sábado, 23 de maio de 2009

Foram talvez 85 mil...


Jerónimo de Sousa diria na sua intervenção que aquela fora a maior manifestação que uma só força política realizaraté hoje em Portugal. Quem as viveu ou tomou delas conhecimento não terá dúvida.

Para além da impressão causada à medida que desfilava, comprovei-o depois do pequeno miradouro da encosta do Parque, por cima das instalações do Metro. A vista era soberba e a profundidade da manifestação lá estava, ainda no Saldanha quando na rotunda do Marquês começavam as intervenções. E previa-se que assim viesse a ser quando se tomava contacto com os preparativos em toda a Avenida da República para o desfile que se iniciaria. E este começou aí cerca das 15.30 h para terminar em frente à esquina da Avenida António Augusto de Aguiar cerca das 17.30h.

No mar de gente, percorrendo todos esses rostos confiantes, tínhamos um retrato do país. Com uma clara maioria de trabalhadores, ali se descortinavam agricultores e, concerteza, pescadores. Os rostos não enganam. Mas também professores, profissionais de saúde, artistas. E a pouco rigorosamente designada classe média. O fato e gravata não conflituavam com o recorte punk. Os bebés desfilavam nos seus carros pelas mãos dos pais, algumas crianças iam seguras às cavalitas dos pais. Os reformados que têm pedalada e não ficavam para trás e, sobretudo, muitos, muitos jovens. As saudações, os sorrisos e os reencontros intervalavam o ritmo dos slogans contra a política deste governo.

Olha-se e diz-se que protestam. Mas transmitem, ao mesmo tempo, uma grande confiança, sinais de solidariedade.

Estas são as pessoas que não são convidadas para os areópagos do grupo Bielderberg. Nem para as comissões sigilosas do segredo do Estado. Ao contrário dessas múmias guardadoras do templo, vivem e revelam capacidade para dar a volta a isto. Quando pensam que os isolam, as múmias esquecem-se que quem se isolam são elas.

Quem se isola de quem e do quê, parece-me um bom tema de reflexão para este dia 23 de Maio de 2009.

2 comentários:

migana disse...

Os numeros não são o mais importante, o que realmente conta para todos os que participaram nesta Marcha foi o espírito, a participação a satisfação de ver o coração da cidade invadido de bandeiras da CDU, foi cantar em conjunto canções ha muito aprendidas mas cada vez mais actuais e principalmente o sentimento comum de que é possível uma alternativa para o nosso país.

Anónimo disse...

É melhor ainda do que dizes.
Quando as intervenções se iniciaram, a cauda da manifestação ainda estava no começo, praticamente no cruzamento da Av. da República com a Av. de Berna. Posso testemunhar, porque estava lá e reparei, que às 16H45 o carro da polícia, que "fecha" a manifestação, ainda estava encostado, na Av. da República, entre os cruzamentos da Av. Barbosa do Bocage e a Av. Elias Garcia.

Abraço do HM