segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O cartel da OPEP viola as leis do mercado ao tentar impedir a concorrência do petróleo da Rússia…

Um jornalista russo, Alexander Gudkov, escreve hoje na “Voz da Rússia” que as críticas à Rússia e a outros produtores independentes de petróleo foram o único resultado da última reunião da OPEP, de 10 de Setembro (ver ao lado mapa dos países da OPEP).

Segundo ele, quando os preços estavam baixos, a OPEP pediu à Rússia para reduzir a produção de petróleo. Agora, a Rússia foi acusada de não dar atenção a esse pedido. O Ministério da Energia russo manifestou a sua perplexidade com estas declarações, dizendo que é melhor é ignorá-las porque são desprovidos de sentido económico. No entanto, as críticas públicas da OPEP à Rússia podem mostrar que já não acredita na vontade deste último em respeitar compromissos tácitos.

A decisão de manter a produção ao nível actual era previsível e a fixação do preço da OPEP em 69,23 dólares por barril, foi a melhor que os exportadores de petróleo poderiam esperar.

No entanto, para este analista, algumas declarações extravasaram esse sentimento. O secretário-geral da OPEP, Abdalla Salem El-Badri, expressou sua preocupação pelo facto da Rússia não parecer estar muito disposta a cooperar com o cartel do petróleo. O ministro da Energia do Catar, Abdullah al-Attiya foi mais crítico, dizendo "Ouvimos muitas palavras, mas gostaríamos de receber apoio real e não apenas verbal”.

A OPEP está a reduzir a produção de petróleo para manter os preços. E entretanto, a Rússia deixou para trás a Arábia Saudita nas exportações de petróleo pela primeira vez desde a desintegração da União Soviética. Segundo o Ministério russo da Energia, no segundo trimestre, as exportações de petróleo e derivados de petróleo da Rússia atingiram 7,4 milhões de barris por dia. Na estimativa da Agência Internacional de Energia (AIE), o maior exportador da OPEP, a Arábia Saudita abastecia o mercado com sete milhões de barris por dia. "O fornecimento de mais petróleo está a minar os esforços da OPEP e conduzirá a uma nova redução dos preços do petróleo no terceiro trimestre", disse Attiya. Não se limitando à crítica à política de preços da Rússia, acusou, sem rodeios, o primeiro-ministro Vladimir Putin, de tentar usar as decisões da OPEP sobre a redução da produção para aproveitar para garantir o abastecimento de segmentos do mercado de petróleo antes garantidos pelo cartel.·
Mas o ministro da Energia russo Sergei Shmatko disse na sexta-feira que é fácil a OPEP fazer comentários quando nem sequer convidou um representante russo a participar na reunião. Os interesses da Rússia e da OPEP não coincidem, mas a política independente de petróleo da Rússia é aceite por muitos países, porque o Ocidente considera que o petróleo da Rússia é uma alternativa para abastecimento a partir de uma região tão instável como o Médio Oriente.

Os membros da OPEP não se esqueceram de 2002, quando a Rússia prometeu à OPEP cortar a produção de petróleo em 150.000 barris por dia. Mais tarde, esse número foi reduzido para 50.000 barris, e finalmente, a produção de petróleo aumentou em 150.000 barris por dia. As acusações da Rússia de aproveitar os mercados da OPEP também são infundadas, porque o mercado de petróleo russo é muito limitado. O petróleo russo é fornecido apenas para poucas refinarias na Europa, que está especialmente vocacionada para uma determinada marca.


A OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) é hoje composta por 13 países que têm algumas das maiores reservas do mundo, como a Arábia Saudita. Funciona, de facto, como um cartel que pretende controlar a produção do petróleo, incluindo o controlo de preços e dos níveis de produção que funcionem como pressão sobre a livre concorrência no mercado

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