No ano que passou, um magistrado francês que escreveu já várias obras sobre a criminalidade financeira, Jean de Maillard, publicou um relatório sobre a criminalidade financeira internacional em que sublinha que o narcotráfico, aliado a outros elementos, representava cerca de 15% do valor do comércio mundial (800 mil milhões de dólares/ano), valor que pode desestabilizar às economias mais sólidas e penetrá-las como nas situações de resgates iniciados no ano passado para acorrer à crise do crédito.
Da cadeia que vai do produtor ao consumidor, este negócio produz lucros da ordem dos 500 mil milhões de dólares/ano, 100 mil dos quais são lavados em bancos em todo o mundo que foram soçobrando face ao afundamemto do imobiliário na área das hipotecas de alto risco.
Os valores movimentados são suficientes para comprar dirigentes de países e de organismos oficiais dedicados ao combate a este tipo de criminalidade, financiar partidos, ONGs e outros organismos que acabam também por serem usados em acções de ingerência interna em vários países.
Não sendo de estranhar que sejam os países mais pobres os mais duplamente afectados: em primeiro lugar, porque a agricultura, definhada pela pauperização resultante do domínio comercial e produtivo das grandes multinacionais do sector, cede à produção da matéria-prima para corresponder à procura da droga pressionada pelos mercados dos países mais ricos e, em segundo lugar, porque o narcotrafico compra consciências e alavancas do poder que acabam por ser mais mediatizadas nestes países do que nos outros onde tudo se faz de maneira "mais elegante".
Responsáveis de diferentes orgasnismos internacionais equiparam no primeiro lugar do ranking de volume de negócios esta actividade com a de venda de armas, o que configura um quadro muito negro das relações internacionais. As paradas que estão em jogo permitem validar a apenas aparente fértil imaginação de muitos autores de ficção que tratam os poderes ocultos dos dias de hoje em que as instâncias que mandam no mundo não resultam da vontade expressa dos cidadãos e a circulação financeira cada vez menos assenta na economia real ao mesmo tempo que determina o seu definhamento progressivo.
Existirão já indícios que vários bancos se salvaram desta forma numa altura em que a suposta necessidade absoluta de tais resgates nem deixava espaço para se colocarem dúvidas sobre a sua origem...
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