O contexto da publicação original
Em Outubro de 1908 Lenine, então no exílio, dava por concluída a sua obra "Materialismo e Empiriocriticismo". Notas críticas sobre uma filosofia reaccionária, ia discutir a validade, que alguns filósofos estavam a questionar a validade do conhecimento pelos homens dos fenómenos naturais, armando a burguesia de uma teoria para os seus combates com a classe operária que aspirava à conquista do poder. Lenine nessa conjuntura afirmava que «A tarefa imediata nestes tempos difíceis é criar algo capaz de livrar os homens das “salvações” e dos intelectuais “desalentados”.»
Em Outubro de 1908 Lenine, então no exílio, dava por concluída a sua obra "Materialismo e Empiriocriticismo". Notas críticas sobre uma filosofia reaccionária, ia discutir a validade, que alguns filósofos estavam a questionar a validade do conhecimento pelos homens dos fenómenos naturais, armando a burguesia de uma teoria para os seus combates com a classe operária que aspirava à conquista do poder. Lenine nessa conjuntura afirmava que «A tarefa imediata nestes tempos difíceis é criar algo capaz de livrar os homens das “salvações” e dos intelectuais “desalentados”.»
A obra de Lenine «Materialismo e Empiriocriticismo» foi publicada em Maio de 1909, assinalando-se este ano o seu centésimo aniversário.
No final do século XIX e início do século XX, uma série de variantes do positivismo desenvolveu-se por todo o continente europeu, com certas características próprias em cada país (positivismo moderno, positivismo crítico, empirismo crítico, empirismo lógico, etc.). A obra «Materialismo e Empiriocriticismo» centrou a sua crítica nesse movimento na Rússia, nos «machistas» russos - seguidores de Ernest Mach, físico e filósofo austríaco.
No começo do século XX, a Física «moderna», que iniciava então a extraordinária exploração do infinitamente pequeno, abalava a velha noção de «matéria», de natureza.
Os filósofos e «epistemólogos» aproximavam a «matéria» das impressões sensíveis ou sensações móveis, em vez de a supor, como até então, de uma objectividade independente das sensações; atribuíam-lhe qualidades de mobilidade, de relatividade, conferiam-lhe, por assim dizer, uma «existência» apenas fenoménica. A matéria – diziam, com Mach e seus adeptos – não é mais que as sensações que no-la revelam, não tem existência fora de nós. Entre o objecto, a coisa, e o sujeito, o «eu» pensante, há uma terceira ordem, uma terceira forma de existência, em última análise a única real e concreta, dada na e pela impressão sensível enquanto fenómeno, sem que haja alguma coisa a acrescentar-lhe ou a retirar-lhe. Entre o materialismo e o espiritualismo ou idealismo, há uma terceira via…
Os filósofos e «epistemólogos» aproximavam a «matéria» das impressões sensíveis ou sensações móveis, em vez de a supor, como até então, de uma objectividade independente das sensações; atribuíam-lhe qualidades de mobilidade, de relatividade, conferiam-lhe, por assim dizer, uma «existência» apenas fenoménica. A matéria – diziam, com Mach e seus adeptos – não é mais que as sensações que no-la revelam, não tem existência fora de nós. Entre o objecto, a coisa, e o sujeito, o «eu» pensante, há uma terceira ordem, uma terceira forma de existência, em última análise a única real e concreta, dada na e pela impressão sensível enquanto fenómeno, sem que haja alguma coisa a acrescentar-lhe ou a retirar-lhe. Entre o materialismo e o espiritualismo ou idealismo, há uma terceira via…
Este ataque ao materialismo em nome da Física «mais moderna» tinha consequências no campo das ciências sociais e históricas. Era portanto necessário reconsiderar, aprofundar o materialismo em função das recentes grandes descobertas sobre a matéria.
A teoria do conhecimento
Lenine, nesta obra, analisa portanto esta pretensa «crise da ciência» ou «crise da física moderna».
De uma forma aprofundada, Lenine defende, na sua obra, que:
1.º - Há coisas que existem independentemente da nossa consciência, independentemente das nossas sensações, fora de nós.
2.º - Não existe e não pode existir diferença alguma de princípio entre o fenómeno e a coisa
3.º - Sobre a teoria do conhecimento, como em todos os outros campos da ciência, deve-se raciocinar sempre dialecticamente, isto é, nunca supor invariável e já feito o nosso conhecimento, mas analisar o processo pelo qual o conhecimento nasce da ignorância ou graças ao qual o conhecimento vago e incompleto se torna conhecimento mais adequado.
Embora escrito há mais de cem anos, este texto mantém uma extraordinária actualidade, não obstante os avanços no conhecimento científico no campo da Física terem rectificado alguns dos seus postulados, como seria expectável.
Numa altura em que, novamente, perante as dificuldades de interpretação de novos conhecimentos científicos, proliferam outras concepções obscurantistas, é de todo o interesse debater, com dois especialistas nas áreas da Física e da Filosofia, a validade do conhecimento pelo homem dos fenómenos naturais.
«Quanto a mim, sou também um “procurador” em filosofia. Mais precisamente: nas presentes notas coloquei a mim próprio a tarefa de descobrir onde é que se desencaminharam as pessoas que nos oferecem, sob a aparência de marxismo, algo de incrivelmente embrulhado, confuso e reaccionário»
V. I. Lénine, “Materialismo e Empiriocriticismo”, Prefácio à Primeira Edição, p. 14
- Ed. «Avante!», Lisboa
Debate dia 10 de Novembro na Faculdade de Letras de Lisboa (entrada livre)
A Associação Iúri Gagárin promove no dia 10 de Novembro, entre as 18 e as 20 h, no Anfiteatro 3 da Faculdade de Letras de Lisboa, um debate com os professores José Croca e Eduardo Chitas, respectivamente da Faculdade de Ciências e da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, sobre a obra de Lenine «Materialismo e Empiriocriticismo», publicada em 1909.
O debate será moderado por José Barata-Moura, professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
1 comentário:
Que as conclusões do debate cheguem de forma simples aos que como eu, gostam de aprender aprender sempre,e que fora da capital não podem fisicamente participar.A explicação dada sobre a publicação do empirio,já me ajudou a entender alguma coisa!
Abraço
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