segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Uma opinião sobre as autárquicas de ontem


As eleições de ontem foram influenciadas pelos recentes resultados das legislativas, apesar de se continuar a registar - é certo que mais nuns partidos do que noutros - uma identidade eleitoral local decisiva em vários casos de avaliação autárquica autónoma que decidem do voto. Penso, porém, que essas especificidades se estão, indesejavelmente, a esbater.

A avaliação dos candidatos pelo que fizeram ou não nos 4 anos anteriores ainda é a chave que descodifica decisões. E neste caso importa registar que, além de bons exemplos, também temos muitos outros em que o trabalho feito pelo governo no apoio preferencial a certas autarquias se tornou a chave de vários sucessos. A consulta sistemática ao que foram os planos de trabalho, as execuções, e os compromissos de todos os ministérios revela a extensão deste comportamento, excepção feita a alguns apoios a maiorias de direita porque o PS também sabe como contar com algumas delas...

Nesse sentido, posso admitir que este ciclo eleitoral, apesar do fracasso do PS nas legislativas, se vai traduzir numa maior governamentalização das relações Administração Central versus Administração Local. Mas não só nisso.
O PS sai com maiorias que lhe permitem ser mais acutilantes na privatização de diversos serviços até agora prestados pelos municípios para os alienar para grupos que se têm constituído nessas áreas, perseguições maiores a trabalhadores municipais incómodos, não só com prateleiras, mas recorrendo ao novo Código de Trabalho e afectando-os nas progressões das respectivas carreiras, vedando-lhes o acesso a funções de chefia e reencharcando os quadros com correlegionários e amigos.

O carácter clientelar de apoiantes, de chefias ou aspirantes a tal, de familiares e de círculos de favores, de apoios empresariais à actividade política, vai acentuar-se. Só quem não conhece a realidade de algumas destas autarquias poderá dizer "Olha, lá está aquele a dizer mal!...".

Neste quadro, é de valorizar os resultados da CDU, resultante do trabalho e da intervenção da CDU e dos seus eleitos, com revezes que não resultaram, em geral, de considerações negativas sobre o trabalho mas mais de deslocações de "voto útil" entre PS e PSD e de acidentes internos com eleitos. A CDU conta com novas maiorias que expressam aspirações a outro tipo de repostas às necessidades das respectivas populações.
É uma força que resiste no interesse das populações.

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