Escrevo-vos da Praia da Rocha, refúgio desde a minha meninice com escaldões e romances estivais, bons grupos de amigos e literatura policial.
Resolvida tal consideração preambular, continuemos a escrever o diário de bordo.
Dormi que nem um justo apesar do matraquear dos sons dos bares, em delirantes decibéis contínuos, quais gritos lancinantes de orixás saltitantes no sambódromo, mas com a desvantagem de não serem acompanhados de belas ninfas ondulantes. Lá pelo clarear do dia, o matraquear continuou, desta feita por martelos pneumáticos e seus sons estridentes mas não monótonos pois seringavam diferentes texturas de entulho.
Mas, ia eu dizendo, dormi bem e sem sonhos – que me lembre.
O mata-bicho processou-se informalmente na varanda, pelas oito e picos que teve como resultado uma maior conformidade do espírito com as coisas da vida.
Um duche frio ajudou o despertar e aí ensaiei com a voz umas sevilhanas, carentes de outros instrumentos e de sapateado.
Primeiro café, colombiano, com aquele estalido da Shakira, que bons ventos produziram por aquelas paragens.
Passei ao segundo café, desta feita do Nabeiro.
Desci as escadas, poisei os pertences e fui-me à água com uns calções que nem toda a gente aprecia.
A água estava boa, sem vos querer fazer inveja. Crawl, bruços, costas, alguns mergulhos até à satisfação.
Secando-me ao sol, fui dando conta de que o PSD estava a implodir e o Sócrates continuava a falar para o boneco apoiado nas muletas do teleponto.
Cumpridos os ritos e as ablações solares, chegavam as onze e manda a precaução que me retirasse, em boa ordem, subindo os oitenta degraus mais uns vinte passos que são necessários até ao edifício dos apartamentos. Que tem como uma das lojas um café dum personagem esdrúxulo, o Zé Camarinha.
Novo duche, chatices com um computador que só agora permitiu chegar-me a vós, a vista anti-stressante da praia onde milhares de personagens, se refrescam, torcicolam de tanto mirarem as pequenas, brincam com os putos, com aquele encolher de barriga imposto por um tardio trabalho de ginásio.
E, fui-me ao Ireland’s Eye, meu pouso de eleição a outros vinte passos da casa, onde se tem a melhor brisa da Rocha. Aí pensei nos vossos apetites de jantar e convoquei para o almoço um Big Ireland’s Breakfast. Vinha atraente, com uns feijões bem cozinhados, um bacon como deve ser, bem tostado, duas grandes salsichas, duas rodelas de diferentes enchidos, um ovo estrelado, e uns cogumelos e rodelas fritas de tomate. Apresentou-se-me sem despropositadas pretensões mas enchendo o olho e não o deixei ficar mal. Foi todo, com uma caneca de cidra.
Senti-me um Ochum supremo, ou deixando o sincretismo afro-americano, que nem um abade…
Marchou o terceiro café, Nabeiro reincidente.
Umas vistas aos jornais, um torpor a convidar-me a privada reflexão, que realizei, livre dos matraqueares para vir agora à vossa companhia.
Fiquem em paz. São 18.30 h e eu volto ao mar. Pois então...
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
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2 comentários:
Que férias tão animadas, mas sem sonhos...num ambiente tão agradável, não me parece bem.
Ora va la sonhar "quando o homem sonha o mundo ...avança"
Continuação de boas férias, enquanto por aqui se trabalha...
Bjfs
:))
BONS BANHOS PORQUE NÓS JÁ FIZEMOS O MESMO.
BJS
ALACANT
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