quinta-feira, 23 de abril de 2009

Ora digam lá então...

No início desta pré-campanha eleitoral levantaram-se vozes, que parecem já se ter calado, a defender que nela se tratassem de questões europeias e não nacionais.
Passe a incongruência do argumento, não deixarei de sugerir aos que assim pensam e sejam candidatos, a começar pelo professor de Coimbra, que dissertem sobre um tema:

Estamos ou não, através dos Barrosos, Solanas e demais operacionais e think-thankers, que têm circulado entre os meios da NATO, da UE e a Casa Branca, a construir uma aliança estratégica de carácter duradoiro da “supremacia” ocidental que, visa recuperar com o natural aggiornamento histórico, contra os “selvagens” além Cáucaso e Anatólia, os domínios coloniais de antanho.

E para, não nos embalarem com a retórica, que digam se estão ou não de acordo com esta sequência de declarações, produzidas no mandato que cessa do Parlamento Europeu, às quais se poderiam somar dezenas de vezes outras mais…

“A NATO e a EU trabalham hoje para melhorar missões fora das suas fronteiras para se adaptar aos desafios da segurança em constante mutação” (Nicholas Burns, então Secretário de Estado Norte americano, na Deutsche Welle, 13/04/2005);

“A colaboração multilateral ao nível europeu deve…colocar o acento tónico nas questões da defesa para ela se tornar credível. É necessário aceitar a constituição de unidades de combate no seio da EU, compatíveis com as forças da NATO, para formar a base de uma força anti-insurrecional europeia capaz de intervir nos estados a braços com guerras civis ou em contexto pós conflito” (G. Robertson e P. Ashdown, ideólogos de Blair e Brown, no Times, 12/06/2008);

“ (sobre uma operação naval no Golfo de Aden e Corno de África) Foi uma grande estreia para a EU porque se desenrolou fora do continente europeu…A operação Atalanta é um projecto ambicioso. A zona marítima a controlar é enorme” (porta-voz da NATO, à Rádio Netherlands, 21/11/2008);

“É necessária uma nova forma de governo em que a NATO, a EU e outras grandes organizações internacionais tenham um papel a desempenhar” (G. Di Paola, presidente do Comité Militar da NATO, no ADN Kronos International, Itália, 13/02/2009);

“É tempo de deixarmos de perguntar o que é que a NATO pode fazer pela EU para nos interrogarmos o que a EU pode trazer à NATO. E o Afeganistão é o local indicado para isso. Os melhores resultados só se poderão obter numa discussão tripartida que envolva a NATO, a EU e os EUA” (James Dobbins, primeiro embaixador americano depois da invasão de 2001, International Herald Tribune, 30/09/2005);

“As novas unidades da EU devem ser reforçadas por treinos regulares, de preferência de acordo com os padrões da NATO”
“Os dois organismos vão alargar a sua cooperação estratégica, para além dos Balcãs e do Afeganistão (…) como a Ucrânia ou a Moldávia”(Klaus Naumann, Defense News, 10/11/2005);

“A NATO já não é uma aliança estática…É uma aliança expedicionária que projecta as suas forças sobre todo o mundo…A Europa devia ultrapassar a herança amarga de Ialta, e apagar as fronteiras artificiais que dividiram o continente por tempo demasiado”# (George Bush, USA Today, 01/04/2008);

“ Cada país membro da NATO e cada Estado membro da EU estão interligados. Esse é o preço da abertura e da nova cooperação transatlântica” (Der Spiegel, 09/02/2009)

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