Assisti esta noite a um debate na SIC sobre um problema muito sério: o caso da criança russa que aqui vivera com pais afectivos e que um tribunal decidiu que fosse entregue à mãe biológica que, com ela, regressou para a terra natal, não permitindo que no futuro a jurisdição portuguesa possa voltar a intervir no caso.
Não conhecendo todas as situações que fizeram este caso chegar aqui, não deixo de expressar uma opinião sobre o que ouvi e o que já tinha lido nos dias anteriores.
A primeira é de que, felizmente e por causa dos convidados para o debate, a intenção de Rodrigo Guedes de Carvalho crucificar o juiz de Guimarães, saiu frustrada, na sequência do impiedoso aproveitamento mediático dum caso que, em nome do superior interesse da criança, deveria ter sido tratado com pinças.
A segunda é que o juiz pode ter decidido mal mas apreciei que tenha reagido de forma sincera e humilde às imagens do tratamento da mãe para com a filha já na Rússia, e prestado a uma confesrência de imprensa.
A terceira é que nem os pais afectivos nem o seu advogado, talvez mais interessados em defender os seus interesses, não se tenham apercebido disso e tenham permitido uma situação em que a criança e a mãe biológica ficaram fora da jurisdição portuguesa, quebrando condições internas para avaliar o superior interesse da criança.
A quarta é para lamentar que uma mãe que bebe ou tenha vários parceiros possa ser tratada na praça pública como uma bêbeda e uma prostituta por quem desprezou as consequências de tais afirmações sobre a criança.
A quinta é que, não entendendo bem porque não foi criada uma excepção à normal tramitação das concessões dos vistos dos pais afectivos para se deslocarem a um debate sobre a questão num canal de TV russo, me congratulo que não tivessem ido alimentar uma peixeirada que, uma vez mais, seria contra o interesse da criança e apenas determinado pela vontade de facturar audiências lá, como os nossos media cá.
A sexta e última é o desagrado que senti em vários momentos do peso psicológico de alguns protagonistas em associar Rússia e russos a algo tenebroso.
Que nos resta?
Esperar que o Estado russo dê o melhor apoio à criança e à sua inserção numa nova realidade familiar e que se mantenha em contacto com o Estado português para garantir contactos com os pais afectivos, correspondendo também, assim, à atitude de cidadãos seus de Barcelos que se solidarizaram com estes.
LIVRAI-NOS DELES
Há 4 semanas
5 comentários:
Subscrevo na totalidade sublinhando a vergonhosa caça às audiencias sem olhar a meios.Temos mesmo que dar a volta a isto!
Temos mesmo...contem comigo e mais alguns amigos!!!
Eu acho extraordinário que se dedique tanto tempo a um caso particular, que não é nenhuma tragédia, quando por esse mundo fora e mesmo entre nós milhares de crianças morrem à fome ou são brutalizadas.
Toda a gente se sente na obrigação de dar palpites embora quase ninguém conheça os dados do problema.
Recuso-me a ser colonizado pela agenda mediática e por isso, por manifesta incompetência, não sou a favor nem contra.
Em toda a parte denuncio este verdadeiro abuso dos media que exploram um misto de patrioteirismo, voyeurismo e antigos reflexos anti-comunistas.
Não vi este programa, mas vi um outro , na TVi24, sobre raparigas violentas, internadas em instituições específicas , e todas elas oriundas de famílias problemáticas, hiper disfuncionais!
Logo, o desequilibrio, começa no seio familiar... aonde se é mais violentado...
Esta criança, será mais uma doente para o resto da sua vida como todas as "esmeraldinhas" do mundo!
Os pais de afecto , não participarem na fantochada, é uma prova de Amor....
Bfs...
Não vi!
:))
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