionalismos que identifiquei, e não quiz dizer com o "a não perder" que outros filmes em exibição não sejam bons.