segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quem beneficia da Revolução no Quirguistão?, segundo F. William Engdhal

Quando olhamos para um mapa da Ásia Central, fica claro que o Afeganistão um lugar central na estratégia norte-americana de destabilizar e militarizar a região. É uma posição ideal para ameaçar, de uma só vez, a China, a Rússia, o Irão e os países vizinhos nomeadamente os que integram a Organização do Tratado de Cooperação de Xangai.
A proliferação da droga e a luta contra a droga, os actos terroristas e as operações anti-terroristas, a brutalidade intencional da polícia local o domínio sobre os pipelines euro-asiáticos existentes ou futuros constituem os ingredientes de uma receita explosiva das missões da NATO, sob tutela dos EUA, e projectadas para o exterior daquele país.

O Quirguistão desempenha o papel de um pivô estratégico na extensão da guerra a toda a Ásia Central. Moscovo sabe-o. Pequim também. O que se decide no Grande Jogo do Afeganistão foi intencionalmente concebido por Washington para se tornar numa nova guerra “sem vencedor”.

O fracasso da guerra no Afeganistão é programado para justificar o aumento da presença militar dos EUA no Afeganistão, no Uzbequistão, no vale de Ferghana no Tajiquistão, e, a partir daí em toda a Ásia Central. Antes da revolta popular quirguize conseguir mandar para o exílio o gang de Bakiev, no passado mês de Março, Washington estava em boas condições, após os acordos assinados por Bakiev, para construir diversos campos de treino anti-terrorista no país. Com tais bases à sua disposição, o controlo do continente eurasiático, do Xingjiang até ao Cazaquistão e Rússia, seria uma questão de tempo, porque já nos dias de hoje o desenvolvimento de rotas de narcotráfico estão a preparar esse caminho.

Desta vez, e ao contrário do que se passou no início dos anos 70, o que está em causa é superior para a hegemonia dos Estados Unidos. O papel que jogarão o governo provisório do Quirguistão e os governos de Moscovo e Pequim, bem como os do Irão e Uzbequistão, será decisivo nesta região, onde se concentram os conflitos mais intensos do planeta.

Para um maior detalhe no papel de cada um dos actores nesta situação sugiro lêr quatro peças deste trabalho publicadas na http://www.voltairenet.org/

pelo autor, nos dias 13, 16 e 20 de Junho e 4 de Agosto.

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